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História Estrelas do Céu de Abraão - Renúncia.


Escrita por: onlyreason

Notas do Autor


Martha na capa!
Boa leitura! 📖

Capítulo 17 - Renúncia.


Fanfic / Fanfiction Estrelas do Céu de Abraão - Renúncia.


Havia algumas rosas de saron na varanda da casa de Otniel.

Esther ainda não havia cansado de admirar a belíssima flor.

— Eu não canso de admirar essa rosa de saron. — disse a Martha, ao vê-la se aproximar. 

Martha estava com duas xícaras de chá. E entregou uma a Esther, que agradeceu. Adorava os chás feito pela avó. Martha havia sido cozinheira no passado, exatamente como a mãe. Cozinhava muito bem, e na casa de Otniel, era o que mais fazia, cozinhava. 

— Espero que dia Otniel te leve na planície de Saron. Segundo ele,  é um lugar tão lindo.  — comentou com a neta.

— Eu quero sim conhecer a origem dessas flores lindas. No seu casamento podemos colocar por todos os lados. — sugeriu.

 — É uma ótima ideia. — respondeu, com um misto de felicidade e ansiedade. — Ainda parece meio surreal que eu vou me casar. 

— Mas, é real. A prova é esse anel que está em seu dedo. Eu te disse Esther, que quando você encontrasse o amor, a vida iria se transformar. 

Esther sorriu.

— O que foi,  Esther?  — perguntou Martha,  ao perceber que a neta suspirou pensativa. 

— Acho que ando muito sentimental e nostálgica.  Ontem chorei olhando para as estrelas.  Lembrei de meus pais. Também a tia Adele se abriu comigo. — contou. — Falou sobre o passado. 

— Acho que está na hora de eu contar minha história. 

— Sabe que a tia Adele falou isso. — Esther recordou-se.  — Que havia mais coisa,  "mas não é minha história" , ela disse.

— Sente-se aqui,  comigo. — pediu Martha.

 Esther sentou, contemplando a paisagem. A vista da varanda era belíssima.   

— O pai de Kalési era Adoni-Zedeque. — Martha falou de uma vez. — O rei de Jerusalém era seu avô. 

Esther pensou que tinha ouvido errado. 

— Mas o meu avô,  não era o irmão dele? Seu marido,  Aníbal? 

— Como eu queria que fosse, mas não.  Aníbal foi a minha salvação.

— Como assim? 

"Eu vivia aqui em Hebron, quanto era um reino. Por isso gosto tanto de viver aqui, novamente.  Na época, essas terras eram governadas por um rei. Minha família não era nobre,  era da plebe.

"Nós mudamos para Gibeão, por causa dos altos impostos que tínhamos que pagar. Meu pai era artesão, minha mãe curandeira, e Gibeão era uma cidade livre,  achávamos que não teríamos que pagar impostos tão altos.  Mas estávamos errados.

"Os Gibeonitas tinham que pagar impostos ao rei de Jerusalém."

 "Depois da morte de meus pais, eu fui trabalhar cozinha do palácio de Jerusalém, e lá conheci Aníbal. Ele era príncipe e mesmo assim nos apaixonamos. Era um amor proibido.
 
 "Assim que o rei, o pai dele morreu, Adoni-Zedeque, o irmão mais velho de Aníbal, perdeu a razão no inicio de seu reino. E ele ordenou que eu me deitasse com ele, eu não queria, mas ele era o rei. Eu havia percebido uns olhares dele, mas nunca imaginei que chegaria a esse ponto...

"Tempos depois,  eu descobri que estava grávida. Aníbal mesmo sabendo disso,  se casou comigo.  Disse que me amava.

"Tanith, a rainha, me odiava, porque ela sabia que minha filha era filha de seu marido também. Kalési tinha cinco anos,  quando Aníbal morreu, ele teve um ataque cardíaco. Foi a partir desse dia,  que eu não tive mais paz.

" Eu não queria ter deixado minha filha, mas eu não aguentava mais Tanith, ela fazia de tudo para fazer infeliz naquele palácio. Certa vez, tentou me envenenar. Eu deveria ter sido mais forte, porque eu deixei a Kalési ser criada com aquela mulher perversa. Se eu ficasse no palácio, talvez teria sido diferente.

" Foi ela que ensinou Kalési, a dançar com as serpentes. E também todos os princípios errados que ela considerava certo.

— Mas a minha mãe sabia que era filha do rei? — perguntou Esther.

Martha negou.

— Ele era muito preconceituoso. Preferiu criar Kalési como sobrinha, porque não tinha a coragem de admitir que teve uma filha com uma simples plebeia.

— Mas não era comum os monarcas terem filhos ilegítimos? — indagou mais uma vez. 

— Era,  mas parece que ele sabia que Kalési seria sua única filha.  Ele teve dois filhos com Tanith: Adon e Adonibaal.

