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História Estrelas do Céu de Abraão - O jardim secreto.


Escrita por: onlyreason

Notas do Autor


Boa leitura!

Capítulo 7 - O jardim secreto.


Fanfic / Fanfiction Estrelas do Céu de Abraão - O jardim secreto.

— Saiba que eu e sua tia estamos muito decepcionados com você, Esther. — disse Quenaz.

— Você era uma menina tão doce, não entendo como pode se transformado em uma jovem tão rebelde, de uma hora para outra. — Foi a vez de Adele,  se pronunciar.

Esther estava sentada de frente para eles,  mas olhava para baixo sem conseguir encarar os tios. Estava envergonhada.  Não deveria ter insistido nessa história de ir a uma festa moabita, mas essa era a forma que ela encontrou de ver Marduk sem arriscar a vida dele, mas arriscou a sua e as dos amigos.

Sabia dos riscos,  mas a curiosidade era grande demais. Nunca tinha estado em uma festa daquelas.  E sinceramente não gostou.

E para piorar, Kalu e Nira, seus amigos foram juntos. Certamente, estavam ouvindo sermão do seu Orias e da senhora Milah. Esther se sentia culpada, ela havia provocado tudo, e Marduk sequer apareceu,  ou talvez apareceu mais tarde... Deve ter ido.

— Prometo que nunca mais irei em uma festa moabita, tia. Foi só curiosidade mesmo. — falou, com lágrimas nos olhos.

— Talvez seja melhor você passar um tempo em Debir com sua avó. Fará bem para você.

— Eu não quero ir para Debir. Eu vou ficar sozinha lá,  longe de meus amigos.

— Não é uma escolha,  você vai Esther.  — Adele disse com firmeza.

— Posso levar Nira ou Kalu comigo? — pediu inutilmente,  sabendo que a resposta seria negativa. — Ou Seraias?

A tia negou com a cabeça.

— Não, você vai sozinha. Quer dizer,  Quenaz irá levá-la.

Esther pensou na parte positiva de ir para a cidade de Debir, ficaria junto da avó e faria companhia a Hatate. De fato,  não seria tão ruim assim.

                                   * * *

Na manhã seguinte, assim que o sol apareceu no céu, Esther estava a pé, ela sempre acordava cedo e naquela manhã,  principalmente, já que partiria para Debir. Seraías, insistiu para ir, mas não convenceu os pais.

O caminho para Debir, foi silencioso, mas Esther pediu uma coisa a Quenaz:

— Tio Quenaz, será o senhor não pode falar com o seu Orias?

— Sobre o quê?

— Sobre Nobá, ele quer ser um guerreiro, mas o pai acha que ele tem que ser comerciante, assim ganha bastante dinheiro, ele diz que ser é desnecessário, já que não estamos mais em época de confrontos, de guerra. — explicou Esther.

Quenaz balançou a cabeça.

— Os guerreiros nunca são desnecessários.  As cidades, e seus moradores, precisam de segurança.

— Eu sei tio, e ele me contou que foi o que disse para o pai, mas o senhor Orias, não escuta.  Então, eu pensei,   quem sabe ouvindo um  grande guerreiro como o senhor, ele muda de ideia? Nobá é um ótimo espadachim, seria bom para tribo de Judá, ter um guerreiro como ele.

— Claro, todo guerreiro é importante. Numa guerra, cada um, tem sua importância. Irei falar com o pai do jovem Nobá.

Esther sorriu.

— Obrigado, tio Quenaz.

— Não precisa agradecer não. Eu estou orgulhoso Esther,  disse que estava decepcionado, agora cedo,  mas se preocupar com o próximo é uma das coisas mais importantes.

                               * * *

Assim que chegaram, Quenaz foi falar com o filho.  E Esther foi em direção à casa,  e ainda nas escadas,  a avó surgiu da porta.

— Shalom,  minha avó.

— Shalom, Esther. — respondeu a avó.

— O que você aprontou, minha neta? — perguntou,  quando ela entrou na casa.

Esther se virou para ela,  srm entender.

— Como a senhora sabe?

— Eu te conheço muito bem. — disse Martha.  — E por sua resposta, realmente aconteceu algo, e você trouxe roupas.

