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História Espelho - Roda-Gigante


Escrita por: PnkGabu

Notas do Autor


Demorei ?, sim! Demorei!
Mas foi por uma boa causa :') Quer saber qual foi a causa ?. Pois bem. Desculpe pela má escrita.

☆°•Capítulo Grande•°☆

Boa leitura ♡

Capítulo 26 - Roda-Gigante


Fanfic / Fanfiction Espelho - Roda-Gigante

Castiel — Apartamento Étoile noire, França.

O ruivo balançou a cabeça de um lado para o outro. A resposta de sua indagação estava tão nítida e óbvia na sua frente, que negou acreditar naquelas letras bonitas e bem feitas na folha do caderno. “Puta merda..”, Bateu em sua testa ao sussurrar essas palavras entre seus lábios. Praguejou a sí mesmo quando finalmente a ficha caiu. Isso mesmo, para falar a verdade, nem precisava desse diário para descobrir o que se passava na cabeça de Bela. Se fosse parar e ver, não há dificuldade alguma de notar as bochechas coradas de Bela, as frases gaguejadas e meigas quando o nome de Castiel estava em meio, até mesmo o jeito tímido de agir. Tão fácil de ver que ela realmente o ama. Um dos fatos para concluir isso, foi o beijo que a mesma lhe deu na hora da despedida.

Castiel podia pensar nas doenças de Bela; na desilusão dela; na relação de seus pais; com o Bullying; e até mesmo nas coisas que ele disse para ela em suas primeiras semanas de aula. Entretanto, a única coisa que fluía sem parar em sua cabeça, era que a garota o amava. Esfregou as palmas das mãos em seu rosto e suspirou, agora tenso. Não que essa situação fosse ruim, de forma alguma, Bela é perfeita. Mas a questão é, ela pode ser, mas ele não é. O ruivo começou a ter dificuldades para pensar no que sentia quando estava perto dela. Não irá mentir, confessa que sente um imenso conforto quando está junto a ela, gosta de seu sorriso, da voz angelical que lhe trás paz e tranquilidade, do gosto de sua boca, de seu aroma doce da pele de garota e até da maneira simples e delicada que ela se veste. Mas, Castiel seria mesmo capaz de ama-la igualmente?. Como que irá saber se o seu “gostar” é amor?.

Coçou a cabeça confuso e desentendido. Agora entrou em um beco sem saída. Não sabe o que pensar. Normalmente nem iria ligar se uma garota gostasse dele, como por exemplo, Ambre é apaixonada por Castiel a muito tempo, e nem por isso ele ficou se questionando. Ou também com Debrah, ela nunca o correspondeu com outro “Eu te amo”, e quando respondia, o tom soava como sarcasmo.

Todas aquelas informações se formaram em uma sala de alta segurança, com sensores de movimento, cada ação cometida ali, causaria uma reação, boa mas também ruim. Como um quebra cabeça, passou a juntar alguns fatos, e finalmente veio se dar conta de tudo que aconteceu nas folhas daquele diário. Não deixou de ficar triste por Bela, realmente, a vida dela nasceu para ser bagunçada. Ficou até com medo de estar iludindo-a, pois repetindo, ele ainda não acha que está disposto a corresponder o amor de outra pessoa. Agora sua cabeça estava a mil, com toda a certeza não conseguirá dormir direito por causa disso.

[. . .]

Bela — Apartamento Chaleur, França.

O tempo naquela semana passou rápido. Os dias na faculdade, para Bela, foram bem normais e tranquilos, nenhum sinal de Ambre, de Li ou até mesmo de Charlotte. Não ficou tão incomodada quando percebeu que não estava mais se esbarrando e "conversando" com Castiel, até porque não o viu a semana toda, ah sim, apenas nas aulas de música, mas fora isso, ele se tornou uma montanha de areia, quando bate o vento, ela se locomove de lugar. Graças a isso, pode passar o tempo fazendo outras coisas, lendo, desenhando e formando novas amizades e fortes laços entre alguns alunos, entre eles está Alexy e Priya, ambos estudantes de design, teatro e outras matérias que Sweet Amoris podia lhe oferecerem. Hoje, completa uma semana desde o último dia que Bela viu o ruivo, ou seja, é sábado novamente. A menina até estranhou quando, um dia desses, o encontrou nos fundos da escola lendo um livro Grosso e fumando. Parecia tão tranquilo e passivo, nem ligava ou dava atenção para as coisas de sua volta. Já nas aulas de música, ele aparentou estar perdido nos próprios pensamentos, sempre com os olhos vidrados em um lápis ou na janela, as vezes escrevendo algo no mesmo livro. Bela ficou feliz de vê-lo desfrutando do mundo maravilhoso da leitura, sentiu-se atraída para pergunta-lo sobre e quem era o autor daquela obra, mas infelizmente, toda vez que pensava nessa opção, escondia seu rosto com a palma das mãos, com vergonha de falar com ele novamente — Porque na última vez, acabou fechando a porta em sua cara. Então, desistia de fazer essa pergunta.

Nessa manhã de sábado, levantou cedo, as nove horas da manhã, fez as mesmas coisas de todos os dias, higiene matinal e arrumou seu quarto. Na hora do café, notou que havia pouca coisas em sua dispensa, tanto na geladeira, quanto nos armário. Bufou com raiva, e se Castiel fosse comer em sua casa outra vez? O que ela prepararia?, pão com ovo que não seria. Concluiu cruzando os braços que iria a feira, não muito longe dali. Decidida, voltou para seu quarto e vestiu uma roupa simples, composta por um vestido bem justo na cintura e rodado da cor branca, e uma jaqueta jeans em forma de regata. Ajeitou os cabelos e suspirou, pegando sua carteira e colocando em sua bolsa. Não faria mal sair as dez horas de casa, afinal, o ruivo só iria chegar meio dia como na outra vez, com isso, Bela poderia sair sem se preocupar. Fechou a casa e foi para o elevador com passos curtos e calmos. Avistou pela janela a paisagem, o dia, como de costume, estava lindo!, o sol brilhando, pássaros cantando, as folhas das árvores sendo levadas pela brisa suave do vento. Entrou no elevador vazio e apertou o botão do térreo. Encostou-se na parede de ferro frio da cabine do elevador enquanto esperava-o descer por andar a andar vagarosamente, uma verdadeira eternidade de um minuto e meio. Quando o aparelho parou em seu destino, saiu de lá e caminhou até a frente da residência, onde comprimentou Oliver, como todas as manhãs. Parou na calçada e retirou o celular do bolso. Tudo que ela precisaria agora, era montar sua lista de compra. Nada muito extravagante e caro, apenas pretendia comprar o básico, tomates, alface, pepino, repolho, cenouras, frutas, outras verduras, temperos e grãos. “A feira daqui da França não deve ser muito diferente da brasileira…”, pensou Bela anotando tudo em seu bloco de notas virtual. Sua mente parou quando, ao invés de sentir a brisa fria, juntamente com o que restara do sereno da noite, sentiu algo em sua orelha, algo quente e abafado, soando mais como uma respiração. Curiosa e com as mãos já tremendo, virou a cabeça lentamente para a origem daquilo. Péssima idéia. Ao se deparar com as duas íris profundas e cinzas, e o rosto que conhecia muito bem, se afastou em um pulo desesperado por causa do susto.

