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História Eu sou um anjo? - A Fumaça Azul


Escrita por: PoinhaILYMTICES

Notas do Autor


Eeeeentão galere, eu não sei bem se essa história é de DAR MEDO mesmo, mas eu que fiz, achei interessante e resolvi compartilhar com vocês
Eu tenho mais três fics aqui (quem não conhece, desce a pagina que as três vão aparecer, já que não pode colocar link aqui)
LEMBRANDO QUE É MINHA PRIMEIRISSIMA FIC DE TERROR.

Capítulo 1 - A Fumaça Azul


Fanfic / Fanfiction Eu sou um anjo? - A Fumaça Azul

Eu sou um homem de 32 anos, hoje sou casado e tenho um filho, sou formado em medicina, mas já estudei muito sobre essas coisas de espírito sabe (que eu acho que se falar formalmente, poucas pessoas vão entender), porém parei com isso porque não me ajudaria a construir minha vida, ou seja, não daria muito dinheiro. A história que eu vou contar, aconteceu há uns três ou quatro anos atrás, quando eu ainda morava sozinho.

Eu nunca tive o costume de dormir cedo (eu sempre acordava com sono, fazia tudo com sono, mas quando ficava de noite esse sono simplesmente desaparecia). Então era uma quarta-feira qualquer e eu estava deitado na minha cama tentando dormir, dei uma olhada no relógio de parede e percebi que eram exatamente 2:30 da manha, revirei mais um pouco naquela cama e enfim cheguei à conclusão de que eu não conseguiria dormir. Parei de me forçar a ficar com os olhos fechados e fiquei pensando na vida, sabe quando pensa nas pessoas que gosta e tal? De repente me lembrei de um amigo que, por culpa de nossa rotina, eu não via e nem tinha contato há algum tempo (alguns meses para ser mais exato).

Na hora me bateu uma vontade estranha de falar com ele, sabe... Queria vê-lo e perguntar como estava a vida, nem me importei se já estava tarde, decidi que iria ligar para ele. Meu celular sempre ficava no chão carregando (porque a bateria era péssima) e quando eu coloquei a mão para baixo e consegui pegá-lo, ele estava vibrando. Mas eu não tinha percebido aquilo antes, como? Todos sabem que quando o celular vibra, ele faz barulho, principalmente se ele estiver em um local duro como o chão, e por que ele não fez nenhum som (como música) se ele não estava no silencioso? Não sei responder essas perguntas, mas na hora nem dei muita importância porque eu precisava atender.

Ligação:

-Alô?- Eu atendi até que com um ar de curiosidade, eu não conhecia aquele número e... Quem estaria me ligando uma hora dessas?

-Hey cara, será que da pra vir aqui em casa agora?- Era a voz daquele meu amigo que eu não conversava há alguns meses e que eu estava pensando em ligar naquele momento. Eu achei aquilo a coisa mais impressionante do mundo; Eu estava pensando em ligar para ele, aí quando eu pego o celular ele está me ligando...

-Meu deus cara, quanto tempo- Eu disse com uma voz alegre, indicando estar bastante feliz por falar com ele depois de tanto tempo- Você nem vai acreditar no que acabou de acontecer. Eu estava pensando em você quando me deu uma vontade bem estranha de te ligar e quando peguei o celular para fazer isso... Você já estava me ligando- Eu disse, porém ele ficou calado e sabe... Meu amigo não era e nem é assim, qualquer coisa que você falar para ele, ele vai pelo menos fingir que se interessa e conversar sobre. Mas eu não iria brigar com ele por isso né.

-Eu preciso que você venha aqui em casa agora- Ele disse sério, o que me deixou um pouco menos alegre. Como eu disse, tinha meses que a gente não se falava e eu fiquei sabendo por um outro amigo nosso que, como ele estava fazendo faculdade, ele havia se mudado para uma república, esta que eu não sabia o nome e nem onde ficava.

-Tá, claro que eu vou. Mas eu não sei onde você está morando agora- Coloquei o celular no viva-voz e entrei no meu bloco de notas afim de salvar seu endereço- Pode me falar o endereço.

