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História Estrelas do Céu de Abraão - Conversas, lembranças.


Escrita por: onlyreason

Notas do Autor


Shalom à todos! ❤ Boa leitura para todos!

Capítulo 42 - Conversas, lembranças.




        Aproveitando  que  estava  em Hebrom,  pois  foi visitar sua  irmã Sara,  Boaz  foi  até  a  oficina de  seu amigo artesão,  Seraías.


           — Shalom Seraías. — começou ele.

Seraías olhou para ele e sorriu fraco.

— Boaz, shalom.

— O que está havendo, meu amigo? — Boaz indagou ao ver o nervosismo do melhor amigo.

— É que eu pretendo me declarar para Tamar. — sussurrou. — Ela ficou de vir aqui hoje, prometi dar um presente à ela.

— Finalmente decidiu se declarar, isso mesmo, Seraías. Faça isso.

Ele respirou fundo.

— Mas não faço ideia de como fazer, o que dizer há ela...

— Nem tente planejar nada, apenas olhe nos olhos dela e abra seu coração. Diga à ela exatamente o que sente.— Boaz o aconselhou.

— Meu pai me contou certa vez que teve muita dificuldade para se declarar para a primeira esposa, Yarin. — relembrou ele, e acrescentou. — E com minha mãe, não foi diferente.

— E pelo visto, você se parece com ele nesse sentido.

— Pois é, de qualquer forma estou grato pelos conselhos. — agradeceu, dando tapinhas no ombro de Boaz

— Que nada, meu amigo. — ele respondeu risonho. — E o Hatate foi mesmo para Moabe? — perguntou ao se recordar do sobrinho de Seraías.

— Sim,  ele foi. Eu queria ter ido também, mas não sou um soldado. Esther precisa é de segurança e paz.

— O importante é que estejam bem, e que o bebê nasça em segurança.

— Emuná.

— E do que se trata o presente? — quis saber Boaz.

— É um colar, eu esculpi o nome dela.— falou, e então mostrou à ele.

— Você teve bastante trabalho manual para fazer. Ela certamente vai gostar. 

— Eu espero que sim.

— Estou indo embora, vou deixar vocês sozinhos. Que dê tudo certo! Shalom.

— Shalom, Boaz. Até mais, meu amigo.

Pouco tempo depois, Tamar chegou a oficina.

— Shalom, Tamar. — Seraías disse.

— Shalom. —respondeu ela.

Atrapalhado, ele deixou derrubar, vários objetos de seu trabalho no chão. Tamar o ajuda, e pegar os objetos no chão.

— Está tudo bem? — perguntou à ele.

— S-sim. — ele gaguejou e sacudiu a cabeça. — Quer dizer, na verdade não está não...— falou se levantando.

— E por quê, não?

Foi até uma mesa, e pegou o colar que havia feito para ela.

— Aqui está a surpresa que eu te prometi.

Era um colar, com o nome dela. Tamar segurou colar fascinada.

— Obrigada Seraías, eu amei o presente. Você pode colocar em mim? — pediu ela.

— Claro.

— Ficou perfeito. — ela se virou para ele.

Nervoso, ele perguntou a primeira coisa que veio a cabeça.

—É... Você sabe a história de seu nome?— perguntou e a jovem assentiu.

— Sim, Tamar era cananéia, como eu.Depois de esperar anos para se casar com o terceiro filho de Judá, segundo o levirato, mas foi com o sogro Judá que ela teve filhos gêmeos, ela é a matriarca da tribo de  Judá. — Tamar falou, deixando claro que conhecia as histórias do povo Israelita.

— Na minha família, isso é bastante comum. — comentou ele.  —Hebreus casando com mulheres estrangeiras.

— Isso é ótimo. Mostra que vocês não tem preconceito.

— No amor preconceito não existe. Deus também não tem preconceitos. — Seraías disse, e respirou fundo.

— Você parece nervoso. E disse que não está tudo bem. O que houve, Seraías?

— Não, mas vai ficar quando eu te dizer o que preciso dizer.

— Tudo bem. — Tamar o respondeu, sorrindo. — Estou te ouvindo, pode dizer.

