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História Estação 12.3 - Transmissão 0.1: Jam Jam


Escrita por: deteguk

Capítulo 1 - Transmissão 0.1: Jam Jam


A voz de Yunhyeong, abafada pelos filetes de água que tocam o piso claro do banheiro me causam certo receio, da última vez que me convidou para tomar banho com ele minha resposta não o agradou muito. Provavelmente está despejando todos os xingamentos possíveis contra mim, o verdadeiro idiota da relação. Atiro-me na cama, o cheiro do vício em bala de canela me causando certa alergia, uma vontade esquisita de espirrar, retirar algo de muito ruim que grita dentro de mim. Delirando, minha mente está em colapso, por que diabos não consigo atender um mero desejo sexual do meu namorado?

Nem ao menos percebo quando Song termina seu demorado banho, com uma toalha amarrada na cintura e uma carranca tão evidente em seu rosto bonito, os cabelos pretos, completamente encharcados, grudam em sua pele clara. Se não fosse por sua fisionomia grosseira, até poderia descrevê-lo como alguém fofo.

— Eu realmente não te entendo, Jeon, gosta de deitar na minha cama quando não estou nela? É isso mesmo? — Quase pulo como um canguru assustado para fora daquele leito com canela, deveria me aproximar dele, pedir desculpas por ser um fracote, mas ainda não acho correto, Song está alterado. — Tomar um banho! Só um! Qual seu problema em querer tomar banho comigo? Sabe, vai chegar um dia em que você não vai mais conseguir fugir, vamos estar casados.

Eu realmente achei que não deveria, que não estava pronto. Mas dizer isso ao Yunhyeong é como conversar com um bebê, não tenho argumentos para isso, e ele só continua dizendo que não o amo suficiente, o que me doí um pouco. Seus olhos parecem procurar os meus fugitivos, o que me faz avançar pelo menos um passo em sua direção, sentindo o cheiro delicioso do seu sabonete emanar de sua pele brilhosa.

— Eu só achei que não era a hora... – repito novamente.

Algo gélido toca meu braço esquerdo, seus dedos se fecham com força ao redor de minha pele. Sinto um pequeno ardor e instintivamente meus olhos se fecham, meu coração acelera e, por um instante, sinto receio até mesmo de respirar. Yunhyeong se aproxima mais rápido do que os passos amedrontados que dei até agora e posso sentir sua respiração quente tocar meu rosto, algo que deveria me agradar, mas que no momento só me causa medo e receio.

— Não me diga mentiras, Jeongguk. — Sua voz é baixa e seca. Sua mão aperta ainda mais minha pele e temo que alguma marca se fixe ali. — Odeio que mintam para mim.

— Mas é a verdade… — não planejava sussurrar, no entanto, sem que eu possa controlar, minha voz sai tão baixa quanto alguma alegria que possa existir em mim.

— Você vai tomar banho comigo na próxima vez, entendeu? Não aceito ‘não’ como resposta.

Não o contrário. Yunhyeong solta meu braço e minhas pernas parecem virar gelatina quando caio sobre o colchão macio. Meu corpo se curva e meus braços abraçam meu tronco, algo que não noto quando comecei a fazer, mas que fiz por puro instinto. Meu peito dói e minhas mãos suam em puro nervosismo.

Yunhyeong deita no lado oposto ao meu e me deito em seguida, sabendo que não tinha opções. Suas mãos tocam minha cintura, puxando meu corpo para próximo ao seu e sua boca encontra meu pescoço, chupando minha pele.

Quero dizer que não. Não gosto quando seus lábios fazem aquelas marcas roxas em minha pele e tenho vontade de pedir que ele pare. No entanto, a única coisa que faço é permanecer parado sem qualquer tipo de reação a seus toques.

Logo ele abandona meu pescoço, tocando seus lábios superficialmente com os meus. Observo os olhos escuros se fecharem e o aperto ao redor de meu corpo sumir à medida que ele adormece lentamente. Um suspiro escapa por entre meus lábios, antes de me obrigar a dormir também, ainda sentindo as sensações incômodas de segundos atrás. Gostaria de poder ter sonhos bons, que me apaziguem e acalmem. Entretanto, isso já não acontece há um bom tempo.

