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História Ferida Aberta - Permita-se sentir


Escrita por: littlelindy

Notas do Autor


Olá meus amores! Como vão?
Aos leitores que pediram um ALERTA, lembrem-se dos "###" para pular os momentos explícitos e mais fortes. Lembrando que, ao pular essas partes, você não irá perder nada essencial para a continuação da história.

Queria dedicar esse capítulo à minha leitora fiel e querida, minha Paulinha (aka Paia) que sempre me anima e coloca para cima. Mas devo dizer que estou imensamente feliz pelo retorno da minha beta Bella e agradecer pela ajuda imensa com ~certas~ partes desse capítulo. Te amo, sua ridícula!

Tenham uma boa leitura, lovebugs <3

Capítulo 19 - Permita-se sentir


Fanfic / Fanfiction Ferida Aberta - Permita-se sentir

Sinta a chuva na sua pele ninguém pode senti-la por você. Somente você pode deixar entrar. Ninguém mais. Ninguém mais pode dizer as palavras em seus lábios. Se molhe nas palavras não ditas, viva sua vida com braços abertos. Hoje é o dia em que seu livro começa, o resto ainda não foi escrito.   "Unwritten", Natasha Bedingfield.

 

Me diz, Swan, pelo amor de Deus, isso foi uma coisa de uma só vez para você? Olha nos meus olhos, me diz que você não quer isso e eu juro que vou embora.

E então ela o beijou. Aquela era a resposta.

No momento em que os lábios se encostaram, foi como se algo tivesse surgido, aparecido como uma luz; como se todas as inseguranças dos dois estivessem abandonando aqueles corpos para nunca mais voltar.

Quando as mãos de Jones iniciaram uma dança pelas laterais da loira, indo até a nuca, Emma apoiou seu corpo ao dele, segurando-o pelo ombro. E o beijo, com a sensação de já tão bem ensaiado e ritmado, deixava de ser puramente lento e gentil, tornando-se passional, quente.

Mas foi quando, também, a realidade pareceu acertar o casal no mesmo momento.

Cessando relutantemente as carícias, Killian enterrou seu rosto na curva delicada do pescoço de Swan, murmurando ofegante.

— Eu amo nossa mascote, mas...

Ela riu brevemente, desviando-se do contato e, após certificar que a porta estava devidamente trancada, andou em direção a criança adormecida na cama.

Ela, então, pegou a menina no colo delicadamente, fazendo menção de coloca-la no carrinho-berço, mas, percebendo que estava parado feito um poste observando-as, Jones resolveu ajuda-la a acomodar a pequena em sua própria cama (mesmo que improvisada – e ele sabia que por pouco tempo).

Killian fez questão de mover o carrinho até o extremo oposto do cômodo, longe o suficiente da cama já que ele, definitivamente, seria a companhia da loira naquela noite. E ugh, ele desejava estar na própria casa, com Lily em seu próprio quarto, ele e Emma bem acomodados e sozinhos...

Assim que ajustou o cobertor sobre o corpo da menina, Emma parou para observá-la sentindo, logo em seguida, o corpo de Killian colar contra o dela por trás, abraçando-a. As mãos do homem descansando em sua barriga e ela deixando-se levar pelo momento, apoiando sua cabeça no peito dele.

— Onde nós paramos mesmo? – a jovem sussurrou, virando de frente para ele e dando um lento beijo em sua mandíbula.

E Killian teve que usar todo seu autocontrole para não perder a cabeça e render-se ao instinto antes do tempo.

— Você tem certeza que ela está dormindo? – questionou, mas, aparentemente, seu corpo desejava ignorar qualquer resposta, pois suas mãos já estavam nos quadris da mulher, trazendo-a para mais perto.

— Sim. – respondeu antes de beijá-lo novamente, sendo prontamente correspondida.

###

Jones a envolveu em seus braços pela cintura, guiando-a até a cama sem se afastar, dissolvendo-se nos lábios de sua amada. As mãos da jovem já estavam repousado na barra da camisa dele, prontas para entrar em ação e retirar aquela peça de roupa que, àquela altura, não somente era inútil como também incomodava.

— Swan, vo—

Ele iria questioná-la a respeito do que iria acontecer, pois sabia que se eles continuassem tudo mudaria. Porém, ao encará-la por um instante, pode ver suas pupilas dilatadas e o brilho de seu olhar demonstrava não somente desejo e paixão, mas também permissão.

— Eu sei que nada será como antes. – ela disse como se estivesse lendo a mente dele. E, levando suas mãos para a face de Jones, acariciou suas bochechas suavemente, passando os dedos por toda extensão do rosto, decorando suas formas, curvas e falhas. Incluindo a pequena cicatriz que ele tinha abaixo do olho direito. – Eu quero você.

Ele não conseguiu formular nenhuma resposta, embora sua mente tivesse rastreado uma infinidade delas. E, talvez, esse tenha sido sua dificuldade, afinal, qual delas escolher?

Mas não era tempo de escolher ou falar. Ele não iria mais esperar, seu corpo por completo pedia por Emma e descobrir que a sensação era recíproca, foi o impulso que lhe faltava.

Os lábios dele caíram sobre os dela, beijando-a com fervor e, talvez, com demasiada avidez, mas Swan não pareceu se importar, pois suspirou ao seu toque e o puxou pela barra da camisa, enfim começando a levantá-la.

Uma vez retirada a peça, Killian prontificou-se para dá-la a mesma sensação de liberdade. E foi então que ele sentiu sua respiração pesar e podia jurar que seu coração parou por um momento—

— Wow! Hm, eu, ah— Céus, você é linda! – ele conseguiu proferir, sua feição visivelmente abobada ao encarar o corpo semi nu da loira.