— Eu estou... — iniciou-se a segurou na mão dela. — Estou apaixonado por você, Tamar. Desde que você chegou aqui, e nada me faria mais feliz você dizesse que se sente da mesma forma.

— Eu quero pedir seu pai, licença para cortejar você. Eu posso falar com seu pai?

Tamar gostava da companhia de Seraías, tinha que admitir que ficava nervosa ao lado dele, seu coração estava disparado enquanto ela olhava para ele. E amou saber que ele estava apaixonado. E sim, ela queria estar com ele.

— Sim, mas não sei se meu pai vai deixar... Completei quatorze anos, agora.

— Não acredito que não permitiria. — Seraías disse à ela. — Só se o seu pai, Mireu achar que eu não seria um marido bom o suficiente para você.

— Não seja tão pessimista assim. — ela pediu, e sorriu. — Você poderá falar sim como meu pai,  mas agora, por esses dias, é impossível. Ele foi para Moabe.

— É eu sei, mas posso esperar. Espero o tempo que for preciso, por você. Será que eu posso te levar em casa?

Tamar sorriu.

— Pode sim.                   

                                      ***

— Estou tão feliz por essa sua segunda gravidez, minha filha. Serei avó novamente. — Ula dizia radiante.

Melina sorriu.

— Eu também. Sabe, Iru está tão preocupado, de algo dar errado no parto... Mas eu não importaria em dar minha vida por um filho.

— Não pense dessa maneira, meu amor. Dará tudo certo.

Melina assentiu.

— Tenho muita fé de que dará tudo certo para mim, e para  Esther.

— Emuná. — disse Ula.

Tamar chegou na casa acompanhada de Seraías.

— Shalom. — disseram.

— Shalom, eu vim trazer a Tamar em casa.

— Obrigada por acompanhar minha princesa até em casa. — sorriu Ula. — E como está sua mãe, Seraías?

— Ela está bem.

— Adele e a senhora minha mãe, estão se tornamos grandes amigas. — comentou Melina.

— Acho que pelo fato de termos histórias de vida, tão parecidas. Vivíamos no luxo, na nobreza, e fomos felizes de verdade, em Israel.

— Realmente, vocês tem uma história de vida bem parecida. — concordou Seraías.

 — Sente-se aqui conosco, Tome um chá, coma uns bolinhos. — convidou Ula.

Tamar mostrou o presente, a mãe e a irmã.

—  Olha  que colar lindo que o Seraías, fez para mim.               

— Muito bonito, você é talentoso. — Melina o elogiou.

— Tem talento mesmo. — a mãe de Tamar concordou. — Parabéns.

                                 ***

Enquanto Hatate brincava com Elias, Esther e Otniel os observavam. Apesar da diferença de idade os irmãos, eles sempre se deram muito bem. Hatate gostava de cuidar do mais novo.

— É tão bom ficar olhando para eles. — Esther disse ao marido.

— Filhos, é o mais precioso que alguém pode ter. Meu pai falava, mas eu só compreendi quando Hatate nasceu. Se bem que...

Otniel refletiu sobre seu primogênito. Martha, e o falecido pai, foram essenciais para que ele pudesse ter uma bela relação com o filho. Mas ainda assim, existia um bloqueio.

Em alguns dias, ficar com o filho era maravilhoso. Em outros, ele se lembrava tanto de Acsa, que não suportava, por isso para evitar essas mudanças e oscilações, ele o evitava, e ficava até tarde no trabalho. Às vezes o o observava dormindo e se permitia chorar, ele estava sendo tão fraco, ao contrário do que pai havia sido para ele. Um bloqueio que desapareceu por completo, após o casamento com Esther.

Otniel amou Acsa de um jeito que parecia impossível amar outra mulher. É era impossível, seu amor por Esther era diferente. Não menor ou maior, porque isso nao é algo que se mede. Mas o sentimento por Esther foi algo que Deus enviou para ele recomeçar sua vida.

— No que está pensando? — indagou Esther, só vê-lo tão pensativo.

— Tantas coisas, no Hatate principalmente. — falou e então olhou para ela.— E em nós. Sempre sonhei ter uma família, desde muito jovem. E não foi essa vida que sonhei para meus filhos.