— Aah! C-castiel! -Ela gritou no momento que conseguiu uma boa distância, diferente da outra. Nunca esperaria por aquilo, então seu grito foi necessário. Com as mãos e o celular sobre o peito, a garota buscava ar para recuperar depois do susto.

— Haha. Oi para você também. -O ruivo falou colocando a mão no bolso, sorrindo em um breve instante por causa da reação engraçada de Bela.

— O-oi.. O.. O que você está fazendo aqui ? -Bela o questionou, recompondo a postura de moça.

— Outra vez essa pergunta besta?. -Ele disse ficando sério.

— Oh, sim, mas… a essa hora ?

— Em que outra seria? -O garoto bufou, fazendo seus cabelos voarem e caírem novamente por seu olhar. Os olhos de Bela brilharam com tanta beleza vindo daquela ação. Naquele segundo, a menina teve certeza absoluta que seu fetiche era exatamente isso. Seu desejo era, um dia, ele deitar a cabeça em seu colo, e poder acariciar seus cabelos ruivo e rosto, tocando cada parte com todo amor e carinho que poderia oferece-lo.

— É que.. Na última vez, você disse que sábado não era dia para acordar cedo. -Bela falou timidamente.

— Sim, eu falei. Mas também falei que perdi a hora, não que o novo horário seria ao meio dia. -Castiel a respondeu.

— Ah.. Eu não sabia.. Para mim, você viria na mesma hora. Desculpe. -Ela disse de cabeça baixa enquanto batia as pontas dos seus dedos indicadores um no outro. No fundo, Bela sabia que deveria ter perguntado a ele na sexta-feira, ela até poderia ter feito isso numa boa, contudo, a vergonha era imensa!.

— Pff. Sem problemas.. -O ruivo fez uma breve pausa- Você estava saindo?

— Ah, sim, sim. Eu estava indo para a feira. -A garota o repondeu, sorrindo meia boca.

— Para a feira?, aquela perto do Fleur Rose ?. -Indagou curioso.

— Acho que sim. É a primeira vez que irei para lá.. Então.. é..

— Legal. A feira que tem lá raramente é montada e aberta ao público. Normalmente é uma vez por mês. -O ruivo comentou sem encara-la. Parecia um pouco sem rumo nas palavras.

— Sério?. Bom saber.. é.. Se você quiser eu volto para meu apartamento e estudamos, depois eu vou para lá, afinal, acho que ela não vai fugir. -A menina diz apertando firme a alça da bolsa que segurava.

— Não precisa. -Ele deu de ombros.

— A-ah.. Tem certeza, eu posso…

— Eu disse que não precisa. -Com passos largos e lentos, o garoto começou a caminhar sentido a avenida, como se desse o ponto final naquele diálogo 'inútil'.

Com o coração apertado, Bela paralisou. Talvez não fosse uma boa idéia ter saído cedo. Praguejou a si mesma, pois hoje ela estava preparada para passar uma tarde perfeita junto a ele. Bem, apesar dela sempre achar todos os seus momentos perfeitos. Suspirou erguendo a cabeça e encarando a calçada como se fosse a coisa mais interessante do mundo.

— Tá esperando o que? -Ele disse virando de frente para ela. Bela, desentendida e surpresa, arqueou a sobrancelha, finalmente olhando para ele.- Vamos logo para lá.

Era isso mesmo que soou por seus ouvidos? Ele pretendia acompanha-la para a feira?. O coração de Bela pulou de felicidade e ela correu sem hesitar nenhum segundo para seu lado. Embora isso fosse inesperado e surpreendente, a garota não opinou contra.

— Será rápido.. Eu prometo. -A morena comentou sem desviar o olhar do não tão longo caminho a sua frente.

— Hm.. -Ele respondeu.

A partir daí, o silêncio resplandeceu, nada além do sons da cidade soava pelos arredores. Buzinas, sinos de bicicleta, o canto dos pássaros, conversas ambulantes, passos e de carros, uma verdadeira poluição sonora para Castiel, mas para Bela, tudo isso não se passava por um simples grunhido, pois seus ouvidos taparam, restando apenas o barulho de seu coração, o qual batia rápido e alegre, se possível, até ele escutaria.

[. . .]

O caminho, como dito, foi silencioso, porém não muito longo. Em alguns minutos, adentraram e atravessaram todo o parque de Fleur Rose, passando pela biblioteca e até a clínica de onde Bela começou fazer um “Tratamento”. Durante o trajeto, a menina não deixou de se indagar e de pensar sobre o que ele tinha achado de sua despedida rápida e emocionante no último sábado. Não é muito experiente quando o assunto se trata de atos amorosos, mas poderia se gabar, pois aparentemente, da maneira que o garoto agiu após aquilo, querendo entrar em seu apartamento, ele havia gostado. Mas, como seu jeito é, deixou que o tempo mesmo mostrasse a verdade sobre aquele Beijo. Com muito custo, Bela tomou a liderança, passando pela frente do ruivo e entrando em seu destino. Com as mãos por trás das costas, passou a dar passos leves e delicados, perambulando de barraca em barraca, procurando um vendedor que poderia oferecer-lhe um bom preço e bons produtos. Castiel, nem sabia o que estava fazendo ali, pois, até então, não sabia que aquela era a feira que ela estava se referindo. Estava a poucos metros atrás da garota, que olhava com cuidado todas as placas e parecia flutuar com tanta leveza e tranquila. Essa semana foi muito calma para ele. Passou todos os dias pensando em tudo, basicamente todos os acontecimentos graves na vida de Bela. Relacionou fato com fato, e até descobriu o porquê da cicatriz em sua barriga. Chegou a sentir dó, coisa que raramente sente, até porque não se importa com a vida alheira. O mesmo, afundou as mão no bolso quando á viu escolher algumas frutas e se aproximou.

