- Na verdade, é a Lady Jacqueline Bordeaux, mãe de Natalie. - E todo o ar do pulmão de Diana sumiu, era como se algo tivesse sido sugado, sentiu um leve arrepio e o medo agora superava o medo que ela sentiu do homem que queria lhe raptar.
Diana muito hesitante foi em direção a carruagem. Harold colocou a mão maçaneta e ela pode notar uma marca roxa no local dele, se sentiu culpada por tê-lo machucado.
- Me desculpe por sua mão.
- Você fez bem, ainda mais depois do que aconteceu. Eu quem peço desculpas por não ter sido claro.
Diana olhou para dentro da carruagem e a imagem de uma mulher mais velha, com um semblante sério, não parecia muito amigável. Hesitante ela entrou na carruagem.
- Com licença, Milady.
- Creio que Harold já lhe contou quem sou eu. - Harold fez um breve aceno para a mulher e fecho a porta.
- Sim, senhora.
- Eu sei de tudo, sobre você... - Jacqueline deixou o assunto no ar, queria tirar as informações de Diana.
- Milady, eu sei que senhora deve estar irritada e chateada com a situação, mas sua filha decidiu ir embora, não há mais nada entre nós.
- Não?
- Natalie... Lady Natalie, ela foi para Paris, como havia dito que era a sua vontade. - Diana estava nervosa.
- Quanto você quer para esquecer minha filha?
- O quê?
- Quanto você quer para nunca mais tocar no nome da minha filha?
- Você quer me pagar para simplesmente não pensar ou falar mais sobre Natalie?
- Também quero que não fale com ninguém sobre isso...
- Senhora me desculpe, mas eu não quero nada. Eu nunca faria nada contra a imagem de Natalie. Se veio aqui tentar me dar dinheiro, ou tentar insinuar algo com essa oferta está perdendo seu tempo.
- Eu posso te tirar desse lugar em que você vive.
- Eu não quero nada seu, pode ficar com todo seu dinheiro. Eu tenho saúde, dois braços, duas pernas, posso trabalhar. - Diana estava irritada.
- Então você amava minha filha?
- Eu amo sua filha, por isso, por mais que doa muito ela ter ido embora, eu tenho certeza que foi melhor assim. Natalie nasceu para viver com regalias, com luxo e pessoas lhe servindo. Eu seria egoísta se a pedisse para ficar comigo, afinal isso não é vida para ninguém, eu a amo por isso sempre vou querer seu bem.
- Você realmente acredita nas coisas que fala?
- Senhora, com todo respeito, se Natalie está sobre a barra de sua saia, por que veio me procurar? A senhora tem a sua filha no ninho novamente, não entendo o que veio fazer atrás de mim.
Jacqueline estava realmente descontente, queria encontrar algo em Diana que pudesse usar para simplesmente deixá-la ali e dizer a Natalie que a mulher realmente estava na Espanha e que havia mudado de nome ou coisa do gênero, mas Diana tinha personalidade, dava para sentir.
- Então dinheiro não lhe importa?
- Eu preciso dele para viver, mas ele não é o senhor da minha vida. Fui obrigada a me vender, era isso ou a morte, então optei por viver na esperança de que um dia tudo pudesse melhorar e hoje, por mais que eu não tenha a casa bonita, vestidos de modistas famosos, jóias ou precise lavar roupas até minhas mãos ficarem esfoladas, eu tenho um trabalho honesto o qual me proporciona viver dignamente bem, por tanto, não quero dinheiro, a única coisa que eu gostaria de saber é se Natalie está bem e está feliz.
- E se eu disser que Natalie está noiva, prestes a casar com um Lorde francês, você ainda assim desejaria coisas boas a minha filha?
- Se ela estiver feliz e este for um bom homem para ela, eu estarei feliz, afinal esse é o significado do amor, a felicidade de quem você ama, mesmo que não seja com você. - Diana deixou uma lágrima cair, era doloroso saber que Natalie estava com outra pessoa, mas sabia que era o melhor para ela.
