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História Estrelas do Céu de Abraão - Na cidade das palmeiras.


Escrita por: onlyreason

Notas do Autor


Ganhei novos leitores, sejam muito bem vindos, espero vê-los nos comentários, também. Porque incentiva muito continuar contando essa estória, lendo comentários. Boa leitura 📖

Capítulo 14 - Na cidade das palmeiras.



Esther abraçava Kalu, estava feliz que o melhor amigo tenha vindo para seu aniversário.

— Estou tão feliz que esteja aqui.  — disse a ele.

Kalu sorriu.

— E eu não ia vir dar um abraço no dia do aniversário na minha melhor amiga?

— Você não existe, Kalu.

— Existo sim,  estou aqui na sua frente.  Em carne e osso. — falou sorrindo.

Kalu era um rapaz muito alegre,  Esther costumava dizer que ele era como um raio de luz, que conseguia iluminar até os seus dias mais tristes. E fazê-la sorrir.

— Sua tia tem mesmo dom para cozinhar, todo mundo adorou o almoço.

— Não mais do que eu. Reunir os amigos é sempre muito bom!

— Só tem um detalhe, seu aniversário mesmo, é amanhã, não é? — percebeu ele.

— Pois é, você sabe tudo sobre mim,
mas é que vou para tribo de Benjamin,  para Jericó amanhã. — contou ao amigo.

— Jericó? Esther você nunca mais esteve desde, você sabe... Está pronta para isso? — ele quis saber.

— Desde que muralhas cairam, eu sei. Mas eu tenho boas lembranças daquele lugar, era um b... — Esther falava,  então percebeu que Kalu ficou cabisbaixo.

Entendeu o motivo. Para ele, a vida em Jericó não era nada boa.

— Sei que isso pode parece estranho para você,  mas pelo menos para mim, era. Tinha o meu pai, minha mãe, todos no palácio que eu gostava... E foi o Otniel me convidou, ele foi gentil, eu não poderia fazer uma desfeita.

— O Otniel? — perguntou e olhou para onde ele estava. Estava perto do filho Hatate, e conversava com Calebe e Noemi.

— Ah, não. Você também, Kalu? — Esther queixou-se.

— Eu o quê? Nem falei nada. Porque, vocês...

— Não. — ela o interrompeu,  antes que ele terminasse.  — Nós nada, não existe nós. É apenas um passeio, as crianças vão com a gente.

Kalu riu.

— Se você diz.

Conhecia bem Esther, e sabia que ela estava desconfortável com aquele assunto. Com qualquer insinuação sobre ela e Otniel estarem juntos, mas se estava assim porque alguém certamente havia falado algo para ela.

E para Kalu, seria ótimo, embora nunca tivesse pensado sobre isso, Otniel parecia perfeito para Esther, ele achava. 
Era um bom homem, com bom coração. Só era muito sério, desde que ficou viúvo. 

Mas ele respeitaria a amiga, se ela não quisesse falar sobre aquilo tudo bem, além do mais, se acontecesse ele seria um dos primeiros a saber. E secretamente, ele torcia que fosse verdade. Torcia por eles.

— Eu vou para Naftali. — ele desconversou.

Esther sorriu.

—Tribo de Naftali, que saudades! Uma tribo maravilhosa. Um povo alegre, feliz. Os meninos não poderiam ter feito uma escolha melhor. A tribo mais divertida de Israel.

Os meninos "lagartos gosmentos", haviam fugido de Jericó para Ai, na época da guerra, lá ajudaram na fuga dos espiões hebreus, e por isso foram poupados e passaram a viver em Gilgal.   Com a divisão de tribos foram todos para o Norte assim como a canenéia de Ai, Kira, e a mãe, Tileia, o padastro Arauto, além do núbio Zuma, que vivia em Manassés, e Kalu, ficou em Judá, no Sul de Israel. 

— Eu teria partido para lá, mas aqui tem você, Nobá, Nira... — ele suspirou e sorriu.  Esther sabia que Kalu amava Nira. — É, eu não resisti à Judá. Mas vou visitá-lo, alguns estão maiores que eu.

— Também estou devendo uma visita para ele, mas deixa para a próxima.

— Então, a gente se ver daqui a alguns dias.

