História Estrelas do Céu de Abraão - Primeiro Juiz de Israel.

                   8°ano da opressão Mesopotâmica

No palácio da Assíria, em um dos luxuosos aposentos, encontrava-se Ishtar, a bela princesa, filha do rei, como todos pensavam. Mas se tratava da filha de Otniel e Esther, Yarin.

Ela contava alegre, tudo o que vira na viagem que fizera junto do príncipe Alec —  que ela acreditava ser seu irmão, pelo Sul, na Baixa Mesopotâmia. Todos os belos templos e edificações grandiosas que vira.

Marduk a observava com carinho. Era impressionante, o sentimento que a menina despertava nele, capaz de amolecer o coração de um rei tirano como ele.

E tudo nela, o lembrava de Esther.

— Já está na hora de você saber o motivo de sua mãe ter abandonado, Ishtar. Foi tudo por causa de um maldito hebreu. — ele disse.

— Mas os hebreus não são seus escravos? — indagou ela.

— Esse não. — Marduk respondeu, e uma raiva o dominou a lembrar-se de Otniel. — Ainda não.

A menina tocou a estrela no colar que estava em seu pescoço.  Esther havia o tirado e colocado em Yarin. Foi auArlar da Deusa Ishtar de Esther, estava com a bebê, que Marduk decidiu que ela chamaria Ishtar, como a poderosa Deusa dos céus.

— Esse pentagrama é a única lembrança que tenho dela, papai.

— Sim,  esse colar pertencia a ela, a familia dela, nossa família, por várias gerações.

— Como minha mãe, é? — perguntou curiosa.

— Sua mãe é linda, você se parece muito com ela. Tem os cabelos vermelhos, como seus. Só espero que não seja tão teimosa como ela. Mas, certamente não será, você precisa saber que se for obediente e estiver sempre aqui, será tão poderosa como a Deusa de seu nome, a rainha dos céus, Ishtar.

"Ishtar" ficou sem compreender o que o "pai" queria dizer. A vida dela era uma completa mentira. Estava no lugar errado, sendo adaptada ao luxo, a nobreza, a corte, e a Deuses pagãos, e acreditando que o homem que sempre fez o mal para seus pais, era seu pai.

— Será que algum dia, a mamãe vai voltar, papai? — perguntou esperançosa.

— É o meu maior sonho. Ter a nossa família completa de novo. Um dia, não muito distante, ela estará conosco. Então será rainha da Mesopotâmia, ao meu lado.   

                     ***

Em Israel, Melina e Esther, observavam a pequena Noemi brincar.

—  Olha como Noemi cresceu, como está forte. Graças à você, por ter a amamentado.

— Foi muito bom ter feito isso, para nós duas. E eu sonhei, ela e Noemi serão grandes amigas, assim como as avós foram.

—  Emuná.

— Essa esperança é o que me faz seguir em frente. Já esperei tanto, sinto que agora volta pouco. — Esther respondeu à ela.

Israel já estava em seu oitavo ano de escravidão na Assíria e na Babilônia, claro que um povo que havia se tornado idólatra, depois de se tornar escravo, duvidaria ainda mais do poder de Deus.Haviam também aqueles que foram injustiçados. Escravizados, sem nunca terem deixado de lado sua fé.

Elói, e sua família, Tronio e sua a família. Foram libertos por um misterioso cavaleiro mascarado que ninguém sabia a identidade. E foram para o Sul. Depois de oito anos de escravidão, todos estavam exaustos, ate os que pecaram. Por isso, eles decidiram, todos juntos, clamar ao Deus de Israel, por um libertador, exatamente como seus antepassados fizeram no Egito. Enquanto isso, o Sul, seguia se preparando para a guerra contra o exército Assírio.           

                              ***

Boaz, Hatate e Seraías treinavam à anos, e estavam prontos para guerra,  deixando Salmon e Otniel orgulhosos. Mas o que mais surpreendia eram duas espadachins: Melina e Esther. Ambas concordaram em não ir para guerra, apenas treinariam.

— Finalmente Esther encontrou uma espadachim a altura para treinar com ela. — comentou Iru, com Otniel que até então observava o treinamento das duas princesas

— Quem diria, nós dois, primos, casados com princesas guerreiras.

Otniel achava fascinante o tintilar nas espadas e a concentração de cada uma.

 — Estão realizando um sonho antigo. — falou Otniel, contente por elas, e suspirou. — Eu só lamento que tenhamos que ir para mais uma guerra. — admitiu, cansado.

— A guerra é necessária. Nós do Sul, somos os únicos que podemos fazer alguma coisa.

— Acabar com essa escravidão, antes que nos de tornamos escravos como eles, no Norte.

— E tem a sua filha, Yarin. Você não disse que tem esperança, de reencontrá-la?