-Você não precisa saber, só vem rápido- Foi tudo o que ele disse antes de desligar a chamada na minha cara, sem ao menos me dar chance de responder ou pelo menos entender o que ele quis dizer com isso.

Fim da ligação

Eu ainda não sabia muito bem o que fazer, mas me levantei e troquei de roupa, prendi meus cabelos que eram grandes na época e quando já estava pronto. Peguei meu celular e fui olhar no histórico de ligações qual era aquele número que meu amigo havia usado para me ligar e ligar novamente para ele. Porém o último número que estava salvo ali, era o de outro amigo meu (Henrique) e era de uma ligação feita há horas atrás, quando ainda era dia, Henrique é aquele que eu disse que conhece nós dois e me disse que ele havia mudado. Procurei bastante pelo número, porém não achei e resolvi ligar para Henrique que devia saber onde ele morava. Alguns minutos depois eu já sabia onde deveria ir (inclusive era uma rua que eu conhecia e sempre passava), então peguei meu carro e...

A rua da minha casa estava muito calma sabe, já era madrugada e todos provavelmente estavam dormindo, mas não se ouvia nada, era como se eu estivesse com tampões de ouvido, uma sensação muito estranha, mas apenas ignorei. Fechei o portão eletrônico, coloquei meu sinto, fiz minha oração que sempre faço quando entro em meu carro e fui... Porém, ao chegar lá e achar o tal prédio onde meu amigo morava, me dei conta de que nunca tinha visto ele ali...  Essa rua também estava muito calma e eu não conseguia ouvir barulho nenhum depois que desliguei meu carro, eu sabia que o certo seria eu voltar de onde vim e ficar bem quieto em minha casa, porém eu não sentia medo e quando olhei de novo para aquele prédio (que era o único feio e que tinha uma luz acesa), uma luz azul saia de um dos apartamentos junto de uma fumaça muito forte.

Bom, dessa vez eu também sabia que devia chamar os bombeiros ou algo assim, mas de novo não senti medo e minha curiosidade falou mais alto que meu bom senso, era como se eu conseguisse resolver qualquer problema que estivesse acontecendo ali. Então entrei no prédio sem maiores dificuldades já que a porta não estava trancada e não havia nenhum segurança ali (o que era bem estranho, mas eu não percebi na hora) e fui até o andar onde deveria ficar aquele apartamento da luz azul e da fumaça. Nesse andar haviam quatro portas e por conta de eu ter subido várias escadas em direções diferentes, eu não fazia a mínima idéia de qual era a daquele apartamento, fiquei olhando em volta e percebi que três dessas portas eram lisas (sem nenhum detalhe e nem nada) porém,  uma única delas era toda desenhada, (com entalhes de madeira sabe) aqueles desenhos eram realmente muito lindos e... Me chamaram a atenção. Eu não sei explicar o motivo, mas eu tinha certeza de que aquela era a porta do apartamento enfumaçado. Bati na porta umas seis vezes (três de cada vez), porém ninguém abriu e eu não consegui ouvir nenhum som (ela estava trancada, obviamente), então bati a campainha e no exato momento em que tirei o dedo daquele botão, pude ouvir que a porta foi destrancada. Porém ninguém nem mexeu na maçaneta e a porta continuou fechada, tomei o ato da pessoa destrancar a porta com um “pode entrar” e foi realmente o que fiz.

Eu abri a porta e o apartamento era bem grande, as paredes eram brancas e tinha um corredor que dava para uma janela, essa que tinha uma pessoa paralisada em frente, na hora eu reconheci que era meu amigo e de novo fiquei feliz daquele mesmo jeito de quando eu atendi e ouvi sua voz. Chamei ele pelo nome umas duas vezes antes de entrar em sua casa, mas nada aconteceu, ele não falou nada e nem mexeu nem um músculo. Foi então que eu comecei a pensar... Se ele está ali parado desde que eu abri a porta, quem a destrancou? Porque, do segundo em que a porta foi destrancada até o segundo em que eu a abri, não era tempo o suficiente para ele ir até a janela. Então entrei e olhei no cômodo mais próximo da porta (que era a cozinha) e antes de chagar ouvi uns sussurros, não dava pra entender muito porque estava bem baixo, mas era algo como “ele não está bem”, “é melhor você não ir”, porém não tinha ninguém lá e quando fui olhar em volta para ter certeza de que não tinha ninguém mesmo, esbarrei de novo o olho em meu amigo que ainda estava parado ali do mesmo jeito.