— Não minha avó, eu só fui a uma festa moabita, com uns amigos. Curiosidade, de ver como é. Não fiz nada demais.

— Desobedecendo o primeiro dos dez mandamentos e acha que não é grave?! Já estive em festas de idolatria, quando era jovem e sei como funciona.  

Esther ficou em silêncio.

— Ah, Esther não faça isso com sua vida. A minha vida e da sua tia Adele, melhorou tanto, quando deixamos esses Deuses, para servir ao único Deus.

Esther queria crer como a avó e a tia,  mas não conseguia. Fé simplesmente acontecia, e não tinha acontecido com ela.  Não ainda.

                
                      * * *

Sem a presença de Seraías,  Kalu e Nira,  Esther se sentia intediada. Embora, houvesse muito serviço para ocupar a cabeça, os criados recusavam ajuda.

Anoiteceu, e Esther estava na varanda da grande casa contemplando a noite estrelada.

Otniel,  se aproximou parando ao lado dela.

— Ainda gosta de ver as estrelas, tanto quando era criança? — perguntou.

— Sim, muito.  Acho que é uma coisa que nunca vai mudar em mim. Da última vez vim aqui,  era lua nova,  mas hoje está essa lua cheia linda. — falou Esther,  olhando para o céu.

— Pois é,  as noites sempre são sempre lindas em Canaã.

—  Pelo que meu pai e sua avó disseram,  você fez algo de errado. Mas não deve ter sido tão grave assim. — ele mudou de assunto.

Esther olhou para ele. Suspirou.

— Foi grave e eu estou sentindo muito vergonha, Otniel, muita. — confessou.

— Eu acredito que você esteja no caminho certo.  Admitir os nossos erros é o primeiro passo, para  recomeçar,  para fazer diferente. — Otniel disse a ela.

— Não é apenas eu. Sei que prejudiquei meus amigos, mas eu errei tentando concertar um erro do passado.

— Do que se trata? Talvez eu possa te ajudar.

— Não,  ninguém pode. Acabou, não mais nada que se possa fazer. Essa festa era a única chance.

Otniel não insistiu, se ela não queria comentar,  ele não insistiria. Só esperava que ela não voltasse a decepcionar os tios.

Esther suspirou.

— Eu sei que cresci,  que está  na hora de mostrar minha maturidade, que não sou mais aquela menina, que agia como uma princesa, mas eu estou tentando me encontrar, porque eu sinto como se estivesse no lugar errado, e de fato eu estou. Nada parece ideal para mim aqui,  vivendo no meio dos hebreus.

— Às vezes eu acho que teria sido mais fácil ter morrido com os meus pais em Jericó.

— Esther,  não diga uma coisa dessas, nunca. — ele a repreendeu.  —  A nossa vida é preciosa e única. Essa fase vai passar, acredite, eu já me senti assim quando era mais jovem.

Aquilo não fez o menor sentido para ela.

— Isso não é possível, um dos melhores guerreiros de Israel. E hebreu, porque se sentiria no lugar errado?

— Mas eu nem sempre fui um bom guerreiro, e eu e perguntava como poderia ser filho de um guerreiro como Quenaz se eu era tão ruim? Tão fraco?

— Pois é,  por isso que eu quero que reflita. Podemos sempre nos tornar melhor, mudar nossas vidas.  Nunca devemos pensar que não existe mais saída.

Esther pensou naquelas palavras.

—  Bom,  eu vou entrar, está tarde. Eu acordo cedo amanhã.  Você vai ficar?

— Sim, um pouco mais.

— Até amanhã Esther,  Shalom. — despediu-se ele.

— Shalom.

                          * * *

Esther regava algumas mudas de flores, na varanda.

— Esther. — chamou uma voz, de criança.

Ela se virou e viu o primo, correndo em sua direção.

— Seraías, você por aqui. — ela o abraçou. — Estava com saudades suas, meu amor.

— Eu também, prima. — respondeu o garotinho. — Vim com o meu pai e o tio Calebe.

Esther olhou em direção a carruagem e os viu.

