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História Ferida Aberta - Em oração, ela suplica por sinais


Escrita por: littlelindy

Notas do Autor


Olá, meus lovebugs! Como vão?
Peço desculpas pelo atraso, sei que combinei no twitter de que postaria ontem, mas minha pressão caiu e eu não consegui fazer a revisão. Mas o capítulo está ai!
Eu só queria agradecer novamente pelo carinho e pelos comentários/visualizações. E, claro, para todas as pessoas que tem favoritado a FA!

Por favor, leiam as notas finais e boa leitura <3

Capítulo 18 - Em oração, ela suplica por sinais


Fanfic / Fanfiction Ferida Aberta - Em oração, ela suplica por sinais

“Não lhe posso dar aquilo que já existe em você mesmo. Não posso atribuir-lhe outro mundo de imagem além daquele que há em sua própria alma. Nada lhe posso dar a não ser a oportunidade, o impulso, a chave. Eu ajudarei a tornar visível o seu próprio mundo. É tudo.” – Hermann Heise.

 

Duas figuras altas corriam pela mata fechada da reserva florestal, a mulher na frente e o homem seguindo-a. Eles passavam as raízes com pequenos pulos, mas recusavam-se a parar por qualquer um dos obstáculos, fosse no chão ou até mesmo as galhas das árvores no meio do caminho.

Eles pareciam lobos correndo em direção a sua presa, ágeis em seus movimentos e prontos para arquitetar o ataque. Bom, eles não era lobos, não por vontade própria, mas certamente pareciam prontos para a caça.

Ruby! Volta aqui, por favor! – a voz masculina gritava atrás dela.

Não! – a morena respondeu sem sequer olhar para ele.

A jovem era rápida, mas não tão esperta quanto Humbert que, aproveitando a distração da mulher ao passar por um terreno folhoso, cortou caminho pelas pedras e a alcançou.

Segurando-a pelo braço, ele a parou, fazendo-a finalmente encará-lo.

Nós precisamos conversar.

Eu disse “não”, Graham. – Ruby retrucou, movendo bruscamente o membro superior para retirá-lo das mãos do homem.

Ah, então me diga, o que veio fazer aqui na minha cabana então? – questionou de maneira sarcástica.

Quem disse que eu estava indo para a sua cabana? Não seja tão prepotente, Humbert. Eu estava só caminhando, você sabe que eu gosto de andar na floresta.

E ele riu debochado, levando a língua até o céu da boca ao chacoalhar a cabeça negativamente.

Oh, claro... Dessa reserva inteira você resolveu que o melhor local para sua caminhada era perto da minha casa, não é? Por favor, Ruby, sejamos sinceros agora.

Agora você quer sinceridade, Humbert? Que engraçado logo você dizer isso não é? Logo aquela pessoa que se recusa a assumir que me traía com Amber.

Eu me recuso a assumir isso porque não é verdade! Quantas mil vezes eu tenho que te dizer isso?

Ah, então você terminou comigo e ela magicamente apareceu na sua vida e vocês se apaixonaram tão rápido? Por favor, vocês já estavam juntos há muito tempo! – a morena disparou.

E quem disse que eu me apaixonei por Amber? – Graham questionou, segurando as mãos da mulher delicadamente.

Mas ela se afastou.

O que eu acabei de ver agora me diz o contrário.

.☾☾☾☾☾.

 

Emma não foi para a casa dos Nolan.

Ela deveria admitir, era covarde demais para tomar tal decisão. Já tinha estragado tudo naquela tarde quando ousou pedir para que Jones a beijasse, o que mais faria se seguisse os conselhos irracionais de Ruby?

Sem chance.

Killian (20:56): Você vem, Swan? Dave está mimando tanto nossa mascote que eu duvido que ela vá querer ir para casa.

Killian (20:57): Ah, e M’s fez empadas!

Emma (21:00): Me parece ótimo, mas se importa se eu não for, Killian? Eu queria ficar um pouco sozinha...

Emma (21:00): E você pode mesmo ficar com Lily hoje?

Killian (21:02): Claro que não... Mas aconteceu alguma coisa? Você está bem?

Killian (21:02): E eu pedi para ficar com a mascote, não tem problema algum, você sabe disso

Emma (21:05): Não, estou bem. Só preciso ficar sozinha.

Killian (21:05): Você não parece bem... O que houve?

Killian (21:35): Swan?

Killian (21:40): Posso te ligar?

Sem resposta novamente.

Não que Swan quisesse ignorá-la ou fizesse isso por prazer, mas ela simplesmente não conseguiria naquele momento – e estava grata por Killian ter mantido sua palavra em passar a noite com a pequena Humbert.

E, entendendo sua súplica silenciosa de isolamento, Jones não insistiu mais, optando por questioná-la a respeito pela manhã.

— Hm, desculpa M’s, Swan não vem hoje. – disse assim que adentrou a sala de estar onde o casal estava brincando com a menina.

Killian tinha se retirado por um momento, indo para a varanda somente para ter mais privacidade para falar com Emma. Não que ele precisasse sair para enviá-la mensagens, mas o plano inicial era finalizar a conversa com uma ligação e isso ele, definitivamente, não queria fazer na frente dos amigos.

— Por que não? Aconteceu alguma coisa? – David questionou preocupado.

— Não que eu saiba... Hoje estávamos bem lá na cabana de Graham e, de repente, o humor dela mudou.

— Oh, Killian, considerando o que você nos contou, pense em como está a cabeça dela agora. Primeiro ver onde Humbert passou os últimos dias de vida, depois a carta e a história do ex namorado dela... – a morena comentou, mais uma vez, pensando no melhor dos cenários. – E foi até bom você pedir para ficar com Lily hoje, assim ela irá descansar.