                        
                        ***

Saíram de Hebron, assim que o sol nasceu, as cidades não eram longe uma da outra. As tribos de Rúben,
Simeão, Judá e Benjamin, eram do Sul. A demais tribos,  eram do Norte. 

— Que cidade linda! — Hatate exclamou,  encantado com Jericó, assim que chegaram.

Ele e Seraías não conheciam a cidade. Era a primeira vez que estavam na cidade das palmeiras. 

— Era assim quando você morava aqui, e era princesa, Esther? — perguntou Seraías, recordando-se dos relatos da infância de Esther que ela sempre contava. 

Olhando em volta,  Esther notava que estava tudo bastante diferente. Ela estava fazendo uma viagem no tempo, lembrando de que raramente, saia o palácio, e como o seu mundo era limitado, agora se sentia livre. 

— Não, tinha as muralhas cercando a cidade, e um palácio, mas as palmeiras permanecem. — disse ela.

— Mamãe.  — disse uma menininha, que passava pela rua e apontou para ela.  — Ela é uma canenéia, não é?

A mãe hebreia, olhou e percebeu que se tratava de uma canenéia, pela cor exótica do cabelo extremamente rubro. Era sempre assim que perceberiam que ela era uma estrangeira.

Contudo, Esther gostava de ter as características dos pais. Os olhos azuis do pai,  e os cabelos ruivos da mãe. Ela era a prova de que eles haviam existido algum dia. 

— Sim,  e é melhor irmos embora.  Não quero que você se misture com essa gente. — desdenhou a mãe. 

Otniel que viu toda a cena, resolveu que não deixaria as coisas daquele jeito.

— Senhora,  espere. — pediu,  calmamente.

A hebreia sorriu ao virar e se deparar com ele.

— Shalom. Você é Otniel, não é?  O guerreiro que conquistou a fortaleza de Debir? Filho de Quenaz, sobrinho de Calebe.

O nome de Otniel se tornou conhecido pelo povo de Israel,  quando ele venceu a guerra em Debir.

Calebe havia prometido sua filha Acsa à casamento há quem conseguisse tal proeza. Pois Calebe, queria expulsar os caneneus que habitavam  naquela região de Hebron. Josué havia entregado Hebron à Calebe,  como herança.

Não havia em Israel homem que amasse  Acsa mais que Otniel. Ele sempre a amou. Depois de tantos anos de treinamento, Otniel se sentia pronto para lutar. E ele venceu a guerra, e casou-se com Acsa.*

— Sim,  sou eu. — confirmou ele.

— É um prazer ter o senhor em uma cidade de nossa tribo de Benjamin.

— Eu vi uma situação que infelizmente não foi muito boa. — Saiba que essa jovem é canenéia sim, mas ela vive como hebreia.

— Desculpe, às vezes julgamos as pessoas pela aparência. — a hebreia respondeu sem jeito. 


                        ***

— Eu não sei o que dizer, só me desculpar por aquela mulher que te destratou. — disse Otniel.

Esther suspirou,  balançando a cabeça. Eles voltaram a caminhar pela rua do comércio de Jericó.

Era uma rua larga, com muitos vendedores, as ruas do comércio, eram sempre as principais ruas das cidades.

— Imagina,  eu e outros amigos caneneus estamos acostumados com isso. No início, era muito pior. — ela falou.

— Eu me lembro,  o que me surpreende é que tanto tempo se passou... E não se deve tratar mal estrangeiro, é a lei de Deus. E também devemos respeitar qualquer pessoa.

— Se todos pensassem como você,  não haveria mais guerra no mundo. — ela sorriu. — O problema é mais comigo,  talvez seja a cor do cabelo. Ou por ter sido uma princesa...

— Eu acho seu cabelo tão bonito. — elogiou ele. — Isso não está certo, nunca vou permitir que isso aconteça na minha frente. Vou sempre falar, isso tem que acabar.

Seraías se aproximou deles.

— Vem aqui Esther, você precisa ver uma coisa... — Seraias a chamou, para mostra algo,  em uma das barracas.

— Eu vou com ele. — disse ela. 

Otniel assentiu. 

— É, vai lá.

Quando olhou para Otniel,  ele olhava para ela. Os dois sorriram.  A troca de olhares era cada vez mais constante.