 "Eu implorei para Adoni-Zedeque deixasse eu partir com Kalési, mas ele não permitiu. Eu sabia que não faltaria nada para Kalési no palácio, do faltou amor de mãe.

"Minha filha se transformou,  ela parecia querer ser filha de Tanith,  porque ela era rainha. E eu era uma simples plebeia,  tentando ser princesa.

Esther recordou-se de uma conversa que teve com Adoni-Zedeque. Na verdade apenas ele falou,  porque ela estava bastante doente. 

Poucos dias haviam se passado,  da destruição de Jericó,  e ela permanecia junto dos curandeiros reais. 

O rei de Jerusalém entrou fazendo com todos o reverenciar.

— Como ela está? — questionou ao principal curandeiro.

— Ainda com febre,  Soberano.

— Você e sua mãe Kalési,  sempre foram como filhas para mim. — começou o rei. —
 Se bem que eu estou mais para seu avô, do que pai.

— Sua vida será aqui agora, Esther.  A partir de hoje,  você será princesa de Jerusalém. 

Aquela foi um dos poucos contatos,  que teve com o avô.  Ele era um rei e assim como o pai, tinha pouco tempo. 

O que Adoni-Zedeque não fazia ideia do quanto estava errado. De que Israel destruiria seu reinado.

Agora Esther entendeu o que ele queria dizer com "eu estou mais para seu avô"

Tinha muito o que lamentar. Mulheres de sua família,  fortes que tinham fé,  Adele e Martha, sofreram tanto no passado. A mentira de seu avô, trouxe tantas consequências.

 Se Adon soubesse que era irmão de Kalési, talvez não tivesse feito tão mal a Adele.

— Adon e minha mãe, eram irmãos. Tia Adele disse que ele estava apaixonado por ela. Pela irmã, sem saber.  — Esther pronunciou, em choque. 

— Pois é, por isso que ele logo a casou com Marek. Eles nunca souberam da verdade.

— Eu sempre tive medo,  inclusive de você não entender. E vergonha, por isso nunca te contei sobre isso. — completou Martha.

— Tudo o que a senhora me contou aqui não muda nada, quer dizer, muda sim. Faz com que sinta ainda mais orgulho, porque apesar de tanto sofrimento, a senhora resistiu. E está aqui, recomeçou sua vida. 

Esther segurou a mão da avó. 

— Infelizmente os seus pais eram muitos poderosos, e até cruéis. Eu não conseguia entender o que tinha acontecido com minha filha. O que fizeram com ela? Com a minha Kalési?

— Mas você, não. Você é diferente Esther, sempre foi.

Lembranças de quando Esther era uma menina,  voltaram:

— Vovó. — disse ao chegar correndo, junto de Adele.  — Estou feliz que vou passar uns dia aqui.

Martha a pegou no colo e sorriu.

— Mas a minha casa é tão simples.  Não vai sentir falta daquele castelo lindo que você vive, minha princesa? 

Esther balançou a cabeça, e os cachos vermelhos se moveram junto.


— O que importa de verdade,  não é o lugar,  e sim as pessoas que amamos. — respondeu a menina.

Martha sorriu. Esther era algo bom em meio a tanto sofrimento que havia sido sua vida.

— Eu também te amo muito, princesinha.

— E me dá tanta alegria ver que ela poderá ter uma vida diferente da mãe, uma vida guiada por Deus.

Avó e neta se abraçaram emocionada.

— Eu te amo, Esther.

— Eu também minha avó, amo muito. — ela sussurou de volta.

Hatate veio correndo e parou na escada,  e encontrou avó e neta abraçadas.

— Hatate. Vem aqui. — chamou Esther assim que o viu. — Quer um abraço também? Ele assentiu.

— Que abraço gostoso! — exclamou ela. 

Ele olhou para a noiva do pai. 

— Sabe de uma coisa?  Estou muito feliz que você e o papai vão casar.  — revelou Hatate.

— Gosto muito de você, Esther.

 — Eu também gosto muito de você, meu menino. — ela o abraçou novamente. 

— Ah, temos visita. — avisou o menino.

— Quem? — questionou Esther, fazendo carinho, no cabelo dele.  

— Gael, filho de Haniel.  De Manassés. 

Imediatamente, Esther pensou em Lila e Nobá, o melhor amigo deles estava de volta.
                                     
                              ***

— Shalom Gael,  quanto tempo! — exclamou Esther.

— Pois é, estava em Siquém com a minha família. — explicou, o rapaz de Manassés. 

— E como eles estão? Minha tia sempre fala sobre Tirda, e o tio Quenaz sobre o Haniel.

— Estão bem.  — falou em seguida, sorriu. — Otniel me contou que vocês estão noivos. Fiquei muito feliz, Otniel é um grande amigo e você,  é muito especial também.  Vai para Hebron ainda hoje? — perguntou a ela. 

