—Aonde você estava?- ela perguntou me fazendo engolir seco.
—Você quer uma massagem?- pergunto mudando o assunto, o que eu diria á ela? Eu não queria mentir, mas não podia dizer a verdade. Sentei na ponta da cama e comecei a fazer massagem em seus pés. —Não se preocupe, amor, não é nada demais. E aí, fomos foi o seu dia?
POV ANALU
Fiquei em silêncio ouvindo ele mudar o assunto e não responder a minha pergunta, então, me ajeitei na cama e fingi bocejar, falei que estava com sono e fechei os olhos, ouvi ele sussurrar que me amava e em seguida foi até o closet, vestiu uma roupa e saiu pela porta...
Eu sabia que ele estava tentando esconder, sabia que ele estava com alguém, fazendo alguma coisa e eu senti uma dor atravessar o meu peito, tudo que eu queria era não pensar numa traição. Henrique não poderia fazer isso comigo, não depois de tanto sofrimento que passamos, não depois de todas as declarações, depois do pedido de casamento... Ele não poderia fazer isso!
Eu entendo que com a gestação nossa vida sexual não está tão ativa, a barriga incomodava pelo seu tamanho, as posições já não eram mais a mesma... Mas eu jamais deixei de satisfazê-lo, tudo faz sentindo agora ele não está me procurando como antes. E por mais que ele me dê carinho, amor, eu sinto que falta algo, sinto que ele não tenha tanto tempo para mim como no início dá gestação... Será mesmo que o nosso relacionamento caiu na rotina?
Acendi o abajur e me sentei na cama, queria poder encolher os joelhos e abraçá-los mas a enorme barriga me tirava essa opção, então apenas me esforcei na cabeceira e deixei as lágrimas descerem, pedi mentalmente que Henrique não voltasse no quarto, não por agora, fiquei tentada a mexer em seu celular que estava na cama, mas me contive, eu não queria desconfiar dele, não queria ter que invadir a privacidade dele. Eu tinha que confiar em meu noivo, afinal, que tipo de casamento teríamos se eu não confiasse?
O pior é que minha mente cria várias suposições e todas elas levavam a uma possível amante. Oh Deus, de novo não, por favor! Minha cabeça estava latejando, minhas pernas ainda doíam, andei demais... Meus pés pareciam dois pães, gordo e inchados! Meu Rafael mexia agitadamente, provavelmente achando uma posição confortável, e eu sorri, ele é o que me mantém de pé e o que me dá forças para enfrentar tudo com um sorriso no rosto.
—Oi meu amor, a mamãe quer tanto pegar você no colo!- falo levantando a blusa e encarando minha barriga. —Você não imagina o quanto... Me desculpa por estar te passando tristeza, a mamãe esquece que você sente as mesmas emoções que ela. Vai ficar tudo bem, tá? A mamãe vai aguentar tudo por você, eu não quero que você tenha a mesma infância que eu tive, tá? Você vai ter seu papai junto a ti e ele vai te proteger de toda a maldade do mundo, e eu vou estar com você para sempre, prometo que vou cuidar de você e te fazer o hominho mais lindo e educado do mundo, você é meu orgulho, o meu principezinho. E a mamãe promete que não vai ficar chorando e nem fazendo você ficar se mexendo assim, eu sei que você fica um pouco agitado quando a mamãe fica triste... Veja, só de conversar com você eu já me sinto bem melhor, eu estou feliz por saber que você está aqui comigo, eu te amo, amo muito mesmo! Agora vamos dormir que a mamãe está sentindo dor na garganta, e precisa descansar. Boa noite meu príncipe!
Adormeci com a mão na barriga e os meus pensamentos no meu filho, imaginando como seria quando ele viesse ao mundo...
POV HENRIQUE
Depois de ouvir Analu conversar com nosso filho eu senti as lágrimas descerem, sua voz estava rouca e eu podia sentir tristeza em suas palavras. Mas eu não podia dizer á ela, claro que não! Entrei no quarto sem fazer barulho e peguei meu celular.
Desci as escadas desnorteado, só pensava no que iria fazer, se eu contava para minha mãe ou se fugia dela também... Talvez eu contaria ao meu pai, mas consequentemente ele contaria a minha mãe e então, novamente eu preferi guardar em segredo. Apenas uma pessoa iria me ajudar, iria me ouvir e com toda a certeza essa pessoa seria a Marília, deixei mensagens e pedi para que ela viesse aqui em casa para eu desabar com ela e pedir alguns conselhos, sei que ela não me negaria.
—Ela dormiu?- perguntou meu irmão, pelo que vi, meus pais já haviam dormido.
—Sim, ela disse que estava com sono, na verdade eu achei que ela tinha ido dormir, mas vi que ela só estava fingindo.- suspirei. Acho que ela não me quer ao lado dela!- sorri fraco. —Entrei lá para pegar o celular e eu acho que agora sim ela dormiu de verdade...
