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História Estrelas do Céu de Abraão - Em Gilgal.


Escrita por: onlyreason

Notas do Autor


Olá, estou de volta com mais alguns capítulos, Adele na capa dessa vez. 

Capítulo 3 - Em Gilgal.


Fanfic / Fanfiction Estrelas do Céu de Abraão - Em Gilgal.


Alguns meses haviam se passado desde da destruição de Jericó, e a cidade de Ai, que ficava ao lado de Jericó também, foi tomada e consagrada ao extermínio.

A princesa Adele, nunca tinha visto aquele palácio tão cheio, como naquele dia. Comitivas de diferentes reinos vieram para a cidade de Jerusalém.

Gibeão, cidade livre, que ficava próxima de Jerusalém  havia feito aliança com Josué e seu povo. Por isso,  o reino de Jerusalém e outros quatro reinos caneneus decidiram que lutaria contra Gibeão, por terem feito uma aliança de paz com Josué.*

Na sala de banquetes, o rei Adoni-Zedeque ceiava com os príncipes,  seus filhos, irmãos e também com os príncipes de outros reinos, outras Casas.

—  Com nossos exércitos juntos, seremos invencíveis contra esses Gibeonitas traidores! — dizia o rei.

Na mesa, todos bridaram com suas taças, que continha o mais puro vinho do reino.

— Exatamente o que Marek dizia. — disse a princesa Adele.  —  Eu vi a queda dele, do meu irmão.  E o Soberano perdeu sua sobrinha Kalési.  Não tem medo de perder sua outra sobrinha, Esther? Perder sua família e até a própria vida?

— Para com isso, Adele. — murmurou o marido Adon, ao lado dela.

Porém era tarde demais. O rei estava totalmente interressante no assunto. Gostava de ser desafiado, isso raramente acontecia, ainda mais diante da corte e membros de outras Casas.

— E o que acha que devemos fazer,  princesa de Jericó? — questionou o soberano.

Sem hesitar, Adele respondeu:

— O mesmo que os Gibeonitas. Eles, sem rei, foram mais sábios do que as autoridades de Jericó e Ai.

O rei gargalhou. E  junto dele,  gargalhadas se estenderam pela sala de banquetes. Como se ela tivesse dito alguma piada.

Depois, lançou um olhar para a princesa.

— Não sabia que a princesa de Jericó, tinha tanto senso de humor.

— Não foi uma piada. É uma dura realidade, das quais temos duas saídas, seguir o exemplo de Gibeão, ou morrer. — ela respondeu, séria.

O medo de ver Jerusalém destruída,  era maior do que receio que sentia de desafiar o Rei.

Todos na mesa ficaram em silêncio. O Rei respondeu:

— Está sugerindo que Jerusalém vire servo de um povo de ex-escravos? Os Gibeonitas estão perdidos juntos com os hebreus. Eram dependentes de meu reinado. E agora são servos de hebreus. Um povo que também era escravo, à pouco tempo.  Irei lutar  contra os Gibeonitas, e se for preciso contra os hebreus. Assim destruimos os dois de uma única vez. — finalizou o assunto.

                        * * *

Adon entrou nos aposentos atrás de Adele, furioso.

— Como você ousou enfrentar o rei daquele jeito? Na frente de todos, da corte?!

— Eu perdi meu irmão, a cidade onde nasci, minhas riquezas, tudo. Os reis tem que admitir o Deus dos hebreus, é poderosos, e que eles não tem mais o poder de antes.

Adele sentiu o rosto queimar com um tapa forte que levou do marido.

— Nunca mais ouse falar nesse Deus, novamente. Muito menos na frente do rei. Entendeu Adele?

— Sim,  meu marido. — ela respondeu,  com lágrimas nos olhos.

— Ainda bem,  você sabe que não é algo inteligente deixar o soberano irritado.

Foi naquele momento que Adele percebeu que não adiantava, dizer nada.  Estavam todos cegos naquele palácio.

Se ela queria sobreviver do mesmo horror que aconteceu em Jericó, teria que fugir, novamente.
 

                        * * *

Adele se preparava para mais uma fuga de um palácio.  Estava decidida do que faria. Dessa vez, no entanto, era uma situação completamente diferente. O palácio era o de Jerusalém, ao invés de Jericó,  e ela não tinha a aprovação do rei.

O que tornava tudo perigoso. E fazia dela, uma traidora do rei. Ela sabia dos riscos,  mas sabia dos riscos de ficar em Jerusalém,  os poderosos que não eram capaz de perceber que sua luta contra Israel era impossível de vencer.