 

12.3

 

Sinto-me um idiota em suspirar em certa felicidade em esperar o Song do lado de fora de sua casa, batendo meus pés sujos no tapete verde de “seja bem-vindo”, pensando em como a escola se encontra próxima, e que preciso dar um jeito de esconder essas marcas. Não vou aguentar mais professor algum me mandando para conversar com o orientador, preocupado com esses roxos e com meu silêncio, coisa que faz parte da minha personalidade.

Song demora menos do que eu imaginava para arrumar a mochila com seu equipamento dos treinos nas aulas de Ping Pong. Recordo-me do momento que fui acompanhar um torneio entre a sala dele e ele fez questão de dar uma das bolinhas usadas no jogo para mim. Tenho-a guardada até hoje, em uma das caixas que denomino de “Coisas do Song”.

Assim que a porta se fecha atrás de mim, sinto-o me envolver em algo que ele ama, seu braço apoiado em meu ombro, puxando-me ainda mais para si, quase tropeço em alguns momentos do nosso caminhar. Pelo menos ele se esqueceu do episódio de algumas horas atrás, ou deve estar guardado dentro de sua mente para jogar na minha cara quando tiver oportunidade.

— Vai direto para quadra, tudo bem? Sem desvios, vou estar de olho. — Solto um longo suspiro apenas em meu interior, retribuindo o pequeno selar que ele me rouba. Provavelmente tem muitas pessoas ao nosso redor, e ele ama demonstrar nosso relacionamento desta forma. Diz que é uma maneira de se manter no controle. — Estou vendo os resultados, Jeon, tão delicioso.

Sei o que ele quer fazer e fujo completamente da sua mão tentando fisgar alguma parte de meu corpo que Song ama apertar, me despeço com um aceno rápido e entro no corredor que me guia a parte sul da escola, como se eu estivesse fugindo de alguém, e não posso nem pensar em denominar esse alguém como Yunhyeong, é algo terrível da minha parte.

Uma voz bonita está soando nos autofalantes do prédio, algo em relação a um banheiro, mas não consigo prestar muita atenção, preciso chegar à aula antes que alguém conte ao Yunhyeong que acabei tomando um rumo diferente, ele não gosta nada disso. Mas preciso me olhar no espelho, pelo menos por alguns minutos, usar a maquiagem que peguei escondida da minha mãe e disfarçar algumas coisinhas em mim.

O banheiro se encontra vazio, o que é um tanto suspeito quando normalmente alunos fazem filas nos horários iniciais de aula, mas não me preocupo com isso e corro para a pia, jogando os pequenos tubos de maquiagem que me explicam suas devidas funções e me deixam nervoso por medo de cometer algum erro.

Antes mesmo de descobrir por completo as marcas arroxeadas em minha pele, ouço passos calmos se aproximarem e logo não me vejo sozinho, e sim na companhia de um estranho que me olha com o rosto em pura confusão. No entanto, minha mente grita comigo para que eu não perca o pouco tempo que tenho e volto a mirar meu próprio reflexo, me surpreendendo com as olheiras que não notei pela manhã.

— Ei cara. — A voz do estranho me interrompe antes mesmo que eu toque em alguma das maquiagens a minha frente. Fito os olhos amendoados que me encaram e permaneço em silêncio. — Você não ouviu os anúncios no rádio? Os banheiros estão em manutenção, não pode usar eles agora.

— Ah… — Busco qualquer mentira concreta, a mesma que uso quando meus superiores me questionam sobre minhas marcas ou a indisposição que constantemente apresento. — Eu só preciso checar uma coisa, sabe? Não vou usar as cabines.

— Tudo bem então…

Eu me viro, sem esperar que ele termine. Provavelmente já estou aqui a mais tempo do que o recomendável e isso me assusta de uma maneira que meu coração acelera e minha mão treme. O medo corre junto a meu sangue pelas minhas veias.

Revelo os roxos e vermelhos em minha pele, abrindo o frasco escrito ‘corretivo’ despejando uma quantidade grande em minhas mãos e as espalhando sobre as marcas.

— Oh… — o garoto volta a se pronunciar por minhas costas, me deixando mais tenso que o usual. — Parece que as coisas foram boas, hein?

— Hã? — Me viro para ele, ainda sem desistir de me cobrir com aquele líquido grosso e milagroso. Sinto-me confuso quando seus dedos longos apontam para as marcas que tento esconder.

— Sua noite, parece ter sido boa.

