(Bruno)
Minha mãe e Manu caminhavam de um lado para o outro no corredor do pronto socorro. Manu estava aflita, parecia falar sozinhas as vezes, minha mãe estava sentada com a cabeça e os olhos fechados, parecia estar orando. Gabi, Maju, JP, João, Lukas e Murilo estavam sentados todos em silêncio encarando o nada. Meu pé batia no chão como se fosse um tique que eu não podia parar. Camile não parava de me ligar, e eu rejeitei todas pois não pensava em outra coisa a não ser em Daphne sozinha naquela emergência. Depois que ela desmaiou eu entrei em desespero, como era maior de idade eu pude vim com ela na ambulância. E pedi pra Gabi ligar para minha mãe. Eles a levaram para o ambulatório e desde então estou ali, sem notícias. Uma mulher toda de branco se aproximou e todos nós levantamos.
_ Doutora, como esta minha filha?? - Manu falou desesperada.
_ Tenha calma senhora... A sua filha estar bem, estão fazendo curativos nos braços e nos joelhos dela. Mas eu preciso que todos tenham cautela com ela, a partir de agora.
_ Como assim Doutora? - Vi minha mãe franzi o cenho.
_ Infelizmente ela... perdeu o bebê.
_ O QUEER?? - Todo nós gritamos em uníssono.
Vi todos irem de confusos a chocados no mesmo instante. Eu perdi a firmeza nas pernas e me sentei denovo, eu não sabia mais como era respirar, minhas mãos tremiam e os olhos de Gabi vieram diretamente para mim, arregalados e apavorados. Manu se sentiu mal e vi os meninos apoiando ela na cadeira antes que ela caísse ali dura.
_ Explica isso direito pra gente Doutora. - A voz da minha mãe saiu baixa e vacilando.
_ Bom... Pelo visto vocês não sabiam... e nem ela. Mas ela estava grávida de duas semanas e por causa do acidente acabou tendo um aborto. Eu... sinto muito.
Eu havia perdido a fala. Eu não conseguia me mover do lugar. Daphne tinha perdido um bebê e o bebê era meu.
_ Eu preciso ver minha filha Doutora. Por favor! - Manu implorou
_ Só pode entrar os familiares por enquanto. Ela esta sedada por conta dos remédios e deve acordar só amanhã.
_ Eles vão entrar comigo. Também são minha família. - Manu se referiu a mim e minha mãe que sorriu fraco com o gesto de carinho.
_ Tudo bem. Podem vim. - A doutora indicou um caminho pra nós. E saímos dali rápido.
Quando entramos no quarto. Daphne estava deitada com uma roupa hospitalar. Cheia de curativos nos braços e um na lateral da testa, estava pálida e dormia serenamente.
_ Minha filha... - Manu encostou perto dela e segurou a sua mão, depositando um beijo.
_ Vai ficar tudo bem Manu. Nós vamos ajudar no que for preciso. - Minha mãe disse apoiando as mãos no ombro de Manu. Eu não conseguia falar nada, mas algo estava intalado dentro de mim. Eu não ia conseguir ficar escondendo delas duas a verdade. Eu precisava contar.
_ Manu... Mãe... Eu... - Chamei a atenção das duas que olharam pra mim percebendo o meu nervoso.
_ Que foi filho? - Minha mãe perguntou franzindo o cenho.
_ Eu sei! - Manu disse me encarando e eu franzi a testa.
_ Eu não tô entendendo nada gente! - Minha mãe olhava pra mim e Manu tentando entender algo.
_ Eu sinto muito Manu... - Minha mãe piscou algumas vezes antes que a resolução chegasse em sua mente. Eu comecei a chorar e Manu veio lentamente até a mim, me abraçando.
_ Vai ficar tudo bem meu filho. - Ela me abraçava forte tentando me acalmar enquanto minha mãe ainda estava em choque.
_ Você?... com a Daphne?... - Minha mãe fitou o chão. _ Eu ia ser avó? - Ela olhou pra mim aos prantos. E Manu me largou indo abraçar a minha mãe.
_ Eu posso explicar tudo Mãe - Falei me encostando perto da minha mãe. As duas se sentaram em um sofá que havia no quarto e eu puxei uma cadeira. Contei tudo pra minha mãe. Desde quando começamos a ficar, até quando a Daphne resolveu desistir com medo do que meu pai poderia fazer se descobrisse.
_ Bom... Eu sempre suspeitei. - Manu disse deixando eu e minha mãe surpresos. _ Eu via a troca de olhares de vocês e imaginei que tinha algo rolando.
_ E porque vocês não contaram pra nós? - Minha mãe perguntou
_ Ah mãe... Eu pensei que se você soubesse ia ser pior. - Falei triste.
_ Pior porque meu filho? Eu adoro a Daphne. Ela é como se fosse uma filha pra mim. - Minha mãe disse sorrindo.
_ Mas o meu pai...
_ Eu dava um jeito no seu pai. - Ele me encarou por um tempo. _ Nós íamos ser avós Manuela. - Ela se virou pra Manuela segurando na mão dela e vi os olhos das duas se encherem de água.
Depois de algumas horas a doutora apareceu dizendo que só uma pessoa podia passar a noite dentro do quarto. Eu disse a Manu que ficaria para que ela fosse pra casa descansar um pouco e ela assentiu. Depois que elas saíram, fui até Daphne, tocando na mão dela. A minha ficha ia caindo aos poucos.
_ Eu ia ser pai. - Falei baixinho para mim mesmo. E meu coração doía só de pensar que eu tive um filho ou uma filha com a Daphne. Passei a noite ao lado dela. Sem sair de perto, nem por um minuto.
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