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História Estrelas do Céu de Abraão - O presente.


Escrita por: onlyreason

Notas do Autor


Boa leitura!

Capítulo 13 - O presente.



Jéssica nunca havia imaginado se casar com alguém que não fosse Salmon. Sempre foi ele. Mas nada saiu com ela sempre havia sonhado. Nunca imaginou que seria trocada por uma mulher de passado duvidoso...  E por fim, ela se casou com o filho de Calebe, Iru. Foi melhor assim. Ela sabia. Ambos haviam amado e não tiveram a chance de viver com quem amavam, a acabaram se apaixonando um pelo outro.

Iru, não era perfeito. Ele, como qualquer pessoa tinha qualidades e defeitos. Era um grande guerreiro, mas o que se destacava nele era considerado um defeito, principalmente para uma guerreiro: a impulsividade, mas Jéssica aprendeu a amá-lo, com todos os defeitos. Amar e isso, não tem que ser perfeito. Simplesmente acontece.

— Sabe que esses dia vi Esther, junto com Seraías, Hatate e Otniel. Voltando de uma pescaria. Ela está ainda mais linda, com aquela beleza exótica, mas parece mesmo parte da família. — contou ela, ao marido.

— Sei, a canenéia. — mumurrou ele. Iru era um daqueles que não gostavam de Esther. — E como sempre, o Otniel bancando o amigo de todo mundo, a verdade é que esse jeito dele me irrita. Vai fazer o filho a ter afeição por esse povo que deveria ter todo o nosso desprezo. Meu tio Quenaz enlouqueceu, onde já viu um guerreiro respeitado como ele casar com uma canenéia? Não bastasse o Salmon com a prostituta?

Jéssica balançou a cabeça, inconformada com as palavras do marido. Ainda mais por Iru sempre citar Salmon e Raabe, ela se arrependia muito de ter prejudicado os dois, no passado. Pedia a Deus que a perdoasse em suas orações.

— Esther e Adele são diferentes, e você sabe disso. — falou Jéssica.

— Diferente sei, vai saber. — respondeu Iru,  desconfiado. — Talvez continuam sendo duas idolatras, isso sim.

Isso sem falar o problema que ele tinha com o primo Otniel. Sua mania de implicar com tudo que se relacionava à ele.

— Eu já lhe disse, Iru. Deixa a Esther a Adele, e o Otniel em paz. Deveria seguir o exemplo dele, ser mais centrado, mas focado em sua vida. E não impulsivo desse jeito, implicante. Você fala assim e se esquece que também foi apaixonado por uma princesa canenéia, no passado.

— E me arrependo muito. O fato é que me redimi.  Casei com uma hebreia da tribo de Judá. — segurou na mão da esposa. — Mas Quenaz e Otniel, do que depender deles, nossa família vai virar alvo de piada. E até eu que me esforço tanto...

Jessica soltou a mão dele, ao perceber onde ele queria chegar com aquele comentário.

— Mas minha irmã Acsa, foi diferente. Essa sim foi guerreira. Morreu ao dar à luz ao primeiro filho,  mas deixou uma descendência para o Otniel. Até o Otniel, está viúvo e tem filho.  E eu não. Muito em breve você vai ter que conviver com outra mulher nessa casa.

Jéssica não havia engravidado ainda e sofria essa cobrança de Iru. Ele sempre ameaçava dizendo que arrumaria uma outra esposa.  E ela temia muito que acontecesse. Não saberia como viveria com outra mulher em sua casa, tendos os mesmos diretos que ela. Filha única, de um rico comerciante, sempre teve tudo o que quisesse, sem ter que dividir com ninguém, e não saberia como seria se Iru realmente tivesse uma outra esposa.

— Às vezes eu penso,  porque será que Otniel sempre se sobressai a mim? Ele ganha as melhores terras dadas pelo meu pai, é sempre muito elogiado... — pensou ele, em voz alta.

— Iru, isso é inveja. — percebeu Jéssica.  — Por inveja Caim matou o proprio irmão Abel.

— O que esta insinuando, que eu seria capaz de matar Otniel? Não, eu não sou cruel à ponto de matar meu proprio primo, apenas os inimigos, eu mato com prazer.  — Mas. — acrescentou. — Se Otniel, não existisse minha vida seria muito melhor, isso é verdade.

— Prove, meu marido. — pediu Jéssica. — Prove que você não tem nenhum problema com seu primo. Sua serva está adoentada, fraca do pulmão, porque inalou fumaça. Vamos para os campos de Otniel.  Assim eu ajudo nas tarefas domésticas e você passa um tempo com Otniel. E também tem Rebeca.  — lembrou-se da prima mais nova. — Está tão tristonha, nessa casa.  Passar um tempo em Debir fará bem para ela.

