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História Farce - Farce


Escrita por: souhamucek

Notas do Autor


Pelo nome vocês devem suspeitar que este é o capítulo principal da Fanfic e, sim, ele é o começo de tudo. É aqui que nossa estória começa e vocês descobrem o verdadeiro enredo de Farce. Como eu havia avisado, este capítulo é dramático, romântico e, sem dúvidas, chocante. Espero não decepcionar vocês.
Ps. Eu quero agradecer a todos que não desistiram da minha estória e aos que se apegam mais a cada dia. Isso é mágico para mim. Em especial, a Rachel, que é quem mais lê e opina nos capítulos. Eu escrevo essa estória para mim, mas é graças ao apoio e incentivo de vocês que, a cada dia, eu me inspiro mais. (A fanfic que teriam 15 capítulos cresceu e eu já estou com 21 planejados)

Capítulo 7 - Farce


Fanfic / Fanfiction Farce - Farce

Farsa

Val-d'Oise, 20 de Fevereiro de 2015

Meus pés batiam contra a madeira antiga no momento em que eu subia os lances de escada para o apartamento da Chloé. Surpreendentemente, o meu celular tornou a vibrar. Com o corpo quente e estado ofegante, preferi atende-lo quando chegasse ao topo. Provavelmente a professora de francês me pediria mais uma baguete. Ora, galguei mais de trinta degraus para simplesmente descê de novo. Não, era melhor ignorar. Pelo menos enquanto eu não me aproximasse do andar.

Quase cuspindo o pulmão para fora, alcancei a porta. Assim que girei a maçaneta, Boris me recebera com prezar. Chloé, indomável como de costume, estava sobre um banco bambo trocando uma das lâmpadas da luminária. Cambaleante, ela enroscava o pequeno objeto. 

Prevendo o que estava prestes a acontecer, posicionei-me atrás da grávida com os braços erguidos na altura de suas costas.

— Prontinho. — comemorou, sem olhar para baixo. — Segure-me, lá vou eu! — antes que eu pudesse me preparar o bastante, ela já havia se atirado sobre mim.

De mal jeito, apanhei seu tronco, quase a deixando cair. A ponta arredondada das botas marrons arranhou o chão amadeirado, o que a fez frear. Envolvi meus braços sob o busto mediano, sem tardar a suspirar de alívio. Ela riu brevemente. Seu rosto se inclinou de leve, selando os lábios na minha bochecha.

— Você sempre me salva — afirmou sorridente.

— O médico não falou para você evitar emoções fortes? — ela ergueu uma das sobrancelhas. — Você precisa se comportar, gravidez é coisa séria. — ela revirou os olhos.

— Ih, começou... Justin, há algo vibrando na minha bunda. Se você não comprou um vibrador no caminho, presumo que alguém esteja te ligando — mudou completamente de assunto. 

No instante em que me dei conta de que a ligação não era dela, vasculhei o bolso do casaco, pegando o aparelho, encarei as chamadas perdidas de meu pai na tela e gelei. Era a minha avó. Essa sequência de ligações, sem dúvida alguma, era para me alertar do pior. Com tremedeira nas mãos, disquei os números novamente. As lágrimas já invadiam meus olhos e o coração pulsava desesperadamente entre pulmões. Eu aguardava qualquer notícia.

A cada chamada no vazio, as batidas eram mais apertadas.

— A-alô? — o tom baixo e enfraquecido me provou que era ela do outro lado da linha, apesar da dificuldade em entendê-la. — Justin, meu fi-filho? 

— Vózinha, meu amor, você está bem? Como você está? Eu estava nervoso, esperando pelo pior. Como você está se sentindo? Estão em casa? — movido pela euforia, as palavras abandonavam minha boca rapidamente.

— Po-por que você está tã-tão longe? — ela tossiu de forma áspera — E-eu precisava ouvir a sua voz. A vovó está muito mal, meu me-menino. — o mar habitante em meus olhos transbordou num rastro único por toda a bochecha. — Eu não vou aguentar.

— Você vai! — minha voz falha. — Você está bem, vovó. Está falando, está lúcida... E eu estou com você. 

Outra tosse se fez presente, desta vez, seguida por um pigarro. O peso da respiração podia ser ouvido durante a ligação.

