História Fallen Angel HIATUS - Vida mundana

Capítulo 5 - Vida mundana 

❝Admiro a terra, quero-a, sempre gostei dela. Sempre me senti feliz por estar vivo: apesar da guerra, das más notícias, não sou capaz de matar em mim a simples alegria de viver.❞

- Julien Green

Luke andava apressado entre as árvores do jardim da Mansão dos Lightwood, onde trabalhava como mordomo.

Havia escutado um barulho muito alto de alguma coisa caindo e procurava de onde poderia ter vindo, até que então achou. 

Um corpo com várias marcas esquisitas, cheio de machucados, nu e sangrando! Fez uma careta e foi correndo chamar por ajuda, afinal, o homem que ali estava ainda estava vivo! 

Se perguntava de onde ele havia vindo, quem sabe do céu? Afinal, bem obviamente, caiu de algum lugar! 

Pedia mentalmente para Deus que tivesse misericórdia pela vida daquele homem e que ele sobrevivesse, dava para perceber que a queda havia sido feia e seu estado não era o melhor possível. 

૪ 

Maryse e Isabelle ajudavam as empregadas a limpar e a cuidar do garoto até então desconhecido.

— Ele é bem bonito. — Isabelle comentou, analisando o rosto do garoto. 

— Realmente, mas ainda sim é um estranho, querida. 

— Um estranho que precisa da nossa ajuda! 

Ouviram a porta ser aberta de repente e olharam para a mesma, avistando Max parado na porta e indo até elas. 

— Max! Mandei você ficar em seu quarto, só porque conseguimos que te liberassem antes, não significa que não deva ficar em repouso! — Maryse suspirou, revirando os olhos. 

O garoto não lhe deu ouvidos e se aproximou da cama onde o homem desacordado estava, olhava atentamente para ele. 

Havia sentido uma estranha sensação pouco antes de o acharem e sentiu a mesma sensação quando o levaram as pressas para dentro da Mansão! 

Abriu um sorriso, então reconhecendo quem era. 

— É ele, mamãe! É ele, Izzy! 

— Ele quem, Max? — Izzy perguntou gentilmente, passando as mãos pelos cabelos do irmão mais novo. 

— Meu Anjo da Guarda! Eu sei que é ele! Eu o vi ontem no hospital! Ele que me curou!

As duas Lightwood trocaram olhares e conseguiram fazer com que Max saísse do quarto, com o pretexto que depois ele poderia conversar com o suposto Anjo da Guarda.

Voltaram ao que estavam fazendo antes, rindo baixinho as vezes, era incrível como a imaginação das crianças era bem fértil! 

Com a ajuda das empregadas, conseguiram virar o corpo do garoto e Isabelle conteu um grito assustado! 

Nas costas do garoto, era onde saia mais sangue, e havia dois pequenos cotocos de osso, como se tivessem sido brutalmente cortados, com uma ou duas penas manchadas de sangue! 

— Mãe, isso... 

— Isabelle, querida... Acho que não era imaginação do Max... 

— Você acha que... 

— Eu tenho certeza. 

૪ 

— Com certeza, isso é algo... Inexplicável. — o médico falava. — Mesmo que ele esteja desacordado, apliquei anestesia e consegui cortar um pouco mais dos... Dois ossinhos e custurei a pele para que ficasse por cima. 

Depois do que viram, haviam chamado um médico para que desse uma olhada! 

Isabelle ainda olhava para o garoto, se perguntando se o que eles achavam era verdade. 

Pouco tempo depois o médico foi embora receitando alguns remédios. 

— Mãe, se ele for mesmo um anjo, acho que devemos cuidar dele. Acolher ele! 

— E se ele não for, Isabelle? 

— Você acabou de dizer que tinha certeza, mãe! E nada mais explica tudo isso. Se ele caiu no nosso jardim, é por algum motivo! 

Assim que Isabelle terminou de falar, ouviram um barulho e olharam na direção do suposto Anjo, que se remexia levemente e abria os olhos. 

