História Feelings - Amberley

Uma semana depois...

Uma semana para mim se pareceu um ano. Eu não me foquei em mais nada após aquele dia na casa dos meus... ex-pais? Tenho meu trabalho para ser entregue amanhã e não estudei absolutamente nada. Harry encontrou Gemma e me emprestou o livro sem até mesmo eu pedir, eu não o consegui pegar para ler uma página sequer. Parecia que cada vez em que eu olhava para o livro, as palavras da Samantha vinham a minha cabeça. Saber que tenho muitas coisas em comum com o Harry, muitas coisa ligadas com as nossas vidas, é ligeiramente chato e insuportável. Eu sinceramente não sei o que fazer em relação a todo este quesito.

Eu também não sei ao certo se quero me vingar da Samantha. Isso me parece ser tão ruim e errado. Mas se for para eu realmente fazer isso, tenho que começar por uma coisa que ela queira com toda a sua alma, tenho que machucar o coração dela, igual ela fez comigo. Ela não vai pagar somente por ter tirado meus pais, mas sim por cada mal que me causou desde sempre!

Desvio meu olhar da parede e foco na porta que está sendo aberta, eu pensava que era Gemma, mas me enganei quando vejo a imagem do Harry. Ele fecha a porta franzi a testa, ele parece procurar algo.

"A Gemma?"-ele pergunta.

"Ela disse que depois da aula ia para a casa da sua mãe, não voltou até agora."-descruzo minhas pernas e junto elas no meu peito, as abraçando.

"Acha que ela vai demorar muito?"-ele se senta no local onde estavam minhas pernas, ficando próximo de mim, apenas levanto os ombros dando a resposta. Sempre quando a Gemma vai para a casa da sua mãe ela volta lá para às sete da noite, e agora são seis horas.-"Posso esperar aqui com você?"-ele olha para o chão, mas eu lhe aceno, não dizendo nada, o que faz ele não ver.

"Pode."-disse. Fico atenta em seu braço. Ele é tatuado, seu braço esquerdo há mais tatuagens do que o direito. Há um barco de velas nele, e sorrio ao lembrar que toda vez que meus professores, dos meus primeiros anos de escola, me pediam para fazer desenhos, eu sempre fazia barcos de velas. Eu sempre os desenhava e entregava ao meu pai, e por ironia, no mês passado ele havia me dito que queria um dia me mostrar tudo de novo. Meu coração aperta ao me lembrar do que aconteceu na semana anterior, e pensar na hipótese de que ele possa os ter jogado fora.

"Você... está bem?"-acordo quando Harry me desperta.

"O quê?!"

"Você está chorando."-ele diz e aponta para o meu rosto. Eu não tinha ideia de que estava chorando.

"Ah, sim... n-não é nada."-passo a mão pelas minhas bochechas e me cai a fixa de que são muitas lágrimas. Como não me dei conta do que estava acontecendo comigo?

"Posso te fazer uma pergunta?"-pergunto a ele, e percebo que esta já havia sido uma.

"Pode!"-ele olha atentamente para mim e por um segundo perco a corajem.

"Você ama a Samantha?"-pergunto antes mesmo da minha mente imprestável se arrepender.

"Amo!"-ele diz sem pensar duas vezes. Mas penso que há mentiras por trás da sua palavra.

"Trairia ela? Por caso algum de..."-penso no que vou dizer.-"Necessidade?"

"Samantha nunca me recusou sexo. Nós transamos no primeiro dia em que nos vimos."-ele diz e eu arregalo os olhos.

Samantha é realmente pior do que eu pensava.

"Você até me disse uma coisa desnecessária, mas não respondeu a minha pergunta."

"Não!"-ele é ágio e ríspido na resposta.

"Nem se alguém te pagasse?"-pergunto mexendo meu músculo da boca, formando um sorriso de canto.

"Sei..."-ele sorri imitando minha ação. Um sorriso de canto.

Demoro algum tempo para processar. Chego a conclusão de que o 'Não!' que ele havia dito anteriormente e o 'Sei' de agora transformaria um possível Talvez. Mas sei que ele faria isso.

"Faria mesmo?"-pergunto.

"Vivemos apenas uma vez."-ele ele dá de ombros e se levanta da cama.

Descruzo minhas pernas e as deixo cair, fazendo com que meus pés toquem o chão gelado do quarto.

"Quero fazer uma proposta a você."-me levanto e fico atrás dele, vendo ele olhar para a janela, com vista ao jardim, há pessoas lá. Umas lancham, outras leem, outras escrevem e há outras falando da vida dos outros.

"Que tipo de proposta?"-ele se vira para mim e lhe mando um sorriso.

"Samantha tirou a confiança dos meus pais, não vou mentir, isso me machucou demais..."-ele se senta na cama da Gemma e olha para mim. Começo a andar de um lado para o outro.

"Prossiga!"