— Sim, quando derrotamos os assírios, ela virá conosco.Iru era uma das poucas pessoas que sabia da existência de Yarin.

Iru se aproximou delas.

— Esther, eu quero parabenizar, com a Melina, eu falo sempre, mas, eu estou muito impressionado com vocês duas.

Ela sorriu.

— Obrigada.

— Se Otniel hoje é porque tem uma mulher de fibra ao lado dele.

— Acredito que seja também porque tem primo, que é como um irmão para ele, que ele sabe que pode contar sempre. — Esther disse à ele

 Quando Iru se afastou, Kalu se aproximou dela.

— Shalom, Esther.

— Shalom, meu amigo.  Kalu, eu fico tão feliz que você tenha conseguido sua liberdade.

Kalu voltou à Israel, a dois anos, depois de ser liberto pelo denominado cavalheiro mascarado.

— Graças ao cavalheiro mascarado, eu, Kira, Zilai, Diná, e tantos outros voltaram a Israel.

Era mesmo verdade. Um mistério, todos queriam saber quem era o cavalheiro mascarado. Os hebreus para que este recebesse as honras que seus atos heróicos mereceriam... E até mesmo Marduk, o rei de toda Mesopotâmia soube por seus oficiais e feitores do reino, que havia certo cavaleiro mascarado hebreu libertando os escravos hebreus. Um homem ágil,  forte e habilidoso que já agia à dois anos. Marduk ou Cusã, deu a ordem a seus oficiais. O queria morto, que o entregasse sua cabeça em uma bandeja.  Mas os assírios nunca conseguiram capturar o misterioso abolicionista. Ele libertava apenas hebreus que não estavam idolatrando.

—Tanto se fala desse misterioso cavaleiro mascarado... — comentou Esther, pensativa. — Quem será ele?

— Ele não permitiu que víssemos seu rosto, usava uma máscara. — lembrou Kalu e deu um suspiro. — Uma pena, eu queria tanto poder agradecer à ele. Ficaram em silêncio, o barulho das espadas do treinamentos continuaram.

— Não sei se saberemos algum dia. — Kalu continuou. — O que quero que saiba, é que eu tenho pedido em minhas orações sempre que Yarin volte para casa,  para o carinho dos pais. De onde nunca, nunca deveria ter saído.

— Obrigada Kalu, por se lembrar de minha menina em suas orações. Que Deus continue o abençoando.

— Que abençoe à todos nós.

Esther sorriu.

— Emuná.                                

                      ***

Otniel foi até o território de Efraim, no Silo, onde ficava o tabernáculo, para conversar com o sumo sacerdote de Israel, Fineias, precisava entender suas dúvidas. Soube que Fineias também desejava falar com ele.

— Shalom, Otniel.

— Shalom Finéias. Soube que queria falar comigo. 

— Sim, eu preciso muito.

— Pode dizer. 

— Sobre a guerra... Há quantas anda a preparação? — quis saber, enquanto servia um chá para eles.

—Ah sim, eu sinto que o nosso exército está pronto para derrotar os Assírios. Mas Deus não falou com nenhum homem de nosso povo. Com o libertador... Será que podemos avançar?

— Sente-se, por favor. — pediu Finéias, e assim ele fez.— Otniel, eu tenho observado você à anos. Um homem íntegro, e o mais importante, um homem de fé. Josué mesmo, sempre o elogiou, desde muito jovem.

— Me sinto muito honrado de ouvir essas palavras de um homem de fé.

—O que quero dizer, Otniel, é... Não é porque Deus não falou diretamente com você, que não Ele não tenha o escolhido. O que os anciões acreditam é que o espírito de Deus pode está sob uma pessoa, sem se comunicar com ela.

Otniel se lembrou do que Josué havia dito para ele, certa vez:

 "Eu sei que você terá um futuro de muita importância e responsabilidade para Israel, Otniel" 

— Tanta coragem, num tempo de escravidão, só pode ter esse significado. Você está pronto para liderar os filhos de Israel, na verdade, tem feito isso, ainda que indiretamente.Otniel ficou sem palavras, diante, das palavras do filho de Eleazar.

— Acha isso mesmo, Finéias?

— Sem dúvidas. Os levitas ficam impressionados quando você fala ao povo. Todos ficam atentos, todos te houvem. Como se Deus colocasse as palavras certas em sua boca.  Fala com sabedoria e fé. 

— Nem todos. — Otniel admitiu.

—  Os pessimistas, de pouca fé, sempre vão existir. Isso não pode mudar. Mas os anciões acreditam que  Deus o escolheu. Você sabe o que tem que fazer. Estarei com você, eu e outros sacerdotes, com a Arca da Aliança, no dia da batalha.Foram até os anciãos que confirmaram as palavras do sacerdote:

— Sabemos que é um grande guerreiro de Israel. Sabemos de sua vitória contra os Anaquins.

