História Entre o sangue e o coração - Relatório

*Lara on*

Novamente aquele sonho me atormentava. Novamente os dias de tortura vieram a minha cabeça

Meus braços continuavam pendurados e o sangue escorria por eles. Eu já tinha visto o rosto dele, mas ainda assim eu me negava a acreditar que eu tinha caído em uma armadilha tão idiota, eu me condenava por isso.

O lugar continuava totalmente escuro e toda vez que a grande porta de ferro se abria meus olhos doíam. Eu já havia perdido a conta de quantos dias estava ali naquele lugar imundo. Chovia muito forte lá fora, o som da chuva abafava qualquer som que eu pudesse fazer. Os olhos daquele homem me fitavam com ódio e prazer, ele se levantou da cadeira e mais uma vez cortou minha marca, a maldita marca da cruz que lhe demonstrava que eu era mais uma de suas vítimas.

- Você só pode estar querendo ver meu estômago desse jeito – senti o peso de sua mão em meu rosto e ele riu

XXX: Gosto de você Lara, por isso ainda não a matei... ao contrário dele que te entregou pra mim...

- De quem você está falando?

XXX: Ainda não acredita não é? – gargalhou – Ele é um desgraçado como eu que adora ver o sofrimento dos outros...

- É MENTIRA, VOCÊ O MATOU

XXX: Não é mentira Lara – falou baixo enquanto se aproximava – Ele me entregava meus brinquedos, mas ele cometeu um erro e por isso o matei leeeeentamente.... quer saber o erro dele? Ele se apaixonou. AQUELE DESGRAÇADO ME ABANDONOU PRA FICAR COM VOCÊ, UMA POLICIAL VAGABUNDA QUE DESCOBRIU QUEM EU SOU, que se acha melhor do que eu.... isso é arte Lara, todo esse vermelho maravilhoso que sai de seus corpos é arte, MINHA ARTE – disse abrindo os braços rindo e girando no próprio eixo.

- Você é apenas mais um louco psicopata solto no mundo... – outro tapa foi dado em meu rosto

XXX: Gosto de sua coragem mas de nada ela vai servir porque você vai morrer – enquanto as palavras eram ditas senti a faca cortar mais uma vez a marca – Grite Lara, eu quero ouvir seus gritos.

- Vá pro inferno – ele gargalhou e derramou um líquido sobre o corte em minha barriga, que ardeu tanto que pensei que todo o meu ser estivesse se esvaído em agulhas e eu gritei.

Tudo ficou escuro novamente ao som daquela gargalhada fria ao fundo.

Acordei em um sobressalto pingando de suor. Olhei para o lado e sentado em uma cadeira, dormindo com a cabeça no encosto estava meu irmão, Hyun Jin. Comecei a observar o ambiente ao redor e pela quantidade de luzes acesas pude notar que já era noite. Tentei me sentar e minha cabeça rodou, só então me lembrei do que tinha acontecido e do tamanho da pancada na cabeça que eu tinha levado de um gangsterzinho de bueiro. Peguei meu celular em cima do criado mudo e disquei o número de Park Hyo Woon.

*ligação*

Hyo: Alô? Lara?

- Eu! Você está bem? E seu machucado?

Hyo: Eu que devia estar perguntando. Como você está?

- Estou bem...

Hyo: Graças a Deus. Lara!

- Uhm?

Hyo: Muito obrigado. Você se arriscou por mim, salvou a minha vida. Muito obrigado

- Não precisa me agradecer, e...

Hyo: Já fiz o relatório, os desgraçados estão todos presos e...

- E Si Hyun?

Hyo: Não encontramos nada ainda

- Certo... obrigado por me informar

Hyo: Por nada. Descanse mais um pouco que amanhã tem trabalho a fazer, já que eu sei que não vai ficar em casa

- Não – sorri – até mais.

*fim da ligação*

Me levantei devagar para não acordar Hyun Jin, estava quase saindo do quarto...

HJ: Lara?

- Oppa! Desculpa se te acordei

HJ: Você está bem? O que acontec... Lara? – ele olhava um ponto fixo em mim e então me dei conta que a camisa não estava totalmente fechada, ele provavelmente havia visto a cicatriz.

- Nada demais. Te conto tudo quando sair do banho – sai rapidamente do quarto entrando no banheiro sem dar tempo dele perguntar qualquer coisa

Mas que droga. Ele não viu, viu? Tomei o banho mais demorado da minha vida na esperança de que Hyun Jin tivesse dormido. Já são onze horas da noite, não é possível.