— Mary está certa. – Nolan completou. – Mas vocês brigaram? Até onde sei, esse  namoro de vocês estava indo bem...

— E está! – Killian replicou com rapidez. – Quero dizer, eu acho que sim.

O casal não insistiu mais no assunto, embora David estivesse um tanto quanto desconfiado de que algo não estava certo entre o casal. A questão para Jones era que ele não compreendia o motivo de tal recusa de Swan. Não que ela fosse obrigada a aceitar, mas se fosse por Neal ou Graham, ele sabia que ela não teria problemas em justificar.

De qualquer maneira, Mary estava certa, como sempre. Emma apenas precisava de tempo e espaço para digerir tudo aquilo, talvez o peso de Storybrooke tenha repousado sobre seus ombros afinal.

Ele não ficaria especulando, não iria criar teorias e ficar paranoico, preferia esperar e questioná-la pela manhã...

Enquanto isso, o “pequeno frasquinho de amor” em seus braços ganharia toda sua atenção.

Oh, e por falar na Humbert, isso seria algo que a loira, provavelmente, reclamaria, mas Killian não se arrependia de nada. Dias atrás, o moreno havia encomendado pela internet não somente um berço para Lily, mas também uma cadeira de balançar. A meta dele era transformar, mesmo que aos poucos, o cômodo dos hóspedes no quarto de sua mascote.

Jones tinha certeza de que ele e Emma conseguiriam a guarda da criança e, por esse motivo, desde já queria dar a menina seu próprio espaço – um local do qual, esperava ele, que a pequena passaria a maior parte de seu tempo. Salvo a escola.

(E ele não ousaria dizer em voz alta que também incluía Swan em seus planos...)

Já passava das dez da noite quando, finalmente, Killian terminou a montagem dos dois objetos, e agradeceu por não ter maiores dificuldades, já que ambos eram feitos de peças encaixáveis. O que ele não havia pensado, entretanto, era nos itens de complemento como travesseiro e cobertor...

— Como você é um burro, Killian Jones... – ele resmungou com a menina em seus braços. – Ei, meu anjinho, perdoa o papai, mas não vai poder usar seu berço novo hoje, tá bom? Amanhã, se a mamãe deixar e vir para cá, te prometo uma cama novinha e bem quentinha!

A menina balbuciou alguma coisa parecia com “Eaak”.

— É? Você também achou o papai burro foi? – o homem brincou antes de dar um beijo na testa da criança. – Que tal se nós dois testarmos pelo menos a cadeira? – ele, então, sentou-se no assento posicionado ao lado da janela semiaberta. – Sua tia Belle me deu alguns livros outro dia e sabe o que eu descobri? Daqui a pouco você vai começar a falar, mascote! Mais rápido do que eu esperava.

Killian comemorou com a pequena, balançando-os levemente na cadeira na tentativa de niná-la. A garota, assim como ele, já estava de banho tomado e pronta para dormir, ele precisava apenas fazê-la cair novamente em sono profundo – apesar de toda calmaria, ele esperava que ela não sentisse tanta falta de Emma a ponto de ter que importuná-la com ligações.

— Qual será sua primeira palavra? – ele sussurrava. – Não conta para a mamãe, mas eu realmente espero que seja “papai”. Você vai ser minha garotinha, não é?

Lily riu, mas não pelo comentário do homem que, obviamente, ela não havia compreendido, mas pelo toque dos dedos de Jones em sua barriga que estavam fazendo-a sentir cócegas.

— Oh, você sentiu isso aqui? – Killian sorriu vendo-a balançar os bracinhos e perninhas quando ele repetiu o movimento, mas logo parou. – Eu te amo muito, Lily. Posso não ter direito de falar isso para sua mãe, mas você não se importa, não é? Eu faria tudo por você, mascote. Não se esqueça disso, tá?

Ele sabia que ela não entendia, mas gostava de se iludir com a ideia de que seus sorrisos eram reflexo de suas palavras. Era a primeira vez que Jones proferia tal amor, pois era uma rara ocasião em que ele se encontrava sem Emma ao lado dos dois.

A verdade era que o afeto que Killian sentia pela criança era gigante e tinha crescido significativamente desde que as duas chegaram. E continuava a aumentar.

Ele não tinha certeza, mas poderia apostar que seu coração continuaria a inflar-se com tal carinho e amor. Ele não tinha certeza, mas talvez essa fosse a sensação de paternidade.

E ele já adorava senti-la.

Não demorou muito para que a dupla pegasse no sono e se acomodassem na cama grande de Killian. A menina não acordaria, estava bem, ele sabia, mas não deixava de preocupar-se e querer checa-la a todo instante – e isso, talvez, justificasse sua mão repousada sobre a barriga de Lily enquanto dormia.

Ele precisava certificar-se de que ela estava lá com ele, de que estava bem. Mas por que não estaria? Afinal, ela estava em casa.

Em contrapartida, Emma lutava contra a insônia e invasão de milhares de pensamentos.

Por que ela, simplesmente, não seguia em frente, abandonava seu passado e aproveitava o que a vida estava a oferecendo? Ruby estava certa, desde que chegara em Storybrooke foi mais do que afortunada – e talvez ela tivesse, realmente, um problema com a felicidade.

Emma adorava sua vida da forma que estava agora, mas culpava-se por várias coisas ao mesmo tempo, começando pela distância da família e de Nova York.

Ora, como ousava ser feliz longe de quem mais a amparou? E como podia sentir-se contente mesmo sem seu diploma no curso que tanto queria? Como pode ter deixa-lo de lado e não sentir a mínima falta?