Foram lentamente na direção dele e se aproximaram, em quanto o mesmo olhava para elas e em todas as direções possíveis! 

— Você... Se lembra como se chama? — Maryse perguntou com cautela. 

— Alexander... — sussurrou fraco. — Apenas Alexander... 

— Lembra de mais alguma coisa? — dessa vez foi Isabelle. 

Alexander negou com o cabeça, um tanto quanto assustado! Não sabia onde estava, não sabia quem era, não sabia de onde havia vindo! 

Não lembrava de absolutamente nada. 

૪

— O garoto, o Alexander, sobreviveu a queda, senhor. — Imogen, uma dos anjos Serafins, dizia para Deus. 

Ambos se encontravam na mesma sala em que antes Alexander estivera, antes de ir para o purgatório. 

Era incrível como tempo no Purgatório passava mais devagar que em Idris e na Terra! 

— Eu sei. — Deus respondeu. 

Imogen se encontrava de cabeça baixa, mesmo sendo Serafin, o único dos anjos que tinha permissão para olhar Deus era o Arcanjo, seu mensageiro. ​

— Ele caiu no jardim dos Lightwood, uma coincidência. 

— Na verdade... Não é. 

Imogen conteu a vontade de olha-lo, era sempre assim. 

— Como assim? 

— Ele protegia o menino Lightwood, o fiz cair ali para que continuasse a protege-lo no fim de tudo! E para que ele tivesse apoio. Para ter onde ficar. Para não ficar sozinho no mundo. 

Imogen sorriu fraco, apesar de rigoroso, Deus não era tão mau. Ninguém era de todo mau e nem de todo bom. 

૪ Um ano depois ૪ 

Alexander tomava café calmamente na White Cake Bakery, sua confeitaria preferida que ficava na Sunnyside. 

Havia sido 'adotado' pelos Lightwood pouco tempo depois que havia, literalmente, caído na vida deles e havia sido acolhido como um filho! Riu nasalmente ao lembrar, e gostava de Maryse e Robert como se fossem seus pais. E gostava de Max e de Isabelle como se fossem seus irmãos. 

Podia ser feliz! Mas... Sentia que faltava algo. 

Não se sentia completo. 

Sempre achou que era porque não se lembrava do seu passado, mas lá no fundo sentia que não era isso! 

Olhou para a porta da confeitaria ao mesmo tempo que levava sua xícara de café até a boca e sentiu seu coração acelerar ao ver Jace, seu melhor amigo até então e o garoto pela qual secretamente sentia uma paixaozinha! 

Abriu um sorriso ao vê-lo sentar na cadeira ao seu lado. 

Haviam se conhecido pela família Wayland ser muito amiga da família Lightwood! Jace era adotado também, embora soubesse que seu verdadeiro sobrenome fosse Herondale, preferia levar o sobrenome Wayland consigo. 

— E aí, Alec? — o ouviu dizer. 

— Bom dia para você também, Jace. 

O loiro riu nasalmente e chamou a garçonete, que como sempre dava em cima dele. Alec revirou os olhos, sentindo uma pontada de ciúmes, como sempre também. 

Jace fez seu pedido e olhou novamente para o amigo. 

— Você gosta mesmo dessa confeitaria, não é? 

— É um dos poucos lugares que me faz sentir algo semelhante a paz. — respondeu. 

Não tinha uma vida conturbada, era bem pacata na verdade! Mas a sensação de sentir que faltava alguma coisa o deixava com angústia. 

E o fato que nunca lembrava do que sonhara o deixava angustiado também, haviam dito que era normal, mas... Toda vez? Isso o deixava inquieto também! Era como se os sonhos fossem importantes e se sentia frustrado por não lembrar. 

E é assim que Alexander leva a vida agora, um anjo caído que não sabe que é um anjo caído, que não lembra do passado, que tenta seguir a vida normalmente como todos os outros. 

Levando uma vida mundana.