História Escrevi para você já que não tinha para quem mais escrever. - Fazes loucuras, Taehyung. Gosto disso.

Era sexta feira e eu estava subindo as escadas para o andar do segundo ano, onde mais uma vez deixaria uma cartinha no armário de Taehyung. Jimin estava me esperando lá, mas quando terminei de subir as escadas vi Park andando em direção a elas e Taehyung parado em frente a seu próprio armário, mexendo em algumas coisas. Respirei fundo e acenei para Jimin disfarçando o acaso e descendo com o mais velho pelas escadas.

-Oque ele está fazendo lá? –Perguntei baixo. Jimin deu de ombros.

-Não faço ideia.

Fomos para o jardim de onde tínhamos visão de quem entrava ou saia daquela área das salas, e enquanto estávamos lá vi Taehyung sair do lugar indo em direção ao refeitório. Esperei que o garoto entrasse no refeitório e mesmo que afobado, junto a Jimin voltei a subir as escadas para o andar do segundo ano.

Andei em passos largos até o armário do mais velho e vi o papel colado em frente a ele. “Para meu admirador, que presumi vir aqui nos intervalos, à senha do cadeado. Mas antes de abrir meu armário, peço que apenas pegue a carta que te deixei e se quiser deixe sua carta, mas não mexa em nada. A senha é 301295.”

Respirei fundo sorrindo e tirei o papel o guardando no bolso, em seguida abrindo o armário e vendo o envelope amarelo lá dentro. Peguei-o com cuidado e nem mesmo deixei minha carta, apenas reparei no pequeno pôster de uma banda colada na parte de dentro e a montanha de livros guardados lá dentro. Fechei novamente o armário e guardei o envelope, descendo rapidamente as escadas com Jimin e voltando para o jardim.

Após o intervalo, já na sala de aula, tive que me segurar para não ler a carta bem ali. Me segurei até chegar em casa, seguro de que ali ninguém me veria lendo-a. Na escola era arriscado, eu podia ter tantas reações e correr risco de tê-las lá seria horrível.

Sento em minha cama e pego a carta lá de dentro, abrindo o envelope e desdobrando o papel de caderno. A letra dele era bonita.

“Seul, 20 de novembro 2015.

Senhor admirador secreto,

Você me disse que seria impossível deu responder suas perguntas, mas veja bem, se está a ler isso, posso dizer que te provei que o impossível não existe, certo? Espero que sim.

Bom, você veio a me fazer muitas perguntas na carta anterior de coisas que realmente são interessantes, mas antes de responder a todas perguntas, queria comentar sobre as cartas anteriores. Primeiramente, sua primeira carta me impressionou! Nunca imaginei que alguém pudesse ser secretamente apaixonado por mim, ainda mais por tanto tempo, três anos já né? Tenho quase certeza que é isso. Mas continuando, eu fiquei sem reação na verdade, te achei meio estranho e um pouco louco? Achei. Pensei que talvez eu estivesse louco? Claro. Tive certeza que você estava um pouco nervoso escrevendo a carta simplesmente porque sua letra ficou tremida? Obviamente, mas foi algo inovador, e ver que a pessoa que é apaixonada por mim tem um sentimento tão puro ao ponto de querer me ver com outra para me ver feliz fez com que eu me sentisse realmente amado. Obrigado por isso.

Sua segunda carta também foi interessantíssima, ler sobre sua inveja me doeu um pouco, mas mais uma vez me fez ver como você é doce. É incrível e reconfortante saber que fui capaz de conquistar um alguém tão admirável como você, e eu espero sinceramente que você encontre alguém que te ame e cuide de você tão bem quanto você cuida de mim!

Agora vou responder suas perguntas por que estou cometendo toda essa loucura de deixar minha senha do armário para um desconhecido especialmente para isso. Comêssemos então. Se eu falaria com você? Sim, eu falaria e também seria seu amigo. Minhas cores favoritas são preto, verde e branco. Sim, eu adoro jogar videogame, assim como gosto muito de assistir a séries e filmes, mas não chego a ser um viciado.

Eu já pintei o cabelo, mas prefiro ele castanho natural, e falar outras línguas não é comigo, talvez por isso não deseje tanto sair da Coreia. Talvez visitar outros países, mas nunca morar fora. Sobre meu melhor amigo, bom, eu não tenho, isso é complicado, mas por mais pessoas que eu conviva, não confio muito nos outros.

Eu não gosto de educação física porque eu me canso muito fazendo exercícios (obvio). E você jura que fizemos aula juntos? Isso deve ter sido legal, eu te vi praticando esportes e não sabia disso! E sobre comprar sempre o mesmo lanche, é simplesmente porque me acostumei a isso. Eu não tenho um doce favorito e o lance da gravata é simplesmente porque me incomoda, por isso afrouxo ela. Não é estético, mas fica bom né?

Ela ia entrar no meio, eu sabia. Estaríamos indo bem, mas seja como for, eu te respondo admirador, eu não me declaro porque eu tenho medo de ser rejeitado, tenho medo dela não me corresponder, basicamente é isso. E também não vou te dizer que ela tem coisas que você não tem porque não te conheço, talvez possam ser parecidos, ou não. Talvez se eu te conhecesse preferisse você a ela, mas não te conheço, e talvez por isso prefira ela.

Continuando.

Odeio lugares cheios, e passaria a minha vida a base de milk-shake, tanto é que já briguei na escola por um garoto ter derramado meu milk-shake que tinha levado de casa. E por favor, não me mate, mas sim, meu primeiro beijo foi dentro de um armário como consequência a um desafio do jogo.

Eu sei andar de bicicleta, patins, skate e todo resto que envolva rodas. E sim, adoro RPG, principalmente o de mesa que envolve imaginação. EU não vou dizer minhas musicas favoritas, sou ciumento com elas, mas quem sabe um dia te indique uma ou outra.

E por ultimo e mais importante, se eu tivesse chance de te conhecer? Bom, admirador, eu te conheceria, eu despiria sua alma e conheceria seus piores segredos, porque você simplesmente me intriga.

PS: (Vou usar esse lance do PS tbm) Você pode me chamar de hyung, temos intimidade o bastante para isso agora. E por favor, não chore por mim e nem por ninguém.

Com carinho, Kim Taehyung.”

Só faltei gritar com cada palavra que lia. Kim Taehyung tinha me respondido, tinha sido a melhor pessoa que eu podia imaginar, tinha me mostrado que eu tinha razão em estar completamente apaixonado por ele há tanto tempo.