- Harold. - A mulher chamou o rapaz, ele abriu a porta e ela fez um aceno para ele. Harold rapidamente correu para subir na carruagem. - Como ficou sabendo que Natalie foi para Paris?
- Recebi um telegrama. - Diana sentiu a carruagem começar a andar e ficou preocupada.
- Não se preocupe, vamos apenas dar uma volta, ficamos muito tempo paradas naquela rua. Eu não tenho por que te fazer mal, tenho? - Diana simplesmente negou. - Creio que recebeu esse postal antes de sair do bordel?
- O bordel era o único lugar e que podíamos nos encontrar livremente. Eu fique triste apenas porque não pude dizer adeus, é terrível esse sentimento de algo não terminado. Só queria poder dizer que a amava, uma última vez e desejar boa sorte.
Jacqueline ficou pensativa, ela foi surpreendida pela jovem espanhola, não esperava que a mulher também estivesse tão apaixonada por sua filha, percebeu que Diana não seria persuadida tão facilmente, então decidiu seguir com o plano original, leva-la a sua casa. A carruagem parou, Jacqueline respirou fundo, apenas negou com a cabeça, não podia fazer aquilo, mas lembrou-se de Natalie e do acordo.
- Diana, eu faço certas coisas porque amo minha filha. Natalie as vezes não entende, mas é para o bem dela.
- Eu entendo a senhora, se eu tivesse um filho, também agiria pensando no bem dele. Por isso eu entendo a senhora. - Jacqueline sorriu, foi a primeira vez que alguém dizia que lhe entendia.
- Venha. - Ela abriu a porta primeiro, desceu com a ajude de Harold, logo em seguida Diana desceu e deu de cara com a mansão Bordeaux. - Sem perguntas, por agora. - Jacqueline a impediu de iniciar uma pergunta, porque queria que aquele momento fosse bem rápido. - Vamos entrar.
- Pela porta da frente? Eu posso entrar pelos fundos. - Jacqueline agarrou o braço de Diana.
- Apenas fique calada e me acompanhe.
Jacqueline percebeu os olhares de todos na rua para as duas. Alguns homens sabiam quem Diana era, as mulheres apenas comentavam suas vestes maltrapilhas. Como sempre Jacqueline não abaixou a cabeça, passo de nariz em pé e ignorou os comentários. Do outro lado da rua, numa carruagem alugada, estava alguém que se divertia com a cena, Madame Clark via sua antiga rival perdendo seu tão precioso status. O nome Bordeaux ficaria na boca de todos por meses, com certeza ficariam curiosos para saber quem é a jovem, até mesmo os homens que já a conhecem se fingirão de desentendidos para comentar algo.
- A primeira parte do acordo está completa, agora veremos se você vai cumprir a segunda, Lady Jacqueline.
Diana passou pela porta de entrada, foi recebida por uma senhora que bastante amistosa, lhe dando um sorriso. Jacqueline, que estava sem ar, sentou-se no sofá sem cerimônias.
- A senhora está bem? - Perguntou Diana.
- Apenas leve ela logo, Laurie.
- Para onde? - Diana perguntou nervosa.
- Você verá, minha jovem. Está com fome? - As duas foram em direção a escada.
- Não, muito obrigada.
- Está tão magrinha menina, vou preparar algo para você comer depois. Só vou pedir para não se sentar na cama, acabamos de trocar os forros e não podemos nos descuidar com os ferimentos.
- Ferimentos?
- Lady Jacqueline não lhe disse o porquê de está aqui?
- Não, eu realmente estou confusa.
- Sua confusão em breve vai acabar. - A mulher sorriu ao abrir a segunda porta do corredor e revelar Natalie deitada, lendo um jornal. Seu braço estava com uma atadura e na sua perna também.
- Natalie? - Diana colocou as mãos na boca e as lágrimas caíram.
- Mon amour... - Natalie se sentou com dificuldade, ainda sentindo dores. - Eu senti tanto a sua falta. - A morena de olhos azuis sorriu, mas Diana só sabia chorar.
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