História Espelho - Aula

Bela — Apartamento Chaleur, França.

No dia anterior, após seu intervalo com Nathaniel, Bela vagou o tempo todo em busca de Wallace, porém sem sucesso. Passou o resto das aulas paralisada, sem saber o que fazer. E para piorar a situação, também não viu Castiel em lugar algum para poder avisa-lo que havia mudado de idéia. Sua noite foi perturbadora, mal conseguia pregar os olhos apenas por pensar que no dia seguinte poderia estar deitada lá novamente, mas não para dormir, e sim para fazer amor com Castiel. Aquilo! Era exatamente aquilo que a deixava de pelos arrepiados e olhos arregalados. Era mais ou menos… “Oh meu Deus… O Castiel... Na minha casa...? Aaa!”. O efeito do remédio tinha passado muito bem, então toda a sua coragem e mau humor sumiram, deixando-a passiva e tímida como antes. Logo pela manhã, acordou cedo para arrumar sua casa. Embora todos os cômodos estivessem limpos e em perfeito estado, tinha que fazer algo para distrair sua mente. Levantou da cama com dificuldade e foi diretamente para o banheiro, escovando seus dentes e tomando um bom banho, até porque não queria ficar feia na presença do ruivo. Vestiu sua melhor e mais simples roupa e arrumou seu cabelo, o deixando solto como de costume. Pobre Bela, de tão nervosa que estava, passou a caminhar de um lado para o outro enquanto roía as unhas. Tentando evitar essa sua ansiedade, tomou seu café da manhã, consistindo-se em sanduíches e suco de maracujá natural. Praguejou pela milésima vez sua boca e educação por ter aceitado ajudar aquele preguiçoso do professor Wallace. Seu despertador a alertou que as dez horas já haviam chegado, e com isso, se engasgou com a própria saliva. Assustada e desesperada, limpou a mesa e lavou o copo que tomou. Seu coração batia compulsivamente em um ritmo acelerado demais para um ser humano de aguentar. “Calma Bela.. respire.. É apenas uma aula comum.. É só focar na matéria e ignorar qualquer ação estranha… respire”, Ela tentou manter-se calma, ligando a tv e se jogando na poltrona. E lá ficou sentada, batendo seu pé sobre o tapete felpudo e branco.

Se passaram dez minutos e nada, nenhum sinal de alguém batendo em sua porta ou apertando a campainha. A mesma, cansada de ficar assistindo programações francesas, levantou para se distrair, indo regar todas as plantas de seu apartamento. Aproveitou também para observar a movimentação da avenida. O dia estava normal, poucas nuvens no céu, calor não tão forte e o vento leve como plumas. Bela suspirou com medo e adentrou para seu quarto após ter molhado suas plantas.

Meia hora se passou, no total de quarenta minutos. Bela, aflita, deitou em sua cama, fechando os olhos e imaginando milhares de coisas. “Castiel está atrasado.. Mas será que ele ainda vem?”, se questionou coçando a barriga. Castiel realmente não tem a cara de quem acorda cedo para estudar, muito menos na casa de outra pessoa, já era de se esperar.

[. . .]

O relógio marcava onze e trinta e cinco quando Bela decidiu parar de esperar que nem uma idiota, e foi fazer algo melhor. Nessa altura do campeonato, ele não viria mais, então simplesmente relaxou-se no sofá da sala, vestindo dessa vez a roupa mais velha e confortável que continha dentro das gavetas de seu armário. Ela não pode questionar nada, até porque já sabia que isso ia acontecer. Não sabia se comemorava ou se ficava triste por Castiel não ter comparecido. Normalmente ficaria brava por ter se arrumado e passado nervoso em vão, mas okay.

Com toda a preguiça do mundo, levantou contrariada e começou a fazer seu almoço, pois pretendia sair mais cedo para passear, Ficar o sábado inteiro dentro de casa, ninguém merece. Além de ter um maravilhoso dom na arte e música, Bela desfrutava do seu encanto culinário. Se indagava o porque de ter parado de comer a própria refeição feita por ela mesma. Jogou sal na água e deixou-a para ferver em uma panela enquanto lavava alguns pedaços de couve flor e Brócolis para o macarrão. Cantarolava uma música que escutou recentemente, e isso a deixava com um certo bom humor. Tanto o cheiro quanto a aparência de seu almoço estavam de deixar a boca salivando e de encantar seu olfato com o aroma que a comida trazia. Bela parecia uma boba, enquanto cozinhava e cantarolava, dançava levemente de um lado para o outro, arrastando sua meia sobre o piso de madeira bruta e clara, um passo mais firme e pronto, já estaria no chão de tão liso e limpo!

