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História Estrelas do Céu de Abraão - Conspiração.


Escrita por: onlyreason

Notas do Autor


Olá, boa leitura ❤

Capítulo 11 - Conspiração.


Fanfic / Fanfiction Estrelas do Céu de Abraão - Conspiração.

Lila saiu da água, do Jordão, acompanhada do  melhor amigo Gael.

— Eu vou sentir tanta falta disso.  — disse a ele, sentando-se numa pedra.

— Disso o que, Lila? — perguntou Gael.

Ele se sentou ao lado, estava levemente ventando,  e os cabelos pretos cacheados de Gael, estava molhados, mas ainda assim,  se moviam, junto do vento.

Ela sorriu para ele.

— Do nosso tempo junto, foram tantos anos maravilhosos. — suspirou nostálgica.  — Nunca vou me esquecer de você. Espero que não se esqueça de mim, também.

— Não entendo, você vai embora para outro lugar, Lila? É isso? Olha, nem pense que vai se livrar de mim. Eu deixei Manassés, para ficar aqui em Judá, perto de você.

Aquela revelação a deixou surpresa.
Por causa dela?

— Não era por causa do exército de Judá? — perguntou ao amigo.

— Ezequiel pode ter vindo por esse motivo, eu também, mas eu conseguia mais ficar longe de você.

— Não, mas é que... Ah, Gael eu nem sei nem como te dizer isso, mas eu... Salmon pediu que a gente se afastasse.

— Mas por quê?

— Ele foi muito claro, comigo. Nós crescemos, logo eu vou ter que me casar e você também, palavras dele. Você não vai poder ficar em Judá,  para sempre.  Então, é bom que a gente se afaste.

Não. Gael simplesmente não conseguia entender. Sempre respeitou Lila.

— Nossa amizade sempre foi tão pura, Lila. Eu não consigo me imaginar longe de você, sempre fui mais próximo de você do que qualquer outra pessoa... Isso não faz sentido.

— Tantas coisas não fazem sentido nessa vida, mas são desse jeito. Cabe a nós obedecer. — ela disse a ele, colocando a mão sob a dele. Curiosamente,  suas mãos encaixavam perfeitamente.

Ele olhou para a melhor amiga.

— E então foi por isso que você me achou para nadar no rio com você? Porque essa é a última vez?

Lila riu.

— Não exagera Gael! Claro que não, a gente vai continuar se vendo, eu prometo, com menos frequência, mas nada nesse mundo, vai nos afastar para sempre. Eu não vou deixar.

— Ver o por do sol, ao seu lado. Uma das coisas preferidas da minha vida. — confessou.

— E a minha também. — ela respondeu.

Ela deitou ao lado dele, e ficaram em silêncio. Quando se levantavam para partir,  cada um para suas casas,  decidiu que falaria como se sentia.

Nunca foi de guardar o que sentia.  Sempre falava, e às vezes até se arrependia. Mas ela estava certa de que não se arrependeria de se declarar para Gael.

Ainda que nunca ficassem juntos.  Ele saberia que ela o amava.

— Gael espera... — começou hesitante.

Gael,  que caminhava alguns passos a frente dela,  se virou para olhá-la.

— O que houve,  Lila?

Ela se aproximou mais. Gael nunca se cansaria de olhar para ela.  Os longos cabelos castanhos médios estavam esvoaçantes pelo vento e emolduram o rosto perfeito.  Lila era linda.

— Eu não sei como isso foi acontecer, mas eu estou... apaixonada por você. — disse Lila a ele.

Para ela,  era assim. Nunca conseguia controlar o que dizia.

Gael não disse nada, apenas a beijou.Um beijo, tão esperado, tão aguardado pelos dois. Por alguns minutos se entregaram ao beijo.

De repente,  ele afastou dela.

— Não. É tão errado, isso não deveria ter acontecido. E contra as leis de Deus, as leis que Moisés passou para o nosso povo. — disse Gael. — Somos de tribos diferentes.

Lila não conseguia esconder a decepção.

— Então por quê... Porque você me beijou, Gael? Se não sente o mesmo por mim? — questionou. — Por quê?

— Não sinto o mesmo por você?! Eu sempre tive dificuldade com as palavras, Lila. Mas eu sempre te amei, essa é a verdade, o afeto, a amizade virou amor. Eu me contentava com sua companhia, porque eu sei que é unica coisa que posso ter de você.

— Eu não podia me declarar para você. Não ficaremos juntos, nunca. Eu te amo, e jamais exponharia você a qualquer perigo.

— Gael... — as palavras não vieram.