E, mais que isso, como teve a audácia de deixar a história de Graham para trás? Como pode abandoná-lo para focar em Lily e, ainda, ameaçar construir algo com seu melhor amigo?

A cabeça dela, certamente, explodiria.

Correndo para a janela, visualizando com facilidade a lua minguante sobre Storybrooke, a loira pôs-se em posição de oração, juntando as mãos e ajoelhando-se perante o astro. Ela seguiria os conselhos da mãe e falaria com a única fonte que poderia lhe dar respostas, bom... Era o que ela esperava.

— Ó Pai, eu sinto muito. – ela começou. – Tenho sido tão egoísta, não é? Não sei se o Senhor pode me ouvir, mas acredito em minha Baby e sei que ela lhe dará esse recado. Por favor, me ajude. Eu estou perdida. A guarda de Lily e essa minha coisa com Killian não foram os motivos que vim para Storybrooke, mas não sei mais qual plano prosseguir. E não me julgue como minha mãe há pouco fez no telefone, não é tão fácil decidir. Concordo com ela que Graham me trouxe apenas sofrimento nos últimos anos, mas ele era meu melhor amigo, certo? E Lily e Killian... – a jovem suspirou profundamente antes de continuar. – Sim, eu estou feliz, mas até quando? Temo que Jones seja como Neal, temo que irá me abandonar a qualquer momento e se cansar de brincar de casinha. É isso que estamos fazendo não é? Eu não quero brincar, meu Pai. Pela primeira vez, em muito tempo, quero olhar primeiro para mim... Isso é algum pecado? Se for, perdoe-me por isso. Eu agradeço imensamente por tudo o que tem feito por mim, por Lily, mas preciso de respostas e não mais por Graham. Me dê um sinal, Senhor. Qualquer um. Qual plano devo seguir?

Após tal desabafo, a loira não demorou muito para dormir. Ruby pode ter criado uma baita ideia para a noite, mas Swan, realmente, precisava apenas de falar abertamente de seus anseios – de ser ouvida. Mas ainda ficava na dúvida: e se Deus realmente a enviasse algum sinal, como saberia?

Contudo, não se ateve muito a esse pensamento, afinal, sua cabeça já estava bagunçada suficientemente para desestabilizá-la, não precisava de uma nova tormenta.

Na manhã seguinte, acordara com o barulho de seu celular ao receber uma mensagem. O aparelho vibrando por cima da madeira produzia um murmúrio incômodo, fazendo-a despertar antes da hora.

— Ugh! – a mulher resmungou, enterrando a cabeça no travesseiro.

E, movendo uma de suas mãos para a escrivaninha, pegou o telefone para checar quem a importunava tão cedo, afinal, nem mesmo seu despertador havia dado sinal de vida!

Killian Jones (07:03): Bom dia, Swan! Já deixei Lily com Ashley, ela dormiu e se alimentou perfeitamente bem. Não tivemos problemas ;)

Que diabos?! Killian nunca havia a enviado mensagens tão cedo no dia e por quê não esperou para falar pessoalmente? Espera—

— Não! – Emma levantou-se apressadamente da cama, passando a andar de um lado para o outro do cômodo. – Não, não, não e não! Esse é o sinal? Não pode ser. – ela parou para respirar fundo, bagunçando o cabelo com uma das mãos. – Certo, esse não deve ser o sinal, foi só coincidência. Nada além disso, não é mesmo, meu Pai?

Emma questionou, olhando para o teto do quarto, como se pudesse conversar com Deus. E ela sabia que Ele não a responderia, mas logo ouviu-se outro beep ecoar pelo cômodo.

Não!

Killian Jones (07:05): Espero que tenha descansado. Te vejo mais tarde, tenho novidades.

Ela, então, fechou a conversa com o moreno, postergando a resposta, e discou o número da mãe. Ela, mais que nunca, precisava da sabedoria de Ingrid Swan.

— Filha? O que houve? Por que ligou tão cedo? – a mulher disse alarmada do outro lado da linha. Ingrid havia atendido com tanta rapidez que a loira assustou-se ao ouvir a voz tão depressa.

— Mãe! – o choro iminente da filha certamente não passaria despercebido. – Não aconteceu nada... Ainda.

— O que é então, querida?

— Ontem, quando desliguei o telefone, resolvi rezar... Como a senhora disse para fazer. E—Eu pedi por um sinal.

— Tenho por mim que você o recebeu, não é? – a mulher falou de maneira compreensiva, ouvindo apenas o fungar de nariz da filha que, provavelmente, estaria contendo as lágrimas. – E eu posso apostar que foi o mesmo que eu disse.

— Foi.

— Minha filha, por que luta tanto contra isso?

— Porque não é certo! – Swan retrucou, abrindo os braços mesmo que a mãe não pudesse ver. – O que Graham pensaria?

— Ele não pensaria nada, Emma. Ele está morto e você sabe disso. Se quer tanto pensar em Humbert, me responda uma coisa: o que ele diria se a visse recusando uma oferta de emprego?

— O que isso tem haver?

— Responda. – a senhora ordenou basicamente.

— Diria para não ser estúpida em ignorar uma oportunidade.

— E o que você está fazendo ao pensar em dispensar Killian?

— Mãe, isso não é só sobre ele.

— Oh, não? – Ingrid respondeu sarcástica. – Emma, você não se envolveu com mais ninguém desde Neal e eu entendia você ter medo por sofrer de novo. Mas isso uma hora tem que acabar! Quantas vezes mais esse homem tem que mostra-la que não vai embora? Até seu pai já sabe disso!

— Desde quando você virou embaixadora do Time Jones? – a loira questionou. – Você nem o conhece!

— Exatamente. – a mulher replicou como se fosse óbvio. – Se até mesmo eu e seu pai, de longe, podemos perceber as boas intenções desse rapaz, por que quer tanto terminar tudo?