"Quero machucar ela também. Não só pelo o que ela fez na semana passada, mas por tudo o que ela me fez por dezenove anos, penso que isso seria divertido para mim... talvez para nós dois!"

"Estou ansioso!"

"Se eu te pagar mil dólares para ser meu amante por um dia. Você aceitaria?"-pergunto indo direto ao ponto, sem enrolações.

"E você?"-ele se levanta.

"O que tem eu?"

"Você ama a Gemma?"-droga, eu havia me esquecido desse detalhe.

"Ela não precisa saber!"-dou um sorriso e ele me devolve.-"Eu sei que quer aceitar essa proposta! É só um dia. Samantha não vai dizer nada a Gemma, vai por mim, Samantha ainda não te mostrou cem por cento da sua burrice a você. Ela não irá saber mesmo, a não ser que você conte. Tem que aceitar essa droga."-olho no fundo do seus olhos. Cada vez em que olho para seus olhos eles sempre parecem ter tonalidades diferentes, agora, neste exato momento estão da cor do mar limpo de uma cachoeira, é lindo.

"Vou perder a Samantha!"-ele diz.

"Você não irá sentir falta dela. Você é um cara lindo pode arranjar uma vadia qualquer em qualquer esquina que virar."-dou risada. Eu tinha que dizer isso, eu estava esperando dizer isso à ele no momento certo e eu não podia perder esse aqui agora.

"Você é perigosa, tem cara de má."-ele diz se aproximando de mim.

"Então? Aceita ou não?"-mordo meu lábio. Um pequeno jogo que talvez o convença.

"Cinco mil dólares."-ele diz e meu queixo caí. O que ele está me pedindo é muito. Cinco mil dólares é exatamente o preço que pago meus livros, materiais, dormitório e a faculdade junto por mensalidade.

"Três mil!"-tento mudar, é o máximo que posso.

"Três mil e quinhentos. É pegar ou largar."-ele novamente fixa nos meus olhos.

"Tenho outra escolha? Eu preciso de você, não é mesmo?"

"Ainda bem que você é fácil de admitir as coisas! Quando é que vai me pagar?"

"Depois do trabalho bem feito."-falo seca.

"Não, antes"-ele parece ficar furioso. Não vou negar que a uma pinta de sensualidade estampada em seu rosto furioso.

"No dia, okay? No dia!"-cruzo meus braços.-"Não tenho ideia de como isso possa acontecer"-admito suspirando. Foi uma coisa repentina. Ele chegou, eu lhe fiz a proposta, basicamente sem pensar, e ele aceitou. O resto agora basta pensar em como vou fazer isso.

"Sabe... amanhã mesmo podemos colocar essa proposta em prática"-ele me lança um sorriso. Ele não ama a Samantha, não mesmo e quer saber? Isso me deixa feliz!

"Amanhã, não posso. Vou ter aulas, inclusive as extras. É sexta."-digo e uma certa desanimação me vem ao perceber que a entrega do trabalho é amanhã.

"Que seja. A Samantha vai no meu apartamento todos os dias. Eu tenho um plano."-ele sorri. Ele só sabe sorrir.

"Qual?!"-olho atentamente para ele. Ele limpa sua garganta e começa a dizer:

"Amanhã, como eu já havia dito, Samantha vai todos os dia em minha casa. Com certeza ela irá no sábado. Amanhã é sexta. Eu posso ficar estranho com ela-"-eu o interrompo com uma duvida a ser dita.

"Estranho...?"

"Rude, talvez. E no sábado eu ligo para ela, marco uma hora. E em plena a hora em que chegar, podemos fingir que estamos nos beijando. O que me diz?"-ele parece estar orgulhoso da sua ideia.

"Transando! Por que não fingimos que estamos transando?"-arqueio minha sobrancelha direita.

"Me parece uma boa ideia."

"Depois disso... temos que nos afastar."-sussurro para ele.

"Eu sei!"-ele solta um suspiro.

Isso parece até ser mentira. Vou me vingar da minha irmã. É o que eu quero. Minha consciência fica limpa ao revisar tudo o que conversamos, e percebo que não vou trair Gemma, não mesmo. Vamos apenas fingir que estamos na cama, isso não é trair, certo? Depois disso terei que prometer que irei parar de cometer burrices. Depois do que vai acontecer no sábado vou seguir com os meus planejamentos de vida; Vou virar a pior inimiga da Samantha, sem me importar, me afastar do Harry, fingir que nada aconteceu, focar mais nos meus estudos, me formar, trabalhar com o que quero e tanto desejo, comprar uma casa, me casar com a Gemma, adotar uma garotinha de quatro anos, e tentar ser feliz para sempre.

Eu apenas espero que tudo dê certo. Mas se levar em conta a tudo na minha vida que deu errado. É capaz de eu ter a mera certeza de saber que pelo menos um de meus planejamentos vai dar errado...

Quero apenas machuca-la, apenas a Samantha...