Era sempre ela que falava, mas pela primeira vez,  Lila não sabia mais o que dizer. Havia dito o que precisava dizer.

— Exílio, morte?  Eu não posso, Lila. Não posso fazer isso com você. Eu vou ver você se casar com outro, ter seus filhos, envelhecer. Eu e certamente me casarei com alguma moça de Manassés. Eu serei feliz, não ao seu lado, mas por saber que você teve uma vida tranquila.

— É melhor do que colocar nossas vidas em risco. Eu vou embora,  vou voltar para Siquém.  — completou.

                           * * *

Lila não podia acreditar nas palavras de Gael.  Voltar para Siquém. Não imaginava que ele seria tão radical,  depois do beijo que aconteceu entre eles. Caminhava pelas ruas de Hebron, cabisbaixa.

Nem notou a presença de Nobá,  que teve que chamá-la.

— Lila.

— Shalom Nobá.

— O Gael,  ele veio se despedir de mim. Sabe porque ele vai embora tão de repente?  Aconteceu alguma coisa? — o caneneu perguntou.

— Eu não sei.

— Que estranho, eu esperava que ele tivesse contado ao mesmo para você.  Somos amigos,  afinal.

— Mas não contou.  — disse ela.

Esperava que aquela conversa acabasse logo.  Pelo menos a parte sobre Gael. O foi exatamente o que aconteceu.  Mas ela não esperava que tomaria um rumo inesperado.

— Lila,  eu tenho uma coisa importante para te dizer. É o que o Salmon começou a falar sobre casamento, e antes que isso aconteça, que apareçam pretendentes, eu...

— Não sei fazer isso de outra maneira. .. Lila, eu sou apaixonado por você. 

— Apaixonado? Mas e a Esther? Eu sempre pensei que você tivesse sentimentos por ela. 

Nobá balançou a cabeça.

— Esther é minha amiga. Me preocupo muito com ela, principalmente agora... Estou com uma sensação de coisas ruins podem aconteceu a ela... mas sou assim com todos os meus amigos, mas  apaixonado?!

Ele se aproximou mais e segurou nas mãos dela.

— Apaixonado eu sou por você. — declarou,  a olhando nos olhos.

Ela fechou os olhos,  pensou nas palavras de Gael,  antes de partir para Siquém.  Sim, ele foi embora. E pediu que ela se casasse com outro.

— Sim, eu aceito.

Nobá sorriu, contente.

— Aceita?

— Claro, mas você tem que falar com o meu irmão, primeiro.

— Se é assim será que eu posso ir na sua casa hoje? Pretendo falar com Salmon hoje mesmo.

— Pode sim, Raabe adora sua visita. Você pode ir. — concordou Lila.

Depois a hebreia observou Nobá sair com um sorriso no rosto. Não sentiu culpa. Foi Gael quem quis assim.

Esperava apenas que estivesse fazendo a coisa certa.

                                 * * *

— Eu sei porque Nobá veio aqui hoje. — falou Boaz, sentado a mesa,  junto da família

O filho mais novo de Salmon e Raabe,  era a cara do pai. O caçula de oito anos,  tinha uma irmã mais velha de doze anos,  Sara. No entanto,  Boaz deixaria de ser o caçula muito em breve.  Raabe estava grávida de três meses do terceiro filho.

— E porque foi, em? Meu amor. — perguntou Raabe ao filho.

Nobá se remexeu na cadeira desconfortável.  Esperava iniciar o assunto no momento que achasse oportuno. No entanto,  Boaz, seu sobrinho,  era uma criança muita esperta.  O que fazia Nobá lembrar dele mesmo.

— Ele e Lila estão namorando. — completou o menino.

Salmon olhou para Nobá.

— Não,  afinal ele não pediu a minha permissão para isso.

— Bom,  por mim eu estaria,  eu vim até aqui, exatamente para dizer à você que minhas intenções com Lila, são sérias.

Salmon suspirou antes de começar.

— Você já faz parte da família,  e  eu sei que você é um bom rapaz. E pelo que tenho visto,  nos treinamentos,  será bom guerreiro.

— E o que isso significa,  que eu tenho sua permissão para cortejar,  Lila? — Nobá quis saber.

— Sim,  você tem. — concordou o guerreiro.

                                * * *

Esther observava as estrelas quando viu que o primo se aproximava acompanhado com um desconhecido.

— Quem é ele? — Esther imediatamente alcançou a adaga.

— Calma. Esse é Adonis, é um amigo meu, mas foi essencial para que eu encontrasse você e minha mãe.

— E como sabe sobre mim? — ela perguntou ao caneneu, ainda desconfiada.