—Tem toda a razão, não é, Henrique?- ele perguntou sentando ao meu lado no sofá. —Olha a hora que você chegou em casa, vei?
—Não estava tarde, ok?- pergunto irritado.
—Não precisa responder assim, sua futura esposa estava passando mal e você estava sabe se lá aonde!
—Já estou me sentindo culpado o suficiente, por que não me ligaram avisando que ela estava mal?
—Ela disse que não precisava ligar, pois ela queria saber até que horas você iria voltar para casa!
—Quer saber?- perguntei com raiva. —Me deixa sozinho!- falo e saio andando até a área da piscina, pego o cigarro e o acendo.
As coisas não parecem se acertar nunca! Me esforço para fazer ela feliz, faço de tudo por ela, e ainda sim a vejo triste. Será que ela não está feliz comigo? Faltam poucos meses para o nosso casamento, será que ela vai desistir? Sentei a beira da piscina e deixo as lágrimas invadirem meu rosto, eu não me perdoaria se ela se afastasse de mim, não me perdoaria se ela se negasse a se casar comigo... Deitei na grama que havia por ali e fiquei pensando em nossos momentos, em todo o nosso sofrimento até aqui, eu não conseguiria viver sem ela, muito menos sem acompanhar o crescimento do nosso filho.
(…)
—Henrique, meu filho...- acordei ouvindo a voz da minha mãe e eu tentei abrir os olhos. —Você dormiu aqui?- ela disse passando a mão no meu cabelo e eu coloquei a mão em cima do olho para afastar a claridade...
—Que horas são?
—Sete e quarenta!- ela disse se sentando ao meu lado. Eu sentei e percebi que estava no mesmo lugar de ontem, ainda bem que eu apaguei o cigarro antes de dormir, senão provavelmente eu morreria carbonizado. Deus me livre!
—Mãe!- olho para ela que me olhou esperando uma resposta, mas ao invés disso eu a abracei apertado, ela não disse nada, mas me aconchegou em seus braços e afagou meus cabelos enquanto eu chorava. Ficamos em silencio por pelo menos uns dez minutos, em seguida ela me convenceu a subir e tomar um banho. Como um bom filho, obedeci e me levantei a ajudando levantar também.
—Vou fazer um chá para Analu...- disse ela caminhando até a casa e eu a segui. —Henrique, eu não vou ficar no seu pé, corrigindo seus erros, você já é adulto, por favor meu filho, tenha juizo!
—Uhun!- falei e beijei sua testa. —Vou dormir, só me acorde de o mundo estiver acabando!
—Deus me livre, Henrique!- disse ela batendo em meu braço. —Vira essa boca para lá!- ri saindo da cozinha e com cuidado subi as escadas sem fazer barulho, abri a porta e automaticamente eu sorri ao ver Analu deitada de lado, ela estava abraçada com o meu travesseiro, fiquei por um tempo a analisando e em seguida fechei a porta do quarto indo até o banheiro e tomando um banho rápido, em seguida vesti uma cueca, fechei a cortina e deitei ao lado dela, quando finalmente fechei meus olhos ouvi sua voz rouca e baixa dizer...
—Por que não dormiu comigo?- em seguida ouvi um soluço, ela estava... Chorando? Senti um aperto no peito, não gosto de ver ela assim tão vulnerável, acendi a luz do abajur já que o quarto estava escuro e pude ter a visão de seu rosto completamente molhado pelas lágrimas.
—Ei, se acalme meu amor!- falo sentando na cama. —Não dormir fora de casa...
—E por que não estava aqui comigo?- perguntou soluçando e eu limpei suas lagrimas.
—Eu desci para tomar um ar, me sentei lá fora perto da piscina e comecei a fumar, mas, quando terminei eu deitei na grama e fechei os olhos pensando em nós mas eu acabei pegando no sono, acordei agora com a minha mãe me chamando!- falo a verdade e ela me olha desconfiada. —Se quiser pode perguntei á ela, você sabe que a mãe não acoberta a gente.
—Henrique, você ainda me ama?
—Ei, que pergunta boba! É claro que eu te amo. E você, você ainda me ama?
—Sim, eu te amo muito...
—Você não vai desistir do nosso casamento?- pergunto sentindo um nó se formar na minha garganta.
—Tenho motivos?- perguntou me olhando.
—Não que eu saiba!- falo beijando sua testa. —Eu te amo, viu? Amo muito! Agora deita aqui comigo, bem agarradinha que eu vou dormir um pouco, mas quero te sentir!- falei a abraçando, ela deitou de costas nos encaixando numa conchinha. —Daqui a pouco a Mari aparece por aqui... Vamos compor!- ela assentiu. —Tudo bem?
—Claro!- sussurrou e eu adormeci cheirando seus cabelos.
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