                             * * *

O lider tribal de Benjamin, era Elidade, sua casa era em Jericó, uma das cidades principais da tribo.

— Você está diferente Otniel, é impressionante o quanto se transformou. Era um guerreiro tão fraquinho, atrapalhado. — Laila falava sem papas na língua.

— Por favor, Laila. — O marido Elidade,  a repreendeu.

— Estou falando a verdade, Elidade. Tudo mundo pensava a mesma coisa, que ele nem parecia filho de Quenaz e sobrinho de Calebe.  Estou eloginado o rapaz, hoje olha para ele, bem apessoado. Triunfou contra Debir.

— Não me importo com que lembre meu passado. Sem ele, não seria o que sou hoje. — disse o guerreiro.

— A tribo de Judá,  realmente se destacou na guerra. — Elidade reconheceu.  — Você é um excelente estrategista.  Sua conquista de Debir,  foi impressionante. Mostrou que sabe liderar um exército. 

— Agora eles vão ficar falando sobre guerra, e outros assuntos que interessa apenas os homens. — disse a senhora Laila.

— Bem, eu acho que a guerra envolve todo mundo, e não apenas os homens. — opinou Esther.

— Então você uma mulher a frente de nosso tempo?

— Já ouvi isso antes, e acho bom. Seria maravilhoso  se mulheres também fossem para a guerra.

— Mulheres na guerra? — Laila falou, entre risos. — Só você menina, que senso de humor! Falando assim nem parece que foi uma princesa.

— E quem disse que uma princesa não pode ser guerreira? — questionou Esther. 

— Seria algo muito raro. Por falar em princesa, como é voltar a sua cidade depois de tanto tempo? — Laila perguntou a Esther.

— Bem nostálgico. — respondeu ela.  — E sinceramente, acho que a cidade está mais bonita, agora. Sem aquelas muralhas, as pessoas se sentem livres. Tudo bem que os muros protegiam a cidade da guerra, mas não há mais guerra.

— Esther,  o que acha de dar uma volta pela cidade agora à noite? — Otniel perguntou a Esther. — Os meninos estavam cansados e dormiram cedo.

— Eu gostaria sim. — ela aceitou o convite .

— Isso mesmo, vocês são jovens tem que sair mesmo. — confirmou Elidade. — Vão em paz,  Jericó é uma cidade pacífica. E a moça está protegida, de qualquer maneira,  ao lado de um dos melhores guerreiros de Israel.

— Você viu, só Elidade? Pelo visto, Otniel e essa moça canenéia vão se casar. — comentou Laila, assim que eles saíram.

O líder tribal discordou,  balançando a cabeça. 

— Eles não dizeram nada que estão noivos.

— E é preciso, meu esposo? Você não viu como eles se olham? Eu conheço essas coisas. Se ainda não a pediu em casamento, vai fazer. — garantiu Laila. 


                      ***

Otniel esperava ver um sorriso de Esther,  como havia sido mais cedo,  na casa de Elidade. No entanto,  ela se fechou, caminhavam em silêncio em direção à uma grande ponte que havia na cidade.

A ponte não existia na época da monarquia. Foi uma construção dos hebreus.

Esther estava maravilhada com a bela construção. Os hebreus estavam cuidando muito bem da terra deles.

— Você disse que gostaria de vir, no entanto parece que não está te fazendo bem. — começou ele. 

— Não é isso, e bom ver que Jericó ainda existe, que está sendo tão bem cuidada. Me sinto honrada, foi aqui que eu nasci. As palmeiras,  foi uma das coisas que não se perdeu. — ela sorriu.

— Eu sempre gostei muito desse rio. — contou Esther. — Quando eu era pequena, eu implorava para meu pai deixar eu vir até a margem. E aí tudo virava um grande cortejo. Porque os soldados me escoltavam e essas pessoas na rua ficavam olhando.

— Sente falta de sua vida de princesa? —  perguntou a ela. 

— Da nobreza não, gosto da vida como hebreia,  gosto do onde vivo. De meus amigos,  gosto da minha vida.  O que eu sinto falta de verdade, é das pessoas da infância,  das pessoas que eu perdi. Meu pai principalmente,  ele me amava muito.  Disso eu nunca tive dúvidas. 