— Smile and I. Got to wipe my frown. Dry my eyes. Kids this is how it is when you're older… -Ela cantou mexendo a colher de pau dentro da panela, onde estava sendo feito molho branco.

Seus pensamentos e o canto cessaram quando ouviu o som da campainha. Bela arqueou a sobrancelha, curiosa. Quem seria?. Bem, como ela estava bem distraída e sem esperança alguma de que alguém importante viria a sua casa, raciocinou que seria dona Clara pedindo legumes, uma vizinha bem velha e que sempre pedia alimentos saudáveis emprestado a Bela quando precisava. Abaixou o fogo e pos a colher sobre o balcão, batendo uma das mãos no avental rosa, costurado e bordado a anos por sua vó. Caminhou até a porta despreocupada, afinal, o que poderia acontecer de errado?. Girou a maçaneta, pronta para receber dona Clara com um sorriso magnífico entre os lábios, porém, o mesmo foi desfeito em questão de segundos quando, ao invés de ver uma velha gorda e enrugada, se deparou com o jovem ruivo e bonito, o qual é apaixonada. Na mesma hora, abriu a boca se engasgando com a própria saliva e arregalou os olhos sem saber o que fazer.

— C-castiel? O que você está fazendo aqui? -Ela indagou surpresa.

— “O que eu estou fazendo aqui?”, que pergunta mais besta. Garanto que você sabe a resposta, não é? -Castiel falou rolando os olhos.

— Mas.. Eu pensei que você não viria mais.. Está duas horas atrasado… -Bela disse se escondendo atrás da porta, deixando apenas sua cabeça para fora. A vergonha foi tanta que nem sabia o porquê de deixar ainda a cabeça para fora, sendo que deveria estar enterrada no chão como de um avestruz.

— Olha, eu perdi a hora. Saiba que sábado não é dia de acordar cedo, ainda mais sendo para estudar. -O garoto cruza os braços ao final da frase.- Além disso, o velhote lá em baixo enrolou para uma desgraça só para achar o número do seu apartamento.

Droga! Por que ele tinha que vir justo agora?. A hora certa eram as dez, e não meio dia!. A mesma indignou-se, pois seu almoço estava quase pronto e ela desarrumada, usando apenas um shorts velho e desgastado e uma regata. Suas bochechas coraram levemente ao lembrar do porque estava nervosa e preocupada.

— E então, vai me deixar entrar ou não? -O ruivo falou gélido, tentando espiar a parte de dentro do apartamento da garota.

— A-ah… sim, sim.. Entre. -A menina disse dando espaço o suficiente para que ele entrasse.

Castiel dando o segundo passo para dentro do cômodo, rolou os olhos de um lado para o outro, avistando todos os detalhes daquele lugar. Sem dúvidas, o apartamento era perfeito, e quando diz “Perfeito”, não é da boca pra fora não, é literalmente perfeito. As paredes neutras da cor cinza deixava o ambiente mais calmo e elegante, porém o contraste do piso muda um pouco a aparência. A sala era espaçosa, com uma televisão grande e sofás aparentemente confortáveis e cheios de almofadas sobre um tapete branco e felpudo. Se não fosse por alguns vasos de flores da cor amarela e rosa, ele juraria que esse local pertencia a um empresário sério e importante. Vários quadros e estantes coloridas, repletas de livros, pintavam o ambiente, juntamente com a janelas e cortinas. Essa casa era totalmente ao contrário da de Castiel, a qual sempre está desarrumada e de cabeça para baixo!. O garoto ficou surpreso, nunca imaginou que a casa de uma adolescente seria tão organizada. O mesmo suspirou, pelo jeito a pegou desprevenida, talvez fosse ruim ele vir em outra hora, aliás, ele estava muito atrasado mesmo. Ao respirar fundo, o cheiro maravilhoso de algo vindo da cozinha inundou seu faro, instantaneamente sua boca salivou imaginando o que é e como seria seu gosto. Nesta manhã, a única coisa que comeu foi o resto de uma pizza que estou da noite passada após a aula, mas nada disso encheu de fato sua fome. Um mini sorriso brotou em seus lábios quando resolveu se sentar no sofá e olhar para Bela que estava roendo as unhas enquanto fechava a porta. Não deixou de fitar seu corpo como de costume.