— Todos falam sobre a princesa de Jericó que vive em meio aos hebreus. É uma honra conhecer vossa Alteza. — ele fez uma reverência.

— Alteza?! Eu não sou chamada assim, desde meus sete anos de idade, como sabe?

— Por Baal e  seu sessenta filhos, como não saberia?  É a filha de Marek e  Kálesi. Tem um pouco dos dois em você. Embora, pareça mais com a rainha fisicamente.  É uma grande emoção para mim, conhecê-la, princesa. — fez outra reverência.

— Conheceu os meus pais? — Esther perguntou.

— Claro, sou de Jericó.  Um  súdito do rei Marek e da rainha Kalési.

O coração de Esther, disparou. Alguém que havia conhecido seus pais.

— Impossível. Não pode ter sobrevivido ao massacre. — disse ela.

— Certamente, Vossa Alteza, eu teria morrido no extermínio. Ser nobre não me pouparia da morte. Entretanto, meu pai era um guerreiro caneneu, mas minha mãe é filisteia, havia ido visitar a família eu fui junto, eu estava no território Filisteu quando aconteceu. Era um menino de quinze anos na época. E fiquei por lá mesmo. Já que perdi meu pai.

—  Compreendo sua dor. Também perdi meus pais. Era princesa e de repente, nem plebeia eu era mais. Para os hebreus, não existe esse sistema de nobres,  plebeus e escravos. E sim as tribos de Israel. Existem também as cidades livres.

— Cidades livres? E o que isso significa?

— Existem as cidades em que os caneneus se aliaram aos hebreus contra o seu rei, por insatisfação ao Reino. Eles foram poupados,  como os Gibeonitas e a cidade de Gibeão.

— Traidores do rei. — acusou Adonis.

— A questão é que nessa cidade,  vivem caneneus. Eles estão vivos. Na verdade,  todas as cidades de Israel,  são livres. São um povo livre que escolheu servir ao único Deus.

Adonis balançou a cabeça.

— Desculpe,  mas um povo não deve ser totalmente livre, esse sistema de tribos não pode dar certo. Eles precisam de um Rei. Será preciso replantar a Monarquia,  o sistema de cidades-estado e reinos e muito mais firme, seguro.

— O nosso Deus é o rei. — disse Esther.

O filisteu ficou em silêncio a observando.

— Eu me lembro de quando era apenas uma menina, princesa Esther,  no castelo de Jericó.  Uma pequena nobre.  Agora, se tornou uma moça linda.

Esther não se lembrava dele,  mas ele tinha um rosto familiar.  Isso era certo, porque ele era da corte.  Morava no palácio de Jericó,  junto do pai e da mãe.

— Como você e meu primo se conheceram? — ela perguntou a ele.

— Era o destino,  eu estava na Assíria,  a mando do rei. Sou um guerreiro do exército Filisteu. E soube que Marduk era caneneu. Filho da princesa Adele de Jericó. Como eu tinha ouvido histórias de que você e sua tia tinham sobrevivido. E agora estou aqui em Hebron. — contou Adonis. — Eu vim para  vê-la e... para convencê-la a lutar por aquilo que pertence à você.

— Me pertence? — ela questionou.

 — Sim,  o que quero dizer que você seria rainha. Você é uma canenéia, está satisfeita em ver o seu povo sendo morto, escravizado? Poderia ser você, se não tivesse à sorte que teve. Ser escravizada ou até morta.

— Os hebreus tomaram praticamente  Canaã inteira? É justo princesa Esther? — perguntou Adonis.

Há alguns meses atrás, talvez,  ela concordaria com aquelas palavras,  mas não mais.

— Sim, afinal essa a terra prometida por Deus. — respondeu.

— Eu deveria saber, ser criada junto à eles. Aprendeu a crer nesse Deus invisível e sem nome. Até a princesa Adele, deixou de crer os nossos Deuses.

— O Deus de Israel é o único Deus, disso eu não tenho dúvidas. Não preciso vê-lo, eu sinto,  tenho fé nesse Deus.

— Não pode mudar sua origem, seu sangue. É filha de Marek, Kalési. É canenéia. Sempre será. — Marduk disse,  dessa vez.

— Sua mãe era esplêndida. A Senhora das Serpentes, ela tinha essa cor de cabelo, como o seus, ruivos. — elogiou Adonis.

— Pelo que fala, eu gostaria de te-los conhecido. Marek e Kalési. — Marduk falou.

— Você é a segunda pessoa que diz algo bom de meus pais. — Esther disse a Adonis.

