"Father, I'm gonna say thank you
Even if I'm still hurt
Oh, I'm gonna say bless you
I wanna mean those words"
Acordei um tanto incomodada, sentindo um olhar sobre mim. Me levantei e acabei me assustando.
Papai estava sentado na ponta da cama nos observando e quando viu que me assustei, fez sinal para que me acalmasse.
-Ei querida, calma. Sou apenas eu, seu velho pai.- um sorriso cansado se fez presente em seu rosto e relaxei.
Ele trabalhava tanto. E eu não o culpava. Foi essa a maneira que ele encontrou de se manter nos trilhos depois da morte da mamãe, e apesar disto ele ainda tentava se fazer presente para nós.
-Como foi seu dia hoje?- perguntei, enquanto me levantava com cuidado para não acordar Tom.
-Entediante como sempre?- ele riu fracamente e eu revirei os olhos.
Assim que me levantei, o peguei pela mão e o guiei até a cozinha, sem muito esforço. Fiz menção para que ele sentasse e peguei um prato com massa que havia preparado para ele.
-Coma.- me sentei a sua frente e sorri quanto ele arqueou a sobrancelha.
-Mamãe é você?- fiz careta com a comparação a minha avó e ele riu realmente se divertindo com aquilo. Após algumas garfadas, ele me olhou fundo nos olhos, pegou minha mão e sorriu carinhosamente. -Você se parece tanto com a sua mãe.
Engoli em seco e senti uma lágrima escorrer sobre meu rosto. Baixei o rosto e observei sua mão sobre a minha, ele a apertou levemente como consolo.
Eu sabia que para ele era algo difícil tudo aquilo, era algo recente demais. E como se não bastasse mais nada, ele ainda tinha que me ver todos os dias, depois de um cansativo trabalho, e enxergar mamãe em meu rosto. Em meus olhos, na minha boca, nas minhas mais simples expressões. E eu me odiava por isso, por causá-lo tanta dor.
-Me desculpe.- voltei a encara-lo e lágrimas escorriam sobre seu rosto. Ele balançou o rosto e eu me afastei. Era a única coisa que eu podia fazer.
Subi as escadas correndo, indo em direção ao meu quarto e me sentando na cama, abraçando meu próprio corpo e comecei a chorar violentamente.
Chorei pela mamãe, por ele não ser tão presente e por essa dor que crescia cada vez mais.
Só notei que ele havia me seguido quando senti seu peso sobre a cama. O encarei. Seu rosto estava úmido e ele me olhava, como se sentisse culpado e entendesse tudo aquilo. Ele limpou meu rosto carinhosamente.
-Querida, você não tem pelo o que se desculpar. Você não tem culpa nenhuma, o único culpado aqui sou eu. .- eu ia lhe responder, mas ele não permitiu- Deixe-me terminar. No último ano eu não tenho sido presente, eu sei.- ele observou meu quarto, como se aquelas paredes tivessem grandes histórias. -Essa casa e vocês me lembram muito ela é verdade. Mas isso não é culpa de vocês, entendeu?. -ele me puxou para um abraço e o alivio se fez presente. Aquele abraço, a paz e o conforto nele que a tanto tempo eu não sentia se fez presente e relaxei.
-Você tem sido forte demais por nós e eu a admiro muito por isso.-ele se afastou um pouco para me olhar nos olhos.- E a agradeço profundamente, mas agora está na hora de eu assumir isso, está na hora de eu acordar. Vocês precisam de mim.- as lágrimas voltaram a escorrer e ele as limpou. -Eu sou seu pai e eu te amo, nunca se esqueça. Apesar de tudo, não se esqueça. Prometa?
Acenei positivamente e o abracei forte.
-Eu prometo.
Acordei e a luz adentrava o quarto entre as persianas. Me levantei e vi que papai ainda estava deitado ao meu lado. Peguei meu celular e algumas mensagens se acumulavam. Sorri.
Juh estava pirando. Já se passavam das 13 horas e eu ainda não havia aparecido na aula.
Ei, gatinha. Está tudo bem. Mais tarde a gente se fala.
XOXO da sua amiga maravilhosa.
Assim que ela se acalmou larguei o celular e olhei para o lado, papai parecia tão relaxado. Como se sua vida não fosse todo aquele caos. Suspirei satisfeita.
-Mana- escutei Tom chamar sonolento na porta de meu quarto e fiz menção para que se juntasse a nós.
Ele se arrastou até ficar entre eu e papai, se aninhando ali. Papai acabou acordando e sorriu ao ver Tom.
-E aí carinha, como você está?- ele perguntou depois de um longo bocejo.
-Bem,- Tom sorriu e perguntou com expectativa.- Você não vai trabalhar hoje, papai?
-Bem..- ele se virou, abraçando Tom e me lançou sorriso. -Hoje não, hoje eu vou ficar com vocês. O que acha?
Tom se levantou e começou a pular de alegria, nos fazendo rir.
-Então vamos nos arrumar, hoje você decide o roteiro baixinho. - ele se levantou e pegou Tom, quando o mesmo pulou em seu colo o levando para fora do quarto.
Suspirei alegre e fui em direção ao banheiro para me arrumar, para o que seria o melhor dia de nossas vidas. Para o nosso recomeço.
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