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História Feelings - Amberley


Escrita por: Giovanna_viana_

Capítulo 2 - Amberley


"Faria isso?"-ela me pergunta mordendo a metade da sua cereja.

"Não"-falei.

"Eu não sei se faria... acho que faria"-ela folheia as páginas de uma revista de medicina cirúrgica, onde há mulheres siliconadas nos seios.

"Você é perfeita... não precisa disso, gosto deles"-sorrio e ela me entrega um sorriso melhor que o meu. Um sorriso estridente e caloroso, eu amo esse sorriso.

"Vai fazer o que amanhã?"-ela fecha a revista e encosta seu colo se apoiando com os cotovelos no enorme balcão que fica no centro da cozinha.

"Não sei. Minha mãe me ligou ontem, ela talvez venha amanhã ou na próxima semana, não me disse nada"-pego a cereja e fico a girando no ar com o pequeno cabinho.

"Oh..."-Gemma sabe o que eu quis dizer. Este é sempre o melhor jeito para dizer a ela que ela não poderá me ver.

Minha mãe é mais para um lado bem religioso. Para ela, o homem nasceu para a mulher e a mulher nasceu para o homem. E por mais que eu esteja nos meus dezenove anos de vida, eu não tenho coragem de dizer a ela minha opção sexual; para ela seria basicamente um crime caso ela soubesse que sou lésbica. Eu escolhi ser feliz, mas sei que minha mãe jamais entenderia isso.

"Gem, eu estou tentando, sei que parece errado, mas não quero perder minha mãe-"

"Não precisa se explicar, posso esperar o tempo que for preciso. Mas tente se lembrar de que um dia terá que contar a ela. De uma forma ou de outra ela é sua mãe, vai ter que aceitar, mesmo que tudo isso aconteça assim, ela irá continuar te amando"-ela tem razão. A parte pela qual disse que tenho medo de perder minha mãe é que eu ainda preciso dela, não quero-a desapontada comigo.

Da forma como penso, parece até que tenho preconceito comigo mesma.

Nos focamos no forte silêncio que houve entre a gente, está tudo tão calmo, tudo isso aqui é maravilhoso. Por um momento queria ter a mãe de Gemma como minha mãe também, ela sebe nos aceitar definitivamente. Mas a minha as vezes sabe ser especial.

Ouço o barulho da porta de entrada e me assusto. Gemma e eu estávamos sozinhas na casa dela. E não esperávamos visitas.

"Não sei"-ouço uma voz ecoar por metade da casa.

"Ah, droga. Esqueci de avisar que meu irmão chegaria hoje de viajem"-murmura.

Nunca vi o irmão de Gemma. Ela quase não me falava dele, é até mesmo difícil de se lembrar que ela não é a filha única. Até onde sei, é que seu nome é Harry, que ele é menor que ela, com vinte anos, ex-universitário, e assim que se formou, viajou e agora voltou. São pouquíssimas coisas, não tão importantes assim.

"Me espere lá em cima"- Ouço a voz sussurrenta pela casa novamente. Não vou negar que sua voz era ardente, maliciosa e ousada, ela era um rouco magnífico, aposto com todas as minhas certezas que essa voz poderia ser seu charme.

Posso ouvir saltos finos cada vez mais ocos, suponho que seja de sua companhia subindo, assim como ele havia lhe pedido. Gemma e eu mudamos a postura ao saber que o barulho de botas a bater pelo chão era de seu irmão caminhando até a cozinha.

"A mãe não está?"- ele aparece no hall da cozinha. Ele era exatamente como eu o imaginava; a cópia masculina perfeita de Gemma. Com exceções dos cabelos, o cabelo dela estava loiro com partes rosas e tem o seu comprimento mais longo e liso, mas os olhos dele eram mais fuscosos do que os dela, um verde floresta negra esplendido. O jeito de como ele ralha os olhos para o deixar mais sexy, ele consegue fazer-lo da mesma forma que a Gem, mas, claro, Gem fica muito mais linda, por mais identicos que os dois sejam.

"Olá, senti sua falta também, de verdade"-ela ironiza visto que não parece que acabou de chegar de viajem.

Em nenhum momento ele me nota, ou ao menos finge que não me nota.

"Estou falando sério, Gemma"-ele reencosta seu punho fechado no balcão.

"E eu também, senti sua falta"-sorri. Abaixo a cabeça e tento não rir da forma de como está o irritando, como ela sempre faz com todos.

"Caso ela chegar avise a ela que quero falar com ela. Mas só depois das seis, antes disso estarei ocupado".

"Tudo bem"- ela mais uma vez sorri e olha para mim e depois para ele."Esta é a Amber, minha namorada. Aquela que eu havia falado antes"-ela aponta para mim.

Ele não se move, apenas vira os olhos para mim e me encara de um jeito indefinido, ele parece ser agradável.

"Oi"-não sei se ele costuma se dar bem com lésbicas ou coisa do tipo. Porque ele se dando bem com a irmã dele, já é um caso bem diferente.