Quando finalmente saí do banheiro e voltei para o quarto, Hyun Jin não estava lá. Talvez tivesse decidido ir dormir, mas eu tinha certeza que aquela conversa aconteceria de alguma forma. No dia seguinte fui trabalhar no horário que normalmente vou. Cheguei ao trabalho e todos os olhares se voltaram para mim além do fato de Seon Hee vir até mim, me dar um tapa no ombro e depois me abraçar

- Ah qual é. Já me viu em estado pior que isso

SeonH: Eu sei, mas ainda me preocupe com você sua louca

Hyo: Admito que ela é louca, mas salvou minha vida

KB: Ótimo, que ela seja louca, mas ainda assim quero vocês na sala de reuniões em 5 minutos. Quero relatório – todos suspiraram diante a decisão do chefe e nos dirigimos até a sala de reuniões

Dados os 5 minutos exatos, o chefe do setor Ki Boon entra na sala e me chama para me dirigir a frente de todos para entregar o relatório da investigação.

- Apresentando o relatório da investigação feita em Incheon a dois dias atrás, onde eu e Park Hyo Woon fomos. Como nos foi informado, a vítima Kim Si Hyun teria uma reunião marcada em uma empresa de advocacia na cidade. Ao chegar na empresa descobrimos que realmente haveria uma reunião marcada naquele prédio, porém o nome de Si Hyun já havia sido substituído por outra pessoa.

SeonH: Alguém já sabia do desaparecimento.

- Provavelmente. O nome foi substituído no mesmo dia que Si Hyun provavelmente desapareceu, alguém de lá sabia que ele havia sumido antes da polícia e foi esse mesmo alguém que mandou pegarem Hyo Woon ou a mim no café da empresa. Houve uma luta antes que eles conseguissem levar o policial Hyo. Como eles não conseguiram me levar eu os segui e entrei na casa pelo telhado.

SeonH: Eles nunca olham pra cima – ele sorriu

- Exatamente. Eram um total de três homens na faixa etária de 20 a 30 anos, com corpos bem robustos, que mantinham o refém amarrado com cordas em uma cadeira onde faziam perguntas a base de pauladas. Depois de observar o local e encontrar brechas no tempo de vigia e na velocidade que eles se moviam, consegui soltar o policial Hyo, dei um tiro nas duas pernas de um deles, bati e apanhei em mais dois e agora estamos aqui.

KB: Belo relatório, mas e o que acha sobre o desaparecimento de seu irmão

- Incheon provavelmente era uma distração, Si Hyun está aqui em Seul em um armazém ou casarão abandonado, próximo a um dos locais que trabalhou ou estudou.

Hyo: Há dezenas em Seul e temos apenas uma semana

- Eu sei, mas eu vou encontra-lo

Fim de reunião e todos fomos dispensados. Durante alguns minutos continuamos falando sobre o caso do maníaco da cruz até que a hora do almoço chegou e fui para minha inevitável conversa na Fantagio.

O transito colaborou até demais para meu sofrimento e dentro de poucos minutos eu já estava na sala vazia de Hyun Jin esperando pelo sermão. Como se adivinhasse meus pensamentos ele entra pela porta.

- Oi

HJ: Dormiu bem? Não sentiu mais nada?

- Sentir?

HJ: Teve pesadelos durante a noite

- Ah! Você viu não é?

HJ: O que é aquilo?

- Me desculpe

HJ: Eu não quero acreditar que seja o que estou pensando – não respondi – Lara, você foi uma vítima?

- Fui

HJ: E mesmo assim eles te mandaram pra cá?

- Sim

HJ: E você aceitou? – senti sua voz alterando

- Vai ficar tudo bem. Eu vou pegar esse e não serei uma vítima

HJ: Não quero saber. Saia desse caso

- Não posso

HJ: Pode sim. Saia já desse caso

- Não posso, tenho que salvar Si Hyun primeiro, ele ainda está vivo

HJ: Como sabe?

- Porque o psicopata mandou um recado pra mim

HJ: O que? Ele sabe que está no caso? Por isso não pode sair?

- Isso.

HJ: Isso é loucura. Lara saia do caso por favor

- Não posso

HJ: VOCÊ ESTÁ FICANDO LOUCA? VOCÊ PODE MORRER

- Eu não vou morrer

HJ: Eu vou enlouquecer. Você foi uma vítima, E ESSES DESGRAÇADOS MANDARAM VOCÊ PRA CÁ DENOVO, PRA SER ALVO DE NOVO. É UMA ARMADILHA LARA

- EU SEI, EU SEI TÁ LEGAL? EU SEI QUE ESSE MALDITO ME QUER NO CASO, É POR ISSO QUE ELE PEGOU SI HYUN, É POR ISSO QUE NÃO POSSO SAIR

HJ: VOCÊ TEM UMA CICATRIZ LARA, UMA MALDITA CICATRIZ DE CRUZ NA SUA BARRIGA.

MB: O que? – o garoto estava parado como uma pedra nos encarando incrédulo – Você é uma vítima noona? E está no caso do maníaco da cruz? Você pode realmente morrer? – ele simplesmente não se moveu

Fui em direção ao garoto.

- Eu não vou morrer, eu vou prender esse desgraçado antes que ele faça qualquer outra vítima e vou ficar bem ok? – olhei para Hyun Jin também – Vai ficar tudo bem, por favor confiem em mim.

MB: Eu confio em você, então por favor não morra.