Tento reconhecer qualquer sinal de deboche, no entanto, isso se torna impossível quando seu pequeno sorriso e seus olhos somente conseguem me transmitir paz e simpatia. Vejo-me sorrindo naturalmente, algo que já não faço com tanta frequência ou sequer faço, e rindo baixo.

— Quem sabe…

Prefiro não confirmar suas palavras, algo me incomoda ao pensar em contar mentiras para o menino gentil e somente me viro para terminar meu trabalho. Esfrego com brutalidade na minha pele, o desespero para que aquilo desapareça logo e o medo de ser descoberto por Yunhyeong me faz ser rápido.

— Ei, tenta passar fazendo uns círculos, sabe, cobre melhor e fica menos visível.

Eu sei que foi a mesma pessoa que falou comigo, então resolvo confiar em suas palavras e faço o que foi me indicado, tentando ser ágil e eficiente. Pouco a pouco as manchas conseguem ser escondidas e desejo poder sorrir para o estranho que me encara alegre pelo espelho.

— Viu? É mais fácil dessa forma.

Eu aceno, sem saber ao certo quais palavras dizer exatamente. Por um mero segundo, não me atrasar não fica como minha prioridade, e sim poder agradecer pela ajuda. Ainda que o medo continue movendo grande parte de minhas ações.

Enquanto guardo todos os frascos coloridos sinto o olhar curioso sobre mim. Sinto-me incomodado, no entanto, nada mais do que palavras curtas me escapam.

— Ahn… Obrigado por me ajudar a esconder a boa noite.

Não sei por que falei aquilo, mas sei que, antes que eu saísse correndo para o ginásio, a sensação de o ver rindo foi extraordinária.

 

12.3

 

Em um momento uma pequena parte de mim parecia menos desesperada, não que me exercitar seja algo ruim, é só bem cansativo, algo que deixa a minha mente em um estado de torpor tremendo. Faz-me não pensar nas coisas, ou talvez ficar pensando demais, meio como algo que eu tento esquecer, mas não consigo.

E hoje é um daqueles dias em que o treinador está querendo retirar o meu sangue, suor e lágrimas tudo junto, mas não posso simplesmente desistir agora, não no meio de um semestre todo, e o Song parece realmente satisfeito com a minha evolução, então, só continuo, pelo menos nos cinquenta minutos completos. Fingindo que eu gosto daquilo.

Você viu os anúncios do banheiro? Aonde vamos nos trocar agora? — Ouço por puro reflexo, e a imagem daquele menino toma conta da minha mente novamente, me deixado com um sorrisinho bem bobo no rosto. Que coisa estranha.

Enfio todos os meus pertences em uma mochila que o Song me deu quando eu reclamei dos pesos, e apenas procuro algo para descansar, até mesmo deitar no chão é agradável. E é exatamente isso que eu faço, mesmo que passando a impressão de ser um zé-mané. Em certos momentos eu morro de curiosidade para entrar na mente das pessoas e descobrir o que estão pensando sobre mim, se estou gostando, sei lá.

Fisgo meu celular do meu bolso, mesmo sabendo que estou fedendo a suor, e abro meu pequeno e caro aplicativo do spotify, querendo clicar em algum mix aleatório que eles montam especialmente para mim, contudo, algo toma completamente a minha atenção.

— É por isso que eu sou um sedentário orgulhoso… — Assusto-me por meros segundos, porém, essa voz se torna bem reconhecível em minha mente. Quando minha visão se focaliza, o garoto do banheiro parece sorrir como uma criança feliz, o que me contagia quase de imediato. — Posso me deitar com você nessa quadra enorme?

— Fique à vontade.

O garoto faz caretas engraçadas, como se estivesse com dores por se movimentar, ele realmente se orgulha de não se exercitar.

— Funcionou? Sabe… minhas dicas de profissional de beleza. — Ele é divertido, quase naturalmente, e parece ser uma pessoa realmente gentil, tipo aquelas que tornam tudo ainda melhor. — Me fala, qual da sua fissuração por esportes? Sempre tive curiosidade. Eu sou aquele tipo de pessoa que… só relaxa.

— Funcionaram sim, obrigado!

Devo responder a verdade, como o próprio Song me orientou, ou fingir que eu realmente quero me manter em forma? Acho que posso apenas ignorar. E, ironicamente, o garoto não me força a nada, ele apenas suspira, como se estivesse regulando os próprios pensamentos. Como será que deve estar essa cena? Dois desconhecidos deitados no centro de uma grande área de uma quadra de esportes juvenil me parece um tanto estranho.

