História Fall in love with you - Ele é esquisito

Um tempo depois, acordei sem saber que horas eram, quem sou eu e como tinha parado em minha cama vestindo meu pijama favorito. Olhei para a janela e a cortina estava aberta, a luz solar invadia o quarto. Peguei meu celular e eram exatamente 14:33. Me sentei com a mão esquerda em minha testa, ela doía muito. Ressaca?  Não sabia. Não parei para notar, mas com certeza arregalei meus olhos na mesma hora ao lembrar do homem que estava em minha porta mais cedo. Eu só conseguia pensar que ele tinha roubado minhas coisas.

Levantei depois de cair da cama, ainda estava meio grogue devido o desmaio. Olhei em volta para ver se o infeliz não tinha levado nada, contei meus brinquedos do McDonald para ver se não faltava algum, olhei até o lixo, mas estava tudo no lugar. Fui até a sala, mas estava tudo como eu havia deixado na noite anterior. Então, por um momento pensei que estava esquecendo de algo, algo muito importante pra mim...

Minha comida!

Não pensei duas vezes antes de correr, corri como nunca havia corrido antes.

Paralisei ao chegar na porta da cozinha e ver Luhan quase se esfregando no mesmo cara daquele dia mais cedo – sim, meu amigo dava em cima de qualquer ser humano que tivesse um pênis– , só para lhe entregar uma xícara que provavelmente continha café, percebi pelo cheiro. O rapaz tentava se afastar, mas era impedido pela ilha que tinha no meio da cozinha.

– Mas que merda  é essa!? – exclamei olhando os dois com os punhos cerrados.

O rapaz se assustou.

– Baekkie.. Você acordou? – meu amigo perguntou sorrindo para mim e eu me perguntava como ele podia sorrir num momento como aquele. – Fiquei preocupado com você.

– Não, eu não acordei, ainda estou na cama dormindo, esta aqui é minha forma espiritual, muito prazer. – fiz questão de ser irônico e de fazer careta. – Como você pode alimentar o cara que tentou nos assaltar!?

Olhei para a ilha e notei que estava totalmente bagunçada, parecia que eles tinham feito alguma receita, mas infelizmente, Luhan não entendia de cozinha o mesmo que ele entende de homem. Fui até os armários os abrindo para checa-los e logo em seguida até a geladeira.

– Chang cozinhou pra gente, mas você estava dormindo então comemos sem você mesmo. – ele se aproximou de mim com um sorriso de canto. – E ele não é um ladrão, é seu tio, seu bobo!

Tio?

– Tio? Como você pôde acreditar num mendigo? Olha pra ele, deve ter nossa idade, não pode ser meu tio! – estava prestes a ter um ataque de nervos. – E essa roupa aí.. Aish!

O rapaz me olhou, ele não tinha expressão alguma no rosto. Ele colocou a xícara no balcão e se aproximou se curvando em seguida, logo depois voltou a me olhar, ele voltou a olhar pra mim com a mesma expressão, aquela expressão.

– Sou Park Chanyeol, filho de Byun Ji Yeong, tenho dezessete anos e não sou ladrão e nem estuprador.  Minha mãe deixou eu vir..

Byun Ji Yeong é minha avó, ela mora em Andong até hoje, é mãe do meu pai e não a vejo mais desde o funeral do meu pai. Éramos muito próximos, porém, a morte do meu pai nos separou de certa forma.  Se aquele cara fosse mesmo o filho da minha avó, ele só podia ser adotado..

Eu estava morrendo de medo dele, quando ele se aproximou, vi que ele era mais alto que eu, muito mais alto. Mas ele não parecia um ladrão mesmo que parecesse um mendigo e naquela altura eu já tinha percebido que era mais fácil Luhan o estuprar que ele estuprar um de nós.

– Tá! Eu não quero saber de sua vida. Agora me dê licença, vou ter que ligar pra minha mãe e confirmar. Fique aqui. – segurei o braço do meu amigo. – E você vem comigo.

Puxei Luhan até o quarto, tranquei a porta e o olhei antes de discar o número da minha mãe.

– Foi você que me trouxe pra cá? – perguntei já sabendo sua resposta.

– Claro que não, né? Foi o Chang Yeon. – meu amigo tem sérios problemas para decorar nomes. – Ele que te deu um banho e vestiu seu pijama, estou com inveja.

– O quê!? Como deixou... – suspirei fundo para não gritar e me aproximei dele. – Como você pôde deixar um estranho me dar banho e me vestir, seu filho de uma puta?

