7 meses depois... Charlotte ON
Depois de sete meses, muita coisa aconteceu. Provavelmente mais do que poderia descrever. Annelise completou dois anos de idade, Will e eu não poderíamos estar mais felizes. Harley e James decidiram se casar, e ao contrário do meu noivado, o deles foi bastante curto. Foi um mês de noivado e o casamento logo em seguida. Agora Harley está grávida, esperando o primogênito deles.
Os bebês que crescem dentro de meu ventre estão me deixando mais exausta a cada dia que passa. Minha barriga está definitivamente maior do que estava na última gravidez, o que traz alguns "efeitos colaterais", como por exemplo o cansaço frequente. Will insiste que eu fique trabalhando apenas no escritório e durante curtos períodos, já que o médico disse que eu devia caminhar um pouco a cada duas horas, exceto durante a noite.
Graham e Cassandra se separaram, ele está arrasado. Pedi que tirasse um tempo para refletir, mas ele disse que estar perto de mim o trazia tranquilidade. Claro que meu marido não gostava da maneira como Graham era próximo de mim, mas teria de aceitar que Graham e eu somos amigos de infância.
Estava sentada em minha cadeira no escritório, apenas descansando a cabeça por alguns instantes quando ouço gargalhadas altíssimas. Levanto-me com certa dificuldade e vou até a janela. Vejo Annelise brincar com Nina, ambas sorridentes e felizes. Pareciam duas irmãs... Isso me deixara perplexa uma vez ou duas.
- Está tudo bem, amor? - Will pergunta envolvendo-me em seus braços e beijando meu pescoço.
- Está sim. Ah, Will... Veja como elas se divertem... Eu queria poder estar passando esse tempo com a nossa filha, mas não posso! Os gêmeos não me deixaram em paz durante as duas últimas horas! Ficaram se mexendo o tempo todo!
- E isso é ruim?
- Não, amor. Não é ruim. Mas eu queria passar um tempo com Annelise. Não sabemos quando a maldição vai chegar... - falo virando-me de frente para ele.
- Vai dar tudo certo, amor.
- Você não pode ter tanta certeza assim, Will. E se nossos filhos não nascerem até lá? E se algo acontecer com eles? E se algo acontecer conosco?!
- Nada vai acontecer, minha querida. Eu prometo - ele disse e beijou-me a testa.
- Eu te amo - falei.
- Eu te amo.
Ele colocou suavemente uma das mãos em minha nuca e me puxou para mais perto, colando seus lábios nos meus. Minhas mãos passeavam por entre seus fios de cabelo, puxando-os de vez em quando. Will exalava suor misturado com perfume, mas, de certa forma, eu não me importava, já que o tinha ali comigo.
Senti uma pontada de dor e soltei um gemido baixo, mas acho que meu marido já estava tão alterado que nem percebeu. Continuamos os beijos - que iam se aprofundando cada vez mais - até que alguém bate na porta, interrompendo-nos.
- Mas que droga! Quem pode ser? - Will esbravejou baixinho.
- Entre! - falei.
Graham entrou no escritório e se aproximou da mesa.
- Guardas de Reynes disseram que os vigias avistaram uma nuvem negra vindo em direção ao continente.
- Precisamos resolver isso... Agora! Mande tropas pra lá! Eu vou... - senti outra pontada de dor, dessa vez mais forte. Apoiei-me numa cadeira e rapidamente Will veio me socorrer.
- O que está acontecendo? - Will perguntou.
Foi aí que senti um líquido quente escorrendo por minhas pernas. Meus olhos se arregalaram. Não podia ser agora...
- Minha bolsa... - tentei falar mas estava assustada demais.
- O que foi, Charlotte? - Graham perguntou.
- Minha bolsa acabou de romper.
- Está na hora! - Will me pegou no colo e saiu correndo dali. Graham foi chamar o médico.
Não era o parto dos meus filhos que me preocupava, e sim a maldição se aproximando.
- Will... rápido! - falei enquanto tentava encontrar fôlego.
Assim que chegamos no quarto, ele me segurou e desamarrou meu vestido, deixando-me apenas com um fino tecido branco cobrindo o corpo.
William ON
Tirei o vestido de Charlotte, deixando-a apenas com um fino tecido branco cobrindo seu corpo. Eu a deitei na cama e segurei sua mão. Ela começou a gritar cada vez mais alto por causa das contrações. Eu perdi tudo isso no parto de Annelise, mas não perderia dessa vez.
Quando Graham entrou com o médico, meu coração se acalmou um pouco. Charlotte apertava minha mão com força enquanto eu sussurrava palavras de encorajamento em seu ouvido.
- Certo... Já temos uns bons centímetros de dilatação. Vou precisar que empurre, alteza. Vá! - disse o médico para Charlotte.
Ela começou a fazer força e gritar cada vez mais. Eu já não sentia mais minha mão, mas mesmo assim, não pediria para ela soltar.
Passaram-se alguns minutos e o médico anunciou nosso primeiro bebê, um menino. Charlotte continuou a empurrar com toda a força que lhe restava. Ela parou por alguns segundos, jogando a cabeça contra o travesseiro, dizendo que não conseguiria. Eu beijei sua mão e disse que não faltava muito. Então ela voltou a empurrar com toda a sua força até que o médico anunciou o segundo bebê, uma menininha.
Charlotte sorria enquanto lágrimas de alegria escorriam por seus olhos, misturando-se com suor. Beijei sua testa completamente encharcada enquanto lágrimas caíam por meus olhos também.
O médico nos trouxe nossos filhos. Charlotte segurou-os mesmo com as mãos trêmulas. Seu sorriso ampliou-se ainda mais.
- Como vamos chamá-los? - perguntei.
- Charles... - ela olhou para nosso filho - E Alice - olhou para a nossa pequena filha.
- Gostei... São nomes perfeitos para eles... Charles e Alice.
- A maldição! Está aqui! - gritou alguém do lado de fora.
Charlotte olhou para nossos filhos recém nascidos e depois olhou para mim. Eu sabia o que tinha que fazer... A garota com quem Charlotte conversou sete meses atrás, antes de sua tia morrer, é uma feiticeira. Ela concordou em abrir um portal para nossos gêmeos, mas eles seriam os únicos a passar. Querendo ou não, era nossa única opção e a melhor chance deles. Peguei-os dos braços de minha mulher e saí do quarto. Fui correndo até uma sala vazia, onde Eva me aguardava, mas ao invés de ver uma expressão alegre em seu rosto, só o que vi foi tristeza e um silêncioso pedido de desculpas.
- Não consegui abrir o portal... - disse ela - Sinto muito...
Então todas as esperanças estavam perdidas... Seríamos todos amaldiçoados. Segurei meus filhos com mais força, juntando-os e colando-os em meu peito.
Quando a fumaça preta quebrou as janelas, criando uma ventania violenta, fechei meus olhos e pensei em Charlotte. Ela foi meu último pensamento antes de tudo ficar preto.
15 ANOS DEPOIS...
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.