Ficaram em silêncio,  Otniel pensava em quanto ela havia perdido. Ela era mesmo uma sobrevivente. 

Ele quebrou o silêncio entre eles. 

— E lá estão as doze pedras da aliança. 
— disse.  — Não tive o privilégio de atravessar o Mar Vermelho, mas atravessei o Jordão. Foi um dos dias mais emocionantes da minha vida.  

— Presenciar um milagre é emocionante mesmo, e inesquecível. — disse ela. — Eu mesmo nunca me esqueci do dia em que sol parou. 

— Eu também nunca esquecerei.  — confessou ele.  — Estava na batalha de Gibeão. 

Esther suspirou, olhando para o rio. As águas estavam calmas naquela noite. 

— Eu só lamento que tanta guerra que Israel teve que enfrentar. Eu tenho que admitir que não entendo. Uma década de guerra. Foram trinta e um reinos, milhares de mortes, em cada reino, cada cidade. Não foram apenas os poderosos e exploradores que morreram. Além do mais, a guerra traz baixa dos dois lados. Muitos hebreus morrem, também.

— Também no inicio da guerra, quando eu era um guerreiro inexperiente, pensei dessa forma, mas num lugar, onde a maldade e o mau são maioria, e preciso exterminar, para fazer de jeito novo.  Somente na fé do Senhor, vivemos com dignidade, somos livres e felizes.

— Pense nas coisas boas que lhe aconteceram, Deus tem sido misericordioso e bom para você. Preservou sua vida, e também de sua tia e sua avó, pessoas que a amam, aproveite essa benção. Não deixe que o desanimo, a dúvida, acabem que sua chance de progresso.

— Você fala com tanta fé,  é muito bonito. — ela o admirou. 

— Tenho me sentido muito bem,  ultimamente. Me sinto vivo,  de novo. Sinto que minha fé ser renovada a cada dia.

O silêncio se estalou novamente entre eles. E houve mais uma troca de olhares,  como vinha acontecendo a algum tempo. 

Eram só os dois, e Otniel soube que não podia mais fugir. E ele não queria fugir. Sempre foi muito tímido, mas isso havia mudado. Agora,  ele era um homem seguro que sabia o que queria. E quem queria.

Otniel estava mais lindo do que nunca, Esther não pode deixar de notar como ele era lindo, a luz da lua prateada,  refletindo os longos cabelos loiros que ele tinha e os olhos verdes.

Enquanto Otniel, quase  se perdia nos olhos azuis dela.

— Eu não vou mais fugir do que estou sentindo.  Não posso mais. — suspirou. — Esther... eu nunca pensei que isso fosse possível, mas você me fez acreditar que eu posso amar novamente. 

Ele segurou na mão dela. E Esther, se  deu conta de que era o que mais desejava ouvir. 

— Eu estou apaixonado por você, e por isso preciso saber se você corresponde aos meus sentimentos? — ele quis saber. 

— Sim,  eu estou sentindo o mesmo.  — ela sussurou, sentindo que ambos estavam perto demais. 

Fechou os olhos, e se entregou ao momento. Estava sendo beijada pela primeira vez. 

Quando o beijo se desfez, Otniel se afastou e olhou nos olhos azuis de Esther. O azul encontrando o verde. 

— Esther, saiba o que eu estou sentindo por você é especial. — disse ele, emocionado.  — Eu quero me casar com você, quero ter o privilégio de ser seu. De passar até o último dia de minha vida ao seu lado. Você aceita se casar comigo, Esther? 

Ela o abraçou, e o beijou dessa vez,  e isso era a resposta que ele precisava. Esther percebeu naquele instante,  que seu lugar era nos braços dele.  

Finalmente ela havia encontrado o seu lugar. Sua resposta só poderia ser sim, e essa foi sua resposta quando ela conseguiu se pronunciar,  emocionada.  

— Sim,  eu aceito. — disse ela.  — Aceito me casar com você,  Otniel. 


Notas Finais


*Juízes 1: 9-15 (Sério, leiam se ainda não leram, Otniel é mesmo como o significado do nome: "Leão de Deus", forte e destemido)
Espero que tenha gostado porque eu amei, Esther finalmente voltando em Jericó,  depois de quinze anos, no dia do aniversário dela e o otp acontecendo ❤ ❤ ❤


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