— Eu... Me dê só um minuto. Já volto.. -Ela disse sem encara-lo e caminhando rápido para um corredor perto da cozinha, e ele apenas confirmou com a cabeça.

Castiel achava engraçado o modo que Bela agia, de um jeito tímido e desajeitada. Apesar de conhece-la pouco, sabia que após ela aceitar a proposta de Wallace, procuraria ele ou a si mesmo para mudar de idéia, e como o mesmo gostou de poder ir todos os sábados para a casa da garota, decidiu evita-la o dia inteiro, o que aconteceu ontem. É legal para ele ficar ao lado dela, pois sempre nasce uma sensação pervertida e confortável, que agrada-o muito. Esperou por alguns minutos, admirando a decoração e as coisas em sua volta até a garota chegar com outra roupa, desta vez vestindo peças delicadas como de sempre.

— Desculpe… eu pensei que você não viria mais… -Bela disse timidamente colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha.

— Pois bem, eu vim. Atrasado, mas vim. -Ele falou dando de ombros.- Sua casa é bem bonita. -falou novamente após alguns segundos de silêncio.

— Obrigado.. -Ela agradeceu andando até a cozinha, desligando o fogo do fogão de ambas panelas e tampando-as com suas devidas tampas.

Pela terceira vez, engoliu seco e voltou para a sala, sentando-se em seu lugar favorito depois da poltrona que ele estava sentado.

— Bem.. Para falar a verdade.. Eu não faço a mínima idéia de como fazer isso.. -A garota diz constrangida sem olha-lo.

— Já vai começar? -Castiel perguntou se debruçando no sofá, onde alisou a ponta de seus cabelos com os dedos.

— Pretendo. Vou sair mais tarde..

— Hum. Sendo assim. -Ele levantou e sem mais nem menos começou a andar em direção ao corredor.

— E-ei, para onde você está indo? -Bela indagou também levantando e indo atrás dele com a garganta quase fechada de tanto nervosismo.

— Para teu quarto, onde mais eu iria? -Castiel disse sorrindo, um riso maléfico e abusado.- Tenho certeza que seus livros e materiais estão lá, principalmente, há uma mesa ou escrivaninha.

— O-o que?. S-sim, mas lá não! -Bela gritou entrando em pânico.

Ah sim, seu quarto não!. Não que lá há coisas de errado, mas com certeza temia que ficassem muito tempo ali. Seu coração disparou quando ele a ignorou por completo e abriu a porta de seu quarto. Ele sorriu quando se deparou com quarto dela, felizmente, o cômodo não era nenhum pouco do jeito que imaginava, rosa, cheio de ursinhos e bijuterias velhas e estrelinhas penduradas no teto.

— Nada mal… -O ruivo disse caminhando lentamente por todo o ambiente.

— E-ei -Gaguejou Bela se apoiando na porta.

— O que está esperando? -Castiel diz se sentando com as duas mãos encostadas na cama da mesma.- Vem, Me mostre tudo que você sabe. -Completou sua frase com palavras rastejantes e roucas.

Sorrindo de maneira perversa e maliciosa, lançou um olhar mortal para a garota. Foi impossível para a mesma se conter para não pensar em malícia, porém foi vencida pela força de seus pensamentos. Seu rosto corou bruscamente, deixando-a mais vermelha do que os fios avermelhados do ruivo. Após tomar coragem, se dirigiu ao seu armário, onde pegou um caderno não muito grosso da cor azul, logo, sentou-se na cadeira de rodinhas que estava ali presente. Com cuidado, pós o objeto sobre a escrivaninha e folheou até uma página, o título “Música” destacava-se em cima de um texto gigantesco. Castiel arregalou os olhos, de fato, aquela seria uma longa aula.

— Tá.. E-então vamos começar. -Lynns, suspirou pesadamente antes de abrir seus lábios para começar a explicar.