Fui até o seu lado e mesmo assim ele não havia me visto ali, levantei a mão para tocar seu ombro e era como se, milésimos antes de eu fazer isso, ele tivesse descoberto e olhado para mim, como se eu já tivesse feito. Eu nem precisei encostar nele e ele já começou a me agradecer e perguntar como eu havia entrado lá, sem nenhuma outra explicação plausível eu disse que foi ele quem abriu para mim (não tinha outro jeito daquela porta se destrancar), eu percebi que ele não acreditou em minha resposta, mas deixou para lá e começou a me chamar para sair dali, ele me chamava desesperadamente como se estivesse acontecendo algo de muito errado ali, o que não era o caso porque não tinha nada ali, nem mesmo pessoas além de mim e ele. Mas já que ele havia me chamado e ele estava pedindo para sair, atendi aos seus pedidos e o levei até meu carro, o guiando até minha casa.

Ele foi o caminho todo calado (coisa que ele também não faz, ele sempre conversa muito e é muito divertido, mas obviamente eu já havia percebido que ele não estava muito bem) e se agarrando em sua camisa, como se aquilo o protegesse ou... Como se alguém estivesse tentando roubá-la dele. Finalmente chegamos em minha casa (porque eu demorei um pouco para achar o caminho de volta para minha casa). Chegamos normalmente, eu estacionei o carro, fechei o portão e meu amigo desceu junto comigo, entramos na casa e, por instinto eu fui direto para o meu quarto, mas percebi que ele não me acompanhou e ficou parado na copa (que é um cômodo inútil dentro de uma casa que não serve para nada pra quem não sabe, no caso a minha tinha uma mesa e um computador). Voltei até onde ele estava para saber o motivo de ele não ter me acompanhado.

-Hey, vamos lá pro meu quarto, sim?- Ele não disse nada, apenas olhou para o lado esquerdo de onde estávamos, onde tinha a porta do banheiro- Sabe, eu não entendi muito bem o que estava acontecendo lá no seu apartamento quando eu cheguei lá- Eu disse e ele imediatamente abriu a boca muito rápido e tomou fôlego, achei até que ia me xingar.

-Será que eu posso tomar um banho?- Ele me perguntou frio, como se nem me conhecesse. Obviamente eu deixei e por sorte eu tinha um pacote fechado com três cuecas que eu nunca havia usado (porque eu sou sem noção e comprei um número menor), então dei todas para ele, ele era mais magro e como não iria servir em mim mesmo...- Roupas- Ele disse e isso foi um pedido para que eu lhe emprestasse roupas.

-Acho que não tenho muitas roupas que servem em você e... Não precisa disso cara- Éramos bem próximos e não iríamos sair dali, ele só tomaria um banho e dormiria, provavelmente.

-Eu preciso de roupas- Seu tom de voz me deu calafrios, então eu imediatamente fui até meu quarto e achei uma bermuda antiga que não servia mais em mim, peguei uma regata qualquer (que eu julguei ser a única blusa que não viraria um vestido nele) e lhe entreguei tudo dobrado- Obrigado- Ele não parava de falar estranho, mas imaginei que ele estivesse apenas precisando de uma boa noite de sono- Ele entrou no banheiro e imediatamente eu ouvi barulho de fivela e de panos caindo, como se ele tivesse desabotoado o cinto e colocado suas roupas em cima da pia, o chuveiro ligou e mentalmente, eu lhe dei vinte minutos para sair dali, eu estava muito preocupado.

