História Escrevi para você já que não tinha para quem mais escrever. - Só não estou pronto.

 15 de fevereiro de 2016. 6h50 AM.

Olho de longe Sooyun se aproximando de Kim Taehyung e faço careta. Jimin solta uma risadinha e nega com a cabeça pelo meu comportamento idiota, mas eu não me importo, apenas fico olhando Kim começando uma conversa com agarota que até pouco tempo atrás era o sonho de consumo dele. Sinto uma pontada de ciúmes e pego o celular do bolso, me levantando e discando o numero do mais velho. Me escondo atrás de uma das pilastras do nosso pátio e olho disfarçadamente para Kim, confirmo que está no numero bloqueado e toco o botão para iniciar chamada.

Vejo-o tirar o celular do bolso e sorrir largo, daquela forma retangular e única dele, e isso me derrete. Ele pede licença para todos e se afasta um pouco, se apoiando em uma pilastra do outro lado do lugar e aceitando a chamada. Suspiro ao ver o sorriso que ele mantem no rosto e sinto meu coração bater forte.

-Oi meu dongsaeng. –Sorrio largo.

-Oi Tae. –Digo baixinho. Do outro lado vejo-o fitando o chão de forma tímida e mordendo o lábio enquanto segura um sorriso.

-Já chegou? –Assinto sem perceber e me escondo atrás da pilastra.

-Já, eu estava te vendo na verdade. –Ele se silencia.

-Cadê você? Por que eu não estou te vendo? –Vou discretamente em direção as escadas e as subo, indo para o segundo andar e o olhando Kim de uma das janelas.

-Perto o bastante para te ver, e infelizmente longe demais para te tocar. –Posso ouvi-lo rir e vejo ele negar com a cabeça.

-Essa distancia só existe por que você quer que ela exista. –Ele diz, quase jogando isso contra minha cara como uma torta com glacê. –Vejo o mais velho fincando mais sério e ouço-o suspirar fundo. –Moreno, não acha que já tá na hora de nos conhecermos? –Ele fala mio baixo. –Quer dizer, temos nos falado tanto, você sabe tão bem sobre mim, eu sei sobre você. Nós até mesmo já brigamos por uma razão idiota, mas brigamos. –Ele fita o chão e então nega. –Eu sei lá, só acho que estamos íntimos o bastante para olhar um na cara do outro e ter essas nossas conversas pessoalmente. –Engulo em seco e faço bico.

-Vou desligar. –De longe posso vê-lo revirar os olhos e fazer uma cara irritada.

-Odeio quando faz isso. –Mordo o lábio inferior e suspiro.

-Me perdoa Tae, só não fica bravo comigo. –Ele aperta os lábios e olha o chão, pensativo.

-Nos falamos depois, admirador. –Suspiro.

-Até mais Taehyung. –Ele tira o telefone do ouvido e o desliga, guardando-o rapidamente no bolso e voltando para perto do grupo onde estava quando o liguei.

Conversar com Taehyung pelo telefone tornou-se algo comum, permitir que ele escute minha voz e aproveitar para ouvir ele se tornou algo nosso. Hoje em dia as pessoas não fazem tanta conta de ligar uma para outra, de escutar a voz, de apreciar o tom da voz em cada momento, mas como eu e Kim temos essa coisa dele não saber quem sou, a voz foi algo inovador. Poder me escutar, e eu poder aprender a decifrar quando ele está feliz ou chateado só pela tonalidade de sua voz foi algo inovador. Ser ainda mais dele e tê-lo um pouco mais por esse simples gesto, foi e é inovador.

Porém esse não parece o bastante para o mais velho.

Desço as escadas e volto para perto de Jimin, vendo de longe Taehyung emburrado perto dos outros. Suspiro. Só não sei se estou pronto para isso, para ficar frente a frente com ele sem sentir meu peito explodir e querer correr por vergonha dos vários olhares que provavelmente viram contra nós.