História Favorite Sin 2.0 - Nightmare

"Você nunca foi santo, e eu amei em tons errados." 

Ashley Somers

 

Um mês. Havia se passado um mês desde que eu havia feito a escolha de, carinhosamente, mandar a cabeça de Paige para Nicholas. No começo Justin agiu bem em relação a isso, me deu conselhos e até mesmo entendeu meus motivos. Mas isso mudou da água para o vinho. Ou melhor, do vinho para o vinagre. 

Ele agia como o babaca do ano o tempo todo, como se o mundo não importasse mais, como quando não namorávamos ainda. A única coisa importante para ele era sempre as boates, simulações para roubos e claro, seus carros. 

Passei pelo portão de sua casa, indo até a garagem e estacionando meu carro. Havíamos brigado na noite passada e justo por isso eu tinha decidido dormir em minha casa. Noites em que passávamos separados um do outro sempre melhoravam o nosso humor. 

Assim que entrei na casa de Justin senti meu estômago se embrulhar. Saquei minha arma imediatamente, a mantendo em punho, a frente de meu corpo.  

Empurrei um pequeno móvel que havia vindo parar na frente da porta da cozinha. Os sofás, armários, decorações, absolutamente tudo estava revirado pela casa. Fitei o andar de cima vendo os quadros que antes estavam na parede, caídos ou tortos. Vi meu quadro com Justin caído próximo de meus pés.   

A casa estava vazia, completamente vazia. Eu não via os seguranças no jardim e não escutava barulho algum.  

Peguei meu celular em meu bolso discando o número de Caleb, que atendeu no terceiro toque.  

-Fala, loirinha.  

-Caleb, eu preciso da sua ajuda. -resmunguei baixo, concentrada em qualquer tipo de barulho que eu escutasse.  

-O que aconteceu?  

-Eu cheguei na casa de Justin e tudo está completamente destruído. Os seguranças não estão aqui, e eu não sei o que fazer.  

-Respira fundo, tá legal? -disse, nervoso. - Eu estou saindo de casa e estou indo direto para a casa dele. Você tem que sair dai!

-Eu não posso. -sussurrei. - Justin pode estar no andar de cima, baleado ou até mesmo morto.  

-Ele não está! 

-Eu preciso ver! -disse firme. - Vem pra cá o mais rápido possível, eu vou subir.  

E por fim desliguei.  

Coloquei o celular em meu bolso e dei mais alguns passos à frente.  

Tinha uma ideia de como iria reagir caso alguém aparecesse ali, e para falar a verdade não me agradava muito.  

Destravei minha arma e passei entre os sofás revirados, caminhando até a escada. Subi os dois primeiros degraus com calma, mas logo então corri até o corredor de cima, apontando minha arma para os dois lados do corredor que se encontravam completamente vazios.  

Fitei uma das cômodas que haviam no corredor, caídas. Me abaixei e a empurrei, puxando o fundo falso da mesma e pegando uma arma que eu sabia que havia ali.  

Não sabia se eu era boa com duas armas, mas iria descobrir.  

Parei em frente à primeira porta que estava fechada. Virei a maçaneta calmamente, empurrando a porta e a abrindo. Pelo espelho do guarda roupa vi que o quarto se encontrava vazio.  

Assim que fui em direção a segunda porta, escutei o ranger alto de um motor no jardim.  

Desci as escadas correndo, indo em direção a cozinha. O carro cantou pneu e saiu pelo portão, que se encontrava aberto. Atirei contra o carro, mas sabia que não havia sido o bastante. 

Corri até meu carro e entrei no mesmo, saindo dali. Conseguia sentir meu coração pronto para sair pela minha boca.  

Justin Bieber  

-Justin pode estar no andar de cima, baleado ou até mesmo morto! -disse convicta.  

-Ele não está!  -Caleb exclamou.

-Eu preciso ver! -disse firme. - Vem pra cá o mais rápido possível, eu vou subir.   

-Ela desligou. -Caleb disse.  

-Ela está lidando com isso melhor do que eu imaginei. -Ryan disse.  

-É... -resmunguei.  

-Não está com o coração na mão, está Bieber? -Caleb perguntou.  

-Lógico que estou, ela é sua cria, Caleb. Se ela também puxou seu lado fraco...  