Voltei até o meu quarto e olhei no relógio, eram 3:37 então quando fossem 3:57 ou quatro horas, se ele ainda não tivesse saído do banheiro, eu iria chamá-lo. Enquanto não dava essa hora, coloquei uma música qualquer no celular e fiquei tentando escutar com os fones de ouvido, sim, tentando porque eu não conseguia identificar o que estava tocando ali, por mais que eu passasse de musica, tudo o que eu conseguia ouvir eram chiados. Apesar disso ter sido bem estranho, eu não me preocupei muito porque minha cabeça estava em outra coisa, no que tinha acontecido há pouco no apartamento de meu amigo.

Apenas quinze minutos se passaram, mas eu não me agüentei e fui até a porta do banheiro, que ainda estava trancada, bati algumas vezes, mas nada, o chuveiro ainda estava ligado e ele com certeza ainda estava tomando banho. Me sentei em uma das cadeiras que tinham ali e fiquei um tempo esperando, quando olhei de novo no relógio, ele havia acabado de mudar para quatro horas em ponto, então já havia se passado os vinte minutos (até mais) e eu bati de novo na porta, dessa vez chamando seu nome. De novo a porta apenas se destrancou e ninguém mexeu na maçaneta, abri a porta e... Por mais que antes de abrir eu ainda estivesse escutando o chuveiro, ele estava desligado, meu amigo estava com as mesmas roupas de antes e as que eu havia lhe emprestado estavam dobradas exatamente do jeito que eu lhe entreguei, no chão, junto do pacote de cuecas. Peguei as roupas do chão e então fomos até o meu quarto (ele não havia tomado banho?). Chegamos no meu quarto, ele fechou a porta, sem falar nada pegou as roupas de minha mão e começou a se despir ali, na minha frente (éramos bem próximos, mas não me sentia bem com ele totalmente nu na minha frente, mas ele o fez como se fosse algo normal do dia-a-dia) vestiu a cueca, a bermuda e a regata que eu lhe emprestei e depois olhou para mim como se não soubesse o que fazer.

-Quer que eu guarde para você?- Eu perguntei apontando para suas roupas que agora estavam amassadas em sua mão. Ele acenou com a cabeça como uma criança assustada e me entregou as roupas.

Assim que as peguei, percebi que estavam molhadas, mão não estavam encharcadas como se ele estivesse entrado em baixo do chuveiro com elas sabe, estavam apenas... Molhadas. Então fui até o quintal de minha casa que ficava atrás do banheiro, puxei o varal para baixo e assim que terminei de pendurar suas roupas ali e que fui subir o varal de novo, percebi um pouco de fumaça saindo do banheiro, essa fumaça era azul e eu logo entendi que era exatamente o apartamento de meu amigo que estava com aquela luz e aquela fumaça (luz essa que não existia, era a fumaça mesmo que era azul e estranhamente iluminava), mas era muito pouco mesmo como se estivesse acabando. Então estiquei um pouco os meus pés e passei a mão diversas vezes entre ela para que saísse dali, porém ela não saiu e era extremamente gelada, a sensação que eu tinha era que se eu ficasse com a mão parada ali, ela iria congelar.

Voltei para dentro de casa o mais rápido que minhas pernas permitiram porque aquilo havia me deixado realmente assustado, passei pelo banheiro e por mais que não desse para ver nada pelo lado de dentro, fechei a porta por precaução. Cheguei em meu quarto e a porta ainda estava aberta do jeito que eu havia deixado, porém meu amigo dormia tranquilamente em minha cama. Na hora eu tive a idéia de ligar para uma amiga minha que estudou essas coisas comigo na época, porém quando eu parei e fui cursar medicina, ela continuou com aquilo.

Ligação:

-Ingrid? Oi, como vai?- Eu disse isso antes de começar a pedir ajuda porque não seria ser mal educado né.