— Aconteceu alguma coisa, para eles virem até aqui? — ela questionou.

— Eles vão para Efraim, encontrar com Josué.

Esther, viu que Otniel conversava com o pai e o tio. Por alguns minutos, e a carruagem partiu.

— Tenho uma surpresa para vocês. — Otniel disse, enquanto se aproximava da varanda.

— Uma surpresa? — perguntou o irmão mais novo dele.

— Sim,  você ficará aqui conosco, até nosso pai voltar, Seraías.

Esther abraçou Seraías novamente.

— Que noticia maravilhosa, Otniel. Estava com muita saudade, dessa coisa linda aqui. — disse ela.

— Eu também, sinto falta do meu irmão caçula.

— Onde está o Hatate? — perguntou Seraías.

— No jardim secreto. Vai lá, que eu já estou indo.

— É uma fase tão boa, pena que passa tão rápido. — disse Esther,  observando o primo correndo em direção ao jardim.

— Parece que foi ontem que eu te conheci.  Você também era uma menina na época.

— Eu era uma princesa mimada, não é?

— Não, na verdade eu achava você uma criança triste, também não era menos, depois de tudo o que passou. Mas com os amigos,  você foi mudando.  Se adaptando a nova vida.

— Você também faz parte disso, eu era uma menina assustada e triste e você com sua calma, sua paciência, me fazia sorrir, dizia que ia ficaria tudo bem. E ficou tudo bem.

— Era alguma coisa grave, tio Quenaz e Calebe, partindo de repente para Efraim? — ela perguntou em seguida, mudando de assunto.

— Não, Josué apenas quer se encontrar com os líderes tribais. É que antes, viviamos em acapamentos e nos encontrávamos com muita rapidez, geralmente eu ia avisar aos lideres tribais que Josué os esperava na tenda de reunião.

— Mas agora, cada um tem as suas terras. —  completou Esther.

— E isso é bom, finalmente a promessa de Deus, se cumpriu. Bom, deixa eu ir lá, os meninos estão me esperando. Shalom.

— Shalom.

Otniel virou-se para ela novamente.

— Esther, você não gostaria de ir conhecer o jardim secreto? — perguntou.

Esther sorriu,  finalmente iria conhecer o jardim secreto.

— Sim. — ela respondeu. — Eu gostaria.

                        * * *

— Bem vinda ao jardim secreto.

Esther ficou encantada, que nem sabia para onde olhar, ou caminhar.

— Uau! É mais lindo do que eu poderia imaginar.

Hatate e Seraías, brincavam perto deles.

— Nunca vi olhos de uma pessoa brilharem tanto ao entrar aqui. — Otniel disse,  a Esther.

Ela sorriu.

— Talvez porque você nunca tenha conhececido alguém que ama tanto as flores.

— Se eu soubesse disso, já teria te convidado para conhecer o jardim antes.

Uma espécie diferente, se destacava diante de outras. Esther se aproximou impressionada. Existiam diversas cores; roxas, rosas, amarelas, brancas,  vermelhas.

— Eu não me lembro de ter visto essa espécie antes, eu realmente nunca vi. E é muito bonita. — disse ela, se aproximando. 

— Essa é a Rosa de Saron, conhecida também como Lírio dos Vales. — contou Otniel. — Na região montanhosa de Efraim tem um vale chamado, Vale de Saron, eu trouxe algumas mudas para cultivar aqui. Dizem que foi um milagre que aconteceu naquele lugar. Não existiam flores e quando Israel passou a habitar, a terra se tornou fértil e as flores surgiram.

— Não há nenhuma dúvida de que Israel é abençoado por Deus. 

— Deus nunca nos abandonou.

— Você é umas das poucas pessoas que fala comigo assim. Como se eu realmente fizesse parte do povo hebreu. E não como uma caneneia.

— Você pertence a tribo de Judá, ao Clã de Calebe. Eu creio que você tenha ouvido falar de meu avô?

— É claro, o tio Quenaz sempre falou sobre ele: Jefoné.

— Exatamente, meu avô Jefoné  era quenezeu, nas minhas veias corre sangue de outros povos que não hebreu. Seu meu avô não tivesse escolhido esse Deus, eu não seria um guerreiro de Israel.  Talvez fosse até inimigo dos hebreus.

