Maya Collins.
O dia amanheceu agitado, todos pareciam querer aproveitar ao máximo o resto do dia, já que iriamos embora em algumas horas. Pattie e papai fizeram questão de preparar um grande banquete para o almoço, deixando eu e as meninas encarregadas de arrumar a mesa. Justin ainda não havia aparecido, e de certa forma eu agradecia por isso já que eu odiaria ter que olhá-lo e me lembrar da conversa que ouvi ontem. Segundo Pattie, ele sempre aproveitava para dormir até mais tarde quando podia.
– Estranho, Alex ainda não gritou hoje. – Alice fez uma careta, virando o rosto para encarar o garoto sentado relaxadamente no sofá da sala.
– Talvez seja porque eu tenha falado com ele hoje mais cedo. – Hanna se manifestou, arrumando o último prato na mesa.
– O que você falou? – foi a minha fez de falar.
– Ah, eu disse que foi estupidez ele ter vindo até aqui por sua causa, e que se ele estava querendo que você se apaixonasse estava fazendo tudo errado. O jeito atrapalhado e maluco dele estavam te afastando.
Imediatamente meu rosto ruborizou e meus olhos se arregalaram. Eu não a culpava por ter falado com ele sobre isso, só que isso nunca pareceu tão sério. Por mais que eu já tivesse conhecimento dos sentimentos de Alex por mim, acho que nunca caiu a ficha de que realmente fosse real e que ele fizesse tudo aquilo somente por mim. Talvez porque tudo que eu sentia pelo Bieber fosse maior do que tudo isso, e eu nunca tivesse me preocupado em se importar com o que Alex pensasse ou sentisse. Por mais que eu soubesse sobre seus sentimentos, nunca foi minha intenção aceita-los.
– E o que ele disse?
– Ele ficou calado e pareceu ficar triste. – ela deu de ombros como quem não se importasse. – Disse que não queria te afastar, mas era realmente apaixonado por você e por vezes não sabia o que fazer. Acho que no fundo ele sabe que você jamais poderá sentir algo por ele porque é perdidamente apaixonada pelo Justin. – só de ouvir aquele nome meu corpo se arrepiou.
– Por favor, não fala nem o nome dele. – balancei a cabeça negativamente. – Eu sou realmente idiota, não é? Meu coração podia gostar do Alex, mas no lugar disso prefere idolatrar um babaca que só quer me humilhar.
Elas não responderam, talvez porque aquilo fosse tão verdade que não queriam jogar na minha cara para ficar pior. Assim que as tarefas foram concluídas, subi as escadas devagar, precisava arrumar minhas coisas para que não ficasse tudo para última hora. Faltando apenas duas portas para o meu quarto, uma porta do meu lado direito se abriu assustando-me. Justin estava ali, com o olhar cravado em mim e o rosto amaçado, parecia que tinha acabado de acordar. Ele ficava tão lindo daquela forma.
Ele abriu a boca, parecia que iria falar alguma coisa, mas desistiu, saindo do quarto e passando por mim sem falar nada. Eu sei que aquilo era um comportamento típico dele, mas o que me faz parecer tão invisível assim? Ignorei qualquer tipo de pensamento ruim e entrei no quarto, tentado afasta-lo da minha mente.
Como acontece quase todas as vezes que os resultados das provas saem, a expressão facial das minhas amigas indicava o quanto estavam preocupadas. Daqui a alguns meses estaríamos livres do colegial, no entanto, teríamos que nos esforçar mais do que o normal para conseguir entrar em uma universidade, já que nosso histórico escolar não é a melhor coisa de se ver, muito menos a melhor garantia.
– Agora eu estou realmente preocupada! – pela primeira vez eu pude ver uma expressão próxima ao desespero no rosto de Hanna. – Não há nem chances de entrarmos em uma universidade se nossas notas continuarem a cair.
– Não se preocupe, alguma universidade irá nos aceitar. – o tom que Alicia usou parecia querer nos confortar, mas seu olhar perdido também mostrava que ela, assim como nós, não sabia o que fazer.
