— Como eu estou, mãe? — Seraías perguntou a mãe, ao se aproximar.
Usava uma túnica, que havia ganhado dela mesma.
— Está lindo, meu filho. — sorriu Adele. — Usando o meu presente. Aonde vai, assim?
— Ouvi uns conselhos de Boaz, eu me declarei a Tamar, e vou até a casa de Mireu. Pedir para cortejar a filha dele.
— Então a moça está de acordo? Sente o mesmo por você?
Seraías assentiu sorrindo.
— Sim, mãe, ela sente.
— Ainda bem. — respondeu Adele, mais tranquila.
— Se é o que ela deseja, vai dar certo, mas Mireu não está em Moabe?
— Os soldados estão se revezando. Mireu voltou para casa, e ficará alguns dias. — explicou Seraías. — Já o meu irmão ficará ao lado de Esther, até o dia em que ela voltar a Israel.
— Amor lindo o de Esther e Otniel, sempre muito companheiros um com o outro.
— Assim como foi o da senhora e meu pai. — Seraías relembrou seu pai, Quenaz.
Ela sorriu nostálgica.
— Foi ao lado de Quenaz que eu senti uma princesa. Ele sabia tratar uma mulher bem. Me fez me senti amada.
— É novo.amente assim que eu quero ser para a Tamar — falou ele. — Eu a amo.
Adele sorriu ao ver o filho tão apaixonado.
— Seraías, você está mesmo apaixonado por essa moça, Tamar. Filha de minha amiga, Ula. Fico muito contente com essa relação, ela é uma boa moça.
— Eu quero me casar com ela, ter filhos. — falou Seraías, já planejando seu futuro.
— Vá com calma, vocês são muito jovens. Tem muito tempo para vocês. — aconselhou o filho.
Em seguida, Adele ficou pensativa. E Seraías sabia que seus pensamentos estavam em seu irmão Marduk.
Adele nunca deixava de pensar no filho mais velho. O amava muito, e sofria pelas escolhas erradas dele. O que mais doía era não ter nenhuma notícia. Sempre foi assim. E sempre seria. Seraías era o oposto estava sempre por perto, um conforto, um filho atencioso, que ouvia seus conselhos. Trazia paz, tranquilidade. Apenas coisas boas.
— Está pensando em Marduk, não é? — perguntou Seraías
— Como não pensar, é meu filho, dei a vida à ele, gostaria de saber se ele ao menos... Está vivo.
— Eu não sei... — Seraías falou pensativo. — Às vezes não saber é até melhor, mãe. ***
Mireu contava a Seraías que Esther, estava bem nos últimos meses, que faltavam dois meses, para o bebê — seu sobrinho — nascer. E que ele voltaria a Moabe, para fazer a segurança.
Depois disso, Seraías, sem rodeios, falou sobre seus sentimentos pela filha dele, e pediu para cortejar a moça.
— C-cortejar a Tamar? — gaguejou ele.— Meu amor, o rapaz espera por uma resposta. — disse Ula, servindo mais chá à eles.
— Tamar é muito menina, ainda. Tem quatorze anos, fez há poucos dias.
— Mireu, meu amor, mas em Israel muitas moças se casam nessa idade. — replicou Ula.
— Mas não é uma necessidade, ela tem pai e mãe. — Mireu falou, sério.
Ula decidiu interferir novamente. Sabia que a filha estava apaixonada e queria que ela fosse feliz. Não permitiria que sua filha sofresse como ela sofreu, antes de casar com Mireu.
— Seraías ficaria satisfeito. — disse. — Com uma garantia de que no futuro poderá cortejar, noivar e se casar com nossa filha. Ela olhou para Seraías. — Não é rapaz?
Seraías assentiu sorrindo.
— Claro, se eu tivesse uma garantia de que me casaria com ela, já seria o homem mais feliz de todo mundo.
— Tamar, você gosta desse rapaz? — perguntou Mireu, olhando para a filha.— Sim, meu pai. — a menina respondeu sorrindo.
— Eu gosto de Seraías, pai, ele é sempre muito gentil comigo.
Após pensar por um tempo, Mireu disse o que acreditava ser a melhor opção:
— Está certo, Tamar tem que se casar com um hebreu porque ela é totalmente cananéia...
Seraías e Tamar olhavam um para o outro, apaixonados.
— Esse é meu compromisso com você, rapaz, qualquer varão de Israel, que venha pedir para cortejar Tamar, receberá uma resposta negativa, porque minha filha, está prometida à você, Seraías, filho de Quenaz, de Judá. — completou Mireu.
***
Um mês depois
— Faltam dois meses, agora. — iniciou Otniel, para Noemi. Conversavam sobre o gravidez de Esther.
— Passa tão rápido, logo estará com a filha de vocês nos braços. — Noemi disse a ele.
— Obrigada Noemi, por tudo. Sei que tem pouco, mas mesmo assim, não se recusou em nos receber em sua casa.
— Eu jamais negaria ajuda, Deus espera isso de nós. Devemos ajudar o próximo, sempre. E eu me sinto bem, ao fazer o bem.