Oh, claro, “terminar” algo que sequer começou... Ela havia se esquecido que os Swans não sabiam da real situação do casal.

— Ele está tentando quebrar suas barreiras, mas você precisa deixa-lo, meu amor. – a senhora disse novamente. – Sei que é cômodo ficar no mesmo lugar e sofrer dos mesmos maus, mas se você não se arriscar não terá mais nada.

— Quando me arrisquei conheci Neal.

— E, da mesma maneira, aconteceu com seu tão querido Graham. Se não tivesse ido falar com ele, coisa que você mesma diz que não fazia, não teriam virado amigos. Você já está com Killian há algum tempo, por que logo agora resolveu duvidar? Ele tentou fazer algo?

— Não! – a resposta veio rápida. – É claro que não. Eu só... Eu olhei nos olhos dele, mãe. E estavam brilhando!

— E desde quando isso é ruim, Emma?

Ela não respondeu.

— Você está gostando dele mais do que queria, não é? – Ingrid perguntou e, embora não visse o semblante da filha, estava certa de que os olhos estariam cheios d’água e os lábios comprimidos para evitar o choro.

— Foi ruim porque eu fiz o mesmo que ele. – a jovem respondeu, ignorando o questionamento direto sobre seus sentimentos. – Eu estava sorrindo!

— Você só tem medo, meu amor. – a voz de Ingrid suavizou-se. – Medo de sofrer tudo de novo, mas isso precisa acabar. Como em nenhuma outra oportunidade, agora você tem a chance de mudar o seu futuro e deixar de destruí-lo por uma história inacabada e que, talvez, não tenha solução.

— Mas você mesma disse que eu deixei tudo para trás, faculdade, Nova York, você e o papai...

— Disse isso antes de ver o quanto você tinha se estabelecido ai. Pare de pensar tanto, minha filha! – a mulher disse e, com um suspiro, prosseguiu. – Deixe que a água do rio siga seu curso, não tente fazer mais barreiras.

Ugh, de novo essas metáforas com águas, rios e fluxo? Sério?

— Está certo... Hm, eu preciso me arrumar agora. – Swan desviou o assunto antes que a outra insistisse em mais alguma coisa. – Obrigada pela conversa, mãe.

— Promete ao menos pensar no que eu disse?

— Sim.

— Se cuide, Emma. Por favor. Dê um beijo em Lily por mim, eu sinto um pouco de falta dela. Seu pai mais que eu, é verdade, mas dê a ela o meu beijo. – Ingrid falou. – Mais tarde eu ligo para saber como você está.

E, assim que a ligação foi finalizada, Swan entrou para o chuveiro e despejou todas as lágrimas que tentara conter desde que acordou. E ela ainda não sabia como reagir na delegacia.

Diferentemente dos outros dias, a loira não fez questão de se arrumar muito para o dia de trabalho. Talvez ela fosse como aquelas pessoas que preparavam (ou não) o visual de acordo com o humor... E o dela não estava nem um pouco bonito.

— Bom dia! – David a cumprimentou logo que a viu entrar no escritório.

— Olá. – ela respondeu com um sorriso fraco.

Ao ouvir a voz da loira, Killian saiu rapidamente da sala de denúncias e veio recebe-la. O semblante alegre do moreno poderia iluminar toda a cidade sem muito esforço – e isso não ajudava em nada.

— Ora, ora, veja se não é a mulher mais linda de Storybrooke! – ele disse, aproximando-se e roubando-a um breve beijo do qual ela não correspondeu. E, instantaneamente, Emma pode sentir seus músculos enrijecerem e tornarem-se tensos, mas ele manejou disfarçar, muito pela presença de David.

Oh, e se esse não fosse somente mais um dos atos daquela imensa peça de teatro que estavam construindo?

— Bom dia, Killian. – ela disse rapidamente, desviando o olhar por um momento.

E aquela resposta pareceu assustá-lo ainda mais, mas não somente ele... Nolan também.

O que ela havia feito de errado agora?

— “Bom dia” antes das nove horas? – David comentou rindo. – Viu só o que seu comentário fez com Emma, Killy?

— Ha-ha-ha, muito engraçado, Dave. – Jones respondeu, tentando acompanhar a brincadeira do amigo. E, pela observação dela, falhando miseravelmente. O outro, entretanto, pareceu não ter percebido nada. – Conseguiu descansar, Emma?

E se ela precisasse de alguma prova de sua mudança de humor, lá estava seu primeiro nome sendo dito em tom diferente do usual. Nem ao menos uma sobrancelha arqueada ou tentativa de aproximação nova, ele, como sempre, estava seguindo o caminho que ela ditava.

— Não tanto quanto gostaria. – retornou sinceramente. – Hm, o que tenho que fazer hoje mesmo?

Ele suspirou fundo.

— Pode continuar com o software, ainda temos alguns arquivos velhos lá dentro. – ele disse brevemente e, virando-se para David, continuou. – De quem é a patrulha hoje?

— Minha. – Nolan falou, alheio a qualquer tensão na sala, concentrado em seu bloco de anotações. – E, aliás, estou atrasado! Mary Margaret pediu que chegássemos sempre na entrada das crianças na escola também.

— Ah sim, é uma boa cobrir a entrada além da saída mesmo. – Jones comentou.

E, pegando seus pertences de cima da mesa, o homem despediu-se, alegando voltar em breve e, em brincadeira, pedindo-os para se comportarem.

Se ele soubesse...

E Swan sentiu certa inveja do xerife, afinal, ele parecia não ter intenção alguma de esconder sua felicidade. Ou teme-la.