– É, mas com certeza nenhuma da Liga Ivy. – suspirei pesado.
– Estive me divertindo tanto que esqueci que deveria melhorar. – eu e Alicia balançamos a cabeça em concordância as palavras que Hanna havia sussurrado.
– Talvez devêssemos tentar estudar hoje lá em casa. – pela primeira vez me prontifiquei sobre o assunto. Eu mal havia terminado de falar e já tinha me arrependido. No fundo tudo o que eu queria era que ele nos visse e sentisse um pouco de pena, e quem sabe vontade de nos ajudar. Mas enquanto eu pensava nisso, também sabia o quão improvável isso seria.
Fazia mais ou menos uma hora que Alice, Hanna e eu estávamos sentadas na mesa de estudos que havia em meu quarto. Sinceramente, uma hora de tempo perdido, já que nenhum problema de física tínhamos conseguido resolver. Minha cabeça latejava sem nenhum dó e tudo que eu mais queria era parar, mas as chances de eu ser alguém no futuro eram mínimas e eu não iria piorar isso.
– Maya, porque você não pede ajuda do Justin? – como um poço de ideias inúteis, Hanna terminou de falar aquilo e meu coração implorava para que ela percebesse a sua ideia estúpida.
– De forma alguma eu entro naquele quarto!
– Se você não for até lá, nós nunca iremos sair daqui. – garantiu ela. Meus olhos partiram em direção a Alice, na esperança que ela também achasse aquela ideia estúpida. Porém, ela apenas balançou a cabeça concordando.
Levantei em contra gosto e sai do quarto lentamente, contando meus passos e implorando para que a porta fosse tão longe que elas desistissem de me mandar até lá. No entanto, a estrutura de madeira marfim estava bem na minha frente. Eu contei até dez seguidas vezes na minha cabeça, até respirar fundo e abrir a porta.
Justin e Jamie estavam ali, sentados ouvindo uma música que tocava baixinho enquanto montavam um quebra cabeça enorme. O quarto era enorme, cabendo uma cama de casal que aparentava ser do irmão mais velho e uma de solteiro, consequentemente do menor. Ainda sobrava espaço para duas mesas de estudos, uma prateleira enorme de livros que cobria quase toda a parede principal, e por fim uma mesa com uma TV embutida na parede com alguns eletrônicos. Por um momento eu me senti idiota por me sentir culpada, já que Justin havia jogado na minha cara que era minha culpa por Jamie não ter espaço suficiente para ele.
Limpei a garganta discretamente, Jamie pareceu perceber minha presença, então logo tratou de fechar a cara como sempre fazia.
– Eu terei mesmo que colocar uma placa proibindo sua entrada aqui? – Jamie não me poupou de suas palavras, por isso o seu irmão virou-se confuso para me olhar.
Ignorei as palavras agressivas de Jamie e sorri envergonhada, indo em direção ao puff que Justin estava sentado.
– Justin, minhas amigas estão no quarto ao lado, e estamos tentando estudar. Mas não conseguimos responder essa questão, poderia nos ajudar? – perguntei tentando parecer o mais gentil possível. Ele, no entanto, nem sequer me olhou.
– Não estou a fim. – respondeu ainda sem me olhar. Pude sentir minhas bochechas esquentarem, e pela primeira vez não seria por vergonha ou algo do tipo, e sim pela raiva que insistia em nascer dentro de mim.
– Por favor! – insisti mais uma vez. – Você tem as melhores notas e eu estou tentando ter algo bom também. Não há mal algum, só dessa vez. – juntei minhas mãos em gesto de suplica e o vi suspirar. Ele arrancou o livro de minhas mãos e me olhou como se fosse me matar a qualquer momento.
– Me dê dez minutos, saia daqui! – falou. Corri para fora do quarto sem pensar duas vezes.