-Vai se foder! -me interrompeu.  

-Garanto que depois de hoje não vai ter foda tão cedo. -Ryan disse.  

-Estou começando a me arrepender de ter deixado vocês ficarem no meu carro. -disse.  

Fitei o sistema do carro que passavam imagens das câmeras principais da minha casa. Via Ashley andando pela sala, fitando tudo ali.  

A mesma empurrou com o pé um quadro, o virando. Aquele era o nosso quadro.  

Não estava com dó, sabia que o que eu estava fazendo era o certo. Só assim saberia se Ashley realmente havia sido bem treinada.  

-Como ela sabia? -Ryan perguntou, assim que Ashley puxou o fundo de umas das cômodas do andar de cima, pegando uma arma.  

A vi abrir um dos quartos e liguei o carro, vendo os meninos se ajeitarem no banco.  

-Vamos lá, Ash... Não me decepcione. -Caleb resmungou.  

Levei o carro até o jardim, abaixando o freio de mão e fazendo um círculo ali, levantando poeira.  

Ao ver Ashley aparecer na porta da sala, levantei o freio, acelerando e saindo dali. Ela disparou contra o carro. 

-A rota está pronta. -Alex avisou pelo sistema.  

Fitei o GPS seguindo imediatamente para fora do condomínio. Não queria chamar atenções ali dentro, odiaria ficar marcado por meus queridos vizinhos.  

Assim que deixei o condomínio, segui até a praia. O carro de Ashley não estava colado ao meu, mas eu a via me seguindo.  

Sabia o medo que ela provavelmente estava por estar em sua velocidade atual, mas não era minha culpa, ela teria que correr se não quisesse ser presa.  

Ou morta.

-Eu estou vendo as câmeras das ruas, os seguranças já estão montaram a blitz, a avenida está vazia. -Alex disse.  

Vi o carro de Ashley aumentar a velocidade. E então uma surpresa... Tiros.  

-Filha da puta. -resmunguei, fazendo um zigue-zague na pista para que ela não me acertasse mais. 

Assim que virei na avenida, acelerei mais ainda. Fitando o retrovisor e vendo o carro de Ashley derrapar na curva, como se estivesse flutuando.  

Soltei o ar aliviado, admito.  

-A leve para a rota 98. -Alex disse.  

Ashley Somers 

 

Sentia minhas mãos soarem. Dirigir daquele modo era como lembrar a todo momento do acidente.  

Ao derrapar na pista me senti confiante para continuar. Não sabia o que havia naquele carro. Não sabia se Justin estava ali, não sabia se ele estava correndo perigo ou não.  

Percebi sua rota. Aquele carro me levaria para o mesmo lugar onde eu havia sido abandonada quando raptada na boate dos garotos.  

Acelerei o máximo que eu pude, mas sem colar em seu carro. Não arriscaria tanto assim.  

As ruas de Los Angeles, sempre tão movimentadas, se encontravam vazias. Poucos carros eram vistos ali. Fitei uma blitz no final da rua e o carro que antes eu seguia virou na primeira direita, praticamente me forçando a fazer o mesmo.  

Os carros nos seguiram. O que era óbvio que iria acontecer. Mas o estranho era a cor dos mesmo. Não eram viatura, e sim carros pretos. 

Policiais que usavam esse tipo de carro não faziam blitz.  

Enfiei o pé no acelerador e me aproximei do carro que eu seguia, abrindo meu vidro e colocando minha arma para fora.  

Tentei mirar no pneu, mas não consegui. Não conseguiria apenas com uma mão, precisava me concentrar.  

Me lembrei do ferro que eu usava em meu carro quando o deixava muito tempo em apenas um lugar. Ele prendia o volante no acelerador e impedia qualquer pessoa que tentasse virar o volante.  

O problema era que, após encaixado, o ferro só se abria com uma chave. E eu teria que fazer isso mais rápido do que eu geralmente fazia.  

Coloquei a mão no chão do banco de trás, puxando o ferro. Coloquei a chave no painel e abri o ferro, encaixando no volante.  

Ao invés de o colocar atrás do acelerador, coloquei na frente, fazendo com que o próprio ferro forçasse o acelerador, deixando meus pés livres.  

