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História Farce - Perte


Escrita por: souhamucek

Notas do Autor


Tenho recebido tantos comentários maravilhosos e inspiradores. Eu não tenho nem palavras para dizer o quanto é gratificante para mim. Saber que o que eu escrevo agrada vocês é muito, muito bom mesmo. Esse capítulo tem uma leveza maior que os anteriores, mas eu, particularmente, gostei muito. O próximo tem uma carga dramática maior então se preparem psicologicamente. Faltam dois capítulos para a estória começar de verdade, então, preciso confessar, que estou bem ansiosa para postar os próximos capítulos.
Sem mais delongas, vamos lá. Boa leitura, seus lindos!
Ps. Juro que estou tentando encurtar os capítulos ao máximo.

Capítulo 5 - Perte


Fanfic / Fanfiction Farce - Perte

Perda

Paris, 15 de Fevereiro de 2015

Preciso confessar que a maneira lenta como as coisas entre Chloé e eu aconteciam me instigava. Dois dias antes, nós havíamos protagonizado um beijo cinematográfico. A Torre piscando sobre nós dois enquanto nossos lábios deslizavam em sincronia, como se tivéssemos nascido para aquilo. Tudo digno de um filme.

Bufei, logo balançando a cabeça, com feição abobalhada. Nunca fiquei tão besta por conta de um beijo. Aliás, foram quatro beijos e meio. Sim, eu os contei. Assim que nossas bocas desgrudaram, olhamo-nos corados e sorrimos. Fiz questão de acompanhá-la até a sua casa e, em forma de despedida, demos mais um beijo curto.

No dia seguinte, por outro lado, mal nos vivos. Durante o intervalo entre uma aula e outra, encontrei Chloé no Starbucks para um café. Embora o tempo fosse limitado, conseguimos aproveitar cada segundo.

Agora seria o momento em que a professora de francês se abriria quanto ao pai da criança. Não que eu sentisse ciúmes, muito pelo contrário. Eu só achava injusto me encaixar numa história sem conhecer todo o enredo. Eu precisava saber como e onde, porque tudo começou e, principalmente, acabou.

Ela estava atrasada.

Nós havíamos combinado o café da manhã em Trocadéro bem cedo, antes que a loira começasse os serviços de guia. Por mais que eu fosse me juntar à turma, manteríamos nossa relação em sigilo total. E, ao longo do percurso previsto, nosso contato seria estritamente profissional.

 — Desculpe-me o atraso.  — a voz doce vinha por trás de mim, o que fez com que eu virasse o rosto para enxergá-la.  — Senti dificuldade em encontrar esta brasserie. Você disse que era logo à direita, mas não precisei dobrar a rua, então fiquei confusa.

 — Sendo assim, concluímos que é logo à direita.  — respondi sorridente enquanto ela caminhava até a cadeira em frente a minha.  — Chegou áspera, vamos começar de novo. Bom dia, Chloé!

A loira se sentou, ajeitando a barra do vestido sobre as coxas, sorriu e estendeu uma das mãos para mim. Sem tardar, peguei-a, selando o dorso. Os olhos azuis se fecharam no gesto de reverência seguido pelo sorriso torto.

 — Bom dia, Sr. Bieber.  — os lábios pintados de vermelho, como de costume, foram prensados pelos dentes brancos ao mesmo tempo em que recolhia a mão.  — O que você quer pedir?

 — Não abro mão do chocolate quente com macaron — garanti.

 — Chocolate durante a gravidez? Acho melhor eu evitar. Vou comer baguete com um recheio mais leve.  — eu a assisti fechar o cardápio sem ser capaz de conter o sorriso satisfeito no rosto.  — O que foi?  — um riso contido surgiu no canto de seus lábios.

 — Quer dizer que você se conformou com o fato de estar grávida? — o sorrisinho se dissolveu.

Ela encarou as próprias mãos sobre a mesa, como se tentasse conter as lágrimas de surgirem em seus olhos. Engoliu em seco e, já com o olhar lacrimejante, respondeu.

 — Não estou contente, mas me conformei. Eu jamais abortaria uma criança. Quando menor, eu escutei o meu pai dizer “era melhor a sua mãe ter te abortado”. — negou com a cabeça enquanto puxava ar. — Mas, eu não me vejo como mãe, pelo menos não agora. Há tantos países para eu conhecer, viajar... Toda a minha vida será atrasada.

 — Era melhor ter pensado nisso antes de transar sem caminha, não é?  — senti os olhos azuis me fuzilarem em questão de segundos.  — Desculpe, não quis reprovar. O importante é que você não está sozinha.  — estendi minha mão ao lado da dela sobre a toalha vinho e ela as entrelaçou.

— Sua mão é tão bonita.  — com os dedos enlaçados nos meus, ela encarava o encaixe perfeito entre eles. Com a outra mão, ela acariciou o contorno de minhas unhas e não tardou a sorrir.  — Obrigada! Eu tenho te agradecido muito ultimamente.

 — Eu quem devo agradecer. Senão fosse por você, eu ainda estaria sozinho na cidade-luz.  — ela assentiu, repousando nossos braços em seu rosto.