— Eu imaginava que eles iam viver em uma terra de paz. — Esther disse, ao compreender o que ele queria dizer. — É o que eu mais quero, Otniel. Que nossos filhos, sejam felizes, e não que vivam com medo.

— Não importa o que eu tenha que fazer, mas vamos voltar a viver em um mundo de paz. Nada é mais poderoso que o nosso Deus.

Amava a confiança dele. Com as mãos entrelaçadas, Esther sorriu.

— Ainda bem que consegui recuperar a aliança. — disse ela.

Sem compreender o que a esposa quis dizer com aquilo, Otniel perguntou:

— Como assim, recuperar?

— É que a serva achou melhor que eu tirasse quando... — Esther fez uma pausa.

— Quando!? — Otniel a incentivou a continuar.

— Quando ela preparava para passar a noite com o Marduk. — Esther falou em um fio de voz.

— Passar a noite? Ele continua a desejando... Ele fez, alguma coisa? Te forçou à alguma coisa?

Esther decidiu esclarecer o mais rápido possível.

— Tentou uma vez, mas eu passei mal, ele logo descobriu minha gravidez e nunca mais tentou mais nada. Ele ficou com raiva de mim. — ela explicou. — Depois passou a ser gentil, ele mudava muito de uma hora para outra.  Marduk está completamente insano, louco.

— Eu desejei matá-lo, Esther. Quando o vi na sala do trono, sentado com aquela coroa na cabeça, se achando muito poderoso, invencível, diante daquela corte bajuladora. — relembrou ele, com fúria. Olhava para frente, e seus olhos se encontraram com os de Esther. — Como nunca desejei matar alguém em toda minha vida, mas eram tantos oficiais, seria praticamente suicídio.

— Vocês se arriscaram muito. — afirmou Esther. — Marduk os mataria da maneira mais cruel que encontrasse, se os reconhecesse. Principalmente você, que ele odeia tanto.

— Deus estava conosco, eu acho que o fato de "perder" você, mexeu tanto com ele, que ao menos, via quem estava em sua volta, naquele dia. Já a rainha... Estive diretamente com ela, que sequer desconfiou de mim, ou de Iru.

— Conversaram com a rainha Nina? — perguntou Esther, surpresa.

— Sim, e eu tinha que fingir que estava tudo bem, mas estava odiando aquela situação, sabia que ela te odiava, que desejou coisas horríveis à você, Rebeca havia me contado.

— Ela também está louca, mas o Marduk fez isso com ela. Ele a destruiu, não dando à ela, amor. É tudo que ela queria, que Marduk à amasse.

— Pude perceber sua carência. Ela foi bastante sincera, de uma forma que eu não esperava. Falou que me queria em sua cama.

Esther nem soube o que dizer.

— Saí do palácio o mais rápido possível! Nada aconteceu. — ele esclareceu. — Eu jamais traria com você, com rainha, ou qualquer outra mulher.

Esther sequer permitia a desconfiar em Otniel sabia que a fidelidade era recíproca.

— Eu sei, confio em você, sei que não deixaria levar pelo desejo, pela luxúria.

Esther sorriu ao lembrar de taberneira Adama.

— Eu já ia me esquecendo, eu prometi um Torá, a Adama, uma senhora cananéia que me ajudou. — contou à ele.

— Está certo, assim que chegarmos a Israel pedirei à um mensageiro para levar o Torá até a taberna. Pode escrever alguns pariros também.

— Sim, era ficará muito feliz, ela torcia para que terminasse tudo bem, para mim, para nós.

— Não está sendo fácil. Parece que somos fugitivos, mas o opressores são eles, e nós que devemos nós preocupar! 

— Vai dar tudo certo, meu amor.

                         ***

Malom e Rute, observavam Esther e Otniel, caminhando de volta à casa.

— Você parece bem melhor, Malom. — observou Otniel.

Malom confirmou.

— E estou bem melhor da tosse, e do cansaço. Antes de adoecer eu trabalhava tanto na colheita... E eu não reclamava, é meu dever como o único homem da casa, para colocar o pão de cada dia em casa, mas a doença me impossibilitou. Agora, eu tenho repousado e me alimentado melhor.