— Até que não é má ideia, os campos de Otniel são um verdadeiro paraiso. Essa vida de soldado esta tão monótona. Sem nenhuma grande guerra...

— Parece que gosta de guerra, estamos em paz. Devemos a agradecer ao Senhor por isso, todos os dias.

— Está certo.— concordou ele.

— Somos parentes, temos que está sempre juntos. Por isso, eu acho que devemos ir para casa de seu primo. — continuou ela.

— Mas sabe de uma coisa, até que não vai ser ruim passar um tempo lá não. Eu quero ver como as coisas ficaram depois da obra.

               * * *

— A casa está ainda mais bonita, senhor Otniel. — Martha comentou,  assim que chegaram.

A casa parecia fazer parte de uma casa nobre de um reino. Grande,  espaçosa,  rodeada por um campo vasto e fértil,  muitas árvores e vista para as montanhas. A varanda era decorada com diferentes espécies de flores,  que fazia Esther se lembrar do jardim secreto.  Agora,  com a reforma a casa parecia recém construída.

— Vocês devem estar com fome. — sugeri a senhora. — Eu vou preparar alguma coisa.

— Deixe comigo, minha avô. Eu preparo o almoço. — interveio Esther.

Foi para a cozinha e preparou uma sopa, para todos,  alegremente.

— Eu tive que improvissar com os legumes que tinham aqui, mas ficou pronta. — disse ela, colocando a tigela com o ensopado em cima da mesa.

— Muita boa sua a sopa, Esther. Eu gosto com pão. — disse o filho de Otniel.

— Eu também.  — Esther concordou com Hatate, e olhou para Martha  seguida,  chegando a sala de refeições.

— Sente-se conosco, senhora Martha. — convidou Otniel.

— Obrigado, meu senhor. — ela agradeceu e sentou junto deles na mesa. — Sempre tão gentil, não apenas porque esta aqui, ele está fazendo isso, Esther, fique sabendo. — disse a neta.  — Otniel sempre me convida para sentar a mesa com ele e seu filho.

— Eu imaginava que fosse assim. — disse Esther, e olhou para Otniel, seus olhos se encontram. Ele tinha olhos verdes, inesquecíveis, depois dos segundos em que  lembrou-se de responder a avó. — Minha avó, eu levaria a sopa até o seu quarto. Não precisava vir até aqui.

— Eu estou me sentindo bem, perfeitamente bem. — Martha respondeu. Mas não conseguiu conter a tosse.

— Mas nem pense que vai fazer as tarefas domésticas, Chaia foi muito clara, seus pulmões estão fracos, e a senhora necessita de repouso. — Esther a lembrou.

— Não precisa se encarragar do serviço, fique como visita, alguma camponesa pode vir fazer o trabalho da casa, cozinhar, entre outras coisas. — Otniel disse a ela.

— Trabalho não faz mal à ninguém, eu faço questão, não nego ajuda, mas não vim para ficar parada.

Otniel apenas a observava, a menina que por tantas vezes, ele consolou, havia crescido e se tornado em uma mulher cheia de qualidades.

Pouco tempo depois de terminarem o almoço,  os meninos brincavam varanda, quando uma carruagem chegou.

— Tem alguém chegando, papai.  — Hatate disse à Otniel.

— Estou ouvindo o barulho da carruagem. — concordou Seraías.

— Vou ver quem é.  — avisou Esther, saiu em direção a porta.

Era o filho de Calebe, e sua esposa.

— Jéssica, Iru. — Esther disse sorrindo.  — Shalom.

— Bem, eu vim porque soube que a senhora Martha precisa de repouso. Imaginei que você ficaria responsável pelas tarefas domésticas. — disse Jéssica.

— Imagina, não precisava se incomodar. — ela respondeu

— E essa é a minha prima Rebeca, ela ficou orfã. Perdeu a mãe, quando criança, e poucos meses atrás, e agora o pai.

Esther olhou para baixo.

— Sei bem como é isso.

— Pois é, e eu achei que vocês tinham coisas em comum e poderiam se dar bem. — sugeriu Jéssica.

Esther suspirou.

— Quem sabe, desde que não se importe porque eu sou canenéia.

— Eu não me importo. — disse Rebeca.

Era uma moça tão linda quanto Jéssica,  a pele morena e longos cabelos pretos.

Esther sorriu.

— Bem,  eu fiz uma sopa, querem provar? Vocês devem estar famintos depois da viagem.

— É sim, estamos um pouco.

