História Esquizofrenia - Camren - Meu porto seguro

Pov Camila

Eu amo os dias acinzentados, e amo ainda mais, o contorno que o cinza dá as coisas ao nosso redor. os dias nublados parecem mais cheios de vida que os dias ensolarados, pelo menos na minha visão é assim, eu sou um pouco estranha eu sei, mas é lindo ver toda aquela poesia num dia escurecido, na lua que enfeita o céu, na névoa que cobre a noite fria, tem tanta coisa que não prestamos a devida atenção, como o céu fica gracioso com as nuvens carregadas e com o tom da tempestade, e quando a chuva começa? Dá uma paz interior ouvi os pingos de chuva batendo contra o teto, depois o barulho dos trovões, é.. eu definitivamente amo dias cinzentos.

-nossa, está caindo uma chuva forte lá fora e está frio

-eu amo chuva, queria poder não estar tão machucada pra correr lá pra fora e me molhar nesses pingos gelados

-um dia a gente faz isso juntas

-sério?

-sim, vamos tomar um belo banho de chuva juntas

-eu vou me certificar de te cobrar isso depois

-pode cobrar, cumprirei

-você avisou aos seus pais? O que eles disseram?

-avisei, eles ficaram fazendo várias perguntas, não são acostumados a saberem que eu estou namorando, nunca apresentei ninguém pra eles e também desde que começamos a namorar eu não quis conversar, nunca via brecha pra falar com eles, sempre focados em trabalho e mais trabalho

-hum, nunca apresentou ninguém, mas quer me apresentar?

-em breve sim, com certeza! vou conversar com eles sobre você primeiro, apesar do nosso contato não ser tanto, eles ainda são meus pais

-precisa se abrir lolo, dizer como se sente em relação a forma em que eles te tratam

-eu já tentei falar, mas as vezes é como se eu morasse naquela casa sozinha, falar com as paredes é mais divertido do que com eles

-tenta de novo, eles te amam, vão te ouvir, as vezes pode só não estarem notando que você precisa deles, que precisa da atenção deles

-eu vou fazer isso, vou tentar de novo, seus conselhos sempre são bons, você tem sorte de ter pais tão maravilhosos, e logo terá uma irmãzinha

-é, tem razão, eu estou tão feliz por isso! uma princesinha. Falando em meus pais, onde estão eles? Eu acho que dormi um pouco demais

-tem mesmo que descansar Camz, sua mãe foi pra casa, acho que ela precisa descansar também um pouco, cuidar da gravidez, eu disse pro Alejandro ir junto pois eu ficaria com você, melhor do que deixar ela ficar sozinha em casa

-tem razão. Hum, então quer dizer que agora é minha enfermeira temporária?

-sim, e não se preocupe, eu vou cuidar direitinho de você Cabello

-eu tenho certeza que sim, vai me dá beijos?

Perguntei puxando ela pra mais perto, ela estava toda cuidadosa por causa do meu braço e dos machucados em minha pele, mas eu sentia frio e queria ela perto

-claro, com certeza! Eu vou te dar muitos beijos

Senti os lábios dela no meu maxilar, no meu queixo, no meu rosto, na minha boca

-eu gosto dos seus beijos.. eles são viciantes sabia? Estou com frio.. me aqueça

Falei baixinho antes de sentir sua língua tocar meu lábio inferior e então ela acariciar a minha nuca e me beijar com mais intensidade, sua língua pairando na minha, mesclando-se, nossos lábios se tocando, se sentindo, desfrutando do gosto um do outro, o calor deles em meu pescoço, a boa sensação da carícia em minha nuca, e então uma voz feminina que não era rouca e eu sabia que não era de minha namorada nos fez parar o beijo que estava tão bom

-acho que estou atrapalhando vocês duas, mas é necessário –acha? Ela de fato atrapalhou!

Era a médica Arizona, ela nos olhava sorrindo, Lauren corou e se afastou de mim, porque ela tinha que chegar logo quando eu estava dando um beijo quente em minha namorada? Eu merecia depois de uma moto me atropelar

-tudo bem doutora, já até sei o que veio fazer aqui

-exatamente, eu vim te dar seu analgésico, para as dores, acho bom você descansar e não fazer nenhum ‘’exercício físico’’ no momento e ainda mais aqui no hospital

Dessa vez quem corou foi eu ao me dar conta ao que ela estava se referindo ou insinuando

-não, a gente só estava...

-adolescentes, eu entendo, mas eu não vi nada, tome seu remédio

E não tinha mesmo nada pra ver, eu não posso nem beijar Lauren? Tomei o remédio e então ela se retirou nos devolvendo a privacidade. Lauren estava parada perto da janela olhando a chuva

-meu coração pelos seus pensamentos! Mentira, não posso te dar algo que já te pertence

Ela se virou pra mim e sorriu, sentou na cama e acariciou o meu rosto gentilmente

-está me tratando como uma boneca de porcelana frágil lolo

-mas você é frágil, eu só quero cuidar de você, não posso falhar de novo

-você não falhou baby

Ela deu um beijo em minha testa e me fitou com seus olhos verdes e belos

-lolo, você pode me deixar aqui e ir amanhã pra escola

-eu não quero ir pra escola, muito menos sem você, não quero ter que ver aquela garota, ainda bem que o ano já está acabando e daremos adeus ao ensino médio

-mas hora ou outra a gente vai ter que ver, não pode ficar faltando

-pedi pra meus pais ligarem pro colégio e justificarem

-não sei quando vão me dar alta

-eu fico com você, isso é culpa minha, nada mais justo

-não, isso não é culpa sua, não fale mais isso

-amor, eu não me perdoaria se algo de pior tivesse te acontecido

Eu sorri e ela me olhou com uma expressão de interrogação

-que foi?

-diz de novo..

-eu não me perdoaria se..

-não, isso não, a primeira palavrinha que veio antes da frase

-amor?

-é.. acho que ainda não me acostumei com isso de você me chamar assim

-pois é melhor você se acostumar, porque eu acho que já viciei em te chamar assim, de meu amor

-e você é o meu amor, meu porto seguro

Sorrimos e voltamos a nos beijar, com calmaria, assim como a chuva que tinha se aquietado um pouco, eu tinha de volta a minha paz, Lauren, e não deixaria que ninguém tomasse ela de mim de novo.