Bela desejava com todas as forças para que essa aula passasse rápido. Estava surpreendida por ver como Castiel era tão direto com as coisas, se bem que não era uma novidade. A ficha não tinha caído sobre seu corpo e alma.

— Esse caderno se chama MTS, método de teoria e solfejo, não tem em nossa faculdade, mas faz parte da matéria. Normalmente, na maioria das questões relacionadas a música teórica, sempre é dita uma pergunta definitiva. O que é a música?. -Recebeu um levantar de ombros vindo de Castiel e ela apenas bufou discretamente- Para não tomar muito tempo na resposta, sempre justifique com, “Música é a arte do sons”. Outra questão que você precisa saber é sobre, o que é o som. Existe dois tipos, os naturais, o quais consistem nos sons da natureza obviamente, e os não naturais. Os derivados deles são os sons musicais e não musicais. As propriedades do sons são bem simples; Contém o timbre, que permite reconhecer a origem do som; a duração, que define se o tempo é curto ou não; intensidade e a altura. Sabendo dessas duas coisas, entramos na área do Ritmo. Ritmo é o elemento que se baseia na divisão ordenada do tempo, combinando diversos tempo de sons, curtos, longos e médios. Esse é um pequeno resumo de todo o primeiro módulo do caderno.

— Quantos módulos existem? -Ele a interrompeu.

— Doze.

— Ah, se tudo é do jeito que você explicou, será moleza. -Castiel argumentou convencido e vitorioso.

— Sim. É fácil. Então me responda, quais são as propiedades dos sons e suas definições.

— Hey, ei ,ei!. Mas você acabou de explicar!

— É, eu expliquei. Então por isso, me responda. -Bela falou cruzando as pernas e fechando o caderno.

Quando se trata de ensinar algo que ela é super experiente, Bela se torna séria e severa. Aprender para ela é importante demais para não ser levado a sério.

— Maldade. -Ele respondeu fechando a cara e ela apenas revirou os olhos.

Será uma longa aula.

[. . .]

— Ah, entendi. Não sabia disso. Para mim tudo só se passava por melodia. -Castiel disse abraçando a cintura de Bela.

Após alguns minutos, ele realmente se interessou mais no assunto teórico. Em Sweet Amoris, nunca deu tanta importância para essa matéria, por isso suas notas eram baixas e participava das oficinas. Se tornou tão interessado que obrigou a garota ceder espaço na cadeira para ele visualizar melhor o caderno. Sim, desta vez era sério. Até esqueceu de sua verdadeira intenção de vir para casa de Bela. Aos poucos, a garota deixou de se sentir constrangida e desconfortável. Passou a conhecer um lado mais divertido e amigável do ruivo. Durante todas as suas explicações sobre o modulo, percebeu que ele estava prestando bastante atenção, o modo que ele interrompia sua explicação para perguntar algo a deixava intrigada e animada. Um sorriso limpo e contagiante não desfazia do rosto da garota. Estava feliz!. Nem precisava de tanto nervosismo ou pânico, foi tudo desnecessário. Não se sentia mais desconfortável quando ele se aproximava ou a tocava para perguntar ou para praticar um ato carinhoso.

Sim! carinhoso!. Durante todo esse vai e vem, abre e fecha boca, ele se demonstrou carinhoso. Deixou-a encostar a cabeça em seu ombro, e até mesmo acariciou o rosto macio e morno de Bela. Era maravilhoso aquele lado escondido de Castiel, nem o próprio acreditava que estava tão passivo. Por algum motivo, a voz angelical da garota o acalmava, deixando-o liso e despreocupado com tudo em sua volta.

— Não, não. Temos também as duas características que fazem conjunto com a Melodia.

— Harmonia e Ritmo, né? -O ruivo complementou a frase da morena.

— Isso mesmo. Você pegou a matéria fácil. -Ela disse sorrindo.

— Eu sei, eu sei, sou genial. -Ele ironizou rindo baixo.

— Você é convencido, isso sim! -Bela falou fechando o caderno quando finalmente notou que as horas passaram voando.

— Ei!, sou realista. Saiba que… -O mesmo foi cortado em meio de sua frase quando seu celular começou a tocar compulsivamente dentro do bolso da jaqueta de couro.- Ah..