— O sangue não determina em que Deus vamos crer. A fé no verdadeiro Deus vem de dentro, e pode vir de qualquer um. Como aconteceu com sua avó e sua tia, ambas caneneias. — completou o pensamento.

— Nem todos pensam como você e seu pai,  Otniel. O tio Quenaz foi o homem mais generoso que eu já conheci.

A ruiva continuou observando e contemplando as flores do jardim, maravilhada.

— Traga Seraías mais vezes. — pediu Otniel, olhando para o irmão e para o filho que brincavam perto dali.  — Hatate fica muito sozinho, aqui.

— Tudo bem. Sabe nunca imaginei, um guerreiro que é jardineiro nas horas vagas. — comentou ela.

Otniel sorriu.  Ele estava sorrindo como a muito tempo, Esther não via.

— Graças a Deus, a terra ficou em paz. E então, eu tenho plantação de tâmaras e uvas, mas tenho camponeses que trabalham especialmente nisso.  Por isso, fico aqui.

— E você Esther,  além de admirar e colher flores, o que mais gosta de fazer?

— Tantas coisas, afinal, uma terra como Canaã, nos dar inúmeras opções. Eu gosto de nadar, de cavalgar, mas o que gosto mesmo, é de ver as estrelas. Uma coisa que eu simplesmente não sei explicar. Uma certa fascinação pelo céu.

— Sabe que foi aqui em Canaã,  Hebron, lá onde você,  meu pai, Adele, Seraías vivem, foi exatamente lá, onde Deus disse a Abraão, para ele contar as estrelas.

De todas as histórias do povo hebreu,  essa foi a que Esther mais gostou. A história de Abraão. Uma história que provava que Deus não falha, e que cumpre suas promessas.

                              * * *

Alguns dias passaram e finalmente Quenaz e Calebe,  voltaram. Por isso,  Esther quis ajudar Martha com o almoço. Ela estava gostando tanto de ficar em Debir, não esperava que gostaria tanto de sair de Hebron,  embora estivesse sim com saudades dos amigos.

— Esther, é impressionante, minha neta.

— O que minha avó?

— Otniel. Faz tanto tempo que eu não vejo ele sorrindo desse jeito.

— Mas é que criança sempre anima o ambiente. — disse a ruiva.

Martha balançou a cabeça.

— Não acho que é apenas por causa de Seraías, a principal responsável por isso, é você.

Esther ficou surpresa.

— Eu?!

— Sim, Esther. Afinal, o Hatate sempre esteve aqui, mas foi desde que você chegou que eu tenho visto Otniel sorrir desse jeito.

— Não acho, Otniel sempre foi meu amigo. Eu era uma menina complicada, e ele me ajudou muito, assim como a senhora, a tia Adele, e o tio Quenaz. Muito prestativo,  se preocupa com as pessoas.

— Quando meus tios dizeram que eu teria que vir para cá, eu fiquei chateada, embora, ache esse lugar lindo, eu ficaria longe de meus amigos e de Seraías, mas meus tios sabiam que me faria bem, está sendo maravilhoso ficar aqui. Ainda mais agora com o priminho aqui, e a senhora.  Vou sentir saudades.

—  Eles não podem ficar aqui mais alguns dias? Otniel perguntou ao pai.

— Adele ficou sozinha em casa,  e Seraías, embora seja muito proximo de Hatate, sente falta da mãe,  também. — explicou Quenaz.

— Entendo. Mas se é assim,  eu tenho um presente para você, Esther.

Era uma muda da Rosa de Saron.

— Leve com você. Para que você nunca se esqueça desse lugar.

— Obrigado, eu fiquei realmente encantada com a espécie.  Eu vou plantar.  — respondeu. — Certamente não irei esquecer. Jamais esqueceria um lugar encantado como seu jardim.               

Enquanto voltavam para Hebron,  Esther pensava que sentiria saudade daquele campo lindo.  E das conversas com Otniel no jardim secreto.  Com ele,  Esther finalmente estava finalmente começando a compreender sobre o Deus de Israel.



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