Encaixei o ferro e me levantei no banco, abrindo meu teto solar e pegando a arma que Justin havia me dado dentro do painel.  

Respirei fundo e me levantei, colocando metade de meu corpo para fora do carro e mirando no pneu de uma das duas motos que estavam atrás de mim. 

Atirei e acertei, vendo o antigo motorista voar da moto. Me abaixei observando o carro da frente, que dirigia na mesma velocidade de antes. O painel de velocidade de meu carro aumentava cada vez mais.  

Sabia que a qualquer momento aquele carro poderia capotar e eu iria voar para fora do mesmo.  

Justin Bieber  
 

Senti meu corpo gelar ao ver Ashley sair pelo teto solar. Ela estava de costas para o meu carro, segundos depois vi uma das motos voarem da pista junto com o motorista.  

-Que porra ela está fazendo? -perguntei irritado, batendo no volante.  

-Eu não sei como ela conseguiu fazer esse carro dirigir sozinho, mas nessa velocidade, esse carro pode capotar a qualquer momento.  

-Cancelar. -disse. - Já chega, está ótimo.  

-Bieber... -Alex resmungou pelo sistema.  

-Me escutem, porr... -fui interrompido pelo barulho alto do vidro de trás de meu carro estourando. 

Diminui a velocidade o suficiente para que eu pudesse derrapar na pista e virar meu carro, o parando. 

Ashley também parou seu carro. Ela não iria sair e eu sabia disso.  

Fitei Caleb que assentiu, voltando a tirar os cacos de vidro de cima dele.  

Abri a porta do carro e sai, vendo Ashley fazer o mesmo logo em seguida.  

-Justin? -disse preocupada, enquanto vinha até mim.  

-Em carne e osso. -respondi, vendo a feição de preocupada da mesma se transformar em um belo cenho franzido.  

-Você... -resmungou. - Ninguém te tocou? 

-Você. Na noite passada.  

-Você sabe sobre o que eu estou falando. -fechou a cara. - A sua casa estava completamente destruída..

-Eu te disse que queria mudar a decoração.

-Eu não acredito que você fingiu tudo isso.  

-É um treinamento, Ashley.  

-Um treinamento? -gritou. - Qual a porra do seu problema? Você tem noção do que você me fez passar? 

-Ashley, eu precisava saber se você estava pronta.  

-NÃO! -gritou, no súbito. - Você queria saber se eu era boa.  

-É, isso também... -resmunguei pensativa.  

-Eu achei que você estava morto.  

-Eu estou vivo. -exclamei, sorrindo para a mesma.  

-Você é um idiota.  

-Não exagera. -tentei tocar o seu braço, mas ela não deixou. - Ashley, qual é? -revirei os olhos sentindo a mesma bater com as duas mãos em meu peito, me empurrando. - Ashley... 

-Vai se foder. -exclamou, se virando e saindo dali.  

A mesma entrou em seu carro e derrapou na pista, saindo dali.  

Fitei seu carro ir desaparecendo aos poucos na estrada. Fiz um sinal com a mão para o carro dos seguranças, que logo saiu dali.  

Voltei ao carro me sentando e permanecendo em silencio.  

-É... -Caleb resmungou. - Você sabe que eu...  

O interrompi abrindo o porta luvas e tirando um envelope lá de dentro, entregando a Caleb.  

-Eu adoro ganhar apostas. -exclamou.  

Liguei o carro e sai com o mesmo, ouvindo Ryan soltar uma leve risada.  

-Eu deveria ganhar dinheiro por ter adivinhado que não vai ter foda hoje, e nem amanhã, e depois de amanhã... -resmungou. 

-Pelo menos agora sabemos que ela é boa. -Caleb disse, dando de ombros. 

Ashley Somers  

 

Eu estava puta, puta da vida comigo mesma por ter sido tão idiota a ponto de cair no papo de Justin. Era obvio que se um dia a casa dele fosse atacada, eu não seria a primeira pessoa a descobrir. 

Quando finalmente cheguei em minha casa, notei um carro no jardim, era de Caitlin. Entrei na casa pela garagem, vendo Caitlin e Jazmyn sentadas no sofá da minha casa, conversando sobre algo que parecia ser sério. 