O relógio pareceu passar rápido, quando me senti acostumada com o chão gelado do corredor, ele abriu a porta de seu quarto com o rosto sério. Jogou o livro em minha direção e trancou a porta. Meu coração pareceu se encolher, meu corpo pareceu ter congelado. Entre tantas as coisas que eu poderia ser na vida, como eu poderia ser tão burra ao ponto de ainda depender dele? Não me canso de ser idiota.
Levantei-me do chão e segui para o meu quarto, abrindo a porta e vendo as meninas relaxadas olhando seus celulares, enquanto eu me prestava aquele papel, que idiota! Joguei o livro na mesinha, sentando-me na cadeira de braços cruzadas vendo-as se ajeitarem e olhar para o livro. As meninas estavam impressionadas como fato de todas as questões estarem respondidas, e para ser sincera eu também estava, e com certeza teríamos alguns pontinhos garantidos na matéria.
– Então, você ainda sente alguma coisa pelo Bieber? – eu estava com as meninas organizando os livros, e no momento que Alice fez tal pergunta, meu corpo desobedeceu aos meus comandos e parou instantaneamente. Eu mesma não tinha uma resposta para aquela pergunta, por isso me permiti passar longos minutos refletindo sobre a mesma.
– Eu parecerei boba se disser que sim? – perguntei sentando-me no colchão macio, encarando minhas mãos.
— Sim. — a reposta de Hanna foi rápida, como se ela guardasse aquilo dentro dela mesma durante um bom tempo. Suspirei quando Alicia a repreendeu com um olhar.
– Tudo bem, eu entendo. – continuei a guardar meus materiais e voltei a encarar minhas amigas, que estavam paradas apenas me olhando. Elas não tinham tristeza em seu olhar, e sim pena, o que eu menos queria. — É só que, por mais que eu tente não consigo ter raiva dele. Eu já perdi as contas de quantas vezes eu disse para mim mesma que iria esquecer essa fantasia boba, mas toda vez que eu prometo ele age “legal” comigo e tudo volta. Sem contar que morar sob o mesmo teto que ele não facilita muito.
A última vez que prometi a mim mesma que iria esquece-lo foi durante a viagem. Consegui evita-lo até o momento que chegamos em casa, onde Pattie pareceu perceber o que houve e insistiu em nos colocar para fazer algumas coisas juntos. Ela parecia querer que eu me aproximasse dele.
– Nós compreendemos, e é por isso que estaremos aqui para o que precisar. – Alice sorriu e me abraçou, Hanna logo em seguida fez o mesmo. Eu sabia que elas sempre me apoiariam, bastava eu decidir o que fazer.
Acompanhei-as até a porta onde Pattie e Jamie também estavam, prontos para sair.
– Querida, que bom que está aqui. – Pattie sorriu vindo até mim. – Jeremy me ligou e pediu para eu ir encontra-lo no restaurante do seu pai. Como eu sei que está estudando, é melhor ficar e continuar. Eu vou com o Jamie e prometo que não voltaremos tarde. – Ela me abraçou e em seguida saiu. Não demorou muito para que ela voltasse escandalosamente, parecia ter esquecido algo. – Pode pegar umas roupas em cima da cama de Jamie e colocar na máquina, por favor? Eu não tive tempo. – Assenti e a vi correr de volta até o carro.
A casa novamente estava silenciosa, como aquele dia no qual fiquei sozinha. A única diferença é que dessa vez eu tinha algo para fazer. Apressei-me em subir as escadas e abri a porta marfim, do quarto de alguém tão conhecido por mim. O quarto estava escuro, apenas a luz que vinha do abajur ao lado da cama de casal o iluminava.
Permiti-me aproximar-me da cama, onde Justin parecia dormir calmamente, com um livro ao seu lado. Com certeza essa foi mais uma das táticas de Patrícia para nos aproximar, só poderia ser.
– Parece que você caiu no sono e nem ao menos conseguiu ler, não é? – sussurrei baixinho para que ele não acordasse. Virei-me e sai andando na ponta dos pés, eu não queria acordá-lo e receber mais uma bronca.