Tão logo, pedimos nossos pratos. Para evitar que eu estragasse seu dia, optei por assuntos mais aleatórios e desconexos. O dia estava só começando e nós dois parecíamos estar ali por horas, pelo simples fato de eu desejar tomar aqueles lábios mais uma vez. Os ponteiros se arrastavam nos relógios, eu queria beijá-la.

Molhei o doce típico no chocolate quente para amolecê-lo brevemente, mordiquei e assisti me vigiar. Ela quebrava os pedaços dos pães para comer, os farelos se espalhavam pelo prato. Chloé catava um por um com a ponta dos dedos. Com um suspiro profundo, ela pegou o sanduíche por completo, dando-se por vencida, e o mordeu.

 — Odeio que me vejam comendo.  — confidenciou com a boca ainda cheia.

 — Não se preocupe, eu também falo com a boca cheia.  — ela riu.  — Este foi o primeiro lugar em que comi, eu o considero especial para mim, por isso que trazê-la aqui.

 — Já pedi para parar de se fazer de perfeito. Depois que eu me apaixonar, não terá jeito de reverter.  — gargalhou, arrancando outra lasca do sanduíche.

 — Esse é o plano.

Com sorrisos confidentes, encerramos a refeição. Agradecemos aos funcionários, deixamos uma gorjeta justa e saímos sem postergar mais. Assim que ultrapassamos a porta, segurei o braço magro nas mãos, puxando-o a fim de trazê-la para mim. Ciente do que eu estava prestes a fazer, as unhas de Chloé fincaram em minha cintura sobre o traje grosso.

Suavemente, desenhei o seus lábios com a ponta do nariz. Os olhos azuis se fecharam para apreciar o contato delicado, ajeitei nossos lábios e, por fim, os rocei. Senti a língua quente me pedir passagem, entreabri minha boca aos poucos e senti o sangue formigar nas artérias como da primeira vez. Uma de minhas mãos subiu para os cabelos, retendo-os para trás.

Em forma de resposta, senti as respirações começarem a acelerar na mesma intensidade. Desci a outra mão para a cintura fina, pressionando seu corpo afastado contra o meu. Com os corações disparados, rompemos o beijo. A pupila um tanto dilatada se destacava na imensidão azul. Um pequeno floco de neve tocou seus ombros, sorri ao encostar as nossas testas e disse:

 — Acho melhor a gente ir.

Os alunos de Chloé fretaram um dos barcos de passeio. A turma se organizou em um dos lados, todos com um fone de ouvido e câmeras nas mãos. A balsa não tardou a zarpar, seguimos lentamente o trajeto enquanto a francesa indicava cada um dos lados que poderia ser vistos ainda do rio.

As pontes cimentadas completavam a vista infinita que se misturava ao céu. Barcos menores ultrapassavam o nosso, as pessoas de dentro acenavam e nós retribuíamos. Pude avistar a Catedral de Notre-Dame em meio às árvores secas. Ouso a dizer que, vista de lá, a igreja era ainda mais bonita.  Os alunos de Chloé fretaram um dos barcos de passeio. A turma se organizou em um dos lados, todos com um fone de ouvido e câmeras nas mãos. A balsa não tardou a zarpar, seguimos lentamente o trajeto enquanto a francesa indicava cada um dos lados que poderia ser vistos ainda do rio.

À direita eu podia enxergar toda a arquitetura impecável de Paris, com a torre submersa nas pequenas construções, à esquerda, por sua vez, as obras estavam escondidas sob as silhuetas delineadas das árvores áridas. Levantei-me caminhando até a frente do barco, apoiei os braços sobre as grades e assisti o céu azulado se tornar branco.

Senti uma presença silenciosa se aproximar. Se não fosse pelo perfume familiar, eu jamais acertaria que os passos sem ruídos vinham das sapatilhas arredondadas de Chloé — a qual eu me perguntava como ela conseguia usar naquele frio.

 — Você tem tatuagem na parte de trás do pescoço.  — alisou ao se aproximar, mas retirou a mão de minha nuca imediatamente, e se debruçou na grade.

 — Eu tenho tatuagens por todo o corpo.  — estremeci com o toque. Inclinei brevemente o rosto, encontrando os olhos cor de céu.  — Ambos os braços, peito, barriga... Em todas as partes.

 — Um dia você me mostra?  — soltei as mãos, virei-me por completo com os olhos arregalados.

 — A-as minhas partes?  — indaguei praguejando.

Ela gargalhou ruidosamente, sem desgrudar da grade e disparou.

 — Eu estava falando das tatuagens, mas, se você quiser me mostrar as suas partes, vou adorar vê-las.

A íris azulada correu para o canto dos olhos, que me espiava enquanto os lábios cerravam provocantes. O silencio tomou conta de nós, junto ao rubor que invadiu as minhas bochechas. Eu não era do tipo que corava pelas mulheres, porém Chloé tinha o dom de me constranger.