— Vovó te ama, Justin. — arfou forte como se o ar lhe faltasse o pulmão — A v-v-ovó te ama. — um ruído agudo e continuo foi peculiar quando o silêncio gritou em meu ouvido.

Pude perceber certa agitação d'outro lado da linha, bem como o desespero tomou conta de mim.

— Vó? Vovó? Alô? — sem respostas, permiti a erupção de sentimentos ocorrer em meu interior. Negação. Culpa. Dor. Tristeza. — Não! Não, não, não — atirei o celular no piso com força.

Chloé, nervosa com o que assistia, aproximou-se de mim, colocando as mãos em meu rosto. Os polegares compridos capturavam as trilhas geladas de lágrimas sobre a pele. Os olhos azuis penetravam os meus castanhos, o que, consequentemente, marejava-os ainda mais.

— Justin, acalme-se — tentou me tranquilizar.

Encaixou o rosto na curva de meu pescoço enquanto envolvia os braços em torno dos meus ombros, colando os nossos corpos. Em forma de resposta, segurei a cintura fina junto ao tricô vermelho que vestia. Apoiei minha testa sobre o topo da cabeça e desabei a chorar.

Sem vergonha alguma, eu fungava e soluçava. Minhas mãos apertavam-na os quadris conforme a dor me devorava. 

— É tudo minha culpa — balbuciei com os fios loiros grudados nos meus lábios.

— Você não tem culpa, Justin. — afastou ligeiramente o rosto do ombro para enxergar os meus olhos. — Não se culpe, por favor.

— Eu me odeio, não era para eu ter vindo para cá. A minha avó entrou em depressão porque eu estou viajando. Eu não atendi na primeira vez em que o celular tocou... Fiz tudo errado, eu sou um merda! 

As palavras entrecortavam com minha respiração trôpega. Nos meus olhos, tudo estava embaçado. Eu só conseguia ver o rosto angelical diante de mim, também choroso. Chloé estava nervosa, ela não sabia o que dizer e, eu acredito que, naquele momento, nada que ela dissesse me consolaria. 

Como se ela lesse os meus pensamentos, a professora de francês não ousou a dizer nada. 

Tão logo, ainda a fungar, enxuguei as lágrimas em meu rosto. Pedi permissão com a cabeça e a francesa assentiu, minutos depois, eu procurava algum doce na geladeira escassa. Encontrei um resto de mil folhas recheado com creme e doce de leite num prato feito a mão. Aquela guloseima, de certa forma, aliviava a minha dor. 

O silêncio naquele apartamento era ensurdecedor. O pequeno felino perambulava sobre os móveis fazendo os mínimos ruídos que poderiam ser ouvidos. Chloé não sabia como reagir e eu não a culpo, no lugar dela, eu faria o mesmo. A realidade é que ninguém nunca está preparado o bastante para perder alguém. A saudade e a escuridão sempre nos acompanham, mas é como se aprendêssemos a conviver com a tristeza.

— Cansei. — a voz suave rompeu a calmaria. — Vamos!

— Aonde?

— Ao lugar aonde vou quando tudo está dando errado — sua mão puxou a minha com avidez, resultando na queda do garfo.

Sem fazer um inquérito, obedeci. Descemos as escadas às pressas, não tardando a entrarmos no primeiro trem à Paris. Os passageiros entravam e saíam. Pontos e mais pontos. Os minutos passavam assim como a paisagem e os túneis. Num instante súbito, senti os dedos de Chloé deslizarem pelos desenhos tatuados em meu antebraço, os olhos azuis brilhavam quando nossos dedos se entrelaçaram.

— Vai ficar tudo bem, você só precisa se distrair. — os lábios macios selaram o dorso da minha mão. — O mais importante agora é você não deixar o seu pai nem o seu avô sozinho, eles precisam de você. Assim como você precisa deles. — assenti, sorrindo fraco. — Vamos, nosso ponto é o próximo.

Saltamos numa estação antiga, com muitos azulejos nas paredes é um piso quebradiço. Eu não conhecia aquele lugar. Subindo mais degraus,  saímos perto do Pont Neuf, estranhei a vinda, mas segui seus passos. Eu conseguia ver o rio Sena, as pessoas caminhando apressadamente e o movimento à rua.

