História Escrevi para você já que não tinha para quem mais escrever. - "Traga-os para o almoço..."

No dia seguinte eu só conseguia pensar em como era maravilho sair de trás das cartas e telefonemas anônimos e ir adiante, podendo sentir seu toque, seu perfume e seus lábios sobre os meus. Como era maravilhoso poder vê-lo sorrir e fixar meus olhos nos dele quando o assunto acaba.

Como era maravilhoso saber que agora erámos “nós”.

“Bom dia, só para confirmar, isso não é um delírio meu, certo?”

Comecei a rir da mensagem de Kim logo cedo e respondi o garoto dizendo que eu também já não sabia, já que tudo parecia um sonho meu de três anos atrás. Coisa que fez Taehyung rir e dizer que sonhos podiam se realizar.

-Querido, já são dez e meia, não vai se levantar? –Me espreguicei de forma preguiçosa assim que escutei minha mãe chamando e me sente na cama.

-Já estou acordado mãe. –Falei apenas a escutando dar meia volta e descendo as escadas.

Ontem Taehyung foi embora antes que meus pais chegassem, e eu também não tive coragem de contar para eles sobre o meu relacionamento com o rapaz. Claro que hora ou outra eles vão ter que saber, mas ontem era algo tão recente que parecia meio insano já falar sobre isso com os mais velhos, ou até mesmo com meu irmão mais velho.

-Bom dia. –Digo dando de cara com meu irmão assim que saio do banheiro.

Ele resmunga ainda meio sonolento e entra no banheiro. Dou uma risada sabendo que o garoto respondeu meu bom dia do jeito dele e começo a descer as escadas até a cozinha de casa. Assim que entro no lugar vejo meu pai tomando seu café junto a minha mãe que lê o jornal e a pulseira de Taehyung logo na frente deles.

-Bom dia. –Diga me aproximando da mesa e pegando a pulseira.

-Bom dia, seu pai achou essa pulseira perto do sofá, é sua? –Minha mãe perguntou levando sua atenção até mim.

-É de um amigo. –Falei um pouco nervoso, sorrindo simplista para a mulher.

-Jimin? –Meu pai perguntou e eu neguei vagarosamente.

-Ah, você fez novos amigos e nem nos apresentou querido?! –Minha mãe disse fingindo uma falsa tristeza. Deu uma risada sem jeito e fui pegar leite na geladeira.

-Eu vou apresenta-lo qualquer dia. –Falei colocando leite numa caneta e misturando achocolatado com o mesmo.

-E como ele se chama? –Minha mãe continuou, curiosa como sempre.

-Taehyung. –Falei meio baixo. –Kim Taehyung. –Sorri.

-Ele é da sua escola? –Concordei. –Hm... –A mulher resmungou pensativa. –Porque você não trás ele e Jimin para comer alguma coisa aqui em casa? Faz tempo que não vejo Park e quero conhecer seu novo amigo. –Falou sorridente dando a ideia.

Eu sempre me esquecia da mania que ela tinha de querer conhecer todos os amigos que eu faço.

-Trarei qualquer dia. –Falei sorrindo amarelo.

-Porque qualquer dia? –Ela perguntou séria. –Traga amanhã que estaremos todos em casa, vai ser divertido, podemos jogar alguma coisa. –Respirei fundo e senti minhas mãos frias.

-Tudo bem, vou convidar eles para virem aqui amanhã...

Sai andando da cozinha com o copo na mão e a pulseira na outra e sentei no sofá do lado do meu irmão, vendo-o se distrair com o desenho que passava na TV. Coloquei a pulseira no bolso na minha bermuda e peguei o celular, começando a beber o leite e começando a procurar o contato de Jimin no meio das minhas conversas.

“Minha mãe disse para eu trazer você e o Taehyung amanhã aqui em casa, o que eu faço?!”

Mandei a mensagem para o meu melhor amigo e bloquei o celular. Ele sabia tudo que tinha acontecido no dia anterior e conhecia bem minha mãe, assim como o resto da minha família, por isso eu tinha certeza que ele me ajudaria a lidar com a situação. Desbloqueie o celular e vi a mensagem de Park na tela.

“Leve nós dois e seja sincero com sua família, eles merecem saber você tem um namorado, que, aliás, é um cara muito legal, e está feliz com isso.” Suspirei e dei um sorriso de canto.

“Espero você aqui amanhã para o almoço.”

Sai da conversa com Jimin e abri minhas mensagens com Taehyung.

“Minha mãe quer que você e Jimin venham em casa amanhã para um almoço, ela ainda não sabe sobre nós, mas eu pretendo contar.”

-Jeonsuk. –Chamei tendo a atenção do meu irmão e o olhei com atenção.

-Que foi pirralho? –Respondeu simples.

-O que você acharia se eu dissesse que sou gay? –O mais velho ficou me encarando e voltou a olhar a TV logo depois.

-Você continua sendo o meu pirralho favorito pelo qual sou capaz de arriscar a minha vida para deixar seguro. –Ele disse simples, continuando focado na TV.

E aquelas poucas palavras me fizeram ver que meu domingo não seria o fim do mundo.