— Como é o seu nome? Eu acho que tenho que te chamar de hyung, não é?

— Kim Taehyung, prazer, segundo ano. — Seus dedos tocam de leve as pontas dos meus, penso que é apenas um ato educado, mas isso me faz recuar quase instintivamente, não sei se ele percebe, provavelmente só finge que não se importa.  

Impulsiono meu próprio corpo, cruzando minhas pernas e fingindo que nada está de errado com os meus pensamentos.

— Então você é meu hyung… — Solto um risinho nervoso, principalmente quando ele faz o mesmo, um pouco perto demais do meu rosto. Que o Song não chegue aqui agora. — Jeon Jeongguk, primeiro ano.

— Você é bem fortificado para o primeiro ano, isso é genial. — Ele parece gostar de falar, e isso que é a coisa genial. Será que sou um idiota precoce em achar que uma afinidade só comigo? Com certeza, não sinto isso nem com o meu querido namorado. — Desculpa me intrometer é que… você estava abrindo o spotify, não estava?

— Sim, eu sou um vidrado em música… — Desvio o olhar para a tela em preto do celular, desbloqueando novamente o aparelho. — Só pensei que ouvir ela agora seria uma boa ideia.

— Posso te mostrar algo?

Suas mãos apontam para o aparelho entre meus dedos. Quero dizer que não, que a ideia de pessoas pegarem no meu celular não me agrada muito – ainda que Song faça isso com frequência –, entretanto, algo no sorriso gentil que Taehyung me dá muda meu ponto de visão sobre gostar de manter minhas coisas somente comigo, e não hesito em dar o aparelho para ele.

Quero perguntar se ele notou algo relacionado ao fato de que grande parte das músicas que tenho é um tanto mórbida e entediante – não que eu pense isso, foi Song que me falou isso enquanto baixava algumas músicas novas que ele disse que ficaria melhor se eu escutasse, ao invés de escutar as minhas próprias –, mas permaneço calado enquanto Taehyung sai do aplicativo moderno e procura uma função que já não uso há um bom tempo.

Quando alguns meninos passaram perto de nós correndo atrás da bola de futebol, Taehyung encontrou o aplicativo do rádio no celular, um pequeno sorriso nascendo no canto de seus lábios. Gostaria de pensar que achei seu sorriso bonito, porém tenho medo do resultado que meus pensamentos podem me causar.

— Olha, cara… — Taehyung me desperta da perdição de possibilidades que poderiam acontecer caso eu aceitasse o fato de seu sorriso ser bonito. — Essa estação é até boa, é algo diferente, sabe? Muitas pessoas não conhecem, acho que quase ninguém, mas eles tocam músicas parecidas com as suas. Acho que você pode gostar.

Taehyung não pergunta nada antes de se aproximar, suas mãos se aproximando com a intenção de colocar os fones em meus ouvidos. Tenho medo de que algum amigo de Song ou até ele mesmo possa ver a situação e interpretar errado, por isso, uma sensação de alívio me percorre quando alguém grita o nome do menino de sorriso bonito – eu acabei aceitando no final de tudo – e o impede de tocar meu rosto.

— Taehyung! — Um menino suado se aproxima de nós. — O diretor da cabine de rádio da escola estava te procurando, disse ter achado algo que você tinha pedido a ele.

— Oh! — Taehyung se levanta, noto que seus olhos parecem brilhar mais que o normal. Mantenho-me calado. — Jeongguk, preciso ir! Foi um prazer conversar com você, nos vemos depois sim?

Ainda que ele não espere uma confirmação minha antes de sair correndo, minha cabeça se move lentamente em concordância. Gostaria de poder conversar com Taehyung novamente, foi bom.

Por um momento, lembro-me da tal estação sobre a qual ele falava e a curiosidade parece me corroer, pois minhas mãos buscam rapidamente por meu celular. Vejo os pequenos números, 12.3 e clico na estrela mais ao canto da tela, salvando a tal estação.

Antes mesmo de por os fones, um braço circula meu ombro e lábios frios tocam a pele de meu pescoço. Quero pedir para que Yunhyeong não faça esse tipo de coisa quando estou suado, pois me incomoda, no entanto, quando miro seu sorriso, a única coisa que consigo fazer é retribuí-lo o mais rápido que consigo.