— Mas isso, graças as provisões e mantimentos que vocês trouxeram, não precisamos nos importar. — Rute falou alegre.

— É o mínino que poderíamos fazer, diante da bondade de todos nessa casa.— respondeu Otniel.— Com minha esposa, comigo, meus filhos, e com todos que vieram.

— Os curandeiros daqui e até os de Israel, disseram a mesma coisa: repouso e boa alimentação. — Rute explicou.

— E um pouco de ar puro, por isso viemos para varanda. — acrescentou Malom. — Ainda bem, já não aguentava mais ficar cima daquela cama.

— É só olhar para vocês, eu percebo que vocês se amam muito. — começou Malom.

— São casados a quanto tempo? — perguntou Rute.

— Dez anos, assim que fui embora daqui, me casei com Esther. — contou Otniel.

— Foi embora se despedir. — recordou Malom. — Meus pais tinham tanto apreço por você.

— Não queria ter ido sem me despedi de toda família. — Otniel falou, sincero. — Mas, infelizmente pude de despedir apenas de sua mãe, Noemi.

— Mas agora eu sei o motivo. — Malom completou, relembrando da confissão de Orfa.

— Foi por minha causa. — admitiu Orfa, envergonhada.

Não haviam notado a presença da outra moabita, por ali, até então.

— Peço desculpas, Otniel. Como eu era tola naquela época... — continuou ela.

—Não há o que desculpar. — Esther disse o Orfa. — Você já deixou mais do que claro para mim, que se arrependeu.

— Minha esposa já disse tudo. — completou Otniel.  — O que importa é o presente.

Orfa assentiu.

— Você quer que eu a acompanhe, que eu vá com você lavar as roupas? — Rute perguntou, solicita.

— Não, fique aproveite cada minuto ao lado de seu marido. — ela aconselhou, e saiu com o cesto de roupas em direção ao rio.

Rute a observava um tanto preocupada com ela, e comentou com todos:

— Orfa sempre foi muito alegre, mas desde que ficou viúva, tem ficado assim,  cabisbaixa.

— A fé é a única coisa capaz de reanimá-la. —Otniel falou com convicção.

Rute pensou um pouco.

— Eu não sei, mas Orfa nunca pareceu acreditar muito no Deus de Israel.

— Isso é verdade.  — concordou Malom. — Certa vez, minha mãe encontrou um desses deuses moabitas com ela, mas ela foi perdoada. Isso porque estamos em Moabe,  se fosse em Israel, teria pena máxima.

— O importante é que ela teve uma segunda chance, e está se arrependendo de seus erros.— Otniel falou.

— Mas e vocês, estão casados à quanto tempo? — dessa vez, Esther perguntou à eles.

— Dois anos. — Rute falou, contente.

Malom sorriu com uma lembrança.

— Ainda me lembro como se fosse ontem, quando vi Rute, chegando à colheita. Me apaixonei na hora.

— Era meus primeiros dias na colheita. — contou ela. — No início, minha família não queria aceitar por Malom ser hebreu. Mas deu tudo certo, e estamos aqui, juntos.

— Mas agora, eu não sei se tenho muito tempo de vida...— falou Malom de repente, surpreendendo à todos.

— Não fale assim, Malom. — Rute o repreendeu.

No entanto, Malom, continuou:

— Creio tanto no nosso Deus, que mesmo jovem, eu não tenho medo da morte,  porque sei que a morrer, para aqueles que tem fé,  significa partir para junto dEle.

— Pois que esse dia demore muito, porque ainda seremos muito mais felizes que somos,  quando tivermos com o nosso Obede.

— Obede? —Malom sorriu.

— Eu ainda não te falei,  esqueci, eu estava conversando com Esther, quando tiver um filho ele se chamará Obede.

— Gostei, o nosso Obede. — Malom sorriu ao imaginar seu filho com Rute. — Mas para mim, é muito fazer planos, estou doente. E também tem Israel, eu gostaria de voltar para Israel, mas não sei se terei tempo para isso...

Rute segurou nas mãos de marido, e olhou nos olhos dele.

— Irá voltar, comigo. Porque eu quero muito conhecer e viver Israel, em Belém, na terra de seus pais.