— Sim,  eu quero passar um tempo à mais com Quenaz, Adele e Seraías. Porque em breve eu não vou mais viver naquela casa.  

— Não tenho do que reclamar,  estou muito feliz de saber que vou morar aqui. — completou olhando para Otniel, que sorriu abertamente para ela. 

— Posso pedir a um lacaio para preparar um cavalo para você, Gael? — perguntou Otniel.

— Seria ótimo, ir até Hebron cavalgando, é uma paisagem linda. Obrigado, Otniel.

— Podemos ir juntos,  então. Eu vou com a Estrela.  É minha égua. — Esther disse a ele.

Gael ficou surpreso.

— Não sabia que tinha uma égua,  nem que era uma amazona.

 — Claro que sei cavalgar. O tio Quenaz me ensinou. 

— Só falta você me dizer que é uma espadachim. — falou Gael sugestivo.

— Quase isso, eu bem que gostaria. — Corajosa. — elogiou Gael.

— Uma mulher a frente de nosso tempo. Parabéns para coragem.

— Então é isso. — falou Otniel. — Vão os dois para Hebron cavalgando. Meu amigo Gael fará companhia para minha noiva corajosa.

                     *** 

Gael  lembrou-se da discussão que acabou de ter com Lila.  Tinha acabado de chegar em Hebron, e assim que se separou de Esther, e combinou com ela, de fazer uma visita a Raabe e Salmon, no dia seguinte. Ele estava se preparando para encontrar com Lila, depois de ter praticamente fugido dela, depois de se declarar. 

Estava em frente à casa de Orias. E viu Lila descendo as escadas. Otniel contou a ele,  que Nobá e Lila estavam juntos,  claro que não fez por mal.  Afinal ninguém sabia como ele se sentia pela amiga. 

— Gael. — pronunciou ela,  ao chegar perto dele. Não conseguiu dizer mais nada.

— Porque com o Nobá? Não precisava ser com ele, Lila. Meu melhor amigo. E não tão cedo, você quer me torturar, é isso?! — ele foi logo dizendo.

— Eu não acredito em você, o problema é apenas porque é o Nobá.  A verdade é que você não esta pronto para me ver casada com ninguém que não seja você.

— Não estou, porque eu te amo. Eu sempre amei e sempre vou amar. — Gael declarou a ela.

Lila nem conseguiu conter as lágrimas na frente dele.

— Nem pense que está sendo fácil para mim,  Gael. Porque não está sendo fácil.

Logo em seguida,  ela saiu dali,  chorando.

Gael suspirou profundamente e subiu as escadas,  aquele lugar era tão familiar.  A casa de seu melhor amigo. 

 Encontrou a senhora Milah na porta.

— Shalom. — disse ele.

— Shalom Gael, entre. — respondeu a mãe de Nobá, sorrindo.

 — Nobá, olha quem veio te ver. — disse a senhora Milah.

Nobá se aproximou sorrindo. E abraçou o amigo. 

— Gael, meu amigo. — disse sorrindo.— Está vendo minha mãe? Gael não consegue ficar por muito tempo em Siquém, ama essa tribo de Judá.

— É,  eu estou vendo. Parece que nasceu na tribo errada. — Milah comentou.

Gael pensou que nunca tinha ouvido algo tão certo.  Era exatamente como se sentia.  Agora, mais do que nunca se sentia na tribo errada, mas do que isso ele desejava ser de Judá e não de Manassés,  só assim ele poderia viver seu amor com Lila.

Foram conversar no quarto de Nobá.

— Você sabe que pode ficar aqui,  quanto tempo quiser. Você é de casa, meu amigo. 

— Tirda e Gael me tratam tão bem quando eu vou para Manassés. 

— Pois é,  eu tenho que ir para Naftali,  também.  Rever uns amigos. — Nobá falou. 

— A divisão das tribos foi muito bom, porque agora cada um tem o seu lugar, suas casas, mas por outro Gilgal, nos deixávamos mais próximos. 

— Nem me fale. Sinto falta de muitas pessoas. 

— Eu estou cortejando Lila, vou pedi-la em casamento em breve. — contou a Gael alegremente. 

— É,  eu a vi quando cheguei.  — respondeu,  sem jeito.

Nobá sorria como ele nunca tinha visto antes, nunca tinha visto o amigo tão feliz.

Gael, então pensou na injustiça que estaria cometendo ao dizer que Nobá não deveria se casar com Lila, que a amava e que sofria ao ver os dois se casando.

Afinal, se não fosse com Nobá, seria com outro, era muito melhor vê-la com alguem que ele admirava tanto, do que com um desconhecido.

Pelo menos, ele faria a mulher que ele amava feliz. E que direito ele tinha de impedir a felicidade de um amigo? Do seu melhor amigo.   

Por isso toda sua coragem desapareceu e ele não disse nada sobre seu amor por Lila.                   



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