— Jeon, Jeon, o que eu falei sobre conversar sozinho com pessoas? Isso é bem estranho sabia, sinto como se você não estivesse correspondendo o que sentimos! — Quase engasgo, e espero mesmo que ele não tenha visto Kim Taehyung mexer em meu celular, já que ele já é bem velhinho e não teria como se recuperar depois de mais um surto. — E então, o que ele queria com você?

— Perguntar se tinha vaga no time, só isso… — Namorados não escondem as coisas dos outros, e isso é algo que eu me crucifico por dentro todos os dias quando invento algo para Yunhyeong. — Vamos para a casa? Você vai ficar um pouco comigo hoje?

— Não sei, você me magoou hoje… estou decepcionado. — Tento pensar com coerência, pedir desculpas, talvez? Porém, Yunhyeong me carrega para fora quase como se estivesse com medo de algo, até tropeço em meus próprios pés em algum momento, e me vejo procurando aquele garoto novamente. — Eu até tinha pensado em passar algumas horinhas do meu dia com você, mas só vou o deixar em casa e pronto, e espero que fique ouvindo a playlist que eu preparei para você!

Na Yun List tem coisas completamente aleatórias, é estranho ouvi-la, mas eu me forço a fazer isso. Não que eu não goste de músicas como Zero do Chris Brown ou algo do estilo, é só que, em alguns momentos, ela acaba não combinando com o que eu sinto.

— Você viu que eu adicionei umas músicas novas? Qual mais gostou?

— Hmmm… Portland? — Eu não sei o motivo de todo mundo gostar daquela música, o próprio Yun ama, acho que só não vou com a cara do Drake. — A achei legal, Yun, e… obrigado por sempre colocar músicas novas lá…

— Não me sinto bem com esse seu obrigado, Jeon… poxa. — Estamos fora da escola sem nem eu perceber, sua mão escorrega do meu ombro e deixa meu corpo, e todo o frio que antes parecia me inundar me deixa de uma maneira rápida, mas então, retorna completamente quando seu aperto em um enlaçar de mãos acaba me sufocando. — Eu te amo tanto, sabe disso né? É por isso que eu me preocupo quando os outros ficam tirando você de mim.

— Eu também te amo, Yun, só me desculpa, tudo bem? — Eu o amo muito, sei disso, meu corpo todo sente isso. E me doí saber que ele duvida de mim, dos meus sentimentos. Mas, no momento, sei que não posso falar ou fazer algo, ele não vai mudar de ideia.

Carrega-me em silêncio para minha própria casa, como sempre faz, e meu corpo acaba indo longe em lembranças.

 

12.3

 

Minha mãe não está em casa, o que nem é uma novidade das grandes. Na verdade, sinto meu peito doer ao encontrar um pote de macarrão instantâneo com um bilhetinho de eu amo você, na mesinha da sala. Ela realmente não tem tempo para absolutamente nada, mesmo sendo uma médica renomada, sua agenda é completamente cheia. Nossa renda depende disso depois do que aconteceu com o meu pai.

Coloco o pote de carne e cebola no micro-ondas e os minutos correspondentes, e sinto aquele aperto estranho no peito, como uma dor, só que sem remédio para curá-la.

Penso em Song, mas minha mente não consegue focar nele sequer um minuto. Os poucos segundos que ainda me restam, me fazem recordar de Kim Taehyung, o garoto que de certo modo me causou problemas. 12.3, é o que ele sintonizou em meu celular, no aplicativo que eu desisti de usar depois do Yun ter dito ser cafona.

Desbloqueio meu celular no exato momento em que o micro-ondas apita, informando que meu alimento está pronto e cozido. Abro o pequeno aplicativo, Rádio FM, e percebo que ainda se encontra na mesma página com a pequena estrelinha. Busco meus fones de ouvido em minha mochila, e sento no sofá, apenas esperando.

 

… tem certos momentos da vida, que tentamos tapar nossas feridas, fingindo que a dor pode deixar nosso corpo e voltar com menos intensidade. E isso é errado, mas é tão humano. Fugir, fingir. Somos experientes nisso.

 

Essa voz. Ela é tão familiar, parece que eu já a senti em algum lugar.

 

Às vezes fingimos que não sentimos, que não doí. Um pequeno sorriso e ‘estou bem’ é o suficiente para que a vontade de chorar seja guardada para quando estivermos sozinhos em nossos quartos. Escondemos nossa infelicidade em busca da felicidade de pessoas importantes para nós.

