Monólogo
substantivo masculino
1. onde o personagem acha-se só, fala consigo mesmo ou se dirige ao público
(ou leitor) expressando seus pensamentos e sentimentos
***
Pov Camila
É difícil explicar a forma que sinto, sabe os monstros de baixo da cama que sempre falam? eles moram dentro de mim e me perturbam o juízo, as vezes me sinto até sufocada, ainda tem as vozes que ficam me induzindo a fazer coisas ruins comigo mesma. Porque eu não posso ser normal como você? ou como as garotas do meu colégio? eu só queria ser normal, eu queria poder sair, não se sentir assustada ou surtar de uma hora pra outra, mas estou aqui, sentada no chão frio do banheiro enquanto a água do chuveiro me molha levando o sangue que escorre de minhas coxas.. eu me feri, eu posso dizer para as pessoas que foi um acidente, mas eu me feri porque eu precisava sentir uma dor física pra tentar esquecer a emocional causada por Lauren Jauregui, ainda não sei como vou conseguir olhar pra ela no colégio, meu joelho arde da queda que levei, e agora, minhas coxas também, mas eu esconderei isso, acho que foi fundo demais, posso sentir a carne viva latejar e o sangue não para de esconder, é como se cada gota fosse tirando de mim essa dor em meu peito, mas é algo apenas temporário, porque depois que o sangue para e a ferida se fecha eu me tortura com as marcas que ficam, olho pra ela e me sinto inútil e fraca, e eu não preciso me culpar, as vozes fazem isso por mim, elas me perseguem e não tem como fazer com que o barulho se torne menor, eu estava bem, isso tinha aliviado, Lauren me fazia esquecer de minha doença e então eu esquecia dos remédios porque ela foi o melhor remédio, mas a dose foi forte e no final, estou aqui quebrada e destruída por dentro, e não há ninguém pra me ajudar, eu não posso contar pra outras pessoas, elas não entenderiam como me sinto, na verdade nem eu entendo. Sabe qual foi o pensamento que passou por minha mente quando cheguei a ponte? eu tive vontade de me jogar de lá, de me atirar em meio aqueles carros que provavelmente deixariam meu corpo destroçado, seria uma morte dolorosa, mas eu queria algo pior, e acho que já sei o que.
Camila saiu do quarto e foi até a entrada para o porão, ficava em baixo da casa, fazia tempo que não ia lá, era empoeirado e tinha ratos, baratas, mas ela não tinha medo disso, o que lhe fazia medo eram seus pensamentos, eles a induziam a fazer coisas ruins com si mesma, as vezes a sua parte fraca vence, e não há como ter controle. Começou a descer a escadas e viu duas luz, como se fossem dois olhos, quis recusar mas estava certa do que ia fazer, então prosseguiu descendo escada a baixo tendo em mãos apenas dois esqueiros para iluminar o lugar.
Para Lauren a noite também estava sendo muito mal dormida, o pior é não ter com quem conversar, as pessoas pelo qual chamava de amigos não eram confiáveis, a não ser Normani, mas ela estaria na casa de Dinah, tinha avisado que dormiria lá, então não quis atrapalhar. seus pais? nem pensar pediria para que a ouvissem. foi até o banheiro lavar o rosto e quando voltou pegou uma de suas garrafas de uísque que ficavam muito bem escondidas para que seus pais não achassem, nem quis pegar copo, tomou no gargalo da garrafa mesmo. as vezes viver se torna extremamente difícil e cansativo, ela só queria se afogar na bebida como sempre fazia, parou no momento em que esteve com Camila, mas estragou tudo, ela sempre estraga tudo, agora já foi, ela a odiava! e tinha razão por sentir isso. o caso é que Lauren se sentia confusa em relação aos seus sentimentos, não devia se importar mas... estava pensando em Camila mais do que devia. mais um gole de bebida.
-as vezes é como se tudo que eu pego seja destruído em minhas mãos, eu nunca acerto, eu vivo em uma grande peça teatral, a bad girl perfeita com os amiguinhos perfeitos e uma família rica perfeita. NÃO, NÃO E NÃO! é tudo uma grande mentira, eu me sinto uma peça mal encaixada entre os Jaureguis, eu não posso confiar nos que se dizem meus amigos, bom, a não ser Mani e Lucy, elas bem que tentaram me avisar, mas eu fui burra, eu fui e sou uma completa idiota! você pode me odiar ok? eu também estou me odiando nesse momento. minhas mãos tremem, eu não aguento mais! nem a bebida está conseguindo me fazer se sentir preenchida. fui até uma das minhas gavetas e peguei uma cartela de Cronazepan, isso vai servir, enfiei dois em minha gargante e coloquei bebida por cima, me joguei em minha cama e fiquei esperando o efeito começar, eu só queria apagar, se não acordasse no outro dia pra mim não faria diferente, mas agora, eu só não queria estar vivendo, queria poder desligar a humanidade, mas isso não é possível, então me desligo do mundo.
***
Camila estava fora de si, sentada sobre o chão de madeira do porão, sua cabeça doía, ela estava tonta, tinha tomado seus remédios pra esquizofrenia mas nada havia adiantado, o tormento ainda era real, suas mãos tremiam, seu coração batiam descompassado, ela não queria existir naquele momento, mas pensou em seus pais, porém, as vezes o lado mais fraco vende.. repetiu pra si mesma! correu pra pegar uma das garrafas de bebida de seu pai, ele era colecionador, voltou para o porão sem fazer barulho e não acordá-los, derramou bebida no chão e então acendeu o esqueiro, o jogou e tudo começou a pegar fogo, ela tampo os ouvidos, as vozes não a deixavam em paz, o fogo começou a se alastras, o calor das chamas chegando perto do corpo dela, quase tocando sua pele macia e queimando-a, mas ela não tinha forças para fugir das chamas, estava fora de si, estava presa ao chão, como se tivesse algemas em seus braços e mãos, ela não via saída.
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