-Oi, eu to bem sim, mas você parece que não- Ela disse com uma voz sonolenta, mas mesmo assim preocupada. Contei tudo o que havia acontecido até aquela hora e só o que ela me disse foi- Faça tudo o que ele quiser, tudo o que ele te pedir, ajude-o da melhor maneira possível e quando ele for embora, não converse com ele até que ele converse contigo- Logo depois a chamada foi interrompida, mas eu sabia que não foi ela quem desligou porque escutei um chiado muito grande antes, mas não me importei muito porque devia ser apenas falta de sinal.

fim da ligação

Apesar de não saber muito bem como ajudar meu amigo, eu decidi que faria sim o que ela me aconselhou, olhei para meu amigo dormindo na minha cama e, aos meus olhos ele parecia tão inocente, quem será que estava fazendo aquilo com ele? Alguns minutos se passaram enquanto eu olhava para ele e, por algum motivo desconhecido, me lembrei de um terço que eu havia ganhado anos atrás de uma menina que gostava de mim (uns dez anos atrás) e no dia que ela me deu, ela disse exatamente essas palavras “olha, eu estou te dando isso, mas por mais que você não queira, pegue por favor” eu peguei a caixinha com o terço e ela continuou falando “esse terço é muito forte e em diversas situações da minha vida eu precisei dele, mas eu sinto que um dia você vai precisar muito e... Eu não vou mais estar aqui para poder te emprestá-lo, então estou de dando de uma vez”, eu abri minha gaveta de coisinhas e na hora que achei a caixinha transparente com o terço vermelho, me arrepiei inteiro, me lembrei de que aquela menina havia morrido uns dois ou três anos atrás, será que ela sabia que aquilo aconteceria?

Abri a caixinha, peguei o terço e não senti nada além do normal, só sabia que ele cheirava muito bem, coloquei a cruz sobre a testa do meu amigo (que dormia de barriga para cima) e a correntinha sobre seus cabelos que estavam jogados para trás, eu não fiz oração e nem nada, só coloquei aquilo ali e me sentei ao seu lado, perto de seu rosto. Imediatamente meu amigo começou a tremer bastante, como se estivesse com medo, então eu peguei em sua mão e falei bem baixo que ele não precisava se preocupar porque era eu quem estava ali, na hora ele parou e se virou para mim (ainda dormindo) fazendo com que o terço caísse de sua testa, mas como caiu no travesseiro que ele usava, eu deixei ali mesmo. Fiquei um tempo sentado ali, enquanto segurava sua mão até perceber que estava tudo bem e começar a, finalmente sentir um pouco de sono.

Me levantei da cama bem lentamente para que meu amigo não acordasse, fechei a porta do quarto e fui até a sala com o intuito de dormir no sofá, eu não iria dormir ali com ele não é mesmo? Me deitei no sofá maior e em questão de minutos eu já havia dormido porque só me lembro de quando acordei (e eu tenho certeza de que estava acordado, mesmo que meu amigo insista comigo até hoje que eu estava apenas sonhando), bom... Quando acordei, meu amigo estava ali na minha frente com um machucado enorme em formato de cruz na testa, aquilo sangrava bastante e parecia que estava doendo muito, ele estava gritando com uma expressão brava, eu sabia que estava me xingando, mas... Eu ainda não estava totalmente acordado, como se estivesse naquele “transe” entre estar acordado e dormindo (quase dormindo), então eu não entendia nada do que ele falava, acho que aquilo lhe irritou mais ainda, então ele jogou o terço em mim e foi embora de minha casa.

Só quando ouvi o barulho de portão batendo, que pude me despertar direito, eu estava muito suado, sentado no meio do sofá e segurando o terço com bastante força. Estava cedo e como minha amiga disse para eu não falar nada com ele enquanto ele não falava comigo, eu fui até o meu quarto pegar uma toalha, para tomar um banho (já que estava muito suado) e me arrumar para ir trabalhar. Porém, na hora que eu abri a porta do quarto, pude ver meu amigo ali, deitado em minha cama naquela mesma posição, só que agora acordado.

-Hey, pode me explicar o que foi aquilo lá na sala? Porque estava brigando comigo? Eu fiz algo de errado?- Foi a primeira coisa que me veio na cabeça e antes de pensar como diabos ele estava ali em meu quarto se ele havia acabado de ir embora, eu já estava perguntando isso. Ele disse que não fazia idéia do que eu estava falando e que havia acabado de acordar- Claro que você sabe do que eu estou falando, você estava até com uma ferida na testa que... Não está aqui mais- Eu disse impressionado enquanto passava meu dedo indicador sobre sua testa.

