História Esquizofrenia - Camren - Frágil demais

Camila chegou em casa acompanhada por Dinah, deu graças a Deus por seus pais não estarem ali, teria que explicar o motivo de estar chorando e não queria falar sobre isso, estava doendo... subiu correndo pro quarto e Dinah veio correndo atrás dela, não a deixou fechar a porta, entrou de uma vez no quarto.

-me deixa sozinha por favor

-não nesse estado, sou sua amiga, que tipo de amiga eu seria se te deixasse só nesse estado? ainda mais com..

-ainda mais o que? com esquizofrenia é isso? tem medo que eu faça alguma besteira?

-eu ainda dizer, ainda mais com o coração partido dessa maneira, Camila, você sabe muito bem que a sua doença nunca me incomodou, poxa, eu tentei te proteger e vou continuar fazendo isso caso aquela garota tente se aproximar de você, eu quebro a cara dela

-como ela teve coragem?

-porque ela não presta! eu ainda disse pra tomar cuidado com Lauren, ela se aproximou muito rápido de você, em um dia estava te humilhando no banheiro e depois dando em cima de você?

-achei que talvez.. alguém pudesse se apaixonar por mim de verdade, me enganei

-não fale isso, é claro que alguém pode se apaixonar por você Mila, apenas não foi dessa vez, e pense bem, não perdeu muita coisa, quase todas as meninas do colégio já pegou ela, é uma galinha, você merece coisa melhor

-diga isso para o meu coração

-se apaixonou por ela?

-eu.. eu não sei mais de nada, eu só não quero voltar a vê-la

-mas terá que ir pra aula Mila, terá que enfrentar isso de cabeça erguida, não pode fugir, simplesmente a ignore

-as minhas emoções não são como as suas chee, comigo é tudo ao extremo, quando ouvi aqueles xingamentos, as pessoas gritando, rindo, eu pensei que fosse enlouquecer, eu estou com medo agora

-medo de quê?

-deles voltarem a me atormentar

-não vão, eu não vou deixar

-Dinah fecha a janela do meu quarto

-porque?

-tem alguém vindo, alguém mal, que quer me machucar... por favor..

Dinah fechou mas sabia que isso não era bom sinal, não havia ninguém vindo atrás dela

-eu não quero que ele me pegue Dinah, eu não quero -ela chorava e se encolheu na cama, sua amiga sentou ao seu lado e tentou abraçá-la

-NÃO!!

-calma, é apenas eu Chancho, por favor..

-tranca a porta também, eu não quero que me levem daqui, eu.. eu estou com medo Dinah

-meu anjo, eu vou te proteger, não tem ninguém tentando te pegar

-TEM! EU SEI QUE TEM, PARE DE MENTIR PRA MIM DINAH, PARE, ELE NÃO VEM SÓ, TEM MAIS PESSOAS, EU POSO OUVIR ELES RINDO DE MIM, ELES.. AS VOZES.. ESTÃO ALTA EM MINHA MENTE. PARAA!! PAREM TODOS DE GRITAR

-calma... está tudo bem, não tem nada aqui, não tem nada!

Abraçou a amiga que fechou os olhos e chorou, com as mãos em seus ouvidos e apertando o lençol da cama

-shiii... está tudo bem, não tem nada de errado

Ela estava tremendo, Sinu abriu a porta do quarto e a viu, Dinah tentou sussurrar de que ela estava tendo alucinação de perseguição novamente. Ela foi pegar o remédio as pressas e logo voltou ao quarto e entregou a Dinah

-mila, vamos tomar o remédio?

-eu não quero remédio, eu não sou louca

-eu sei que você não é, isso é só pra te fazer se sentir bem, por favor, toma.. por mim

-tem gosto ruim.. eu.. eu não gosto, me faz se sentir tonta

-por mim Mila

Ela acabou aceitando e voltou a deitar agarrando na cintura de Dinah, ainda tremia, mas não gritava mais como antes

-eu cuido dela, fique tranquila -sussurrou para Sinu

Ela passou horas ali acalentando-a até que a latina dormiu, cobriu ela e manteve as janelas do quarto fechadas, depois desceu, precisava ir pra casa.

-o que aconteceu com ela?

-o pessoal do colégio

-o que fizeram?

-Lauren.. fez uma aposta, desafio, algo assim, de que ficaria com a Mila

-ficar?

-ela não te disse que elas estavam ficando?

-mas minha filha, ela..