— Então.. É aqui? -O garoto perguntou arqueando a sobrancelha.

— Bom, sim… porque a pergunta? -Ela o respondeu colocando o alimento de volta na banca.

— Pff.. pensei que fosse a feira do parque, perto da roda-gigante. -Castiel revirou os olhos, decepcionado.

No bairro onde moram, sempre, no final do mês, ocorre uma feira animada, com brincadeiras, jogos e tudo que um parque de diversões teria. Como o pensar de qualquer adolescente, Castiel raciocinou que era aquela feira que Bela iria, e não essa onde velhas fazem xepa.

— Ham? Lá tem uma feira? -Bela falou confusa.

— Se eu falei né. -Diz ele cruzando os braços e encarando qualquer coisa no ambiente. Não estava se sentido bem em olhar nos olhos de Bela. Sentimentos como culpa e atração batiam na porta de seu coração, palavras ameaçavam sair por sua boca e gritarem “Eu também gosto de você !". Por isso, evitava qualquer olhar cruzado com ela.

Eu também gosto de você”, sim! Isso é incrível!. Com o passar desses dias da semana, com ajuda de Lysandre, acabou dando conta de que sentia necessidade de vê-la, talvez tenha se acostumando rapidamente com a presença dela em seu cotidiano. No começo, foi difícil tentar manter-se ciente que dá para gostar de alguém em menos de dois meses, e que, sentir vontade de beija-la a todo momento, não era carência ou um meio de descontar o que Debrah fez com o mesmo. É incrível como as coisas aconteceram rápidas. Outra coisa também é incrível, é como alguém pode mudar sua forma de pensar. Como palavras ditas da boca de um anjo, Bela fazia igual, seus concelhos indiretos para ele, pareciam sempre um sermão dado por um arcanjo importante e santo, por isso mudava tudo o que cercava a mente fechada e escura de Castiel. Certeza que ele gosta da garota?, sim, absoluta, e sabe que esse gostar pode aumentar muito mais conforme o tempo. É meio confuso de entender esses pensamentos ambulantes e embaralhados do ruivo, pois, tudo é tão inseguro e instável. O mesmo chacoalhou a cabeça na tentativa de esquecer rapidamente e voltou a atenção para a mesma.

— Você parece a minha mãe. -Ironizou após alguns segundos de silêncio sem resposta de Bela.

— Como ?

— É. Ela sempre sai de casa sábado para vir na feira de uma igreja lá. Para mim, quem sai de casa para ir a feira é gente velha.

— Quando você morar sozinho entenderá minha situação. Se eu não fazer isso, morrerei de fome. -Ela diz voltando a atenção para as barracas.

— Mas eu moro sozinho. -O ruivo argumentou seguindo-a para outras vendas. O som alto gritos dos gritos dos velhos ao seu redor, estava realmente o irritando de verdade.

— Aé?.. Bem.. Então como você come ?

— Sempre peço um lanche ou como fora. É mais fácil do que sair cozinhando sem saber. -Castiel dá de ombros no final da frase.

— Parece ser bom comer esse tipo de lanche, mas não  posso comer muito esse tipo de comida. Engorda. Preciso ter uma alimentação saudável segundo meu nutricionista.

— Eu acho seu corpo bonito do jeito que é. -Como mágica, essa frase surgiu, mas sem intenção de ser dita. Bela com toda a certeza, ao escutar aquilo, iria ficar da mesma cor do pimentão que segurava, mas, o mesmo foi interrompido por um grito alto de um velho alertando o preço do repolho. “Maldito”, Castiel praguejou mentalmente o homem.

— Desculpe.. Mas o que você disse ? -A garota disse com um sorriso entre os lábios, o que foi suficiente para deixa-lo sem graça.

Por que aquilo aconteceu?. A reação foi ao contrário!. As bochechas do ruivo queimaram feito fogo e seu coração disparou. “Droga, eu não devia ter dito isso..”. Virou o rosto e segurou o pulso de Bela bruscamente, puxando-a para sair do lugar.

— E-ei! O q-que você está f-fazendo?! -indagou Bela surpresa ao ser arrastada. Tentava de toda forma se soltar, porém inútil.

— Vamos sair daqui. Esses velhotes estão danificando minha audição. -O garoto diz sem olhar para a cara dela.

— O-o que ?, n-não!. O que irei comer hoje e no resto da semana se eu não comprar as coisas?. -Ela gritou com o coração pulsante.

— A gente pede uma pizza. -Castiel falou- Vou te levar para uma lugar muito mais interessante do que essa chatisse!.

— Hein?. -Balançou a cabeça e ele apenas continuou a arrasta-la para fora do local, e, já desesperada e sem nada para impedir, decidiu ceder- P-pelo menos me solte!

Castiel entendeu o recado e no mesmo instante soltou-a, bufando. Suspirou pesadamente, tentando buscar sua postura de “Homem” e continuou a andar sem se importar se Bela estava seguindo-o ou não.

A cabeça de Bela ficou repleta de coisas. “A gente pede uma pizza ”. “A gente”. Essa palavra passou a ecoar diversas e diversas vezes em sua mente. Esta frase significa que os dois iriam comer a tarde?, comer juntos, outra vez?!. Para a felicidade da garota, era a verdade.

Percebendo que ele já estava há alguns metros de distância de si mesma, correu atrás dele como um vagão atrás de um trem. Aliás, ela não queria se perder no meio da multidão, apesar de morar na região, não sabia como se locomover ali.

— E-ei, se você for me levar para algum lugar, me espere! -A garota, agora com os cabelos loiros e brilhantes pela iluminação do sol, falou com o tom elevado, desesperada e ofegante por estar correndo. Como resposta, recebeu o parar dos pés rápidos e ágeis do ruivo, o qual a esperou chegar para continuar a andar.

A partir daí, o silêncio voltou, um silêncio constrangedor e irritante. Bela se questionava o porque dele puxa-la para longe, se ele não quisesse ficar ali, vagando de um lado para o outro, escutando os gritos alucinados e fortes dos velhos anunciando a grande oferta do dia, sem querer ser grossa, mas ela preferia que ele fosse embora e voltasse depois, por mais que gostasse da presença dele ao seu lado. Curiosa e sem saber para onde Castiel estava levando-a, levantou o olhar do chão e virou o rosto na direção do rosto bonito e radiante do garoto. Ah, que beleza esplêndida!, dessa vez concluiu por completo, não há alguém no mundo que Bela achasse bonito além dele, mudou de opinião recentemente, e gostou disso, pois é a verdade!.