-Bom... Antes de você entrar aqui, minha testa doía muito, exatamente nesse lugar onde você está passando o dedo, mas assim que abriu a porta, a dor passou- Ele disse se sentando na cama, ele falava calmo, parecia estar muito melhor do que na noite passada- Muito obrigado por me proteger ontem, ele disse baixo em meu ouvido como se não quisesse que ninguém mais escutasse aquilo, apesar de não ter mais ninguém ali, se levantou sem me dar tempo de respondê-lo algo e simplesmente foi andando até a cozinha.

-Sabe, a gente podia comer algo- Eu disse quando cheguei ali perto dele, ele concordou comigo e então eu preparei um café e pegue umas bolachas com geléia porque era a única coisa que eu tinha. Ele nem ligou para as bolachas e foi logo servindo uma xícara de café. Eu não estava com muita fome porque nunca como se manhã, sempre saio correndo para o trabalho, e pensando nisso, eu me lembrei de meu trabalho e... Decidi que ligaria para o meu chefe.

Fui até a varanda de minha casa (para que meu amigo não escutasse a conversa e pensasse que estava me atrapalhando em algo) e liguei para o meu chefe, comecei a lhe explicar tudo, mas ele me interrompeu antes de eu chegar na parte que fomos para a minha casa, e ele só disse “ajuda seu amigo” e depois desligou, aquilo me deixou completamente arrepiado, onde já se viu um chefe deixar seu funcionário (médico) faltar por conta de um amigo que está precisando de ajuda? Mas, eu não podia reclamar, porque aquilo estava sendo bom para mim. Voltei até a cozinha e meu amigo acabava de terminar uma xícara de café, enquanto a enchia de novo, quando percebeu que eu vi isso, ficou meio sem graça e tentou se explicar.

-Será que isso tira o sono mesmo?- Ele me perguntou se referindo ao café, eu disse que sim, cafeína atrapalha muito o nosso sono, mas perguntei por que ele queria saber isso- Porque não gosto de dormir com muitas pessoas sentadas ao meu lado na cama- Na hora eu me senti culpado por ter sentado em minha cama enquanto ele dormia.

-Mas... Era só eu e eu estava querendo te ajudar, me desculpa, não sabia que acharia ruim- Eu disse como se tivesse feito a coisa mais errada de minha vida.

-Não, não, não, o problema não é você, eu sei exatamente que você se sentou do lado esquerdo da cama, bem perto de minha cabeça, e eu também sei que estava ali para me proteger, o problema era as outras tantas pessoas que estavam ali em volta de mim. A que mais me assustava era a mulher que você expulsou de lá com o terço para se sentar- Eu simplesmente fiquei sem fala, apenas lhe abracei e disse que eu estava ali para lhe proteger (por mais que eu não soubesse como fazer isso).

Ele não foi embora (e obviamente eu não iria expulsá-lo) então fomos assistir algo na televisão, estava passando desenhos animados e isso com certeza o distraiu muito porque ele foi melhorando aos poucos, até ficar quase como era antes (ainda era possível ver o medo em seus olhos e sua voz). Passou-se algumas horas e ele acabou dormindo novamente em minha cama (talvez o café não tenha feito tanto efeito assim sobre ele), mas dessa vez eu apenas fiquei ali, me deitei ao seu lado para ocupar o máximo de espaço possível (aquelas pessoas que se sentam ao seu redor enquanto dorme, não fariam mal algum pra ele, pelo menos não enquanto eu estivesse ali). Dessa vez ele mesmo pegou em minha mão e então dormimos.