— Agora que ele foi embora, quer me contar o que te deu hoje? – Jones questionou, aproximando-se da mesa da loira.

— Nada. Eu estou bem. – replicou rapidamente, sem tirar os olhos do computador que demorava para ligar.

— Você está estranha desde ontem à noite, é claro que não é “nada”. – insistiu.

— Só porque eu recusei um dos seus convites? Por favor.

— Isso não é por ir ou não na casa de Dave, Emma. – falou um pouco mais alto, finalmente, capturando a atenção da jovem. – Isso é pelo seu comportamento. Você vai para onde quiser, não quero coordenar seus atos, mas eles estão totalmente diferentes dos de ontem e eu só queria entender o motivo.

— E não tenho esse direito? – Swan provocou, fazendo-o soltar o ar do pulmão de forma pesada.

— O que eu quero dizer é que eu sei que tem algo acontecendo, e não há nada de errado com isso. Errado é você mentir para mim sobre isso.

— Ok, certo, você quer a verdade? – a loira gritou ao se levantar, assustando o homem. – Sim, eu não estou bem. E não, eu não vou falar nada.

— Isso é sobre o que aconteceu na cabana? – ele questionou simplesmente, ignorando completamente a forma intimidadora que ela o encarava, como se estivesse blindado de qualquer outro cenário.

— Não. – ela mentiu. – Satisfeito agora, Jones?

Ele não respondeu, apenas virou-se para seguir em direção contrária, mas a encarou pela última vez para acrescentar um recado.

— Archie ligou hoje cedo, pediu para encontrarmos com ele amanhã de manhã para uma reunião. – ele disse e, novamente, sua expressão não denunciava nada. Bom, pelo menos, nada além de dor. Ela havia o machucado, e não o contrário. – Se precisar de mim, estou na sala do lado analisando um caso nas docas.

E lá ele permaneceu o dia inteiro, não saiu sequer para o almoço. Aliás, ela ouviu quando o homem deixou a delegacia para comer, mas não disse uma palavra a nenhum deles.

Àquela altura, Emma não sabia se David era um excelente ator e fingia não perceber nada; se ele realmente não havia notado nenhuma diferença; ou se sua felicidade aparente estivesse tão exagerada que o cegava. Nolan não havia feito um comentário sequer e, surpreendentemente, continuava a provoca-la com brincadeiras sobre o namoro com o melhor amigo.

Ao final da tarde, quando todos já estavam finalizando suas atividades, David finalmente pronunciou-se de maneira mais séria.

— Emma, Killian... – ele os chamou, recebendo prontamente a atenção requerida. – Mary e eu temos um convite para vocês, sei que é de última hora, mas esperamos pelos dois hoje lá em casa.

— Pra quê? – Swan questionou sem se importar em ser rude.

— Temos novidades para compartilhar e, honestamente, gostaria que meu melhor amigo fosse o primeiro a saber. E—

— E eu sou namorada dele, então estou no pacote. – a loira completou, interrompendo-o. Jones não disse nada, apenas permaneceu tenso ao seu lado, parado feito estátua.

— Também. – Nolan replicou, blindado do mau humor da mulher. – Você é nossa amiga agora, Emma. Acostume-se com isso.

Oferecendo-a uma piscadela, o xerife saiu da delegacia cantarolando que estavam os esperando às oito, sem dá-los sequer a oportunidade de resposta.

Quando os barulhos de David tornaram-se distantes o suficiente, ela esperou que Jones fizesse algum comentário, mas ele continuou mudo. Seu único movimento foi para pegar seus pertences da gaveta, além da chave do carro.

— Você não precisa ir, eu invento alguma desculpa. – disse, finalmente, mas sem encará-la. – Vai querer carona até Ashley?

— Não, obrigada. – foi tudo que conseguiu oferta-lo, mas ele não pareceu se importar pois, com um aceno de cabeça, virou-se para a saída.

Ele não precisava se preocupar com as portas, Emma sabia com as coisas funcionavam e, por essa razão, a jovem não duvidava que ele realmente iria embora sem dizer nada mais.

E, quando percebeu, já havia gritado o nome dele.

— Sim?

— Eu vou com você hoje. – garantiu, tentando oferece-lo um sorriso sincero.

Ele não retribuiu.

— Te pego quinze minutos antes do horário de Dave.

E então Killian Jones deixou a delegacia sem olhar para trás.

Agora, mais que nunca, Emma sabia que tinha estragado tudo.

Se Jones fosse um homem comum, não teria razão alguma para agir de tal forma por um episódio simples de raiva e discussão... Mas ele não era um homem comum. Na verdade, o moreno havia feito muito mais por ela do que o contrário e, ainda assim, seguia fielmente suas demandas verbais ou não.

Até mesmo durante uma briga, Killian a respeitava antes de se impor. Era uma atitude bonita, mas a loira, analisando os próprios atos, notou o quão intimidadora fora desde o primeiro minuto em que se conheceram. Isso não era justo.

E ela não sabia o que doía mais: a confirmação, nos olhos de Jones, do quão estúpida estava sendo em trata-lo de tal forma ou o distanciamento que ele apresentou durante todo dia – e, em especial, antes de finalizar seu expediente.

[...]

O humor de Swan continuava tão ruim quanto naquela manhã, mas por razões distintas. Entretanto, tentou ao máximo se produzir e colocar um sorriso no rosto, afinal, não poderia deixar transparecer o clima tenso entre ela e Killian.

E ela ainda não sabia como iria encenar tudo sabendo que, poucas horas atrás, o moreno havia feito exatamente o que suas ações suplicavam: deixado-a sozinha. E, paradoxalmente, tudo aquilo que seu coração menos desejava.

Mas Lily estava a princesa de sempre.