— Castiel.. -Ela iniciou a frase e ele rolou os olhos por um breve momento para a face angelical da garota- Para onde você está me levando?

— Para a feira Amusant, dentro do parque. -A respondeu atravessando a rua.

— A que você mencionou a pouco?.

— A mesma. É legal, você vai gostar. Se tivermos sorte, não estará tão cheia. Ela fica montada por três dias, pois essa segunda será feriado de não sei o que. -O ruivo falou sorrindo meia boca.

— Sério?, oh, que demais. -A “Loira” confessou sorrindo. Sabe que poderá voltar outro dia para comprar o que deseja, até porque realmente sua geladeira está vazia a cada três palmos de mãos. Não irá sobreviver a base de cebolas e alho, muito menos de pão duro!.

Não demorou muito para entrarem portão a dentro de Fleur Rose e darem as caras de frente há várias árvores floridas da cor rosa. Com o passar dos sapatos sobre o chão, as pétalas caídas há muito tempo levantam com o vento, acompanhando o andar dos dois. Como um lugar tão maravilhoso poderia guardar tantas mágoas e lágrimas?, Castiel se perguntava lembrando de Debrah, mas depois levantou a cabeça, sacudindo-a e se convencendo de que aquilo serviu para abriria seus olhos, como um verdadeiro corilho. Tanto para ele, tanto para Bela, aquele lugar foi triste. Lá, foi o último dia que que a garota escutou o som doce da voz de sua mãe, o último suspiro e o último “Eu te amo querida”. É triste lembrar daquilo, mas Bela tem que levantar a cabeça e olhar rumo ao futuro! conviver com esse acontecimento “Natural” que a vida trás um dia. Em silêncio, ambos caminharam perdidos nos próprios pensamentos. O som alto de músicas mundialmente conhecidas recentes soavam por todas extremidades, e quanto mais se aproximavam de uma pequena multidão, mais a intensidade do som aumentava, e isso não incomodava nenhum pouco. Podiam ver balões voando, porém presos nos postes de luz, tudo trazia um ar mais infantil no ambiente.

Os olhos da garota brilharam ao perceber que a feira que acabara de entrar não era nenhum pouco como imaginava, mas sim, uma feira de eventos. Tudo era tão convidativo e colorido! Jogos, pelúcias, risos, palhaços e uma única atração principal, a roda-gigante bem no fundo do longo corredor de grandes barracas cheia de pessoas, a maioria adolecentes, mas poucas crianças, ambos animados. Normalmente, Bela ficaria com medo por se sentir uma formiga em meio de turbilhões de outras, mas hoje estava se sentindo diferente, um diferente bom. Olhou para o ruivo sorrindo — por mais que não quisesse.

— Não era esse tipo de feira que eu estava esperando! -Argumentou Bela olhando em volta com os olhos estalados e as pernas prestes a pular de felicidade.

O que houve com seu emocional neste dia?, está parecendo uma criança. Era como se a companhia do garoto ao seu lado, o mundo sorrise e mostrasse um lado divertido da vida. Faz anos que ela não entra em um lugar deste tipo, e graças a isso, animou-se para entrar e jogar na primeira barraca que vira pela frente, e claro, se Castiel aceitasse, pois é ele que propôs — Obrigou — Bela vir com ele para cá, então não sabe o que veio realmente fazer aqui.

— É o que eu esperava haha. -O garoto riu pondo as mãos na cintura.

— O que pretende fazer? -A menina indagou rolando o olhar para o chão.

— Estamos em uma feira, vamos dizer que um "evento se diversões". O que iremos fazer então? -Castiel revirou os olhos como se o questionamento de Bela fosse a coisa mais óbvia do mundo.

— É… -Falou rastejando a letra enquanto escolhia uma boa frase- Se divertir?

— Quando quer que seu prêmio de melhor adivinha chegue? Haha. -Com um riso sarcástico, o ruivo falou dando o primeiro passo para dentro dali, preparado a por em prática seu plano de fazer desse, o melhor dia da vida de Bela.- Vem logo garota!

Dito isso, foi dada a largada!. A cada barraca que passavam, mesmo estando desconfortáveis com a situação, seus pensamentos e mentalidade começavam a mudar. Se sentiam camuflados entre tantas outras pessoas, se passando como crianças. Bela, além de surpresa por vê-lo sorrir de uma maneira diferente, ficava contente por estar se divertindo junto a ele, a bipolaridade do garoto a impressionava de verdade; uma hora feliz e engraçado; outra irônico e sarcástico. Nem mesmo se deram conta que se tornaram mais livres e soltos um com o outro, não pareciam eles mesmos. E isso não era ruim.

[. . .]

— Ah, droga. -A "loira" disse abaixando a espingarda, um pouco cabisbaixa, observando Castiel acertar o alvo em cheio varias vezes sem nenhuma dificuldade.

— Parece que alguém perdeu, outra vez. -Ele implicou pela nona vez no dia com Bela.

Se passaram uma hora e meia desde que decidiram entrar e participar das atrações por um tempo, até então, estão no décimo brinquedo que ali se apresentava divertido.

— Isso é injusto. Não sei usar essa coisa! -Ela confessou colocando a arma de brinquedo sobre o balcão de madeira velha.

— Pff, é tão fácil. Até aquele menino de seis anos acertou mais que você.

— Não joga isso na minha cara...

— Haha, é simples. Vou te ensinar. -Sem der nem tempo da garota virar o rosto e insistir para que ele não fizesse isto, que não passava apenas de um jogo inútil, que ele já aproximou.

— O-oh, não precisa!

Abusado como sempre, agarrou sua cintura, segurando firme e pondo seu queixo sobre o ombro da mesma, a qual se arrepiou dos pés à cabeça ao sentir a ponta dos dedos de Castiel dedilharem seu quadril e subirem até um de seus braços. Bela achava deliciosa a sensação de senti-lo respirando no vão de seu pescoço, como se ali fosse beijar e rastejar sua língua por sua pele de modo inexplicável e delirante. “Oh céus.. Estou me tornando impura..”, pensou Bela virando um pouco seu rosto para o dele.