– Ele não é um estranho, ele é seu tio. – ele sentou em minha cama e cruzou as pernas. – Liga logo pra tia.

Eu nunca tive vergonha por um homem me ver pelado, mas naquele momento senti meu rosto ruborizar, meu amigo percebeu, mas não disse nada. Liguei para minha mãe e esperei até que ela atendesse.

“Oi filho”

“Mãe! Hoje quando eu tava voltando do clube, e vi que tinha um cara estranho nossa porta né? Aí ele disse que é meu tio e que o nome dele é Park Chanyeol e..”

“Chanyeol já chegou? Eu pensei que ele só iria chegar mês que vem..”

Então ela sabia.

“Ah.. Você conhece ele?”

“Uhum, é seu tio, eu até comentei com você que ele ficaria aí em casa, filho.”

“Hum.. É mesmo, agora me lembrei.. Ele vai ficar quanto tempo por aqui?”

“Querido, estou ocupada agora, depois conversamos. Cuide bem do seu tio, até mais.”

“Mãe? Mãe!”

Ela desligou e eu fiquei sem minha resposta.

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Eram 16:45 quando tomei coragem para falar com o meu tio. Luhan já tinha ido embora, a mãe dele ligou berrando e ele foi correndo pra casa. Ele me disse que voltaria para dormir comigo, eu estava rezando pra que ele fosse mesmo, não queria ficar sozinho com aquele individuo.

Depois de trocar de roupa,  fui até Chanyeol, ele estava na cozinha limpando as coisas. Naquela hora eu tive certeza que pelo menos para uma coisa ele serviria.

– Eu falei com minha mãe e ela confirmou tudo. Você pode ficar, mas lembrando que existem limites nesta casa que não devem ser ultrapassados de forma alguma. – falei de braços cruzados.

– Pode falar.

– Eu que decido quando vou falar. – sim, sou muito infantil. – Como já viu, aqui só tem dois quartos, o meu e o da minha mãe. Você não vai dormir no meu, se depender de mim isso nunca que isso vai acontecer, então ficará no sofá até segunda ordem.

– Mais alguma coisa, senhor? – ele perguntou num tom irônico.

Como ele teve coragem?

– Você está na minha casa! – exclamei.

–Tudo bem então, devo te chamar de hyung?

– O quê?

– É que sua mãe disse que faz aniversário em maio, eu sou de novembro.

– Isso não me interessa, não perguntei. – falei enquanto pegava um pacote de salgadinho no armário. – Agora termine tudo aí sem fazer barulho, vou assistir minha série e não quero ninguém me atrapalhando.

Ele voltou a limpar as coisas. O ouvi cochichar algo, mas não dei muita atenção, para mim a única coisa que importava é que eu teria um serviçal.

Ou não.

Enquanto eu assistia o segundo episódio de Orange Is the new Black que passava na TV, Chanyeol já tinha terminado tudo, ele foi para a sala e se sentou na poltrona já que eu estava deitado e esparramado no único sofá da sala. Vez ou outra eu olhava pro seu rosto iluminado pela luz do aparelho de TV, era engraçado a forma que ele olhava quando alguma personagem xingava ou falava sobre sexo, de certa forma aquilo me divertia um pouco, ver um adolescente com vergonha de uma série. Fiquei o olhando até que ele olhou pra mim, minha reação foi voltar a olhar para a TV.

– Baekhyun, você é gay?– ele me perguntou do nada.

– Quê?

– Olha, se você for não tem problema nenhum com isso.

– Tá, você é esquisito.

Meus pensamentos foram interrompidos pelo meu celular que vibrava, o procurei até acha-lo em baixo da minha bunda, vi que era uma mensagem de Seolhyun, minha melhor amiga, talvez  mais minha melhor amiga que Luhan, já que ela esteve comigo desde o primário.

“Baekkie, você vai quere beber o quê hoje?”

 “Ainda estou me recuperando de ontem então não quero nada com álcool, você está vindo pra cá?”

“Ele não te contou nada, quando eu disse que tava indo pra sua casa ele disse pra eu levar as bebidas.”

“Você sabe como ele é, né? Vou ficar te esperando aqui.”