Era Deus lutava quem lutava por Israel. Um Deus poderoso e  único. Um Deus bom que amava e protegia aqueles que crêem nele.

E tinha Adon, seu marido que nunca a perdoaria,  mas ela pensou em todo o sofrimento que ele a causou durante anos e que na verdade,  que precisava de perdão era ele.

— Para onde vamos? — Esther perguntou. 

Adele tinha certeza de que viver junto da avó faria ela se sentir ainda melhor.

— Nos juntar aos hebreus.

— Nobá sempre dizia que o Deus dos hebreus é bom. — recordou Kalu, e soltou um suspiro. — Sinto tanta falta de Nobá e dos outros meninos, eles devem ter morrido em Jericó. Todos eles. stavam planejando um fuga, mas não sei se conseguiram.

Esther colocou sua pequena mão no ombro de Kalu.

— Não fique assim, lembre-se do que você diz, nós não estamos sozinhos, temos um ao outro.

— E sempre vai ser assim. — respondeu, antes de envolva-la em uma abraço.

— Vem cá, tia.

Ela abraçou as crianças.

— Agora, vamos. Que o Deus dos Hebreus, nos proteja.

                   * * *

Algumas horas mais tarde, Gibeão já poderia ser vista de cima. Era uma cidade grande, quase tanto quanto Jerusalém.  Sempre foi uma cidade livre,  sem rei, no entanto dependente de Jerusalém.

Adele disse ao cocheiro que ele poderia voltar para o Reino. Mesmo hesitante,  ele partiu com a carruagem.

Ao se aproximar,  avistou um senhor que trajava como um guerreiro.

— Shalom. — disse ele.

A princesa não conhecia ela forma de falar,  mas achou agradável.  "Shalom".

— Eu ouvi dizer que essas terras, agora pertencem aos hebreus.

— Sim, agora pertencem. Sou um guerreiro de Irsael, como posso ajudá-la?

— Sou Canenéia, e vim em paz. Desejo falar com uma moradora de Gibeão. Ela se chama Martha.

— Bom, eu vou precisar de mais informações, de que cidade-estado você vem, e quem são as crianças. — apontou para Esther e Kalu.

Depois de alguns minutos, O guerreiro ficou muito impressionado e admirado com a história contada por Adele. E principalmente pela fé demonstrada por ela no Deus de Israel, uma Canenéia de fé, ao contrario de muitos hebreus que duvidavam.

— Nunca ouvi algum assim. Creio que poderá sim viver junto dos Gibeonitas. Por hora, pode procurar pela avó da menina. Enquanto isso, falarei com Josué, nosso lider, sobre sua situação, imagino que ele vai desejar vê-la.

                                * * *

Quando Adele,  finalmente, encontrou Martha,  Esther e Kalu estavam distraídos com a cidade de Gibeão.

Para Kalu, tudo era uma novidade, afinal ele nunca esteve naquele lugar. Para falar a verdade, a convivência com Adele e Esther, trouxera muitas novas experiências, antes ele nunca tinha saido de Jericó. Já Esther conhecia um pouco de Jerusalém e também Gibeão, em suas temporadas fora de Jericó, às vezes ia até a casa da avó,  mas nada além disso.

— É, Canaã é muito maior do que eu imaginava. — comentou ele, impressionado. — Os portões de Jericó, sempre foram o meu limite.

— Existem muitas outras cidades-estado, tenho certeza de que com o tempo, conheceremos muito outros lugares. — Esther disse.

Adele se aproximou de Martha.

— É maravilhoso vê-la novamente, Adele.

— Assim que soube o que o Gibeonitas foram capazes de fazer, a sabedoria com a qual agirão, não consiga parar de pensar no quanto eu me orgulhava do povo dessa cidade. Da sabedoria que tiveram.

—  Adele, o seu rosto. O que é isso? Você foi agredida!?

— Fui, na verdade,  venho sendo agredida moralmente e fisicamente por Adon a muito tempo.  — contou tristemente.  — Não há mais ninguém para me defender, meu irmão está morto. E o mesmo acontecerá comigo, se voltar para o castelo.

A senhora Martha pensou um pouco.

— Não tenho certeza, mas acredito que poderia ficar aqui. Só que seria uma serva, assim como eu. Estou como criada de uma família.  São pessoas muito boas.

— Bom, eu não importo, meu irmão, era rei, e hoje está morto. Ser nobre, até quando, até Jerusalém ser atacada?

— Josué é um homem bom e justo, certamente vai aceitá-la, você tem que apenas deixar de adorar aos Deuses de Canaã. Como nós Gibeonitas fizemos.