— E ainda salvou minha vida. — relembrou ele. — Que Deus lhe dê em dobro. — Otniel disse à ela.
— Emuná.
Ele olhou para Esther, ela conversava com a amiga, Nira.
— Estou muito feliz, que esteja aqui, Nira. — ela dizia a amiga.
— Quando Ezequiel disse viria pela segunda vez, eu nem pensei duas vezes, e vim com ele. Até para acalmar o Nobá, também. — Nira disse, em tom triste.
— Nobá está mesmo muito entristecido.
— Todos estamos, Zilai foi escravizado... meu irmão mais novo. E Kalu, que também é como um irmão para mim.
— Eu fiquei muito abalada ao saber que Aser sofreu um ataque. — Esther relembrou. Tantas pessoas que como nós não se esqueceram de Deus, e foram escravizadas.
— E depois Benjamin Judá e Efraim foram atacadas. — completou Nira. — Mas todas resistiram.
— Porque não perdemos nossa fé. — disse Esther. — E como estão seus filhos?
— Num e Judite, estão bem. Estou com tantas saudades. — ela sorriu ao relembrar dos filhos. — A parteira já está aqui? — perguntou Nira.
— Ainda não, ela virá de Israel para fazer meu parto. Agora que faltam dois meses, ela virá.
Ao olhar para o lado, viu que Noemi, Rute, Orfa, Malom já se encontravam em volta de fogueira.
— Malom acendeu a fogueira, vamos. Otniel conduziu Esther, para sentar ao seu lado.
— Nira, você tem uma bela voz, cante para a gente. — pediu ele.
Nira cantou duas músicas antigas. Depois, Otniel e contou muitas histórias sobre batalhas, pois Malom estava muito interessado
— Bem, já está ficando tarde. Acho melhor, eu deitar. — disse Esther.
Ao levantar, sentiu uma dor leve em seu ventre, ao se levantar apoiada à Otniel.
— O que está sentindo? — perguntou a esposa.
Antes que ela respondesse, Esther sentiu uma dor ainda mais forte, e então para seu susto sua bolsa rompeu, deixando claro que o bebê nasceria.
— Está na hora de trazer essa criança ao mundo. — falou Noemi.
— Ainda é cedo. A parteira não está aqui. — O tom de voz de Otniel, era desesperado.
— Teremos de fazer o parto, agora. Ela já entrou em trabalho de parto. — justificou Noemi.
— Minha tia, era parteira, acompanhei muitos partos em minha vida, saberei o que fazer.
— Eu quero estar ao lado dela. — pediu Otniel.
— Não Otniel. — disse Esther, rapidamente.
Dessa vez, ela não queria a presença dele, porque sabia que não seria nada fácil.
— Não, eu até poderia permitir, mas nesse estado, é melhor que apenas minhas noras, me acompanhem.
Otniel ficou em silêncio, enquanto elas saíam. Malom se aproximou de Otniel, sorrindo.
— Que bênção, Otniel. Você é mesmo um homem abençoado, mais um filho!
— Nunca soube lidar bem com partos, Malom. — respondeu a ele, nervoso.
— É, você já meu falou sobre isso. — Malom respondeu com a voz calma. — Mas tem algo que você pode fazer, minha mãe sempre diz isso. Pode pedir ao Altíssimo, que dê tudo certo.
E foi exatamente o que fez, ao lado de Malom.
Enquanto isso, conduziram Esther até o quarto, e deitou na cama, nervosa.
— Fica calma. Estamos aqui com você, vamos te ajudar. — Noemi disse, na intenção de passar calma a Esther.
Não adiantou, Esther estava nervosa demais. Nem no parto de seu primeiro filho, se sentiu assim. Porque nunca tinha sentido tanta dor, cada contração vinha mais forte... Ela fazia força e nada acontecia. Além de estar perdendo muito sangue.
— O que está acontecendo? Tem algo de errado, não é? — perguntou ela, com.a voz fraca.
Hesitante, Noemi contou:
— O bebê está atravessado.
E não havia o que fazer, apenas esperar que ficasse na posição certa. O problema é que Esther estava perdendo muito sangue, e a dor foi tanta, que ela desmaiou.
— Se Esther não acordar, vamos perder ela e a criança. — Noemi falou pesarosa.Rute começou a tentar acordá-la:
—Vamos, Esther. Você precisa acordar, pelo seu filho.
Esther abriu os olhos, se dando conta que precisava lutar.
— Ainda bem. — Orfa falou aliviada. — Ela acordou.
Noemi sorriu.
— Emuná. Vamos, você precisa fazer força, Esther. Quando a dor vier.
Esther assentiu, ela tinha que ter esse filho, seria sua vitória depois de tanto sofrimento. Em seus pensamentos, pedia a Deus força naquele momento. O choro forte comprovava que ela havia conseguido. Dessa vez, as lágrimas foram de emoção.
— É uma menina. — Rute e Noemi disseram juntas.
Esther sorriu emocionada. Uma menina, após dois filhos homens, uma menina. Como em seu sonho. Rute a enrolou em uma manta e entregou a mãe.
— Aqui está, sua filha.