-Finalmente. -Caitlin resmungou, se levantando. 

-O que aconteceu? -Jazmyn perguntou, fitando fixamente a minha mão, que tremia. 

-Seu irmão me deixou assim. -disse irritada, também olhando para a minha mão. 

Bufei e fui em direção a cozinha, escutando as duas virem atrás de mim. 

-O que ele fez? -Caitlin perguntou, me observando abrir a geladeira e pegar uma garrafinha de água. 

-Ele fez uma simulação surpresa. -disse, após beber um pouco da água. - E adivinha só quem foi a cobaia? 

Jazmyn negou, fitando Caitlin, que soltou o ar decepcionada. 

-Eu já sei o que vocês estão pensando... -resmunguei, colocando a garrafa de água em cima da bancada. - Meu relacionamento está indo de mal a pior e tudo o que ele consegue fazer é tirar uma onda com a minha cara. 

-Eu não entendo essa fixação que ele anda tendo em te testar. -Jazzy resmungou, aparentemente estressada. -  É como se... -a interrompi.

-Como se ele quisesse saber se eu vou conseguir me virar sozinha. -disse, vendo as duas permanecerem em silêncio. - Eu não sou boba. -neguei. - Mas enfim, o que vocês vieram fazer aqui? 

Novamente elas voltaram a se observar. 

-Da para vocês pararem de ficar se olhando? -perguntei, irritada. - Eu odeio ficar por fora de tudo.

-Ashley... -Caitlin resmungou. - Lembra a um tempo atrás, quando eu vim na sua casa e conversei com você sobre... 

-Gravidez. -a interrompi, vendo Jazmyn pegar a garrafinha de água em cima da bancada e tomar o liquido, com um certo desespero. - Que porra está acontecendo? -perguntei. 

-Ash... -Caitlin disse, cautelosa.  

A mesma saiu em direção a sala, fiz o mesmo junto com Jazmyn. Vi quando Caitlin mexeu em algo em sua bolsa, tirando uma caixinha e me entregando. 

-Por que você está me dando isso? -perguntei, preocupada. 

Já conseguia sentir minhas mãos tremendo novamente. 

-Porque nós não temos dúvidas. -Jazmyn disse.  

-Vocês estão cometendo um erro... -disse, vendo as duas negarem.  

-Você também está em dúvidas, Ashley... -Caitlin resmungou.  

-Não... -neguei. - A única dúvida que eu tinha nos últimos dias era a do que estava acontecendo com vocês duas. -disse, visivelmente chateada. - Quantas vezes vocês saíram junto com os garotos e me deixaram sozinha em casa? Até mesmo Justin estava indo... 

-Ashley... -Jazmyn disse, mas eu a interrompi. 

-Caleb me ligou preocupada, perguntando se eu havia melhorado, se minha cabeça ainda doía... -franzi o cenho. - O que vocês estavam tentando fazer? Estavam tentando me mantar afastada de todos? 

-Nós estávamos preocupadas! Não sabíamos o que fazer. -Caitlin disse. - Você mentiu para o Nolan aquele dia... 

-Você sabe o que é um ataque de pânico e descreveu ele para Nolan porque sabia qual seria o diagnóstico. -Jazmyn disse. - Você nunca teve um ataque de pânico, Ashley! 

Fiquei em silêncio, vendo as duas soltarem o ar, comprovando o que elas pensavam.

-Eu tive no começo. -disse, no súbito. - Eu não menti quando disse ao Nolan o que havia sentido! Eu realmente tive um ataque de pânico.  

-Ashley, qual é? -Caitlin perguntou, se sentando no sofá. 

-Mas com o tempo... -completei. - Os ataques foram se transformando em enjoos, os mal-estares começaram a acontecer todos os dias e... 

-O teste. -Jazmyn disse. - Agora! 

Mordi o lábios e respirei fundo, seguindo em direção ao banheiro do andar de baixo, entrando no mesmo e me apoiando na pia, fitando aquela caixa. 

Eu faria o teste, sem pensar duas vezes. Mas no fundo já sabia a resposta. 

Suspirei, sentindo algumas lágrimas caírem de meus olhos. Eu sabia a resposta, e também sabia o que iria acontecer quando tudo isso viesse a tona.