— Então. — disse Esther.  — Vamos lá.

                        * * *

Iru  havia ficado frustrado quando o pai Calebe,  cedeu um campo fértil e com fontes de água superiores e inferiores, para Otniel e Acsa, afinal o que ele o filho primogênito de Calebe,  ganharia?

Depois de se casar com Jéssica, ele também ganhou um pedaço de terra, mas não se comparava às terras de Otniel, ele pensava.

Otniel havia o convidado para ir até sua plantação de uvas. Foram e voltaram à cavalo.  Na volta,  Iru avistou Esther tentando alcançar tâmaras em uma gigantesca, árvore da tamareira.

Esther era linda. Ele tinha que admitir, embora fosse um daqueles que dizia que ela devia ter sido morta na época das guerras. 

O que ele não sabia era que Esther e Otniel estavam próximos, a ponto de ela estar colhendo tâmaras na propriedade dele. Aquilo o fez imaginar coisas.

— Até que você não é bobo, não, meu primo. Se aproveitando do corpo jovem e sensual da canenéia. — comentou, malicioso.

— Eu não acredito que você está pensando algo assim, eu nunca iria me aproveitar de Esther. Meu pai a tem como uma filha. — disse Otniel.

Iru sacudiu a cabeça.

— Mas você só a não tem em seus braços, porque não quer, e sabe disso. Ela e canenéia, elas estão sempre a disposição dos homens.

— Nunca mais fale de Esther desse jeito. Ela  pode ter o sangue caneneu, mas sua forma de pensar, de agir, são diferentes. Às vezes, eu até me esqueço que ela não é hebreia. E eu sempre vou respeitá-la.

Iru não ficou surpreso com as palavras do primo, afinal para ele, Otniel era o certinho da família.

                           * * *

— Shalom, Iru. — disse Esther,  ao vê-lo entrando na cozinha.

— Shalom.

Iru a observava, ao perceber Esther ficou constrangida.

— Você precisa de alguma coisa? — perguntou.

— Uma chá seria bom. — solicitou ele.

Esther assentiu.

— Tudo bem,  eu posso preparar para você.  — disse, e começou a procurar pelas ervas.

— Prestativa você.  — disse Iru a observando. — O que mais você tem para me oferecer?

Esther não queria acreditar que aquilo era o que estava parecendo. Que Iru estivesse tentando seduzi-la.

Ela se virou e viu que ele se aproximava dela.

— Sabe de uma coisa canenéia, quando eu cheguei aqui em Canaã, eu nunca imaginei que iria ver algo assim, algum dia na minha vida. Uma canenéia toda certinha, como você, vivendo entre o nosso povo.

— Isso porque o senhor  julga as pessoas pelas origens, pelo sangue, e não pelo coração. Qualquer um é capaz de ser justo e ter fé, e só querer.

Iru sacudiu a cabeça.

— Não precisa fazer cena,  para mim, não. Eu sei que isso tudo faz parte de um plano: que é conquistar Otniel. Afinal, ele é um dos melhores guerreiros de Israel. Jovem e rico. E você, não é boba,  era princesa quer viver no luxo, novamente.

— Eu não sou o tipo de pessoa que o senhor está pensando que eu sou. Não sou dissimulada, nem manipuladora. Vim porque minha avó é criada de Otniel,  e Chaia recomendou repouso depois do incidente.

— Pelo que Salmon contou na época em que foi espião em Jericó, sua mãe era uma mulher perversa e manipuladora. Como podemos ter certeza de que você não é igual a ela?

E então ele consegui atingi-la. Ele sequer conheceu a mãe dela,  então porque tinha que falar sobre ela?

— Pois você a conheceu como eu.  E acontece que eu não sou a cópia dela. — falou Esther recordando-se da última conversa que mãe teve com ela.  — As pessoas não têm que ser iguais, porque possuem o mesmo sangue.

— Eu não acredito nisso. Para mim os caneneus são todos iguais.  Acho um absurdo essa trégua que permitiu que alguns ficassem vivos. Tínhamos que exterminar um por um.

—  Quer saber, não me interessa quais são os seus planos, eu estou de olho, e não vou deixar você enganar o meu primo. A menos, que... — ele riu malicioso.  — A gente pode se divertir.

— Adultério é contra as leis de Moisés. — ela lembrou. Aquilo era um absurdo,  pensou consigo mesma,  ela a canenéia,  tendo que lembrar à um hebreu sobre as leis que Deus havia imposto.

No entanto, Iru parecia não se importar. Havia um certo divertimento em sua expressão, e em sua voz,  quando ele falou:

— Canenéia, relaxa. Você nem é hebreia. Não tem que seguir as leis.