Meu corpo travou e senti algo apertar forte meu pulso, prendi a respiração no mesmo instante. Meus olhos se arregalaram ao ver Justin ali, totalmente acordado, segurando meu pulso firmemente e me encarando com seu maxilar travado. Se eu não estivesse naquela situação, diria que ele é bastante atraente com a cara amassada e aquele maxilar.
– O que está fazendo? Agindo como uma assombração? – ele perguntou com sua voz mais rouca do que o normal.
– Eu estou aqui para fazer um favor a sua mãe. – respondi rapidamente, não dando espaço para ser contrariada pela minha própria mente. Ele riu de forma debochada, logo voltando a me encarar.
– Você quer que eu acredite no que você diz? Logo quando não tem ninguém em casa além de nós, você tem um favor para fazer? – ele sorriu mais uma vez e sem pensar duas vezes puxou-me em sua direção, fazendo-me cair deitada em sua cama, tão macia quanto a minha. Por um momento eu esqueci o significado da palavra “respirar”, pois quando ele aproximou seu rosto do meu, e apoiou suas mãos em cada lado da minha cabeça, meu pulmão pareceu querer explodir e meu coração queria de todas as formas saltar pela minha boca. – Alex me disse uma vez, que não importa o que fosse eu ainda sou um garoto de sangue quente de 18 anos. – sua voz estava baixa, como se alguém pudesse nos ouvir. Mas a teoria de que ele estava querendo me deixar nervosa ainda prevalecia na minha mente.
Seu rosto se aproximou do meu, e involuntariamente meu corpo se encolheu debaixo dele. Uma onda quente subiu por todo meu corpo quando senti sua mão grande passar pela minha coxa enquanto seus olhos estavam fixados nos meus. O nervosismo pareceu querer tomar conta de mim, assim como também à ansiedade.
– O que-e há de errado com você? – perguntei tentando ao máximo não gaguejar, o que não deu certo.
– O que está errado? Você não entrou aqui esperando que isso acontecesse?
– Que? – perguntei indignada. – Não é isso!
– E daí se não for o caso? O que importa é que agora nessa casa, há apenas nós dois. – Ele aproximou ainda mais seu rosto do meu, como se ainda pudesse. Senti sua mão apertar fortemente minha coxa, e o nervosismo que eu jurava ser enorme, pareceu ficar mais ainda.
– Ju-ustin, não devemos fazer isso sem ter algo sério primeiro... – minha voz saiu como um sussurro. Respirei fundo. O clima tenso pareceu piorar, mas Bieber sorriu debochado.
– Ter algo sério? Fazia tempo que eu não ouvia algo assim. – sua gargalhada foi alta, e demorou alguns segundos até eu perceber que tudo aquilo não passava de mais uma brincadeira de mau gosto vinda dele.
Levantei-me da cama em uma velocidade impressionante e sai dali correndo, esquecendo até mesmo do favor que eu prometi fazer para a Pattie. Antes mesmo de entrar em meu quarto eu senti uma lágrima teimosa cair, mas tratei de limpar ela dali. Meu rosto parecia estar em chamas, e ao me fitar no espelho eu percebi o quanto eu estava vermelha. Definitivamente, eu não poderia encarar Justin Bieber nunca mais!
Meu corpo ainda parecia estar em chamas quando entrei debaixo do chuveiro, precisava de um banho gelado depois do ocorrido. Ele parecia que me conhecia bem, mesmo nunca tendo se aproximado daquela forma, Justin sabia o que fazer para me deixar nervosa. Nunca havia acontecido algo assim, nem mesmo antes no dia da árvore a aproximação havia sido tanta, e não era só pelo fato de ser ele, e sim porque eu nunca havia estado deitada sozinha daquela forma com nenhum outro garoto, e eu tenho certeza que ele sabia disso.
Esmurrei a parede nervosa e irritada. Como eu poderia encará-lo amanhã? Eu queria morrer!
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