Emma passou a adorar os momentos de escolher (e comprar) as peças de roupa da menina, e sempre repetia estar encantada com todo material em tamanho mini. Era simplesmente a coisa mais fofa do mundo.

Swan tinha a vestido com o conjunto de moletom azul marinho que Killian a dera há alguns dias. No pequeno bolso de seu casaco, o desenho em branco de uma âncora denunciava o súbito interesse do moreno pela vestimenta em específico. A escolha da loira foi proposital já que, ao final daquele jantar, pretendia resgatar sua amizade com Jones – embora soubesse que o estrago tivesse sido grande.

Não que a discussão foi pesada ou calorosa, mas ela sabia que não existia sensação pior que a frustração e o desapontamento. Sim, de fato, Killian nunca a pediu algo em troca por toda dedicação e atenção que oferecia às duas, mas sabia que sua atitude tinha sido não somente ingrata, como extremamente rude, desconsiderando-o por completo. Ele não estava a pressionando para dizer, apenas queria sua sinceridade.

E ela estragou tudo, como sempre.

Como sempre fazia, a jovem pegou seu celular na escrivaninha para fotografar a criança na roupa nova para enviar aos pais e mata-los com a fofura de Lily. Entretanto, a família parecia estar mais conectada que ela acreditava e, antes que sua ação fosse completada, recebia uma ligação da mãe.

— Uau, estava pensando em você agora! – Emma atendeu com uma breve risada.

— Conexão mãe e filha. – a mulher respondeu, acompanhando-a na brincadeira. – Vejo que seu humor melhorou pelo menos um pouco.

— Ah, nem tanto. Só fui afetada pela fofura de Lily de novo, já ia mandar uma foto dela na roupa nova que Killian deu de presente.

— Eu quero ver! Por favor, não deixe de enviar assim que desligarmos, Emma. – Ingrid demarcou rapidamente. – E, por falar nele, como está a situação entre vocês dois? Conversaram?

— Hm, na verdade não. – a loira respondeu sem jeito. – Nós tivemos uma discussão hoje. Eu estava um pouco irritada demais, ele percebeu e quando me questionou—

— Você virou o monstro da impaciência, certo?

— Mais ou menos isso...

— Se desculpou depois pelo menos? Como está o clima? Ah, minha filha, não vá terminar as coisas com esse homem dessa forma! – a Swan mais velha repreendeu. – Ele esteve ao seu lado esse tempo todo, como seu amigo, figura paterna para Lily e como seu namorado. O único alívio que eu e seu pai tínhamos era saber que Killian estaria aí se precisasse de algo, ele merece uma explicação digna.

E existia alguma explicação, mãe? ela pensava.

— Não muito. – respondeu à pergunta, ignorando todo o restante. – Ele me disse que Archie marcou uma reunião para amanhã e então nosso chefe, David, nos convidou para um jantar na casa dele. Já comentei sobre ele antes.

— Sim, aquele que duvidava de você no começo, certo? E você vai?

— Esse mesmo. E ora, por qual outro motivo estaria arrumando Lily?

— Reformulando minha pergunta: você vai nesse humor?

— Meu humor está perfeitamente normal. – Emma defendeu-se mesmo sabendo que nem mesmo a pequena Humbert acreditaria nisso se compreendesse metade das palavras.

— Posso te fazer uma pergunta, minha querida? – a voz da mulher suavizou-se repentinamente, indo contra qualquer predição da jovem.

— Mesmo se eu dissesse não a senhora continuaria. – Swan replicou revirando os olhos.

— Você pensa em terminar seu namoro com Killian, não é?

— Sim... – a réplica não saiu tão firme. Ingrid sorriu.

— Certo, digamos que vocês terminem hoje depois desse jantar. Você pretende continuar conversando com ele?

— Eu não sei, mãe. – Emma falou, começando a irritar-se. Talvez não com Ingrid, mas com o cenário. – Acho que sim, não sei. Gosto da amizade dele.

— E ele toparia? – a loira bufou em resposta, fazendo-a prosseguir. – E se vocês se afastarem e, daqui algum tempo, reencontrassem na rua e ele estivesse com outra mulher e talvez até com filhos, o que você faria?

— Eu—Eu não sei. – a jovem respondeu de maneira quase inaudível, as lágrimas voltando a queimar suas bochechas. Por que ela estava fazendo aquilo? Imaginar tal coisa doía.

— E se, na hora de te apresentar para a esposa, olhasse para ela da mesma forma que me descreveu hoje de manhã, com brilho nos olhos... O que você pensaria? – a mulher insistiu.

— Eu—

A voz embargada de Swan tentaria formular alguma réplica, mas foi interrompida pelas batidas vindas da porta. Antes que pudesse avisar para a mãe, a mesma já tomou palavra novamente.

— Vá atender e, por favor, pense antes de fazer alguma besteira, Emma. Não quero que fique presa em um relacionamento infértil como foi com Neal, mas não quero te ver destruindo um futuro de seu interesse por conta de todos os seus medos e barreiras. Seja gentil.

E sem necessidade de resposta, Ingrid tomou liberdade para finalizar a ligação. Emma, entretanto, precisou ouvir a segunda tentativa do homem até se mover. Ela precisava se recompor, mas seria em vão, ele perceberia de qualquer forma.

— Hm, oi. Desculpa a demora. – Swan cumprimentou assim que abriu a porta, mas antes que ele pudesse questioná-la a respeito, como suas sobrancelhas franzidas denunciando a preocupação, ela logo adicionou. – Só vou pegar Lily e a bolsa, estamos prontas.

— Quer que eu pegue ela? – ofereceu simplesmente.

— Por favor.