Esther chorou ainda mais de emoção ao segurar a sua filha pela primeira vez.
— Obrigada Senhor, por mais um presente lindo. Obrigada por minha Yarin. — sussurrou à Deus, e a beijou.
As crianças hebreias, geralmente possuíam cabelos escuros, o primogênito de Otniel, Hatate, possuía os cabelos castanhos escuros.Mas essa regra não se aplicava aos filhos de Esther, uma cananéia. O próprio Otniel tinha cabelos claros, loiros, diferentes dos homens de Judá. E ironicamente, como um leão. Certamente por ser descendentes de quenezeus, e olhos eram como o da mãe. Já Elias, herdou a mesma cor de cabelo e olhos do pai. Yarin tinha ainda mais traços de outros povos. O cabelo era ruivo, na mesma cor do de Esther, e olhos verdes. O que fez Esther lembrar-se de sua mãe, Kalési. Yarin lembrava Kalési.
***
— Nasceu! — exclamou Malom, assim que ouviu o choro.
Otniel, preocupado, não conseguiu responder nada. Pensando se Esther e o bebê estavam bem.
Malom, como se soubesse dos pensamentos, falou:
— Com certeza deu tudo certo, meu amigo. Parabéns, você é pai pela terceira vez!
Orfa chegou com a notícia para eles
— E então? — perguntou Otniel, tenso.
— Apesar de ter sido um parto complicado... — iniciou ela. — Esther conseguiu. Você é pai de uma menina saudável.
Otniel chorou. Era tantas sensações, primeiro a insegurança e o medo. E que foram substituído pela alegria, paz e emoção. Ele só queria agradecer a Deus, por tudo ter dado certo.
— Obrigado, Senhor.
***
Assim que entrou no quarto, Otniel viu uma cena tão linda, que teve certeza que jamais esqueceria. Esther estava com a filha deles no colo, e seus olhos brilhavam. Olhou e então o viu, sorriu.
— Vem conhecer nossa filha, meu amor.
Otniel sorriu ao se aproximar.
— Ela é perfeita e saudável, apesar de nascer antes do tempo. — Esther falou, à ele.
— Shalom, minha Yarin, seja bem vinda à vida!
Enquanto Esther amamentava Yarin, Otniel ficava por perto. Queria está por perto, o tempo que fosse possível. Já era lamentável o fato de que ele pudesse acompanhá-la no doloroso parto. Assim que terminou de alimentar, a colocou deitada ao seu lado.
— Você como sempre, foi muito corajosa. — falou Otniel, tocando o rosto dela.
— Para dar a vida a um filho, uma mãe é capaz de qualquer sacrifício. Valeu a pena, esqueci toda dor quando a vi.
Os meninos, Elias e Hatate logo chegaram ansiosos para conhecer a irmã.
— É tão pequeninha. — Elias falava ao olhar a Yarin.
— Um dia, você também foi assim. — Otniel disse ao filho.
— Foi mesmo, eu me lembro. — Hatate falou sorrindo e olhou de Yarin para Esther. — Ela se parece muito com você, tia.
— Ela me lembra minha mãe. — Esther admitiu com um suspiro.
— Shalom. — disse Noemi adentrando o quarto.
— Eu vim ver como estão mãe e filha.
— Estamos bem. — respondeu Esther. — Graças a Deus, e à você, também Obrigada Noemi, por ter feito o parto, por ter nos salvado.
— Que Deus abençoe, essa princesa.
— Emuná. — os pais de Yarin disseram juntos.
— E onde está Malom? — perguntou Otniel, ao dar por sua falta.
— Saiu com Rute, para dar uma volta. Rever uns conhecidos das colheitas, nas casas vizinhas. — contou Hatate.
— Na verdade, ele está um tanto preocupado, de ficar perto de uma recém nascida. Não quer arriscar. — confessou Noemi.
— Seu filho, é um bom homem, Noemi. Ele esteve ao meu lado, durante o parto.
— Meu filho gosta mesmo de você, Otniel.
— Saiba que é recíproco. Malom se tornou grande amigo.
— Já coloquei um das roupinhas que a senhora teceu. — Esther disse a Noemi.
— Estou vendo. E fico muito honrada, fiz com muito carinho. — sorriu Noemi.— Bom, eu já vou indo. Vou deixar vocês sozinhos. Você precisa descansar, Esther. Shalom.
Ela saiu, os deixando com Yarin.
— Noemi tem razão, nossa filha já dormiu. — Otniel falou, e ela se sentiu plena enquanto havia sua filha dormir. Era uma das melhores sensações, ver um filho em segurança. —Agora, você também descanse, meu amor. Eu amo vocês.
— Você tem razão, estou mesmo muito cansada. — concordou, após um bocejo.
Esther deitou, exausta do jeito que estava, e logo adormeceu, Enquanto Yarin também dormia ao seu lado.
***
Em Israel, outro casal também viviam pela segunda vez, a sensação de ter outros filho. Iru e Melina, uma menina dessa vez. Uma irmã para os gêmeos Esaú e Jacó, uma menina que recebeu o nome da avó; mas com uma pequena variação Naomi.
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