Depois do dia que o Alex me chamou para sair, ele não falou mais nada sobre isso e também não me falou para onde a gente ia. Oito horas eu ouvi uma buzina de carro, e era ele, na caminhonete do pai dele, e não no carro que ele normalmente dirige.
— Oi.— Ele falou assim que eu entrei no carro.
— Oi.— Eu falei.— O que a gente vai fazer exatamente?
— Eu tinha pensado em ir no cinema, mas não tinha nenhum filme legal em cartaz, então resolvi fazer outra coisa.
— Que seria?
— Uma surpresa.
— Eu não gosto de surpresas.
— Você vai gostar.
— Como você sabe?
— Eu só sei.
— A gente já chegou?— Eu perguntei cinco minutos depois.
— Fazem cinco minutos, você é tão impaciente assim?— Ele falou rindo um pouco.
— Talvez.
— A gente está quase lá.
— Lá aonde, porque a gente acabou de entrar em um lugar que só tem árvore.
— Quase.— Logo ele parou o carro, saiu dele e eu também.— Infelizmente o clima não colaborou comigo e o céu está meio nublado.— Eu não fazia ideia do que a gente ia fazer no meio do nada.
— E o que a gente vai fazer aqui?— Ele tirou o negócio que estava cobrindo a caçamba da caminhonete. Tinham algumas almofadas, uma câmera e um violão.
— Sentar, e olhar para cima.
— Tudo bem.— Nós sentamos na parte traseira da caminhonete, depois de um tempo de silêncio, Alex falou.
— Você sente falta de onde você morava antes?
— Bom, mais ou menos. Eu não sou a pessoa mais sociável que existe, então eu não tinha amigos. Mas metade da minha família mora lá, e eu era muito próxima do meu primo. Eu também sinto falta da comida de lá.
— Tipo o que?
— Pão de queijo.
— E o que é isso?
— É um pão com queijo na massa.
— Parece interessante.
— E é.
— O que você vai fazer no dia de ação de graças?
— Provavelmente nada. E você?
— Eu vou para a casa do meu tio em Fort Davis.
— Onde fica isso?
— Quase no México. São quase sete horas de viagem para lá. É uma vaidade pequena que mostra exatamente o esteriótipo do Texas em filmes.
— Parece legal.
— Mais ou menos, não tem quase nada para fazer lá.
— Ah.— Eu comecei a mexer na câmera.
— Pena que está nublado.
— Mas mesmo assim dá para ver a Lua cheia, e algumas estrelas.
— Pelo menos isso.
Comecei a tirar algumas fotos do céu e ele estava tocando o violão, bom, ele estava batendo nas cordas de vez em quando. Virei a câmera para ele e tirei uma foto, como estava meio escuro tive que usar o flash.
— Se você estava tentando ser discreta, não funcionou.— Ele começou a rir e eu também.
— Posso perguntar uma coisa?
— Sim.
— Você ter me chamado para sair tem alguma coisa a ver com aquele dia depois do jogo de basquete?
— Não.
— Certeza?
— Sim. Por que você acha isso?
— É só uma coisa que passou pela minha cabeça. Mas esquece.
— Tudo bem.
Ele ficou me olhando por um tempo e depois me beijou, dessa vez eu percebi o que estava acontecendo e não fiquei parada igual a uma porta como da última vez. Assim que isso passou eu fiquei sentada encostada nele e Alex estava com o braço dele por cima do meu ombro.
— Então, qual é seu filme favorito?— E aparentemente essa é a primeira pergunta que surgiu na cabeça do Alex quando o silêncio ficou meio estranho.
— A garota da capa vermelha, e o seu?
— Um espião e meio.
— Esse é o filme com o The Rock né?
— Você já assistiu?
— Já, eu assisto qualquer coisa que o The Rock fizer.
— Por isso o nome do seu cachorro é Dwayne?
— Sim.— Depois disso começou a chover, nós colocamos a coisa que cobria a caçamba da caminhonete de volta e entramos no carro.— Ugh, meu cabelo vai ficar horrível depois disso.
— É só água.
— Meu cabelo é bem liso, e ele colabora comigo na maioria das vezes, mas ele odeia chuva. Logo ele vai ficar bem armado.— O celular dele tocou, ele atendeu e pelo que eu entendi da conversa, era a mãe dele.— Aconteceu alguma coisa?— Eu perguntei depois que ele desligou.
— Minha mãe ligou e falou para mim voltar já que é o último dia da minha irmã aqui.
— Para onde ela vai?
— Ela vai fazer um intercâmbio em Londres.
— Ah.
— Você estava certa, seu cabelo não gosta mesmo de chuva.
— Babaca.— Eu falei brincando.
— Tonta.— Ele tirou uma foto minha.
— Depois eu que não sou discreta.
— Haha.
— É melhor a gente voltar.
— Sim.— A volta pra casa só não foi um silêncio total porque o rádio estava ligado. Assim que cheguei em casa tudo que fiz foi capotar na cama e dormir.
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