— Veja. -O ruivo a ignorou e apertou sua mão, em seguida pegou a arma de plástico, mirando-a na frente dos olhos bicolores da menina- Segure com carinho -Sussurrou e ela respondeu com um ‘Aham’ meio abafado por causa da tensão, chegava até soar frio de nervoso. O que as pessoas ao redor pensariam?- Agora feche um de seus olhos, focando na mira com o que restou aberto. Após isso, lembra-se de deixa-lo com a ponta e saída da rolha de vinho bem empinada para o alvo, mas não tanto, desde que a mira esteja no centro.

— C-certo. -Disse Bela engolindo seco e reproduzindo tudo que da boca do ruivo saía.

— Aí é só ver se está tudo certo, e atire.

A garota não esperou muito, respirou fundo e disparou. Não acertou em cheio, mas ficou próxima de acertar no centro do alvo, coisa que não conseguiu nas outras suas tentativas.

— Legal! Consegui ao menos acertar dentro do alvo. -Comemorou vitoriosa.

— Eu disse que é fácil. -Castiel cochichou ainda abraçando-a, e a velha, dona da barraca, recolheu o objeto.

— … E-está quente aqui, não está? -A menina disse recuando após alguns segundos de silêncio e desconforto, depois de notar que seu companheiro não iria solta-la tão cedo, se afastando e deixando o mesmo agarrando o vento.

— É, um pouco. -Falou Castiel batendo as mãos na roupa amassada após ver que ela recuou.

— Onde será que tem água gelada? -Indaga Bela passado as costas de sua mão contra a testa, fingindo estar passando calor. Essa foi a única desculpa que veio em sua cabeça para poder separa-los e não causar um certo receio vindo da parte dele.

— Gelada eu não sei. Mas sei de algo que irá abaixar um pouco o calor! -Ele diz.

— Aé?… o que exatamente? -Perguntou a menina, curiosa.

— Tem uma barraca de um cara vendendo sorvete aqui perto. Se pah, ainda deve ter alguns para comprar. -Castiel fala apontando para trás com o dedão, como se tivesse jogando-o fora. “Não é uma má idéia”, pensou ele sério.

— Eu me lembro desse lugar. Nós.. Nós vamos lá? -A garota gagueja imaginou a ‘pior’ cena, como se fosse nos filmes antigos, onde um casal dividia um único sorvete, olhando um para o outro com a expressão de apaixonados estampados em suas faces. Não que se fizessem isso fosse ruim, é que não é uma coisa que da para esperar da parte do Castiel. Constrangida, ergueu a cabeça roendo a ponta da unha de seu dedo indicador, vendo o mesmo concordar e dizer um “Vem”, mostrando para ela segui-lo.

Fazendo isso, os dois caminharam até a suposta barraca de sorvete. Como o dia realmente estava quente, a maioria dos sabores haviam acabado, todavia, não deixaram de escolher um que agradaria seu paladar e resfresgaria pelo menos o rosto e a boca seca.

— É sério isso? -Perguntou Castiel abrindo sua embalagem de plastico.

— O que foi ?…

— Até aqui você escolhe sorvete de café?. Eu nem sabia que esse sabor existia!.

— Eu gosto de café.. É costume, sabe. É como bala de café, sempre tenho pelo menos um pote estocado em me armário. -A 'loira', disse antes de já começar a tomar o doce. Bem, é verdade que café está se tornando um vício comum no cotidiano da garota, mas é impossível evita-lo, já que ama o gosto de um bom café doce.- E não venha falar mal da minha preferência de sorvete… você escolheu de creme!, e é sem graça.

— Você queria o quê?, que eu pegasse de milho verde ou de Kiwi?. A culpa não é minha se todos os bons sabores acabaram.

— Então não me julgue. Eu pegaria um mais doce.. Como chocolate. Mas como você mesmo disse, acabou. -Bela dá os ombros ao fim da frase.

— Pff.. -Ele suspirou revirando os olhos e mordendo sem dó nem piedade o doce gelado em suas mãos. A garota, só de observar aquilo, tomou um arrepio de agonia. Nunca que ela poderá morder um sorvete, seus dentes são frágeis e sensíveis demais por causa dos medicamentos.

A mesma, desviou o olhar perdido e voltou a atenção para o seu picolé. Nunca em sua vida soube que existia um sorvete com este sabor, seria uma nova experiência e mais um novo gosto para sentir, “café congelado”. Saboreou, lambendo a parte derretida da massa gelada. Parece que previu que esquentaria o clima de um minuto ao outro, porque agora o sol está radiante, perfeito para bronzear a pele de alguém na praia.

Havia algo mais excitante naquele momento para Castiel do que vê-la tomando sorvete?, obviamente não. Não queria de forma alguma olha-la, mas a maneira que sua língua era passada no doce, deixava-o hipnotizado. Por mais que virasse o rosto para a esquerda, evitando olhares, seus olhos rolavam novamente para a direção de Bela, vendo-a sujar os cantos de sua boca conforme as partes derretidas eram tocadas em sua pele; as bochechas de Castiel chegaram a queimar. E pobre Bela, o único pingo de inocência que permanecia vivo em suas veias e mente estava ativo, e nem estava se importando com o que há em sua volta. Castiel deu a última mordida e jogou o palito no chão, e depois de vinte segundos, foi a vez de Bela. “Mas que boa desculpa foi essa que dei.. resultou em algo gostoso.

— Hum.. É perfeito.. -Falou ela limpando os dedos na própria jaqueta, e depois lambeu seus lábios sujos e melados.- como estava o seu?

— Deu pro o gasto. Nem vou perguntar a mesma coisa. Você estava comendo com tanta vontade, que parecia delicioso. -O ruivo completou a frase sorrindo malicioso, mas para compensar, Bela não entendeu o motivo de seu riso.

— Han.. Então tá… você tem razão. O que você quer fazer agora? -Perguntou curiosa, nem ela sabia o que fazer com ele ao seu lado.

— Sei lá. Os outros jogos são tão infantis.

— Ah, agora eu gostaria de poder ir há um lugar mais calmo, sabe. Não me sinto tão bem quando passo muito tempo em “multidões” ou lugares com bastantes pessoas.. -A menina diz abraçando a si mesma enquanto olhava em volta, como se estivesse com medo.