Incrivelmente dormimos até o outro dia de manhã e eu só acordei com ele me chamando, ele chamava baixo e passava a mão direita em meu braço como se não quisesse me assustar, quando acordei ele me deu bom dia e disse que já estava na hora de ir embora porque as pessoas que moravam com ele (as que estudavam na mesma faculdade, afinal de contas ele morava em uma república) já deviam estar preocupadas com ele, não questionei nada e apenas fui até o lado de fora da casa, pegar suas roupas para lhe devolver. Ele foi até o banheiro trocá-las novamente, porém não me devolveu ( e eu não dei a blusa e nem a bermuda, só as cuecas), apenas me agradeceu muito pela ajuda e fui embora. E eu, seguindo o conselho de minha amiga eu apenas fui trabalhar (porque já era sexta feira) e não falei nada com esse meu amigo, fiquei esperando ele me ligar ou algo assim.

Três semanas depois, eu estava novamente em minha casa e... Já até estava esquecendo aquela história sabe, não comentei com ninguém também além de minha amiga e meu chefe (que nem quis saber de tudo). Meu celular tocou (dessa vez fazendo barulho e dessa vez com o nome do meu amigo no visou, ou seja, ele não havia mudado de número...). Atendi e ele estava me chamando novamente até a sua casa, concordei em ir, então me troquei e... Dessa vez deixei meus cabelos soltos (não sei explicar exatamente o porque já que eu sempre pendo eles, mas acho que eu não queria aparecer em sua casa exatamente do jeito que eu tinha ido aquele dia, era como se eu sentisse que se eu chegasse lá assim, tudo aconteceria de novo).

Terminei de me arrumar e dessa vez fui a pé mesmo, porque o lugar era perto da minha casa e eu não precisava gastar gasolina para ir lá. Assim que cheguei na rua de seu prédio, ele estava novamente na janela e eu já gelei (não era possível que estava acontecendo tudo outra vez... Foi o que eu pensei), mas quando fui olhar “em volta” (o resto do prédio) percebi que tinham mais apartamentos com a luz acesa e... O prédio estava lindo e não mais caindo aos pedaços como na primeira vez que fui lá, achei isso bem estranho mas... do que uma reforma não é capaz, não é mesmo? Meu amigo me viu parado ali na rua que nem um idiota olhando seu prédio, e então acenou para mim enquanto me chamava com a mão.

Dessa vez havia sim um porteiro ali, mas ele abriu a porta para mim sem me perguntar nada e logo após me deu um sorriso, como se já me conhecesse sabe, mas eu nunca tinha visto aquele cara na minha vida. Fui até o andar em que meu amigo morava e... Por mais que eu soubesse exatamente o número de seu apartamento (483), sua porta não estava mais com aqueles desenhos bonitos e sim lisa como todas as outras daquele lugar, assim que terminei de observar aquilo, meu amigo abriu a porta a me chamou para entrar, me entregou uma lata de cerveja e assim que nos sentamos nos sofás (que antes não estavam ali) ele começou a falar.

-Olha, eu sei que você está querendo uma explicação para aquilo tudo que aconteceu- Não era como se eu estivesse precisando daquilo e nem como se fosse sua obrigação me falar, mas eu queria sim saber o que aconteceu direito- Mas o fato é que nem eu sei o que foi aquilo- Ele disse e eu percebi muita tristeza em seu olhar, como se ter que explicar aquilo para alguém fosse algo rotineiro e ele estivesse cansado aquilo.

-Bom... Não é sua obrigação me explicar nada daquilo- Eu disse e ele olhou fixamente em meus olhos como se eu fosse a única pessoa que já tivesse lhe dado uma resposta assim- Aquele dia já passou, eu fiz tudo que pude para te proteger e agora está tudo bem, certo?- Assim que eu terminei de falar, ele veio me abraçar, como se estivesse agradecendo, mas parecia até que ainda estava com um pouco de medo.

-Sabe... Desde que me mudei para esse prédio, coisas estranhas acontecem todos os dias- Ele disse e mesmo que eu tivesse acabado de falar que não precisava me explicar nada, eu deixei ele falar porque estava curioso- Eu combinei com umas cinco pessoas de vir morar com elas, porque a gente fazia faculdade junto, mas essas pessoas nunca estão aqui e desde que eu vim, elas nunca mais conversaram comigo, ficam me ignorando lá na faculdade ou em qualquer lugar que me vêem- Ok, aquilo era estranho, mas nada de sobrenatural até agora... Eu achava- E exatamente no dia que aconteceu aquilo, eles estavam aqui, mas quando ouvi um barulho vindo da janela e olhei para os lados, mas não tinha ninguém aqui, então eu mesmo fui olhar e... Assim que cheguei na janela, ela abriu bruscamente e eu simplesmente... Fiquei paralisado, sabe, eu não conseguia me mexer e nem escutar nada, era como se eu estivesse preso em uma armadura de ferro muito pesada sabe.