— Lute por Israel, julgue o nosso povo. Seja o nosso juiz.

— Tem experiência militar, e é um homem de fé. Seja nosso juiz, Otniel. Seja nosso libertador!      

                       ***

Esther estava ansiosa, passou a tarde no jardim secreto, junto de Elias,  enquanto Otniel não voltava, ele havia saído atrás de uma resposta, que poderia mudar tudo. Diria se teria a guerra ou não.

—  Shalom, meu amor.

— Como foi lá em Efraim?

— Tudo o que Fineias me disse,  me fez recordar o que Malom me disse à anos atrás. E meu pai também, meu pai que sempre acreditou em mim.

— Deus não fala diretamente comigo, mas eu sinto. Como se ele estivesse sussurando.

—  Não duvido que esteja. — Esther disse à ele.

— Os anciãos querem que eu seja , líder de Israel, que eu o primeiro juiz de Israel.

Esther o abraçou. 

—Quanta responsabilidade, mas sei que você vai conseguir, meu amor.

—  Israel vai enfrentar o exército assírio. Vamos destruir o poderio de Marduk.                   

                      ***

Toda congregação se reuniu em Hebrom, numa tenda, para ouvir o que Otniel tinha para dizer.

— Reuni todos aqui para um importante comunicado. —  iniciou Otniel. — Iremos lutar contra o exército de Cusã-Risataim.

— Você está dizendo que será libertador de Israel? O novo Moisés?

— Não coloque palavras em minha boca, jamais me comparararia a Moisés.

— Deus falou com você, Otniel? — indagou um hebreu.

—  Não... — ele respondeu, sincero.

Alguns hebreus começaram cochichar.

— É pior ainda, Deus nem ao menos falou com você. Como podemos guerrear sem a certeza de que Ele está conosco?  — indagou  um deles.

— Eu não acredito que estejamos preparados depois de tanta idólatra.  O exército assírio é o mais poderoso, vai nos massacrar, será nossa morte. Cusã-Risataim conseguirá o que tanto quer, escravizar todo o povo! — disse outro.

— Sem pensam assim é porque não tem fé. — respondeu Otniel.

— Vocês lêem a Torah, no Shabat? — perguntou Elias.

— Lemos é claro. É exatamente por isso. Deus se comunicou com Abraão, Jacó, José, Moisés, e todos sabemos com Josué. Deus falava com eles, ouviam a sua voz.

— Bem, eu leio a Torah, sempre. E discordo do que dizem. — Elias falou.

— É apenas uma criança. Não entende nada do que estamos conversando aqui.

— Permite que eu leia para a congregação, pai? — perguntou Elias.

— Claro, filho. — concordou Otniel.

Elias tirou sua Torah de sua túnica e começou:

— Quarto livro da Torá, capítulo 20.* Quando você sair para guerra contra os inimigos, ao ver cavalos, carros e tropas mais numerosas que as suas, não tenha medo, pois com você está o Deus de Israel, que o fez subir do Egito. Quando vocês estiverem para começar o combate, o sacerdote se aproximará para falar "Escute Israel! Vocês hoje estão prontos para guerrear contra seus inimigos. Não se acovardem, nem fiquem com medo, não tremam, nem se apavorem diante deles, porque Adonai marcha com vocês, lutando em seu favor contra os inimigos, para dar vitória a vocês"

Os murmuradores ficaram em silêncio. 

— Muito bem, Elias. — disse Finéias. — Diante dessas palavras, acho que fica claro. Foi Deus quem disse isso à Moisés, e isso serve para todos nós, mas principalmente para os soldados de Israel. Não devemos ter medo, e sim fé. Nós levitas, chegamos a conclusão de que Otniel é o melhor guerreiro de Israel, é carismático, tem muitos amigos, e muita fé em nosso Deus.

— Queremos que Otniel seja o nosso líder. Ele tem julgado Israel, indiretamente. Os anciãos desejam isso, e povo... Deve desejar também...

— Já é um líder, só precisa de uma nomeação, reconhecimento e confiança.

— Eu não duvido que o líderes tribais, pensem o mesmo. 

Cada líder, falou o que pensava.

Todos os líderes tribais concordaram que Otniel deveria liderar o exército de Israel.

E o povo se alegrou com a notícia, e ficou confiante, porque sabia que ele era  um grande guerreiro, e tinha fé.Israel não era mais um povo sem líder. Israel agora tinha um juiz, o primeiro juiz de Israel, e ele era da tribo de Judá, seu nome era Otniel, filho de Quenaz, e ele libertaria Israel.