— Eu ja não adoro a esses deuses há muito tempo. Desde que perdi meu filho para eles,  em um sacrifício.

                                                                     
                            * * *

A fama de Josué havia se espalhado por toda Canaã, em todos os reinos, do Norte ate o Sul, e Adele tinha ouvido falar muito sobre ele. Ainda assim, está frente a frente a ele, e o sumo sacerdote de Israel, era um privilégio.

Ela havia contado toda a história de sua vida para eles, e também sobre os últimos meses,  a "fuga" para Jerusalém e agora,  a fuga para Gibeão.

— É mesmo um relato impressionante. O que mais me impressiona é sua fé. Mesmo sendo criada, dentro da cultura da religião Canenéia, temeu ao Deus de Israel.Agiu com sabedoria, assim como os Gibeonitas.

— Eu não sei explicar, primeiro que eu nunca me senti no lugar certo a minha vida inteira, como um peixe fora d’agua, todos esse costumes sempre me parecerem tão errado. E quando eu comecei a ouvir que existia um Deus bom, que zelava por seu povo, eu senti curiosidade, eu quis acreditar que fosse real, que não fosse apenas uma lenda como todos diziam.

— É muito mais fácil para um oprimido se conventer que um nobre, uma princesa, que sempre teve tudo. — disse Calebe, também impressionado. — E mais uma vez, uma caneneia nos surpreendendo com o tamanho de sua fé.

— Existe outra?

— Sim, Raabe,  ela não é princesa, mas é uma filha de Jericó. Mas assim como você, ela demonstrou tanta fé, ajudou espiões hebreus e por isso teve sua vida poupada. — contou Josué.

Adele desejou poder conhecer Raabe,  essa mulher tão corajosa, e acreditou que se os hebreus tivessem compaixão dela, em breve teria a oportunidade de conhecê-la.

— Eu nunca tive tudo, era nobre,  porem muito infeliz. E tinha as crianças,  eu não tenho filhos de sangue,  mas sou responsável por Esther e Kalu.

— Terei que falar sobre vocês duas, quando me reunir com os lideres das tribos,  para decidirmos, mas do que depender de mim, poderá sim viver em Israel,  assim como os Gibeonitas.

— Sabia que tem a minha aprovação, também. — completou o sumo sacerdote, Eleazar.

                              * * *

A figura poderia parecer fantasmagorica não se tivesse tanta vida, e tanta cor, nos longos cabelos ruivos e ondulados, que batiam no meio das costas, o corpo era pequeno e frágil, e de costas fitava a água do Jordão.

Era uma menina.

O jovem Otniel  não conseguia parar de olhar, para aquela visão a beira do rio Jordão, desde que a viu.

— Ei.  Você está bem? — perguntou se aproximando.

Ela se virou para ele.  E então, ele viu os olhos. Azuis como o mar. Mas ela tinha um olhar triste.

— Você precisa de alguma coisa? — perguntou ele.   — Está tudo bem?

Ela começou a se afastar dele.

— Espere. — falou Otniel,  quando ela começou a correu.

Mas já era tarde demais, alguns segundos depois,  a garotinha já havia desaparecido.

Na mesa, durante o jantar,  Quenaz observava o filho,  o prato quase intocado.

— Parece intrigado com alguma coisa, Otniel. — observou.

— É uma coisa que aconteceu hoje. Uma garotinha, olhando para o Jordão. Ela parecia tão triste, quando tentei falar com ela, me aproximar, ela correu...

Quenaz deu de ombros.

— Devia ser alguma menina hebreia.

— Acredito que não era. São raras, ruivas, no nosso povo. Pensei que ela poderia ser uma Canenéia.

— Ah, sim. — recordou-se o pai. — Pode ser alguma Gibeonita ou...  É claro, Josué permitiu que duas princesas Canenéias sobreviventes de Jericó,  vivessem entre nosso povo. Uma delas, a fiha do rei, é apenas uma menina. Deve ser ela, chama-se... Esther.

— Esther.  — repetiu.  — Um belo nome.

Otniel que estava satisfeito com a guerras vencida por Israel até aquele momento,  se entristeceu com aquilo.

Tão jovem e com uma história de vida tão triste, e fatada e ser julgada, por algo que não tinha a mínima culpa.

Pelos erros de seus pais e pelo sangue.

Otniel sabia como muitos hebreus agiam, com ele mesmo, que era hebreu era humilhado, substimado. Como não tratariam uma Canenéia como ela?

Pediria a Deus em suas orações por Esther. Que Deus a protegesse, sempre.


Notas Finais


* Livro de Josué, Capítulo 9


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