Com os passos ligeiros e o frio beijando nossos rostos, chegamos a tão famosa Pont des Arts, tapumes pichados cobriam os lendários cadeados pendurados nas grades. O piso de madeira era antigo; gasto, algumas madeiras até estavam rachadas e, ainda assim, era lindo. O céu anil nos convidava a atravessá-la enquanto os casais felizes se juntavam em fotos românticas.

Senti meu braço ser impulsionado para baixo, sentando-me num banquinho antigo. Chloé enlaçou nossos dedos e suspirou com força, a fim de me incentivar a fazer o mesmo, assim o fiz. Era como se todo o peso do meu corpo fugisse naquela tensão.

— Aqui traz paz, não é?

— Então, dentro desta mulher decidida e ousa há uma romântica? — debochei sem perder tempo. Ela deu com os ombros, logo gargalhando baixo.

— Toda solitária já sofreu por amor. — confidenciou. — E, esta aqui, sofre todos os dias. Eu me apego muito fácil. Desta forma, prefiro me entregar logo de cara para que se o homem queira só ir para cama comigo, faça-o sem me magoar depois.

— Nem todos os homens são iguais — tentei me defender.

— Não, Justin. Você quem é diferente.

Meus lábios ergueram a bochecha num sorriso amplo, a ponto de mostrar os meus dentes. A loira dos olhos azuis cintilantes roçou o nariz em meus lábios e recostou a cabeça em meu ombro.

— Às vezes você parece bom de mais para ser real — cochichou olhando a balsa que atravessava o rio.

— Eu sou de verdade, mas, como você mesma disse, eu sou diferente.

Espalmando o meu peitoral, ela se afastou, os orbes vibraram encarando minha íris cor de sol e ela tocou nossos lábios brevemente.

— Sr. Diferente, seria clichê se eu dissesse que um dia ainda quero pendurar um cadeado nesta ponte? — indagou, fisgando meu lábio inferior de leve.

— Você mora em Paris e nunca colocou um cadeado na Pont des Arts? — ergui uma das sobrancelhas, sem desgrudar nossos lábios. — Nunca beijou na Torre Effeil também?

— Paris é conhecida por ser a cidade do amor, eu nunca amei ninguém... Até agora.

Meus dedos invadiram os cabelos lisos, embrenhando os fios sem piedade. Nossos lábios, desta vez, tocaram-se numa intensidade inédita. As mãos delicadas pareciam indecisas em acariciar o meu rosto ou fincar as unhas em minha nuca. A urgência daquele beijo me assustava, por estarmos num lugar público, porém nada era capaz de nos parar.

Ofegante, eu podia ouvir as batidas aceleradas de seu coração contra o meu peito. O que só desconsertava a minha respiração ainda mais. Era um misto de paixão e medo mútuo. Eu estava frágil, não era o melhor momento, contudo era inevitável.

— Vamos para casa? Está tarde, eu gostaria de voltar a pé — solicitei.

— Está me convidando para passar a noite com você? — pude notar o sorriso debochado. — Vou aceitar antes que você desista. — ela se levantou, estendendo a mão para mim. — Digo, sem segundas intenções, vamos. Você não me deixou sozinha quando eu precisei, nada mais justo que retribuí-lo da mesma maneira.

As palavras de Chloé me serviram de consolo. Apesar de atordoado pelo excesso de informação fritando os meus neurônios ao mesmo tempo, ela deixou subentendido que estava me amando. Ou começando a me amar. Naquele momento, qualquer uma das duas opções me bastava.

Os degraus pareciam nulos, talvez pelo costume, quase não me esforcei para subir. Enquanto eu procurava as chaves em um dos bolsos infinitos do casaco, gritos e urradas eram ouvidas do apartamento de Pierre. Ambas as rosnadas graves, decerto era uma noite de prazer. Constrangida (ou quem sabe excitada), a francesa mordeu os próprios lábios contendo a risada branda.

Abri a porta do apartamento, retirando a vestimenta pesada de imediato. Por mais que me protegesse do frio, o peso do sobretudo me incomodava. Posso afirmar que o prazer de retirá-lo era similar a arrancar o sutiã apertado ao chegar. Tranquei a entrada, atirando a roupa no chão.