Malom ficou ainda mais pensativo.

— Você deixaria sua família aqui em Moabe, para viver em Israel?

— Meu lugar é o seu lado, à partir do dia em que eu me casei com você.

— Rute está certa. — disse Esther. — A mulher tem que está sempre junto do marido, ao lado dele.

—Sabe, sentiremos muito a falta de vocês,  vivemos cercados de idólatras. É bom a companhia de alguém que tem a mesma fé que a gente.— disse Malom.

— Mas vocês podem voltar a Israel. A fartura chegou a Belém novamente! — relatou Otniel. — Salmon se mudou de Jerusalém, para lá, comprou umas terras.

— Estamos bem aqui, e Israel não mais  lugar seguro.

— Infelizmente não é mesmo. — Otniel teve de concordar com Malom. — Estamos sendo oprimidos, mas eu garanto à você que isso vai mudar, Malom. Talvez, tenhamos que enfrentar uma guerra por essa libertação, mas ela chegará.

Malom olhou para Otniel por  tempo, para depois dizer:

— Israel não ter um líder, um grande absurdo. Parece que estou diante do homem certo para liderar nosso povo.

— Com licença. Eu trouxe uns biscoitos e chás para vocês.

— Vocês vão vê, os biscoito de minha mãe, são os melhores biscoitos. — garantiu Malom.

— Muito obrigado, pela gentileza. — Otniel agradeceu.

— Não pude deixar de ouvir a conversa de vocês. — Noemi disse à Otniel. — Já se imaginou sendo o líder de Israel, Otniel?

— Sinceramente não. — ele respondeu. — Sempre quis ajudar nosso povo, há ter de volta a terra que a nossa por direito, e participei de muitas batalhas, sempre quis o melhor para Israel, mas pensar em liderança nunca passou minha cabeça,  os líderes esses são escolhidos por Deus.

— É exatamente isso que um líder precisa, desejar o melhor para seu povo, e não apenas pensar no poder. — Foi o que Noemi respondeu. — São homens como você, que Deus escolhe para liderar Israel.            

 Esther sentiu seu bebê se mexer, e sorriu.

— Otniel, o bebê está se mexendo.— avisou ela.

— Elias, venha até aqui.— o pai chamou.

O menino correu, e emocionou ao sentir o bebê se mexendo, e Otniel também.

Noemi observou a cena com um sorriso, recordando de quando ainda estava grávida de seus filhos, naquela época, ainda morava em Israel. Foi a melhor fase de sua vida. Sabia o significado de felicidade.

                    

                  ***

— Seu pai é um excelente guerreiro, filha. Ele está treinando desse jeito para libertar o nosso povo.— Esther falou, passando a mão pela barriga, maior a cada dia. — Nosso povo será totalmente livre, novamente. E temente à Deus, não se preocupe, você não será escrava, será livre.

Esther sentou para ver o treinamento. Otniel treinava com Gabriel, pois ele conversou com ele. Se aproximou, e sentou ao lado de Rute.

— Seu marido é um excelente espadachim mesmo.

— É sim. É um grande guerreiro de Israel.

— Noemi sempre falou sobre ele, muito bem. — Rute contou. — Do rapaz simpático e educado que ela salvou a vida. E do guerreiro de Judá, que expulsou nos anaquins do monte Hebrom.

Esther lembrou do dia que ouviu sobre isso, há muitos anos atrás...

Ela tinha doze anos, estava à beira do Jordão, com Nira, quando Lila chegou correndo, junto de Gael e Nobá.

— Vocês se lembram que Calebe desafiou os homens de Judá? — Nobá perguntou, eufórico.

— E aquele que vencesse os anaquins, se casaria com Acsa, a filha dele?

— A guerra acabou, agora aquelas terras também pertencem à Calebe. — completou Gael.

— E vocês sabem quem venceu? — Lila perguntou, sorridente.

— Otniel!? — Nira e Esther,  perguntaram juntas.

Esther se lembrou também do casamento de Acsa e Otniel, eles estavam tão felizes, apaixonados. E se lembrou também do pedido de Acsa, alguns dias depois da cerimônia...

As crianças brincavam, quanto ela chegou em um jumento, poucos dias após a cerimônia, em frente a casa de Calebe.