-Isso é estranho...- Mas se você não conseguia se mexer e nem escutar nada, como me ligou me chamando para vir aqui e como destrancou a porta para mim?- Eu já sabia que não tinha sido ele quem destrancou a porta, mas talvez ele tivesse uma explicação para isso. Ele me olhou com uma cara triste, passou a mão em minha bochecha e disse

-Mas eu não te liguei hora nenhuma ontem e também não abri a porta, eu estava lá parado, depois de muito gritar e ninguém me ajudar... Na verdade eu nem sei se saia algum som de minha boca, até que senti você tocar meu ombro- Na hora me lembrei de que, eu não havia chegado a encostar nele, porque ele olhou par mim antes.

-Bom, eu estava deitado em minha cama e, de repente me lembrei de você sabe e me bateu uma vontade muito grande de te ligar, na hora que eu peguei o celular ele estava vibrando, eu não conhecia o número que me ligou, mas quando atendi, era sua voz...- Expliquei tudo que aconteceu para ale, principalmente na fumaça azul e gelada que ele disse que não viu hora nenhuma, porém sentiu muito frio em frente à janela, naquele dia e no banheiro de minha casa, e ele disse também de não se lembrar de ter ficado mais de vinte minutos no banheiro, e nem de ter se trocado na minha frente, ele disse que se trocou no banheiro mesmo porque suas roupas estavam molhadas e pronto...

Depois disso, mais coisas estranhas continuaram acontecendo com ele, por exemplo: três doas “amigos” dele que “moravam” com ele, morreram enquanto que dois resolveram mudar de faculdade sem mais nem menos, porém a comida sumia da geladeira como se eles ainda estivessem lá, toda vez que ele chegava no apartamento, o cheiro lá era horrível e ele era obrigado a espirrar perfume por toda a casa, porque só assim o cheiro saia e, depois de mais um tempo ele reclamou disso com o zelador que disse nunca ter visto ninguém além dele mesmo naquele apartamento... Depois dele me contar isso, eu não quis que morasse mais naquele lugar, ajeitei um quarto de hospedes que tinha em minha casa o tornando mais confortável e ele foi morar comigo.

Nós ainda não sabemos o que ou quem causou tudo isso, mas temos certeza que a pessoa não estava de brincadeira, falamos com amigos e familiares, porém ninguém além daquela amiga minha que me ajudou, acreditou do que dizíamos, então paramos de comentar sobre isso e hoje está tudo certo com nós dois. Mas eu ainda tenho muitas dúvidas, como se aquilo estava tentando fazer mal para o meu amigo, porque me ligou e abriu a porta para mim? Ele me contou que nunca houve um porteiro em seu prédio, então quem era o velhinho simpático que abriu a porta para mim na segunda vez que fui até lá? E por que meu amigo se sentia protegido comigo? Por que eu? Por que aquela coisa não fez mal para mim? Seria eu o seu anjo da guarda aqui na terra?

Até hoje eu não sei responder nenhuma dessas perguntas e apesar de nunca mais ter voltado nesse assunto com meu amigo, gostaria que, se você souber me respondê-las, por favor, entre em contato...


Notas Finais


Então gente, o que acharam? Poderia ser melhor? Ta legal? Ta muito ficticio?
Quero que deixem suas opiniões porque eu realmente não sei se tá boa já que é minha primeira história de terror.
Mas no mais é isso, não se esqueçam de dar uma olhada nas minhas outras fic (I Love You More Than I Can Ever Scream, sua segunda temporada e a menina da janela vizinha)
Espero de coração que tenham gostado e até a próxima
<3


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