E nada mais foi dito. O caminho que, supostamente, seria breve pareceu durar quilômetros e passar lentamente, torturando-os.

Assim que chegaram, entretanto, Killian foi quem resolveu quebrar o silêncio.

— Relaxa, Swan. Lembra do nosso contrato: é só sorrir e fingir que está feliz comigo. – ele forçou um sorriso. – Eu pego Lily.

Fingir...

Ela não cansava de se surpreender com a forma que Killian lidava com os problemas e obstáculos, como ele encontrava as palavras ou parecia blindar-se de suas próprias emoções. Ele estava ferido, machucado por ela, estava em seus olhos, mas o jeito descontraído e o sorriso nos lábios que ofereceu durante todo o jantar diziam o contrário.

E os Nolan, certamente, não estavam prestando atenção no casal.

— E então, Emma, quando vai se mudar para a casa de Killian de uma vez? – a mulher de cabelos negros questionou, fazendo a loira quase engasgar com o vinho que levava à boca. – Digo, um certo passarinho me disse que você sempre vai para lá, por que não oficializar isso logo?

— Seria bom até mesmo para Lily. – David completou a esposa.

Emma estava nervosa como nunca na vida e não conseguia sequer olhar para Jones. E ele, mais uma vez, lidou a com situação como se não houvesse problema algum.

— Acredito que Swan não se sente à vontade ainda.

— Mas você, elegantemente, fez a sugestão não é?

— Aye, Dave. – respondeu simplesmente, voltando sua atenção para a comida em seu prato. Não que ele estivesse comendo, não conseguia engolir quase nada, estava apenas brincando com a almôndega, levando-a de um lado para o outro. – Mas não se preocupe, logo o tempo certo chegará.

O casal, então, trocou olhares suspeitos, sorrindo um para o outro de maneira travessa.

— Bom, fico grato pelo gancho da frase, queria mesmo falar sobre “tempo certo”. – o loiro começou, tomando a mão da esposa e encarando o outro casal. – Todos aqui sabem que Killian é meu melhor amigo e eu não poderia pensar em outra pessoa para compartilhar isso antes de todos.

— E nós ficamos muito contentes de ter você conosco hoje também, Emma. Estamos extremamente felizes com o relacionamento de vocês dois e, enfim, é uma honra ter vocês aqui nesse momento.

E aquela foi a primeira vez, durante todo jantar, que Jones a encarou por mais de três segundos. Seu semblante denunciava toda confusão possível, questionando-a sem palavras se ela fazia ideia do que estava acontecendo.

— Você não pensou que ia virar pai antes de mim, não é, Killy? – David disse, finalmente denunciando o conteúdo do jantar.

E Emma poderia jurar que, assim que processou a informação, o moreno estava prestes a chorar.

Ambos arregalaram os olhos e abriam as bocas tentando expressar a surpresa e a alegria que compartilhavam com o casal. Eles mereciam tanto!

David e Mary eram como o modelo perfeito de casamento, tudo funcionava naturalmente – inclusive as brigas. E, segundo os relatos de Killian, esse era um desejo antigo de ambos que, finalmente, estava se realizando.

Agora eles sabiam porquê David estava tão animado pela manhã e, mais que isso, porquê ambos agiram toda a noite como adolescentes apaixonados.

Emma permaneceu em sua cadeira, olhando abobada para Mary e David que estavam sendo envolvidos em um abraço de Killian. E ele estava tão feliz pelos amigos! Após o movimento estranho, o homem fez questão de dar a cada um deles, separadamente, as congratulações adequadas.

Ela, então, levantou-se e fez o mesmo que Jones, tentando não sentir-se tão intrusa naquele momento que, sendo honesta, não achava que merecia presenciar. Seu humor tóxico poderia ter arruinado a noite mágica daquele casal e, ainda, estragado toda recepção de Killian que, querendo ou não, também esperava há tempos por aquela novidade.

E, por falar em “novidade”, o que Jones teria para conta-la?

— Dá para acreditar? Você vai ser pai e tio quase ao mesmo tempo! – Nolan comemorou.

— Sabia que você ficou com inveja da minha cria, Dave! – ele provocou, fazendo-o rir.

E, Emma pensava, se tinha alguma pessoa ali com inveja, essa pessoa era ela mesma. Inveja da maneira sensata que Killian agia diante dos problemas; da felicidade daquele casal que parecia não ter que lutar desesperadamente para ver as coisas funcionando; daquela criança que não teria que se preocupar com a definição futura de seus cuidadores.

Inveja daquele amor tão puro e facilmente correspondido.

Não que fosse uma sensação destruidora e extremamente pejorativa, Swan jamais pensaria algo ruim dos Nolan (nem mesmo de forma rancorosa pelo seu começo com David!). Mas era aquele tipo de inveja que a fazia refletir, dando-a forças para mudar o rumo de suas próprias ações para, enfim, alcançar todas aquelas metas.

Ela não achou que Deus atenderia seu pedido, muito menos que a enviaria tantos sinais...

A verdade era que sua mãe estava certa, ela morreria se visse Killian olhando para outra mulher da forma que ele havia a encarado na cabana. Odiaria vê-lo com outra criança nos braços, pois apenas Lily era dona de tal posição.

E não, nenhuma outra mulher poderia tomar o lugar que ela queria ocupar. Nenhuma outra teria oportunidade de construir com Jones o mesmo conto de fadas que David e Mary viviam.

Nenhuma outra, somente ela e, agora, essa era uma certeza para Emma Swan.

— Um brinde! – Killian disse, pegando sua taça e levantando-a no ar. Logo todos o imitaram, esperando para que ele ofertasse a homenagem. – Ao casamento de vocês e à essa criança que virá para alegrar nossas vidas!

