História Escrevi para você já que não tinha para quem mais escrever. - Fazer perguntas nas cartas é perda de tempo.

“Seul, 19 de novembro 2015.

Querido Kim Taehyung,

Muito vergonhoso dizer isso, mas você estava tão extremamente sexy ontem. Você estava com o boné para trás como eu disse que ficava tão bem e meu Deus! Kim Taehyung, você fez meu dia ficar mil vezes melhor.

A garota de quem você gosta também parece ter gostado já que a vi te elogiando e vocês começando uma conversa que durou um bom tempo. Fico feliz por você. Acho que se eu tivesse a coragem dela, podia ter ido te elogiar também, mas eu não tenho.

Eu sou tímido, e medroso. Aliás, deixe eu te perguntar Taehyung, se um dia chegar a saber quem sou, falara comigo? Quer dizer, não é porque tem paciência para ler minhas cartas que obrigatoriamente precisaria falar comigo, mas se tivesse chances, falaria?

Bom, é estranho fazer perguntas nas cartas já que sei que você não pode me responder, mas seja como for, é algo para se pensar. Assim como saber se você seria meu amigo, você seria? Quer dizer Kim, eu tenho tantas perguntas para te fazer! Qual sua cor favorita? Gosta de vídeo game? É fã de séries? Um belo viciado em filmes talvez? Já pintou o cabelo? Fala outras línguas? Quem é seu melhor amigo?

Kim, por que você odeia educação física? Sei que odeia porque já tivemos que fazer aulas juntos e você se negou prontamente a fazer qualquer coisa. Eu achei tão diferente. Ah, eu também queria saber seu doce preferido, e porque sempre compra o mesmo salgado na cantina? Porque deixa a gravata do uniforme tão frouxa, é estilo?

Porque até hoje não tomou atitude em relação a ela?

Droga me desculpa, se estivéssemos em uma conversa eu estaria indo tão bem não é mesmo? Mas eu tinha que perguntar isso, porque querendo ou não, meus pensamentos sempre correm a ela, querendo saber de alguma forma oque ela tem que eu nunca terei.

Esqueça a parte do sexo, dela ser menina e eu um garoto. Oque ela tem que eu não tenho? Ela tem olhos, nariz, orelhas, boca, cabelo, pernas, braços e tudo que eu também tenho. Ela gosta da sua série favorita? Eu também posso gostar. Ela dança bem? Eu também! Ela canta? Eu não posso afirmar que sou afinado, mas amo cantar. Ela chora por você? Se é isso, eu posso dar certezas que também faço.

Me desculpa, deixei isso tão depressivo do nada...

Você gosta de futebol? Não né, você odeia esportes. Me desculpa eu estou perdido. Gosta de lugares cheios? Eu odeio ficar em lugares com muitas pessoas. Gosta de milk-shake? Já brigou na escola? Como foi seu primeiro beijo? Apenas não diga que foi em uma brincadeira de verdade ou desafio, isso é tão babaca e clichê!

Sabe andar de bicicleta? Patins? Skate? Eu sou péssimo me equilibrando em seja lá oque for. Você, Kim Taehyung, gosta de RPG? E de ler? Gosta de escrever? Suas musicas favoritas? Tem vontade de se mudar? Para onde? Quer conhecer outro país? Viajar o mundo talvez?

Kim, como eu disse, eu tenho tanto a te perguntar, mas não adianta lista-las como estou a fazer, porque sei que querendo ou não, é impossível de me responder. Mas se pudesse, me responderia? Talvez seja algo a se perguntar, se tivesse chance de saber quem sou, oque faria?

Se fosse eu no seu lugar, não sei oque ia decidir.

PS: Sou curioso e você também, pare de ler todos os papeis que acha no chão, principalmente quando sabe de quem são. Sendo jogados no lixo ou NÃO, você não tem direito de saber oque essas pessoas escrevem sem a autorização delas.

De um admirador apaixonado por você.”

E lá se vai mais uma carta pra dentro do armário do outro. Corro até Park e desço as escadas com o garoto, dessa vez indo até a lanchonete comprar algo para o mais velho comer. Enquanto fico esperando sentado em uma das mesas do refeitório Jimin comprar um lanche, vejo Kim saindo da fila com o mesmo salgado de sempre e um pirulito quase caindo do bolso.

Ele começa a andar, rir com os amigos e vir em direção na direção da área das mesas onde me encontro. Respiro fundo e finjo total desinteresse, tentando me concentrar em Park que ainda está na fila. Kim Taehyung passa por mim e seu pirulito cai ali, ao meu lado, e ele nem repara nisso. Pego o doce do chão e olho para trás vendo que ele continua a andar, penso mil vezes em como devo chama-lo e acabo por impulso segurando a barra do uniforme do outro que me olha um pouco surpreso.

-Desculpe. –Digo soltando a barra da blusa dele e estendendo o pirulito. –Você deixou cair. –Ele sorri largo e assente.

-Obrigado, eu nem ia reparar nisso. –Falou rindo e eu o acompanhei. –Bom vou indo, obrigado novamente. –Assinto e ele corre até a mesa onde os colegas se encontram, se sentando ao lado deles e colocando o pirulito sobre a mesa.

Me viro e olho Park saindo da fila com seu lanche na mão. Respiro fundo, inspiro, e sorrio de canto pensando no sorriso de Kim. Nunca fiquei tão feliz por devolver um doce ao dono, como fiquei feliz devolvendo aquele pirulito a Taehyung.