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História Contos Variados - A arte do Escultor


Escrita por: AD_Silva

Notas do Autor


Espero q gostem (ᵔᴥᵔ)

Capítulo 1 - A arte do Escultor


Fanfic / Fanfiction Contos Variados - A arte do Escultor

Olhar aquela figura assustadora em pé à minha frente era um tanto perturbador, mas era meu trabalho encará-la em todos os ângulos possíveis, registrar cada detalhe daquela cena macabra e não deixar passar nada...

Motivo? Eu era o fotógrafo no caso.

A má sorte? Ficar sozinho naquela câmara mal iluminada pela luz das velas nos candelabros e com aquela coisa me encarando o tempo todo.

O lugar era subterrâneo e sua entrada ficava escondida no meio do bosque que rodeava a cidade, depois de meses de investigação finalmente conseguiram encontrar o esconderijo do "escultor", onde ele fazia suas artes mortais, transformar pessoas em estátuas de cera. Andamos por um corredor até achar a câmera central, que era conectada a outros cinco corredores interligados ao primeiro, aquilo era um mini labirinto, e tínhamos receio do que poderíamos encontrar ali. Havia tochas acessas espalhados pelas paredes, mas a distância entre elas deixava espaços negros entre a claridade de uma e outra, sem falar que a atmosfera do lugar não era nenhum pouco aconchegante, e sim carregada de uma energia fortemente negativa que era quase palpável, talvez pelo lugar em si ou talvez por sua finalidade nefasta.

Chegamos ao sítio principal que era em formato circular e no meio dele jazia um corpo acoplado de pé a um tipo de nicho. No chão ao redor dele havia respingos de tinta escura, bem, era o que pensamos no início. Na verdade era sangue tonalizado com algum tipo de colorante preto que fora injetado provavelmente quando a vítima ainda estava viva e jorrou pelos cortes escondidos nos cabelos perfeitamente presos em dois coques, um em cada lateral da cabeça, amarrados com fitas brancas que combinavam com seu vestido creme imaculado.

"Ele teve a finura de deixá-la limpa", falou o perito ao meu lado analisando cuidadosamente o corpo. Já eu queria sair dali o mais rápido possível, não conseguia encarar aquele rosto pálido mesclado de roxo nas pálpebras e bochechas, sua maquiagem mortuária.

O perito saiu alegando que iria pegar suas outras ferramentas de trabalho e me deixando sozinho ali, fui obrigado a me aproximar do nicho para fazer meu trabalho, e focá-la através da lente só aumentava em mim a sensação de estar sendo observado.

Seu olhar causava-me calafrios a cada vez que eu os encontrava. Olhos brancos e mortificados que transmitiam o horror de ver sua morte, e pareciam ter gritado por ajuda ao vê-la se aproximando, porém esses olhos sem vida em muito contrastavam com o sorriso sinuoso congelado nos lábios cortados, por onde filetes de sangue negro escorriam em direção ao queixo, era como se risse de sua própria desgraça, e em um lampejo pude vê-la devorando alguém em minha mente paranoica, o que piorou meu assombro.

Respirei fundo aproximando o zoom da câmera para captar esse contraste quando de repente vi seus olhos se mexerem sob a camada branca que os cobria me fazendo afastar o objeto de meu rosto e mirá-la assustado enquanto dava passos para trás.

Foi quando bati de costas contra algo e senti mãos frias segurar meus braços provocando um calafrio que varreu todo meu corpo, e meu coração falhou uma batida ao sentir uma respiração próxima ao meu ouvido.

"Uma obra de arte, não?", falou uma voz abafada,"Será um prazer mostrar como foi feita!", ouvi-o dizer antes de cair desacordado.

[...]

Ao voltar a consciência me senti preso pelas mãos, pernas e peito ao que parecia ser uma mistura de prancha ortostática e uma mesa de tração, sua superfície era dura e havia alguns aparelhos mecânicos conectados a ela, minha cabeça também estava presa por uma cinta que me impedia de movê-la muito para os lados e em minha boca tinha algo que me impossibilitava de fecha-la ou gesticular alguma coisa. O lugar tinha uma péssima iluminação, mas pela sua estrutura parecia ser uma fábrica abandonada ou algo do tipo.

Olhei para os lados e meus olhos se arregalaram com o que vi, eu não era o único ali. Ao meu redor havia outros quatros corpos semelhantes ao que encontramos na câmara, cada um mais assustador que o outro. E todos pareciam estar vivos sob a máscara de cera, o que me deixava muito mais exagitado. Um deles se assemelhava a um palhaço, as roupas coloridas e extravagantes, o cabelo vermelho, o sorriso largo e olhos esbugalhados. A outra estátua era algo parecido com um zumbi, sua carne e pele estava com dilacerações, parecia deteriorada e deixava alguns ossos e músculos à mostra, por onde o sangue escorria, só não sei se esse sangue era falso ou real. O terceiro parecia ter sido todo remendado, havia cicatrizes de vários tamanhos por todo seu corpo, sua pele era cinza esverdeada com veias à mostra e ao redor de seus olhos estava roxo. Já o quarto era uma criança com olhar vago e escuro, sua pele branca contrastava com os cabelos negros que lhe caíam sobre os olhos ela segurava uma boneca de porcelana tão assustadora quanto ela.

Meu estômago se revirou com a presença daquelas coisas, tentei me soltar desesperadamente, porém não obtive sucesso.O medo já havia se apoderado de mim há muito tempo, mal conseguia respirar de tão acelerado estava minha pulsação. E o suor começou a escorrer por meu corpo a medida em que sons de passos e coisas de metais se batendo acompanhados de risadas se aproximavam do lugar onde eu estava.

"Que bom que acordou!", o escultor falou para mim ficando na minha frente. Eu não conseguia ver seu rosto direito, ele usava máscara e touca de médico, "Acho que agora podemos finalmente começar!", e dava para notar que ele falara aquilo sorrindo enquanto se aproximava puxando uma máquina com tubos e um recipiente transparente cheio de algo branco que reconheci ser cera.



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