— Os outros simplesmente o julgam e a julgam sem ter os conhecido. Eles tinham algo que os hebreus queriam,  por isso foram mortos.  É questão de poder. Seu povo, nosso povo, está sofrendo, sendo escravizado. Mas minha princesa, podemos mudar isso.Só depende de você. Vossa Alteza, pode. Assumir o posto que é seu.

— E que posto seria esse?

— De rainha de Jericó. — Marduk fez questão de responder.

— Jericó não existe mais. Não à Jericó em que eu governaria. Como um reino.

— A guerra pode resolver isso. Teremos homens para lutar a nosso favor, caneneus, filisteus. Quantos ficarão ao lado da princesa de Jericó? E depois de vencermos os hebreus,  podemos reconstruir as muralhas. — Adonis completou seu pensamento.

Esther não podia acreditar nas palavras que estava ouvindo. Onde Marduk e Adonis queriam chegar com aquela conversa?

— Josué fez um juramento na época da destruição da cidade de Jericó:  "Maldito diante do Senhor seja quem reconstruir essa cidade de Jericó: Os alicerces lhe custarão primogênito e as portas lhe custarão o caçula".

— Certamente foi apenas uma ameaça,  não vai abrir mão daquilo que você tem direito por isso? — insistiu Adonis

— Uma rainha será para sempre rainha, Esther. — Marduk completou.

— Isso não está certo, você perdeu sua família, sua riqueza, sua Casa, por uma rebelião que não tem nada a ver com você. Ainda que fossem cometidas atrocidades naquele Reino, você era apenas uma criança inocente. Não tinha nada  ver com isso,  e agora tem direito ao que é seu.

— Afinal justo que o seu povo, sua Casa, sofra por causa de um povo estrangeiro? — Adonis seguia questionando.

Esther suspirou.

— Essa uma discussão complexa, afinal, eu creio no Deus de Israel, o único Deus.

— A maneira como fala dos cananeus,  é como se não fosse parte deles. Como se fosse uma vergonha. — observou Adonis.

— Não é isso,  eu apenas...

— Pense sobre isso, sobre o quanto Marek ficaria orgulhoso de sua sucessora. —  Marduk a interrompeu. — Agora, se você não lutar por isso, envergonhará seus antepassados por não dar continuidade a dinastia.

— Desde que cheguei, fiquei impressionado. Além de ser parecida com Kálesi, tem personalidade forte, quer lutar como um guerreiro, você nasceu para ser rainha.Tem que lutar por isso,  é justo. Nem mesmo Marek era um guerreiro,  sabia alguma coisa, mas não muito. Em Jericó,  não acontecia guerra à muito tempo,  graças as fortificadas muralhas.

— E para isso eu teria que lutar contra  aqueles que pouparam minha vida? E você acha que mais guerra vai fazer com que eu me sinta melhor?

— É claro que vai. — respondeu Adonis. — Esses malditos acabaram com uma dinastia de séculos. 

— Cuidado com suas palavras,  Adonis.  Você está em território hebreu, é filisteu. A tribo de Da,  os Danitas, tem começado a enfrentar problemas com seu povo.

— Não é fácil ter que conviver em lado desses hebreus, sinceramente não sei como consegue, princesa.  É uma canenéia.

— Não é tão difícil.  É melhor encerrarmos esse assunto aqui. Adonis é melhor partir.  Estamos nas terras de Calebe.  Líder tribal de Judá, braço direito de Josué. Como vocês podem vir falar em guerrear contra Israel,  logo aqui? — ela olhou para o primo. — Marduk eu estou decepcionada.

— Esther, tenta entender,  eu quero o melhor para você. — disse ele. — Ser rainha é o melhor.

— Não.  Tudo o que vocês dizeram aqui eu tenho uma resposta: Não. Eu cresci em meio à guerra, e sinceramente esse não o melhor cenário para uma criança crescer, para ninguém. — Esther disse. — Eu quero viver em paz,  vingança não vai trazer meus pais de volta.  Pelo contrário,  vai fazer com que muitas crianças sintam o que eu senti,  o que sinto. Eu não quero mais guerra.


Notas Finais


"Liel" (Lila e Gael), inevitavelmente, me faz lembrar de Maquir e Livana, e com vocês deve ter acontecido o mesmo, por serem de tribos diferentes,  mas eu não curto o casal, sempre preferi o Rune <3 mas garanto que história de "Liel" vai ser bem diferente, e também um pouco surpreendente, eu acho. Ah, e o Adonis é o Rômulo Estrela como está na capa do capítulo. Provavelmente, ele irá aparecer novamente na fic, mas só mais para frente.


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