E, antes que pudessem encostar as taças, selando o brinde, Mary Margaret se pronunciou.

— E ao futuro de vocês dois. – falou, olhando para o casal com um sorriso nos lábios. – E por Lily que logo terá os melhor pais que poderia imaginar.

Talvez aquela imagem tivesse sido fruto de suas novas ambições, representação ilusória de sua nova meta, mas a loira poderia jurar que Killian estava sim sorrindo para ela.

E seu coração se aqueceu em esperança novamente. Contudo, o que não havia esperado era o caráter passageiro da ação, vendo, minutos depois, o homem fechar-se novamente e sequer trocar muitas palavras com ela.

O mesmo silêncio do trajeto de ida, portanto, repetiu-se na volta ao hotel e até mesmo a despedida fora feita em um breve “boa noite” dentro do carro. Ele até ofereceu-se para ajudar com Lily, mas Emma não suportaria alguns minutos a mais ao lado de Killian daquela forma.

E ela não sabia o que, naquele momento, a destruía mais: a realização de sentimentos fortes por Jones logo após feri-lo com seu mau humor e ignorância, o distanciamento dele, as palavras de sua mãe ecoando em sua mente ou o fato de ter ousado sentir inveja dos amigos em um momento tão especial.

Em resumo: Emma sentia-se a pior pessoa do mundo. E nem mesmo olhar para Lily naquela roupa fofa aliviava o peso de sua alma. Aliás, pensar na vestimenta da menina causava apenas mais dor, afinal, Killian sequer tinha comentado sobre tal.

E ele estava tão ansioso para vê-la no mini conjunto...

A pequena Humbert já estava adormecida desde a casa dos Nolan e, com o silêncio do carro, ela apenas aprofundou em seus sonhos, dando sinais de que acordaria apenas pela manhã.

E Emma agradeceria por isso.

Ajustando a angulação do carrinho, transformando-o em um berço, Emma acomodou a menina em sua pequena cama, pois pretendia dormir mais livremente naquela noite – e agradecia por ter descoberto a tal função do objeto.

E, então, a encarou por um breve tempo. Ela era tão pequena, tão frágil... Swan tinha a impressão que seu coração não seria capaz de suportar tamanho amor em sua vida, o sentimento afetivo por Lily era tão grande que Emma, muitas vezes, pegava-se quase chorando ao simples pensar no futuro das duas.

— Ah, Lily... Eu te amo tanto, minha mascote. – a loira disse, alisando delicadamente a bochecha da menina.

Respirando fundo, Emma fez menção de se afastar e ir para o banho. Talvez a água quente a livrasse de todo aquele peso e a fizesse ao menos pensar em saídas para seus problemas. Oh, com Killian era tudo tão mais fácil...

E então as batidas na porta, mas quem poderia ser àquela hora da noite?

Apressando-se para atender, imaginando ser Vovó com alguma emergência ou Ruby cobrando a tal “história picante”, Swan sequer esperou pela segunda tentativa. Ao abrir a porta, porém, deu de cara com Jones em toda sua glória, esperando-a pacientemente.

Não havia passado muito tempo desde que se despediram, não o suficiente para que ele fosse para sua casa e retornasse, portanto, ela tinha certeza de que ele sequer havia saído do lugar.

Diferentemente da postura do jantar, ele estava com os olhos caídos, a boca semiaberta não sabia quais palavras pronunciar e os cabelos mais bagunçados que o normal. Ele, provavelmente, passou as mãos pelos fios demasiadamente nos últimos minutos.

— Killian? – ela questionou o óbvio, mas esperando que ele a desse alguma explicação.

Ele não disse nada.

Por fim, ele suspirou fundo e aproximou-se de Emma, segurando suavemente em suas mãos e guiando-a até a parede mais próxima, pressionando-a com seu corpo. Logo seus lábios tomaram os dela, oferecendo-a o beijo terno e lânguido que ela tanto ansiou naquele dia – e, se fosse honesta com seus novos sentimentos, admitiria que aquele foi apenas um dos muitos.

As mãos de Emma deslizaram dos braços do homem até seu pescoço, enlaçando-os atrás da nuca, fazendo com que os corpos ficassem ainda mais próximos. E a língua de Killian dançando em sua boca, somado ao toque de suas mãos em seu quadril e cintura, faziam o corpo da loira arquear, pedindo por mais contato.

Pedindo por mais Killian Jones.

Relutantemente, ele se afastou, mas distribuindo vários beijos breves em sua mandíbula e pescoço antes de, finalmente, encostar sua testa na dela. E embora ambos estivessem ofegantes, esperando por mais, o homem tentava se recompor e pensar em uma resposta.

Não que ele havia ensaiado daquele jeito dentro do carro, mas estava contente com o resultado.

— Me diz, Swan, pelo amor de Deus, isso foi uma coisa de uma só vez para você? Olha nos meus olhos, me diz que você não quer isso e eu juro que vou embora.

A resposta veio com outro beijo, mais intenso, repleto de paixão e desejo, puxando-o definitivamente para dentro do quarto de hotel e fechando a porta trás deles.


Notas Finais


E então, o que acharam?? <3

Como vocês podem ~ perceber ~ chegamos a um ponto da fic que fica inevitável cenas mais picantes não aparecerem e sei que muitos não gostam de ler isso. Portanto, AVISO: deixo combinado que, a partir de agora, todas as vezes que momentos mais "fortes" e explícitos acontecerem, colocarei "###" para sinalizar o começo e o final, tudo bem?

No mais, espero que estejam gostando da FA. Para quem não sabe, no twitter @littlelindy_ eu posto spoilers, datas e a playlist dessa fic - e das outras.

Só isso mesmo #paz


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