—  Tenho sim,  a partir do momento que eu passei a viver junto de Israel, tenho que seguir todas as leis de Deus. Eu posso não ter origem hebreia, mas esse é o Deus que eu escolhi seguir.

— Mas continua sendo uma estrangeira, uma canenéia, e eu não acredito em uma palavra do que você diz.

— Você sabe que eu tenho direito a ter de ter uma segunda esposa,  afinal Jéssica não me deu filhos. — ele mudou de assunto.

— Tenha paciência,  lembre-se de Abraão e Sara. — Esther disse a ele. — Quando eles não tinham mais esperança, nasceu Isaque, afinal Deus prometeu a ele, uma decendência numerosa, como as estrelas do céu, e a areia do deserto.

— O que eu não tenho nessa vida, é paciência. Já esperei demais, oito anos. Longos oitos anos! — exclamou, aumentando a voz.

Esther se assustou um pouco, sabia que Iru ficado bastante irado e furioso, às vezes.  Principalmente quando era contrariado ou quando as coisas não saíam como ele queria.

— Sabe,  você daria uma boa esposa,   mas é canenéia não serve. — jogou as palavras com desprezo na voz.  —  Não vou cometer o mesmo erro de meu tio Quenaz.

Esther suspirou,  estava começando perder a paciência com Iru. Além de mudar de humor rapidamente,  ele insistia em ressaltar que ela e sua tia nunca seriam verdadeiras hebreias.

— Quer saber, não sou sua serva. Se quiser o chá,  faça você mesmo. — Esther disse e se retirou do local em seguida.

— Ei, volta aqui,  você não fez o chá... Canenéia abusada. — falou, e pegou uma tâmara. — Pode uma coisa dessas?

                     * * *

Na manhã seguinte, Esther foi até o celeiro, onde encontrou Otniel.

— Shalom.  — disse ela.  — Minha avó me disse que você estava querendo falar comigo.

— É, eu disse. A senhora Martha está bem melhor. — observou.

— Pois é,  bem que Chaia disse que quando voltasse para cá,  ela se recuperaria mais rápido.

— É um lindo animal. — ela elogiou, a égua que estava perto dele.  — Seus cavalos são muito bem cuidados.  Na verdade, tudo aqui é.

— Isso porque os empregados e servos são muitos competentes. Essa égua é mansa, puro sangue, veio direto do Egito,  é ideal para uma dama cavalgar. — disse ele.

— E eu poderia montar? — Esther perguntou,  pois gostava de cavalgar.

— Claro. Eu te faço companhia, se quiser.  — ele sugeriu e Esther assentiu.  — Vou pegar meu cavalo.

Foram até o vinhedo, passando por vales verdes e campinas de flores. Esther sempre ficava admirada com Canaã.  Não devia existir um lugar mais belo no mundo.  Era realmente uma terra santa.

— Eu amei, você tinha razão, ela é mansa. E esses campos são tão lindos. — disse Esther,  quando voltaram.

— Ótimo,  porque ela é sua. Esse é o meu presente.

Esther mal podia acreditar.

— Como assim, minha?

— É isso mesmo,  seu aniversário está chegando e eu não sabia como deveria presentear...

— Eu não sei nem o que dizer.  Esse foi o melhor presente que eu já ganhei em toda minha vida. Obrigada.
Esther o abraçou. A última vez que abraçou Otniel,  era uma criança. Ela havia se esquecido do quanto se sentia segura com ele.

Seus olhos se encontraram. Estava acontecendo, eles estavam se apaixonando.

Mas Otniel ainda estava hesitante, não sabia se estava pronto para o amor novamente.

— Agora você precisa escolher um nome para ela. — lembrou ele.

Esther sorriu.

— Isso é fácil, uma coisa que amo, e é o significado do meu nome: Estrela.

— Estrela. Eu gostei, agora ela tem um nome: Estrela.

Otniel sorriu. Ele dificilmente sorria, e seu sorriso era lindo,  percebeu Esther. 

Durante os próximos dias que permaneceu em Debir,  foram maravilhosos para Esther.  Mas os momentos mais preciosos,  foram suas idas ao jardim secreto e as cavalgadas pela manhã com Otniel.

Ele era sem dúvidas uma das melhores pessoas que ela conhecia. Nunca a tratou diferente, por ser canenéia,  por ser estrangeira.

E cada dia que passava, ela admirava mais Otniel.


Notas Finais


Agora sim, Esther tem sua estrela ❤ No próximo capítulo,teremos #EstherEmJericó, sim ela vai voltar na Cidade das Palmeiras, depois de quinze anos ❤


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