-eu não sei se sua filha é gay, mas ela estava ficando com a Lauren

-eu a conheci, parecia uma boa menina

-só parecia, se Camila ficou mal hoje e está deprimida, a culpa é toda dela, tente não tocar no assunto

-minha nossa, eu nunca.. poderia prever que aquela menina tão educada faria isso

-as aparências enganam, agora tenho que ir

-obrigada Dinah

-por nada tia -era costume chamá-la assim

Depois que saiu Camila dormiu por mais algumas horas, depois que acordou chorou mais, não quis comer nada que sua mãe lhe ofereceu, deixou ela acreditar que estava tudo bem, só por volta das 22:00 da noite saiu de casa sem consentimento dos seus pais, a rua estava escura, ela só queria tomar um pouco de ar, acabou andando demais e se cansando, olhou pra trás e não viu nada, veio novamente a sensação de perseguição

-me deixa em paz, por favor, eu não fiz nada

As vozes em sua cabeça...

-não! a culpa não foi minha... eu não fiz nada de errado.. por favor, para!

Correu até uma ponte e ficou olhando pra baixo onde alguns carros passavam, começou a chover, mas ela não se importava, apenas queria ficar ali, parada

''Estou parada em uma ponte
Estou esperando no escuro
Eu pensei que você estaria aqui agora
Não há nada, exceto a chuva
Sem pegadas no chão
Estou ouvindo mas não há som''

Pobre coração inocente, que encontrou a paixão e se jogou tão facilmente

''Há alguém tentando me encontrar?
Alguém virá me levar para casa?''

Se sentia ingenua demais por ter acreditado nas palavras de Lauren tão rapidamente, por ter se deixado envolver

''É uma maldita noite fria
Tentando entender essa vida
Você não vai me levar pela mão?
Leve-me para algum lugar novo''
 

Se sentou e colocou as mãos sob o rosto, chorou mais.. queria gritar e assim fez, gritou, o mais alto que podia, como se assim fosse fazer a dor passar.

''É uma maldita noite fria
Tentando entender essa vida
Você não vai me levar pela mão?
Leve-me para algum lugar novo''

Viu um carro se aproximar e luzes azul e vermelha, ela então se levantou e começou a correr o mais rápido que conseguia, mas acabou tropeçando e caindo, machucou seu joelho

-ai!! aiii..

''Estou procurando um lugar
Estou procurando um rosto
Há alguém aqui que eu conheça?
Porque nada está dando certo
E tudo está uma bagunça
E ninguém gosta de ficar sozinho''
 

Avistou dois homens vindo em sua direção e começou a se desesperar, a tentar se levantar a voltar a correr

''Há alguém tentando me encontrar?
Alguém virá me levar para casa?
Está uma maldita noite fria...
Oh, por que tudo está tão confuso?
Talvez eu esteja fora de mim''
 

-sai de perto de mim, não se aproxime

-seus documentos moça

-eu não tenho nada, me deixa, eu quero a minha casa, eu quero ir embora

-somos da polícia, precisamos que me acompanhe

-NÃO!! EU QUERO FICAR SOZINHA, NÃO ME MACHUQUE

-não vamos fazer isso, nosso dever é proteger você, não deveria estar na rua a essa hora, venha

Ajudaram ela a se levantar e a colocaram na viatura com eles

-me diz, onde mora?

Ela negou com a cabeça, estava com medo, não os conhecia

-precisa nos ajudar, vamos te deixar em casa, apenas nos guie até lá

Então ela fez, foi dizendo onde era a casa, quando pararam em frente Sinuhe e Alejandro estavam na porta em desespero

-o que aconteceu? onde está minha menina?

Ela saiu do carro e correu até a mãe

-a encontramos perto da ponte, ela estava chorando, ao nos ver correu e acabou se machucando

-eu estou assustada mama, eu quero entrar

-eu sei meu amor, vá com seu pai

Ela entrou pra casa com Alejandro

-ela fugiu, nossa filha tem esquizofrenia e não está muito bem emocionalmente, quando fui ao seu quarto e não a vi me desesperei, obrigada

-cuidem bem da menina, o machucado no joelho

-pode deixar senhor policial

Ele então voltou para a viatura e Sinu entrou pra casa, Camila tremia e abraçava o pai

-vai ficar tudo bem meu amor, eu vou cuidar desse machucado

-e do daqui mama? -apontou para o coração 

-oh minha querida, esse machucado ai só o tempo pra curar

Se sentou ao lado do esposo e abraçou a filha, ela chorou

-chora meu amor, alivia

-porque ela fez isso mama?

-eu não sei querida, você é uma garota incrível

Só precisava dos braços maternos e do carinho paterno para acalmá-la, estava frágil demais.