 

Não sinto mais fome. Meu corpo amolece e me vejo na necessidade de deitar, relaxar. Quando as almofadas macias me abrigam, noto todo o peso e tensão que carreguei até aqui sem sequer notar. Talvez o costume faça com que o incômodo desapareça.

Meus olhos descansam e passo a me concentrar somente na voz melodiosa que cria um monólogo profundo e, de certa forma, doloroso.

 

Conheci alguém recentemente, até mesmo lhe recomendei músicas, de uma forma indireta, claro. Vou por essa música, acho que ela pode ajudar o dia de alguém. Jam Jam é uma boa música...

 

A voz característica de IU ocupa o lugar da voz masculina que some com o começo forte da música.

 

Somos pessoas capazes de saber dessas coisas,

Então não é educado fingir acreditar nessas mentiras?

Eu nem ligo, vou me fazer de idiota, vamos tentar qualquer coisa,

Nem me dê tempo para pensar. (Geleia).

Quer ser honesto de repente? O que isso significa?

 

A letra me incomoda. Meus dedos se comprimem entre o tecido fino da camiseta que visto. O sorriso de Yunhyeong retorna a meus pensamentos. O que isso significa? Eu o amo. Amo Yunhyeong.

A letra aproxima cada vez mais de seu final. A batida ritmada me distrai por um momento, enquanto meu cérebro absorve cada detalhe da letra afiada.

 

Diga que me ama

Diga as coisas lindas borradas nos seus lábios

Grudento, grudento, eu vou manter ele em conserva

Para que não apodreça por um longo tempo

 

“— Eu te amo tanto, sabe disso né? É por isso que eu me preocupo quando os outros tirando você de mim”. Por que o sorriso de Yunhyeong continua a retornar? Meus olhos se abrem à medida que as frases finais são cantadas. Sinto-me atordoado. Se eu me lembro de Yunhyeong até mesmo quando acabei de me despedir significa que eu o amo, certo? Vou acreditar que sim, preciso acreditar.

 

Eu não me importo, eu me tornarei uma idiota, vamos tentar qualquer coisa

(Idiotas, nós somos)

Não me dê uma chance para pensar

 

Cubra, derrame por cima, mais uma vez

Cubra, derrame por cima, mais uma vez

Cubra, derrame por cima, mais uma vez

Cubra, derrame por cima, mais uma vez

 

Busco pela música no Spotify assim que uma música instrumental se inicia. Posso ver a notificação de uma mensagem de Song no topo da tela, no entanto, pela primeira vez, respondê-lo não é minha prioridade e sim salvar a música com letra peculiar que mexe com meus neurônios e me deixa atordoado, permito uma alegria somente minha.

 

Jam Jam, IU

Salvo.


Notas Finais


[deteguk] Primeiramente: eu e a Lara estamos tendo um ataque de nervosismo com tudo isso, se tornou nossa bebesinha do fundo do coração mesmo, a gente sente muita coisa escrevendo, e ela fluiu com tanta naturalidade nas nossas mãos que eu fico até apaixonada. Por que escrever com a Ana Lara é maravilhoso.

Não vou me demorar muito aqui, é aquela coisa né: queremos muito saber o que acharam, se captaram o que queríamos passar e essa coisa. Se bem que é só o primeiro capítulo, não é mesmo? Tem muita, muita coisa para rolar. E já temos muita coisa escrita e esquematizada, então talvez não demore tanto para atualizar.

Agora palavras da minha Larita linda, maravilhosa, perfeita e tudo mais:

[HaniF] Eu já falei pra Dari que eu tô me tremendo inteira com essa fanfic, mas nem é só por tá postando ela não, é, também, por ser a primeira vez que eu posto algo com a Darita e eu tô muuuuuito feliz com isso (vocês não tem noção do quão fã eu sou dessa pessoa chamada Dari). Eu realmente espero que vocês tenham gostado e gostem dos fututos capítulos e obrigada se vcoê chegou até aqui <3

Até o próximo!!


Link da playlist da fanfic (ela vai ser atualizada a cada capítulo que postarmos!):
Spotify: https://open.spotify.com/user/misskookie37/playlist/0JwlVfRSCZRLMKrK04nSmp
Youtube: https://www.youtube.com/playlist?list=PLw0M2hgjW3LRdUtOIVz8JoWFXh8UUxkxW


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