— Você que sabe. Então vejamos.. -Olhando de um lado para o outro, cauteloso, observou e tentou raciocinar um bom lugar para ficarem sozinhos e calmos, apesar, não era só Bela que queria um ambiente tranquilo para descansar e relaxar, isso também fazia parte do plano de Castiel. Tudo não se passava de mais e mais barracas, bancos ocupados, e pessoas ao redor do lago, nada tranquilo. “Puta merda”, praguejou cruzando os braços e assoprando as mechas de cabelo caídas por sua face. Quase desistindo, cruzou o olhar com os postes de luz e por fim, ergueu a cabeça, finalmente lhe dando frente a frente com a coisa mais visível de toda a feira, a grande e formosa Roda-Gigante!. É tão obvio! Esse é um lugar perfeito, calmo e tranquilo, com a velocidade do brinquedo, passariam dez minutos dentro da cabine confortável e lilás; melhor do que ficar em um jardim qualquer e comum, o qual lembraria-lhe de seu último fracasso. Não queria lembrar desse erro!, porque desta vez é diferente!, e qualquer coisa o desmotivaria de concluir seu plano hoje. Não vamos chamar de plano, e sim de seu “desejo”.- Tem medo de altura ?

— ..Não, porque? -O questionou timidamente.

— Porque vamos na Roda-Gigante. -Castiel afirmou tomando rumo para onde mencionara.

— Mas.. E a fila? Está muito grande?

— As pessoas daqui já estão enjoadas desse brinquedo. E garanto que os turistas não irão perder seu tempo atrás de um eventinho local de um bairro longe de umas das sete maravilhas do mundo moderno. Tenho certeza que a fila estará quase vazia.

— Isso é bom.. -A mesma disse o acompanhando.

— Não vai amarelar, vai?. -O ruivo falou com um olhar desafiador, encarou-a enquanto andava.

— O-o quê? É claro que não!. Para falar a verdade, eu queria ir para lá desde a hora que pisei aqui dentro!. -Bela gaguejou, mas não por medo, e sim por vergonha. Só de pensar nos dois trancados em uma cabine, sozinhos, levava calafrios e delírios intermináveis.

— Então vamos logo que a fila está com poucas pessoas e eles já estão entrando nas cabines. Não quero esperar dez minutos!

O nível de intimidade que ele sentia por ela, foi o suficiente para segurar na mão de Bela sem permissão e puxa-la para frente de uma vez pro todas. De fato, não conseguiria aguentar e ter paciência o suficiente para esperar em uma fila, sem contar que não gostaria de estragar aquele clima de amizade que rodava ao ar como partículas de poeira. Por sorte, conseguiram entrar na penúltima cabine do grande e redondo brinquedo. Para a surpresa de ambos, era de graça, então ficaram mais tranquilos. Entrando lá dentro, cada um sentou de um lado, como se tivessem medo de se tocarem ou de se atraírem feito imas. A loira fechou as pernas e pós as mãos em seu colo, desconfortável. Possivelmente, teria um ataque de claustrofobia lá dentro. Seu coração batia firme e forte, e não conseguia acreditar que estava passando praticamente um dia inteiro ao lado dele. Castiel, na visão de Bela, se tornou outra pessoa, mais gentil e amigável, menos abusado e grosso. Talvez, só a primeira impressão que teve dele estava errada. Concluiu em sua cabeça que nunca mais tiraria conclusões precipitadas sobre uma pessoa que mal conheceu. Mas tudo o que ela queria esquecer era dos xingamentos que o mesmo lhe dera nos primeiros momentos na grande Sweet Amoris, pois agora está “colecionando” os bons momentos que tem com ele dentro de seu coração acelerado de amor por ele, um amor tão puro que não cansava de compara-lo com a sua antiga paixão por Viktor. Finalmente, depois de meses lamentando-se por não amar seu melhor amigo do jeito certo, refletiu que nunca gostou dele afinal. Como Viktor era seu único melhor amigo, passou a comparar seu sentimento de amizade, dependência, e da forma que sentia-se confortável ao seu lado, com amor. Agora concorda, foi iludida por seus próprios pensamentos, e não por aquele garoto.

Seus olhos brilhavam diante do sol, conforme a roda começava a rodar lentamente e olhava através da janela. Uma paisagem magnífica. O céu, o lago, as pessoas, o sol, as árvores, tudo! Tão perfeito. Não demorou muito para a máquina começar a girar de verdade.

Pronto! Aquele era o sinal!. Deveria Castiel, esperar mais uma volta inteira para abrir a boca, ou já começaria a soltar os verbos?. Tudo confuso e rápido. Esperou naquele silêncio até a cabine virar na curva para o topo. “Foda-se! É agora!", gritou com sua consciência e virou a cabeça bruscamente para a direção de Bela, a qual encarava a vista através da janela como se fosse a última vez que veria-a na vida. Poucos segundos antes de chegarem no ponto mais alto da Roda-Gigante, enfiou a mão dentro da jaqueta, tocando no pequeno caderno de veludo branco do diário de Bela, retirando-o discretamente de lá e colocou entre as pernas.

— Hey Bela… -iníciou a frase de maneira arrastada.

— …sim? -Ela perguntou distraída.

— Primeiramente.. peço desculpas. Eu.. Bem.. Eu não sei por onde começar. -suspirou dando uma pausa e a garota arqueou a sobrancelha, com um sinal de dúvida estampando em cima de sua cabeça como se fosse um chapéu.- Não ache que eu quis invadir seu espaço e tudo mais.. Eu agi meio sem pensar.

— Ham.. Desculpa.. Eu não estou entendendo..

— Ah!? Que se foda também. Vou ser direto!. Semana passada, quando recebi uma ligação e você foi para a cozinha, xeretei seu quarto e acabei achando isso. -Sua voz saiu tão rápida e monótona que a morena só foi entender tudo quando seu diário foi estendido nas mãos de Castiel.

Ao ver aquilo, seus olhos arregalaram e imediatamente, tomou o caderno da mão do ruivo. Não! Aquilo não podia estar acontecendo. Ele leu mesmo tudo que estava escrito com as mais sinceras letras, escritas com corpo e alma?. Era o fim. Ali foi onde todos os segredos e sentimentos de Bela eram expostos de uma maneira tranquilizante e sem preocupação de alguém ler. Ficou sem nenhuma palavra há dizer, tudo que queria fazer era gritar e fugir para longe. Por certo ele já sabia de tudo! Tudo mesmo. Seu pequeno e frágil coração bateu de desespero, quebrando-se em milhões de pedacinhos desprezíveis.

— Quer conversar sobre isso? -Ingadou Castiel sério.

— … v-v-você l-l-leu ?. -Com os olhos prestes a marejar de lágrimas, perguntou, ignorando a pergunta feita antes.

O ruivo concordou de cabeça baixa.

— A-ah... Meu D-deus..