— O que você quer? — Calebe perguntou a filha.

— Me dê uma bênção, você me deu uma terra seca, me dê também, fontes de água. — pediu ela.

E Calebe presentou a filha e o sobrinho genro, com as fontes de água...

— Você ficou tão pensativa. — Rute disse à Esther.

— Estava pensando na primeira esposa de Otniel. Quando eu me casei, senti tão insegura, porque Acsa era...

— Era?

— Bom, em primeiro lugar ela era hebreia, e filha de Calebe, líder de Judá, e braço direto de Josué, o lider de Israel. E eu, uma estrangeira, filho de monarcas cananeus. Mas era bem mais do que isso, parecia tão segura, e justa. E tinha o respeito de todos, eu como uma estrangeira, sempre seria vista como intrusa, por um e outro. Foi muito sábia, se preocupou com o futuro, e pediu ao pai terras que houvesse água.

— E como é hoje? Ainda te tratam assim?

— Não sofro mais nenhum preconceito. Chega uma hora em que podemos dizer: Está tudo bem!

— Otniel e você parece tão certo. Acho que tinha o porque de você ficar se questionando.

— Hoje eu sei disso, mas  a imaturidade nos faz questionar muito.

Voltaram a prestar atenção no treinamento.

— Malom gostaria de treinar também, mas ele precisa se recuperar, primeiro.

Rute ficou pensativa, para depois admitir:

— Não sei o que farei de minha vida... se eu perdê-lo.

— Deus sabe exatamente o que faz. Se for da vontade dele, Malom vai se curar.

— E se não se curar? — perguntou Rute, com medo

— É porque Ele tem outros planos para sua vida. É exatamente o que eu estava falando, eu era uma menina da sua idade, me casando com um grande guerreiro de Israel.  Um dia todas essas preocupações, dúvidas, não vão existir mais.

— Espero que você esteja certa.

— Ah, você vai ver Rute, nada permanece igual.

— O menino mais jovem, tem bastante habilidade. Você gosta muito de seu enteado, não é?

— Sim, eu amo Hatate.

Esther ainda ficava surpresa em ver Hatate, já um rapaz, se transformando em um guerreiro. Se lembrou da primeira vez que viu Hatate.

Era uma menina, tinha quatorze anos, apenas, e ele era apenas um bebê.

— Esse é o pequeno Hatate. — sua avó, disse a ela.

— Eu posso segurar? — perguntou ela.

— Sim, com cuidado.

— Eu sei como, desde que Seraías nasceu. —Esther deixou claro.

Se parecia com Acsa mesmo, embora os olhos verdes, eram características também de Otniel, observou já segurando o bebê .

— Tem olhos tão lindos, me lembram o Jordão. — ela sussurrou.

Otniel chegou exatamente naquela hora.

— Minha neta veio conhecer seu filho, meu Senhor. — Martha disse a ele.

— Shalom, Esther.

Aquele instante percebeu o quando ele estava abalado, entristecido.

— Porque você não o segura, um pouco?

Otniel olhou para o filho com amor. Sempre o observava, mas não o havia o segurado em seus braços, além do dia, do nascimento.

Então ele o segurou, emocionado.

— Hatate, meu filho,  eu o amo.

Esther sorriu, ao ver aquele momento lindo e emocionante, entre pai e filho.

— Eu o vi ainda recém nascido, e eu era menina, nem imaginava que iria me casar com Otniel, naquela época. E que seria praticamente uma mãe para Hatate. A vida surpreendente muito, mesmo.

— Só espero que a minha surpreenda assim como a sua. — Rute disse à ela. —De uma forma totalmente positiva.             


Notas Finais


Seraías e Tamar = Seramar, novo shipper da fic 😍
Malom e Rute, Esther e Otniel, amei escrever esses quatro juntos ❤ E essas lembranças da Esther ❤ Lembrei até de um conto lindo que eu li:
https://lisdaiane.wordpress.com/2015/01/29/o-pedido-de-acsa/ Até o Hatate é citado no final, e eu amei como a autora escrevou, leiam vocês vão amar, é lindo. ❤
Bem, é isso, espero que tenham gostado do capítulo!


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