Num pulo súbito, a professora envolveu as pernas em minha cintura junto aos dedos nos meus cabelos platinados. Despreparado para o peso, apoiei seu tronco contra a geladeira estacionada ao lado da porta. Rindo de jeito malicioso, sua boca trilhou à minha orelha onde sussurrou:

— Eles querem uma batalha de quem é mais alto.

As mãos ágeis da loira desceram para a minha cintura, elas repuxavam cuidadosamente a minha camiseta para cima. As unhas arranhando com certa voracidade as minhas costas, enquanto os lábios sugavam meu pescoço, imploravam para que eu me desvencilhasse da veste. Como ela fez isso tudo tão rápido? Ela sabia exatamente o que estava fazendo.

Senti meu estômago se revirar. Eu não poderia mais me esconder.

— Chloé — grunhi entre os suspiros causados pelo fervor do momento.

— Hm. — separou os lábios da região perfumada, rumando-os para o meu queixo na medida em que as mãos subiam ainda mais. — O que foi, Justin? Finalmente cederá aos meus encantos? — num golpe, vi meu lábio inferior refém de seus dentes. Não pude deixar de arfar assim que o soltara.

Embora ela não soubesse, eu estava rendido à ela desde a primeira vez em que avistei o tom cristalino de seus olhos. Porém, por mais que meu interior a almejasse, a consciência não me permitia prosseguir. Não assim.

— É-é justamente sobre isso o que eu falar... — seus olhos giraram em tédio. 

— Justin, você é virgem?

Gargalhei no momento em que me afastei de seus braços. Voltei a posição ereta, meus olhos filmavam o chão logo retornando aos dela.

— É óbvio que eu não sou virgem. Não tem nada disso... — bufei. — É só que... É complicado.

— Se você não é virgem, qual é o problema? — suas mãos cobriam os lábios bem como os olhos marejaram. — Oh, céus... Eu não te excito.

 Arregalei os olhos.

— Claro que não, Chloé. Não é nada disso — gesticulei negativamente com as mãos.

Suspirei apreensivo. Todas as palavras sumiram da minha mente. Talvez se me perguntassem naquele momento qual era o meu nome, eu não saberia responder. Tudo estava branco, vazio. Qualquer movimento errado arruinaria tudo o que construí. 

— Não sei como te dizer isso, com isso, eu prefiro mostrar.

Engoli em seco. Meus olhos acastanhados vibravam apavorados de encontro aos azuis. O semblante curioso, ou quem sabe confuso, de Chloé era nítido. Com as mãos trêmulas, segurei a camiseta e arrastei vagarosamente para cima.

O pavor percorria as minhas artérias, senti até a minha cabeça pesar. Aquele, sem dúvidas, era o momento mais tenso de toda a minha vida. Os lábios da guia se torceram num  sorriso malicioso à espera de me ver despido.

Todavia, as bochechas repuxadas no riso se dissolveram junto ao ar danado. A feição de Chloé se anulou assim que evidenciei a cicatriz sob os meus seios já sem glândula mamária.

— O que é isso? — as palavras escapuliram como um rosnado.

— Chloé, eu... — respirei fundo. — Eu sou transsexual.


Notas Finais


Eu não poderia postar esse capítulo sem divulgar os meus mais novos xodós do Social Spirit, então deem uma chance, elas valem muito a pena:
1) Mon Laurie, da Anne https://socialspirit.com.br/fanfics/historia/fanfiction-justin-bieber-mon-laurie-5354494
2) Olhos de Jane, do Duduzin https://socialspirit.com.br/fanfics/historia/fanfiction-justin-bieber-olhos-de-jane-5341579
3) Low Season, da Yas https://socialspirit.com.br/fanfics/historia/fanfiction-originais-low-season-5401562

E esta é a minha mais nova Fanfic, também polêmica, Cinderela:
https://socialspirit.com.br/fanfics/historia/fanfiction-justin-bieber-cinderela-5401214

Contem tudo! Até quem se decepcionou, críticas, elogios, eu quero saber de tudo. T-u-d-o!
Um beijoooooo,
Lali


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