O passeio chegou ao fim. A professora se despediu dos guiados e, de um em um, a balsa foi se esvaziando. Quando restou só nós dois, ela puxou a manga de meu casaco a fim de me arrastar para algum lugar o qual eu não conhecia. Encarei a rua um tanto sombria e seguia seus passos. As pontes cruzavam o rio que contornávamos e eu assistia a mínima movimentação das pessoas.

Um ciclista quase esbarrou em mim, desculpei-me. Assisti o homem se afastar até sumir do meu campo de visão. Chloé, risonha, encarou minha atitude e repreendeu meus passos.

 — Não é “sorry”, nós dizemos “pardon”.  — corrigiu prontamente gesticulando com as mãos.  — Como boa professora, vou te ensinar francês.

 — Quanto custará à aula?  — ela negou com a cabeça.  — Faço questão de pagar, já que não paguei pela noite em Monmatre.  — seu semblante ficou sério.  — Eu insisto.

 — Vou cobrar mais caro pela teimosia.  — revirou os olhos, logo sorrindo.  — Antes de tudo, é indispensável que você aborde as pessoas com “bom dia”, “boa tarde” e “boa noite”.

 — Mesmo quando eu vá pedir alguma informação tola?

 — Sempre.  — reafirmou.  — Repita comigo: “bonsoir”.  — ergui uma das sobrancelhas.  — “Bonsoir”. Ande, Justin. Repita.

Uni meus lábios em bico, tremi a boca e balbuciei o melhor que pude:

 — Bu-bonsar.  — tentei e ela rosnou em reprovação.

 — Solte mais essa boca. Vamos, mais uma vez. “Bonsoir.” — as órbitas turquesa vigiavam o movimento de meus lábios.  — O som é de “bã” e o final é “suar”. Não tem mistério.

 — Bom Suar.  — disparei à minha maneira e ela sorriu satisfeita.

 — Muito bem. Agora, diga “bonne journée”.

 — Bom jornê.  — imitei sua pronuncia. Por sua vez, a francesa assentiu em concordância.  — Chloé, eu acho melhor nós irmos porque tão logo escurecerá. Pardon.

Sorridente, a guia se aproximou de mim. A mão alva repousou sobre o meu peitoral e, com um beijo casto, despedimo-nos. A volta no metrô foi pacata, calma. Minha mente voltava para cada segundo ao lado da loira. A maneira divertida como pronunciara as palavras solicitadas horas antes, o passeio, o rio refletido nas íris belas.

 As borboletas no estômago voltavam a me visitar numa simples recordação. Justin, o que está acontecendo com você? É só uma garota. Pior, uma garota que está grávida de outro homem. Recomponha-se. Chloé é só uma linda garota, culta e destemida, com os lábios mais desenhados que já e o melhor perfume de todos...

Com os olhos azuis mais penetrantes. Mas, ainda assim, só uma garota. Exatamente como eu sempre gostei. Balanço a cabeça mais uma vez e encaro a escadaria ao final da estação. Paris definitivamente precisava instalar elevadores. Pegando a minha comum saída Sainte-Opportune, avistei a minha praça e segui para casa no mesmo momento em que o céu se tornava sombrio.

A barriga em evidência fugindo a barra da camisa social me foi conhecido, ergui o olhar, decifrando o homem no bar. A feição emburrada era trivial. Eu já vi esse homem antes, mas não consigo me lembrar de onde. Ao seu lado, especificamente, sentada à sua direita, uma linda mulher morena com os olhos claros.

Ignorei a trivialidade do rapaz, insistindo no rumo ao meu apartamento. No entanto, assim que consegui enxergar todos os traços da moça, reconheci a familiaridade. De todos os bairros da cidade, a bailarina e o dono do Moulin Rouge estavam bebericando no botequim embaixo da minha casa.

 — Amor, eu pedi uma sopa de cebola para nós.  — o sotaque estrangeiro no francês da segunda mulher à mesa me chamou atenção.  — A Fleur vai querer alguma coisa?

 — Não, muito obrigada. Eu não gosto de comer antes das apresentações, Sra. Bieber.  

Congelei. Não feliz de morar na mesma cidade que a minha mãe, ela estava casada com o homem quem mais me odiava (embora não me conhecesse de fato) no momento e era a minha vizinha. Nada poderia ser pior.

Enquanto revisava o fundo do bolso atrás das chaves. Senti algo vibrar em meio ao tecido, mas preferi ignorar no momento. Saquei a chave destrancando a porta, digitei rapidamente a senha para o segundo portal, e o chacoalhar no tecido persistiu. Inquieto, retirei o celular do bolso às presas e atendi sem ler a identificação.

 — Alô?

 — Boa noite, é o senhor Justin?  — concordei com a garganta.  — Aqui quem fala é o Oficial Leroy. Encontramos Chloé Leclaire desacordada e o seu número estava na última chamada. 


Notas Finais


Como terminei o capítulo 02:34 a.m, não revisei o capítulo. Abstraiam os erros e, se houver algum gritante, avisem-me! Não me deixem pagando mico, quem avisa amigo é. rs.
Leitores fantasmas, não temam. Quero muito saber a opinião de todos vocês, qualquer comentário é bem-vindo.
Espero que tenham gostado. Até quinta-feira que vem!
Um beijooo,
Lali


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