— Pode atender. Eu preciso ver algo na cozinha. -A garota disse levantando e caminhando até a porta sem olhar para trás.

Quem seria naquela ligação?, ele se perguntava. O ruivo bufou retirando o aparelho do bolso e atendendo a chamada logo de cara, pois o nome que o número mencionara era de seu amigo, Lysandre.

— Alô ? -Castiel atendeu a chamada levantando.

— Eai Edward! -A voz calma e brincalhona de Lysandre soou por seus ouvidos do outro lado da linha.

Há alguns dias atrás, após a festa de Rosalya, todos ali presentes no mesmo ambiente da festa, souberam da pegação entre Castiel e Bela dentro daquele armário empoeirado e bagunçado. Lysandre não achou muito legal alguém como Bela sofrer por causa de um desafio, então não deixou de fazer sua parte. Toda vez que os dois se encontravam, o platinado passou a chama-lo de Edward, por causa da saga Crepusculo. Combinava tanto o apelido que Rosalya lhe deu —Vampiro/Sanguessuga—, quanto o nome da segunda personagem Bella da mesma saga. Castiel arrastou seus olhos impaciente, aquela brincadeira era chata confessou, porém nunca seria ignorante com seu melhor amigo.

— Puta merda, você é zueiro mesmo, Hein cara!. -Ele respondeu Lysandre com um tom de ironia na voz e seu amigo o respondeu com risadas nenhum pouco escandalosas.- Fala ae o que você quer.

— Não é nada haha. É que eu cheguei de viagem hoje, só queria te avisar.

— Ah sim, finalmente. Já estava cansado de ensaiar sozinho. -Castiel confessou bufando.

— Sozinho ? -Perguntou Lys.

— Isso.

Enquanto conversavam no telefone, Castiel curioso, começou a perambular por todos os cantos do quarto da garota, observando fotos, roupas penduradas, flores e principalmente seu guarda roupa. Abriu a primeira porta daquele armário grandioso de madeira, vendo tudo que ali estava. Algumas caixas de sapatos, um punhado de folhas e uma fotografia de um garoto de cabelos negros juntamente com ela, abraçados na frente de uma árvore. Na melhor das hipóteses, Castiel raciocinou que deveria ser algum primo distante, coisa e tal, até porque uma garota que antes de vir para Paris era virgem, tanto da boca quanto na parte sexual, nunca deve ter tido um namorado.

— A íris também está viajando para ver a seu irmão, parece que ele está doente lá em Portugal.. -O ruivo disse abrindo uma caixa florida.

— Pobre íris.. espero que esteja tudo bem…

— Também…

Um pequeno caderno entre tantas tralhas e pincéis foi encontrado dentro do objeto. Não era tão chamativo, pelo contrário, era branco e macio como o pelo de um coelho. Com letras douradas, o nome da garota se destacava na capa. Foi inevitável, na mesma hora soube do que se tratava: Um diário!. Nem se passava por sua cabeça que garotas de hoje em dia ainda continham diários. Não pensou duas vezes em abri-lo e tentar folhea-lo. Porém, se assustou com o barulho de passos vindo do corredor.

— Droga! -Ele sussurrou fechando a porta do armário e na hora do pânico, guardou o pequeno caderno dentro de sua jaqueta.

— O que foi ?! -Lysandre indagou preocupado.

— Depois eu te ligo!

Foram dez segundos para ele se sentar sobre a cama da garota, desligar o celular sem piedade e Bela aparecer na porta. Foi por pouco.

— Desculpe, achei que tinha deixado algo no fogo. -Ela disse coçando a nuca, um pouco envergonhada.

— Normal. -Deu de ombros- Bem, espero que não tenha deixado. Não estou afim de comer comida queimada. -O garoto disse fingindo que nada tinha acontecido antes dela aparecer.

— V-você.. Você quer comer aqui?

— Lógico, o cheiro está muito bom!. Mas quem garante que o tempo que eu estava aqui revisando as coisas no caderno, você não tenha envenenado-a.

— O que?, não!. Não estragaria minha comida com uma coisa dessas…

Ele riu debochado.

Bem, agora Castiel tinha algo importante em mãos, não só o conhecimento da matéria nova, mas sim, um diário.