Bela queria fugir, se esconder em um cantinho escuro, isolado da sociedade. Todos seus segredos escondidos há tempos foram desmascarados pela única pessoa que não queria de forma alguma que descobrisse. Sem rota de fuga, olhou para os dois lados, prestes a chorar.

— P-por q-que v-você fez isso!?. E-eu quero descer daqui!

— Não Bela, você não vai sair daqui. -Com a voz mais gélida e emoção, Castiel disse fechando os olhos.

— Sim! E-eu vou!.

— Lynns, você não vai sair até conversamos sobre o que está escrito aqui.

— C-conversar? CONVERSAR?. Não! V-você nunca entenderia u-um diálogo desses comigo!.

Estava tudo sendo rápido demais. Mal entraram nesse lugar que Bela já queria sair. É humilhante para Bela alguém saber de todas essas desgraças postas como obstáculos indesejáveis em seu caminho de vida. Se segurava ao máximo para não chorar desesperadamente, para não transformar uma cabine em um aquário de lágrimas.

— É claro que eu entendo!. Assim como eu não sei direito das coisas da sua vida, você não sabe da minha! -O menino confessou formando um punho em sua mão- Sei que fui errado em pegar algo que não era meu. Pode me odiar se quiser, mas pelo menos escute o que eu tenho a dizer!

A maneira que o ruivo disse foi ameaçadora. E sem mais o que fazer, a garota sentou respirando desgovernada, limpando as poucas lágrimas que escorriam por seu rosto.

— Posso falar agora? -Ele elevou o tom da voz com raiva.

— P-prossiga…

— Bom. Eu não faço a mínima idéia de quem seja Viktor, mas eu estou puto da vida com o que ele fez contigo. Antes de você dizer que “Eu nunca entenderia”, saiba que eu entendo. -A morena arregalou os olhos soando o nariz para dentro. "Como assim ele entende?", se questionou em choque.

— C-como assim? -Perguntou.

— Pelo que eu entendi, esse seu tal melhor amigo, só conversava com você por interesse, não é? -O ruivo argumentou e ela concordou constrangida- Pois saiba que Debrah fez exatamente igual comigo. Ela só estava interessada estava mim por causa do meu talento na música, e não por eu mesmo. Essa espécie de gente são idiotas, primitivos. E eu acho, mesmo que o meu caso seja mais recente, você deveria agir do mesmo jeito que eu. Não deveria ter se afetado tanto por um babaca!

— E-eu n-não tenho culpa!.. Eu.. Eu dependia dele.. Ele.. Eu precisava d-dele para tudo. Tudo que ele dizia para mim era verdade, então, se ele dissesse que sou uma idiota iludida, eu tinha que a-acreditar!.

Foi inevitável. Tocar no assunto de Viktor era como se jogasse limão sobre um machucado mal cicatrizado. Tudo bem que ela já não pensava daquela forma e que não o amasse mais, porém era dolorido lembrar.

— Se machucar por alguém que nunca te valorizou é uma forma de dizer que ele está certo?. Você acha isso certo?! -O garoto perguntou indignado. Como após tanto tempo ela poderia ainda dizer isso?!

— N-não.. Mas é que.

— Não existe um “Mas”. -O mesmo a interrompeu no meio da frase com a maior autoridade na língua- Sem querer me meter nos seus problemas, mas saiba que essa sua doença não é por você mesma, é tudo culpa dele!. “Culpa do espelho”, o espelho é um objeto sem vida, não tem nada a ver com a sua história!. Depressão, sei que é grave e tal, mas porra, ficar em um estado que nem sair da casa você sai, é horrível.

— E-ele disse que sou f-feia e estranha demais para sair nas ruas, que ninguém deveria ver o quão d-defeituosa sou. Eu s-sabia que no fundo Viktor estaria lá para me humilhar, jogar v-verdades na minha cara e.. -Se engasgando com a própria saliva e lágrimas, tentava se recompor, mas seu coração batia freneticamente, implorando para chorar cada vez mais e despejar essa angústia que brotou de uma hora para a outra para o lado de fora de seu corpo. Quase no final de sua frase, foi interrompida mais uma vez.

— Puta que pariu, Bela. Você acreditou mesmo nesse cara idiota?. Se sua mãe, seu pai ou sua tia dissesse que você é bonita, acredite! Pois eles sim falariam a verdade. Você é gostosa Bela, é a garota mais bonita que eu já vi e ainda diz isso?. Seus olhos são lindos, seu corpo é fenomenal, seu jeito é tão meigo e delicado que me fascinam, sua boca é desejada pela minha, seus cabelos são brilhantes, sua pele é macia e cheirosa, sua voz é angelical a ponto de querer fazer eu confessar meus pecados a você, que parece um anjo. Você é o sonho de qualquer garoto!. Porque você não consegue ver isso?! -A língua de Castiel chegou até enrolar, mal sabia do que estava falando, só deixou seus instintos lhe guiarem e acabou dando nisso.

— C-castiel.. -Bela gaguejou pondo as mãos sobre sua boca e contendo as lágrimas. Seu coração parou, ou melhor, tudo parou. Seu mundo, o qual estava prestes a desmoronar, parou pra ver o que isso iria resultar. Aquilo era verdade!?, Ele a achava bonita!?, Ele!?. Só poderia ser um sonho. Cada palavra, a cada vírgula de sua frase contava como se fosse um tiro bem em seu peito, só faltava desmaiar de felicidade e constrangimento.

— É verdade. Não estou mentindo. Você é maravilhosa. Mas mudando de assunto. Fique sabendo que remédios são coisas de gente doente. Você, -Castiel apontou para Bela- Você não é doente. Então, se já percebeu que aquelas coisas lhe fazem mal, pare de usa-las. Mande seu médico, doutor, psicólogo ou psiquiatra para o inferno! É ele que precisa de remédios!. -Parou para respirar e suspirar- Outra coisa… quero ser breve… me desculpe por tudo que te disse. Pelos xingamentos aleatórios e sem motivo algum para ser dados a você. Você não merecia nada daquilo que saiu por minha boca. Sei que sou um imbecil, só não sabia que aquilo te afetaria tanto… -Recuperou o ar- Pois bem.. Você me odeia por isso?

Com as mãos tremendo e o coração quase pulando pela boca, Bela negou com a cabeça, deixando as lágrimas rolarem abaixo sem nenhum esforço. Não sabia mesmo que Castiel seria capaz de abalar seu emocional tão facilmente de outra maneira, ele a aconselhou, e lógico, de seu próprio jeitinho bruto. Provavelmente, não fazia nem três minutos e meio que estavam lá, mas tudo aparentava estar passando levemente, tão devagar.