"Oi, dou um dólar para você conseguir aguentar minha irmã por pelo menos dois meses"-ele se desapoia do balcão e se dirige até a geladeira para pegar a garrafa de água. Eu apenas dou risada e digo:

"Estamos juntas a mais de um ano"-ele para com seu esforço que fazia para abrir a garrafa e fica olhando para mim e para ela.

"E por que só te conheci agora?"

"Talvez porque você morava em outro país e quando se formou mal esperou e foi viver em outro?"-ela pergunta hipoteticamente já respondida.

"Tudo bem... O que faz?"-ele pergunta e eu agora me sinto em um tipo de apresentação de um filho que apresenta sua namorada aos pais.

"Estou no meu  quinto semestre da faculdade, na UCL(University College of London)"-digo e ele acena para que eu possa prosseguir."de literatura inglesa".

"Oh, então você ama escrever?"

"Posso dizer que sim".-sorrio.

"Bom, então quem sabe um dia não escrevemos uma história juntos. Sou formado em literatura inglesa também."-ele diz. Pensando bem, acho que ele seria uma ótima pessoa. Eu amo escrever, tanto poesia como qualquer história. Eu respiro qualquer parte literária. Romance, é uma delas.

"Quem sabe um dia..."-respondo.

"Foi um prazer te conhecer, Amber. Tenho uma pessoa lá em cima que me espera".

"Era suposto estar cansado da viagem não acha?"-Gemma pergunta fazendo o virar toda sua atenção a ela.

"Não quando se tem uma, basicamente colombiana, gostosa, agora nua na sua cama."-ele diz. O que me fez entender que ele e a pessoa que ele pediu para subir é a sua "companhia" de quem ele estava falando quase agora, é com quem ele irá transar agora. Isso é praticamente nojento, Gemma e eu nunca fizemos nada, além de beijos, debaixo do teto de sua mãe, para mim isso é desrespeitoso, mas já vi que para ele não.

"Okay, apenas não faça muito barulho. Amber e eu não iremos a lugar algum"-Gemma fala e de repente me bate uma enorme vontade de sair daqui, é meio ruim ficar na mesma casa que você sabe que tem alguém transando em algum canto por aí.

Vejo seu irmão desaparecer da cozinha fazendo novamente suas botas fazerem barulhos pelo chão rígido de madeira da casa. Sinto formigamento no bolso da munha calça, era minha mãe me ligando. Pensei em ignora-la, mas isso a faria querer ir até meu dormitório.

"Mãe?"

"Amberley, onde está?"-a voz chiada da minha mãe invade meus ouvidos e posso sentir o peso do olhar de Gemma sobre mim.

"Na casa de uma amiga..."

"Vou pegar meu celular."-Gemma sussurra na minha frente.

"Tudo bem."-sussurro de volta.

"Que amiga?"

"Uma amiga mãe."-reviro os olhos e um pressentimento me surge de que minha mãe sentiu isso.

"Estou em seu dormitório agora, sabia que você deixou sua porta aberta?"

"Deve ter sido minha acompanhante de quarto mãe"-Gemma é minha acompanhante de quarto.

"Não vai vir? Estou a sua espera."-ela diz. Não sei para quê ela quer me ver, mas aposto que seria para me orientar.

Me esquivo para pegar a maçã que tanto me chamou a atenção, o seu avermelhar é tão apaixonante, e seu brilho muito mais, a forma de como ela pede para ser mordida a faz mais linda ainda. Um pequeno choque térmico na espinha me faz arrepiar por cada pelinho do meu braço após minha mão ser tocada por dedos grandes e gélidos e sinto meu coração palpitar cada vez mais rápido. Vou prosseguindo meu olhar desde a ponta de seus dedos até me debater com os olhos verdes ofuscosos de Harry. Não queria dizer isso; mas ele é absurdamente atraente, ele parece ser aquele típico moço antipático das faculdades que se dão super bem com a mulherada.

"Amberley, está me ouvindo?"-a voz da minha mãe me acorda dos pensamentos e me caio na vida real fora de seus olhos.

"Depois eu te ligo"-minha voz quase não sai. Ouço minha mãe resmungar qualquer coisa no celular, mas não me importo e desligo.

"Sexo com maçã é muito bom sabia?"-ele diz.

"O-o quê?"-pergunto com seus dedos ainda quase os entrelaçando-os nos dele.

"Devia tentar um dia"-ainda continuo sem entender. Ele pega a maçã e some novamente da cozinha.

Mas o que aconteceu por aqui? Arrepios e coração acelerado! Eu não devia estar me sentindo assim. Meu Deus eu nem o conheço. Tenho que me afastar de pessoas que usam qualquer tipo de merda para sentir mais prazer, por exemplo uma maçã. Sou lésbica, e com certeza eu não deveria nem ao menos em estar pensando em me afastar dele, eu não devia ter o que temer. Tento eu aqui imaginar que louco seria eu ser lésbica e mal conhecer o irmão da minha própria namorada e me apaixonar por ele assim, tão de repente, do nada... e foi tão instantâneo. ELE não deve ter sentido nada.

Eu tenho mesmo que me afastar dele, percebo algo nele que possa não ser tão bom assim...


Notas Finais


Instagram:@giovanna_viana__
OBS:sigo todos de volta


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