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No quarto episódio que passava acabei por cair no sono ali mesmo no sofá. Não sei por quanto tempo cochilei, só sei que fui acordado por um som irritante de violão acompanhado pela voz irritante do Chanyeol cantando. Levantei-me já pensando em brigar com ele e possivelmente quebrar aquele maldito violão, mas ao chegar no quintal, o lugar de onde o som vinha, fiquei surpreso ao ver Tao, Luhan e Seolhyun sentados na mesa de plástico assistindo Chanyeol cantar uma música em inglês sentado num banquinho de madeira que ficava um puco distante da mesa. Quando notaram minha presença, Chanyeol parou.

– Vocês chegaram?  Pensei que pelo menos um de vocês me acordaria. – falei me aproximando deles.

– Você estava dormindo tão bonitinho, resolvemos te deixar dormir. – Seolhyun disse sorrindo.

– Senta aqui com a gente. – Tao me chamou puxando uma cadeira.

– O que é tudo isso? – perguntei olhando para as coisas da mesa, tinha bastante  comida e bebida.

– É uma festinha de boas vindas pro Chanyeol. – Luhan respondeu animado, ele sempre amou festa.– Ele nos recebeu e agora está nos entretendo.

– Eu não sei quando eu permitir isso, mas tudo bem.

Me sentei ao lado do Tao e Luhan pediu pra que Chanyeol voltasse a cantar. Confesso que senti um arrepio subir pela minha espinha, não por conta do vento gelado, sim por causa daquela voz grave e rouca do Chanyeol. Meus amigos vibravam e cantavam as partes que sabiam da música. Eu só conseguia olhar para ele, os movimentos de suas mãos e o jeito que ele cantava.

Ele era esquisito, mas era um esquisito muito legal.

Ele conseguiu conquistar meus amigos mais rápido que eu já consegui conquistar qualquer pessoa na vida.

– Baekkie vamos na cozinha comigo? Preciso de ajuda pra pegar mais salgadinhos. – disse Luhan já se levantando.

Me levantei depois dele, ele me puxou pelo pulso me levando até a cozinha, o vi fechar a porta e ali eu já tinha entendido que ele queria conversar.

– O que foi? – perguntei me apoiando no armário.

– Sehun me ligou hoje dizendo que quer me ver qualquer dia, de preferencia o mais rápido possível.

– Sehun? Aquele de ontem?

– Ele mesmo.

– E qual o problema nisso?

– Ah, sei lá, estou com receio, não sei que roupa vestir ou como deixar meu cabelo.

– É só isso? Você sabe que é lindo, não precisa se preocupar com isso.

Ele veio até mim e me abraçou apertado e eu retribui, ele ama abraços, principalmente aqueles do tipo apertados.

– Ai amigo, você sempre me anima, mas eu continuo com um pouco de receio.

Era extremamente raro Luhan ficar inseguro em ir num encontro com alguém, quando acontecia, significava que ele realmente gostava da pessoa.

– Você conheceu ele ontem e já está desse jeito, pensei que Tao que era assim.

– Acho que gosto dele, ele disse que não consegue me esquecer.

Afaguei os cabelos do mais velho deslizando minhas mãos até suas costas e as acariciei repousando minha cabeça em seu ombro. Ouvi a porta se abrir e me afastei um pouco do Luhan ao ver Seolhyun.

– Meninos, preciso falar com vocês urgente. – ela disse com a mão direita em seu peito.

– Acho que vou ter que cobrar a cada consulta agora, estou me sentindo um psicólogo. – brinquei me aproximando dela. – Então diz.

– Vocês me disseram que me ajudariam a deixar de ser solteira quando eu encontrasse alguém que gostasse, não é? – Ela perguntou e balancei a cabeça positivamente segurando sua mão. – Então eu preciso de vocês pra me ajudarem.

– E quem é a pessoa? – Luhan perguntou se aproximando também. – Eu conheço?

– Conhece, vocês dois conhecem.

– É Jongin? Hongbin? Alguém da escola? – perguntei.

– Não é da nossa escola, é Chanyeol.

Luhan a abraçou beijando seu rosto várias vezes e eu fiquei em choque a olhando sem reação, eu não sabia o motivo de me sentir daquele jeito, ela era minha melhor amiga e eu deveria desejar seu bem, mas minha boca agiu mais rápido que minha mente.

– Você não pode, tá louca?

Os dois me olharam com um semblante confuso.

– Como assim, não pode? – Luhan perguntou.

Eu não sabia o que responder naquele momento, só sabia que estava com ciúmes, não sabia se era da Seolhyun por ser minha amiga ou do Chanyeol por ser o que meu mesmo?