— Que bom. Eu não te trouxe aqui por acaso. Vim para cá com uma idéia em mente, a idéia de fazer esse um dia divertido para fazer você esquecer das coisas. Espero ter conseguido… mas… se eu não conseguir, deixe-me dizer só mais uma coisa. -Castiel afirmou respirando fundo e se preparando para dizer outra frase, guardada a sete chaves desde terça-feira.

— Você será capaz de esquecer tudo isso que escreveu?. Deixar para trás as más lembranças, as mágoas, “doenças”, tristeza e esse seu medo por espelho.. Para.. escrever um futuro melhor. Só que desta vez, não escreva sobre o Viktor e como ele lhe fazia bem nas primeiras páginas como nesse antigo... escreva um futuro comigo.

— O-o quê?!

— Sabe.. parece que não, mas estamos ficando há um tempo. E eu não quero ficar. Eu quero namorar com você. Um namoro sério e digno. Um namoro que só você merece.

— ..O-oh Meu Deus.. Isso.. i-isso é sério?. Por f-favor, não b-brinque comigo.. P-por q-que e-está falando i-isso..? -Com o coração disparado e entrando em choque, mal conseguia ouvir sua própria respiração. Foi isso mesmo que Bela estava escutando?. Apertou com força a borda de se vestido com a outra mão que não utilizava no momento.

— Haha.. E ainda pergunta -Ele ri baixo e levanta a cabeça sorrindo após alguns segundos de silêncio.- É que eu gosto de você Bela. Namora comigo?!.

— . . . -Foi dada a largada para os olhos de Bela se tornarem uma verdadeira cachoeira e seu sorriso pérolas. Estava tão encantada! Tão surpresa que ficou sem reação. Aquelas palavras foram como o canto do mais belo anjo. Seu coração disparou a mil!. Não estava preparada para esse pedido inesperado, muito menos para ouvir aquele discurso feito pelo mesmo, tão tocante e emocional para Ela. Nunca imaginária que alguém fosse tão sincero e elogia-la depois de tantos anos se achando feia, sendo maltratada por Bullying e convencendo a si mesma que tudo que as pessoas ao seu redor  diziam contra si fosse a verdade. Suas bochechas ferveram como fogo e ficaram tão vermelhas quando o horizonte em um por do sol. Seus olhos ficaram estalados como um ovo frito. Não sabia se chorava ou se ria- O-oh C-castiel.. e-eu.. e-eu..

— Não chore. -O ruivo pediu sorrindo, aproximando-se da mesma e limpando as lágrimas que desciam pela face vermelha e quente da garota. Pode sentir o quanto ela estava tremendo.

— E-eu quero! -Confessou alargando seu sorriso de um forma bonita e gostosa de se ver e admirar.

— Você aceita!? -Castiel questionou animado!.

— Sim! Eu aceito namorar com você!. -Em um ato grandioso de felicidade acumulada, foi inevitável para a mesma segurar sua vontade, e acabou pulando em cima dele no mesmo segundo do final da frase.

O tão esperado dia, um sonho que parecia impossível se tornou realidade. O mundo parecia ter se tornado um lugar menos cruel, tudo passou a sorrir. O momento, o céu, seus olhos, tudo passou a ser mais nítido. Sem se segurar, abraçou-o com paixão, esfregando rosto no peito do ruivo, o qual a correspondeu na medida certa. Até ele estava feliz! E tudo, cada palavra, espaço e pontuação em suas falas foram verdades. Todas elas.

— Eu te amo! Te amo! Te amo muito!. Obrigado por me compreender! Você abriu os meus olhos de um jeito inexplicável. Eu.. Eu.. Eu estou tão feliz!.

Parecia que aquele pedido do ruivo, fosse como um grande curativo para qualquer ferida. Seu amor, o qual pretendia não ser correspondido, foi para ambos. A felicidade que ela sentia no momento nunca será capaz de ser interpretada de uma forma correta e explícita, pois é tão incrível e inacreditável

— E-eu te perdôo por ter pego meu diário!. Te perdôo por ter me xingado, por tudo!. Eu.. Eu não sei como agradecer por tudo que me disse..

— Bela.. -Ele a interrompeu novamente e ela levantou a cabeça, a qual ainda ficou escondia parte de seu rosto. Os olhos arregalados e brilhantes pelas lágrimas de Bela, o hipnotizou de um jeito meigo e sedutor.- você fala de mais.. só me beija que aí fica tudo bem.

Sorrindo com as bochechas vermelhas e olhos marejados de lágrimas, concordou no mesmo segundo e agarrou o pescoço de Castiel, puxando-o para com certeza, o beijo mais apaixonante que os dois já tiveram.

Foi dito e feito. Enquanto por certo, aquela volta na roda-gigante estivesse chegando ao fim, foi possível sentir todo aquele amor de um beijo inocente e repleto de desejo e paixão. Antes, ele até poderia estar confuso com seus sentimentos embaralhados por causa de um caderno de mágoas, mas agora, tem certeza do que sente, embora para ele isso soasse meio meloso e “Gay”. Mas quem se importa?. Ele conseguiu o que queria. E ela também. Conseguiu um amor correspondido. Conseguiu saber da verdade.

Conseguiu sentir mil e um sentimentos em um só dia. Mas valeu a pena. Valeu ser xingada, humilhada, valeu a pena por todas as lágrimas caídas e desperdiçadas no travesseiro, pela tinta gasta de sua caneta e por seu dinheiro perdido com remédios inúteis.

Pois, se não fosse por tudo isso, nada que aconteceu nessa semana, nesse dia, e nessa cabine enferrujada de uma Roda-Gigante, nada disso teria acontecido.

A garota, agora sabe que, depois da chuva forte, a garoa sempre vem com um Arco-Íris.


Notas Finais


AAAAA EU TÔ CHORANDO MUITO AAAAA FINALMENTE ESSE DIA CHEGOU!!! ESTOU TÃO FELIZ!!
Olha, não se se ficou bom pois eu tava com um baita bloqueio de criatividade e com alguns problemas, mas olha :'). Valeu a pena esperar 25 capítulos com mais de 86 mil palavras para esse momento? :3
Podemos prever algum Hentai no próximo capítulo, produção?
Não sei.. Isso depende de vocês! AAAAA AAAAA AAAAA AAAAA
Até o próximo capítulo!!!


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