As Tranças Já Não Tocam o Chão
Veementemente estas, entre as lacunas da vida, no sofrimento da alma, na torre mais alta, jamais esquecida.
Os louros cabelos, nem mesmo presos aos panos conseguem tocar o chão, está acabada, sem reação. Enclausurada na torre mais alta, de granito refeita, com solidão construída, da sina errante, adormecida.
E fica ali, todo o tempo, sem nem ao menos um alento. A aguardar sua saída, uma entrada perdida, retangular sobre o chão, mas o cimento é espesso, um forte concreto e tão alta da vida, já não podes ficar ali, distraída, pois a morte lhe chama sorridente:"Rapunzel jogue suas tranças, não me deixe sem seu poder. Me levanta. Me acalanta!" E ela sem alternativas, move-se para a estranha e suspensa janela, onde fita lá embaixo, na flores escarlates, a moça de cabelos negros, as asas do corvo que lhe dão medo, mas sem pensar muito, despecha sobre a janela os fios dourados, que aos poucos são agarrados, puxados de sua cabeça, pelas mãos ásperas e feridas, da bruxa que era para ser vida, mas se tornou morte.
_ Rapunzel jogue suas tranças! Seremos uma eterna dança, sem pricipes e sortilégios, na torre mais alta, sem castelo, no sonho mais alto, sem partida. Seremos amigas, neste limbo, pedaço aberto da sua verdade oprimida.
E sem receios, nas alturas, com o vento forte varrendo-lhe o rosto, as luzes que brilham, subindo ao céu, que ela das tranças douradas, corta-lhe toda, pois não lhe agrada, dar a morte uma subida, uma forma de se aconchegar a ela, subir para a torre, derruba-la da janela. Assim as tranças já não tocam o chão e o medo já não toca o coração.
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