- Então é melhor começar a pensar no que vai dizer as pessoas quando perguntarem por mim.
O embate entre mãe e filha terminaram quando Victória e Justice chegaram. As duas não entenderam nada do porquê estava aquele clima. Jacqueline saiu logo depois, a governanta Laurie saiu em disparada para a cozinha para escapar dá possível fúria de sua patroa. Jacqueline foi para o seu quarto e decidiu esclarecer a mente, Percy estava em busca de suspeitos, então estava sempre saindo e sem ter hora para voltar. Agora com Natalie acordada talvez ficasse mais fácil, já que eles não podiam acusar o médico sem provas.
- Tudo o que sei é que as duas foram embora juntas. - Victória andava inquieta de um lado para o outro. Suas manias haviam piorado desde que descobriu que Lúcia havia deixado o bordel.
- Você ofereceu dinheiro?
- É claro que ofereci dinheiro, foi a primeira coisa que fiz. Eu iria até o inferno busca-la.
- Às vezes o que você fala não condiz em como você age. - Justice, que estava trocando as ataduras do braço de Natalie, falou.
- Você vai dar pitacos em minha vida agora? - Victória ajeitou toda a louça de chá, colocando as asas das xícaras e dos bules para fora, mediu a temperatura, não devia nem estar muito quente, nem muito frio, só assim poderia beber um pouco.
- Você a tinha a sua disposição sempre, você teve a oportunidade de fazê-la feliz e tinha plena condição de tirar ela de lá.
- Como você pode dizer algo, você nem estava lá. Sempre teve medo e no fundo sei que sente nojo de nós.
- Victória se acalme. - Natalie sabia que era a hora de fazer o papel de mediadora. - Justice, não fale assim, você sabe que depois da Jude ela tem problemas para confiar nas pessoas, agora imagine outra prostituta?
- Eu não consigo entender. - Justice jogou as ataduras sujas de sangue na bandeja que estava sem álcool e com os panos que ela havia usado para limpar os ferimentos de Natalie. - Você tem uma pessoa, está ao lado dela, ela cuida de você, te da carinho e te ouve quando você precisa ser ouvida. - Victória ia interromper Justice, mas a mulher negra levantou a mão, fazendo ela permanecer calada. - Essa pessoa diz que te ama, demonstra em atos que te ama, não se importa com sua loucura ou suas manias estranhas, ela simplesmente estava ali para você, mas a única coisa que você consegue fazer é magoar e afastar ela? Você achou mesmo que fingir desinteresse e fingir que não sentia nada a faria permanecer do seu lado? Eu só quero entender seu lado da história, porque de todos os ângulos que eu tento enxergar dessa história, você parece muito errada.
- Eu pensei que podia ter o controle porque tinha dinheiro, nunca achei que ela realmente fosse me deixar, então eu não achei necessário falar. Eu sabia que ela me amava e eu sentia que a amava… eu ainda a amo. - Victória suspirou. - Mas era tão difícil, mais uma prostituta, uma mulher que recebia para dar prazer, como a Jude… eu fiquei com medo, mas fingi bem, fiquei assustada quando comecei a sentir isso por ela, então mentia para todo mundo, tentava dizer em voz tudo aquilo, sobre enjoar dela, sobre dinheiro, todas aquelas merdas, eu falava para vê se eu começava a acreditar naquilo e começava a viver daquela forma. Eu sei que deveria tirar ela daquela vida, Lúcia sempre disse que odiava aquele lugar e que se percebesse que não teria mais chances de sair dali ela tiraria a própria vida. Eu simplesmente ri, eu não sei o que dá em mim, eu não quero agir desse jeito, mas eu acabo sendo uma idiota, eu queria abraçar ela e dizer que iria tira-la dali, que não iria precisar se preocupar com nada. Eu quero me reencontrar com ela, mas eu tenho medo dela estar me odiando e tenho medo que ela possa não me dar o seu perdão… - Victória abaixou a cabeça. - Não vou conseguir suportar viver sem o perdão dela, eu simplesmente… não vou ter mais ânimo para viver.
- Se empenhe no seu pedido de perdão e tenho certeza que ela vai te perdoar. - Justice depois que lavou e secou as mãos, fez um carinho de conforto no ombro da amiga. - Pare de esconder o que sente, comece a ser sincera sobre seus sentimentos, com você e com as pessoas que você ama. A vida é curta demais para não demonstrar o quanto amamos nossos amigos e familiares.
As amigas permaneceram conversando ao longo da noite, mas o foco mudou, queriam saber o que houve com Natalie e o que ela descobriu. Enquanto do outro lado da cidade, mas especificamente na porta de trás do bordel de Madame Clark, uma pessoa encapuzada batia na porta. A porta foi aberta e lá estava um homem alto e barbudo, cabelo desgrenhados, parecia que não tomava banho há dias.
- O que é? - Falou grosseiro.
- Eu vim conversar com Eleonor Clark. - A voz feminina abafada, fez o homem chegar mais próximo.
- Eleonor Clark, e quem quer falar com ela? - Um punhal prateado, com algumas pedras verdes no cabo, surgiu nas mãos dela e foi diretamente para o pescoço dele. O metal estava tão afiado que ele sentiu sua garganta ser arranhada.
- Diga a ela que é a dama do punhal, ela vai saber quem sou eu. - A mulher tirou o punhal do pescoço dele. O homem de quase dois metros colocou a mão no pescoço e viu que estava cortado, mas era um corte superficial. O homem entrou rapidamente, a mulher permaneceu ali paciente, esperando por ele, até que a porta foi aberta novamente.
- Pode entrar, vou te guiar ao escritório de Madame Clark.
- Não precisa, eu sei muito bem o caminho. - Ela caminhou até o local, abriu a porta sem bater e lá estava Eleonor Clark, ou mais conhecida como Madame Clark.
- Para uma Lady, a educação está fazendo falta.
- Eu não tenho tempo para rodeios, pelo menos não com você. - Ela retirou o capuz e revelou-se, mesmo não sendo nenhuma surpresa para Madame Clark.
- Parece que os Bordeaux andam frequentando bastante meu bordel, devo lhe reservar uma de minhas garotas? - Falou de maneira sarcástica.
- Sim, uma em especial, Diana, mas que também pode ser conhecida como Maria e não adianta fingir que não sabe, porque eu não sou fácil de se manipular como meu marido. Então você vai começar a falar por bem ou por mal?
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