Ela sorriu envergonhada, mas aproximou-se para tocar o tronco exposto do moreno. Seus dedos e palma da mão desenhavam os contornos, parando em alguns pontos para massageá-lo, era como se a mulher estivesse tentando decorar cada pedaço do corpo de Jones.

E Deus, ele esperava que ela o olhasse com tamanho desejo e carinho pelo resto de sua vida!

Ele a segurou novamente, deitando-a no colchão e tirando os calçados antes de permanecer por cima da jovem, admirando-a. Os dedos da loira mergulharam nos fios de cabelo de Killian, puxando-o levemente para o lado, dando-o acesso ao pescoço exposto. O homem rapidamente tomou posse da oferta, fazendo uma pequena trilha de beijos molhados, do colo ao lóbulo de sua orelha, massageando com a língua, e sugando-a esporadicamente.

Quando os olhares se encontraram novamente, o casal ofegante se prendeu numa espécie de hipnose compartilhada. E Jones sorriu ao lembrar dos clichês lidos pela irmã que ele tanto zombava, pois estava descobrindo a real magia e sensação por trás do que as autoras descreviam como “azul encontrando com o verde”.

Oh, ele realizaria esse encontro todos os dias se pudesse – e Deus ajudasse que ela quisesse e permitisse o mesmo.

E, quando uniram os lábios novamente, o ato veio com certo desejo e avidez extra, ambos sentindo os corpos latejarem, queimando-os por dentro. As mãos em completo modo exploratório e a fricção dos quadris apenas contribuíram com todo o frenesi – e Emma não se deu conta de quando tudo passou a ser um borrão. Um surreal e maravilhoso borrão.

Em pouco tempo, ambas as calças jeans se encontravam largadas no chão do quarto. Swan estava com as pernas entrelaçadas na cintura de Jones, aumentando o atrito entre os dois, levando-os a quase combustão com seus anseios.

Quando o moreno se desfez do sutiã, encarou-a demoradamente, encantado com a beleza de sua companheira, fazendo-a corar e empurrá-lo levemente, soltando uma pequena risada dele. Killian, àquela altura, não hesitou ao iniciar beijos lânguidos e massagear os seios da mulher, alternando-os e arrancando pequenos gemidos da garganta da loira.

O homem passou a segurá-la pelas coxas, apertando-as, antes de descer sua boca pela barriga dela, mordiscando e distribuindo mais beijos até chegar à parte superior da calcinha – que, sem demora alguma, encontrou facilmente seu caminho fora do corpo dela.

O mesmo aconteceu com a peça íntima de Jones. E, finalmente, ambos puderam sentir o real contato, pele com pele. Descargas elétricas e desejos efervescentes pareciam grudá-los, deixando com que as mãos resumissem o trabalho exploratório anterior enquanto suas bocas se reencontravam.

Killian mordiscou o lábio inferior de Emma quando a ouviu gemer seu nome, assim que sentiu uma de suas mãos provoca-la em sua entrada. A loira enterrou a cabeça no travesseiro, fechando os olhos e deixando a boca entreaberta denunciar o prazer com o toque do moreno, fazendo a malícia transbordar não somente dos olhos do xerife, mas também em seu sorriso.

Quando Swan começou a arquear seu corpo ainda mais contra o de Jones, remexendo-se sobre os dedos que a estimulavam, foi que ele decidiu dar fim à tortura dos dois.

Ele passaria a vida inteira instigando-a e sentindo suas carícias, mas a ansiedade e tormenta causados pelo toque de sua amada eram quase impossíveis de serem digeridos – não enquanto seu ouvido se preenchia com apelações e súplicas, repetindo o seu nome. E ela não sentia-se tão diferente, Emma teve a sensação de que poderia chegar ao seu ápice somente com os beijos quentes de Killian, ou ao ouvir aquela voz rouca e trêmula chama-la ao pé do ouvido, num gemido abafado.

— Oh, Killian... – ela sussurrou, seu tom de voz ligeiramente no limite de suas tentativas de manter-se firme. – Eu preciso de você... agora.

— Emma... – a voz ofegante chamou. Como poderia uma simples frase gerar tantas reações em seu corpo?, ele pensava. Ela fazia isso com ele, Emma e tudo que a envolvia eram seu combustível.

Ele sorriu, capturando os lábios macios da mulher, fazendo o prazer entre ambos crescer. Posicionando-se novamente entre as pernas da loira, segurando-a pelas coxas para iniciar seus movimentos. Ao deslizar seu quadril, empurrando seu músculo rijo para dentro dela, os gemidos de Emma se multiplicaram. Quando notou que seu volume ultrapassaria os limites permitidos pela condição do casal no quarto, ela enterrou seu rosto na curva do pescoço de Jones, abafando seus clamores e arranhando as costas dele na tentativa de aliviar-se da tortura.

Com a continuação da movimentação de seus quadris, e Swan elevando seu corpo para ir de encontro ao maior contato, não demorou muito para que a loira atingisse seu ápice, repetindo o nome dele em um tom que, aos ouvidos de Killian, não poderiam ser descritos além de “uma maravilhosa provocação”. Ele pressionou-se mais contra ela, com movimentos erráticos, permitindo que desfrutassem das ondas de prazer restantes, antes que ele mesmo se libertasse, deitando por cima dela e enterrando seu nariz nos cabelos dourados espalhados pelo travesseiro.

Eles estavam suados e cansados, ofegantes ainda, mas dividiram a melhor noite que poderiam. Nenhum deles era inexperiente, embora o período sem prática fosse significante; acreditavam já terem desejado outros, mas nada poderia ser comparado ao que vivenciaram.

Era como recomeçar.

###

Tempo depois, ainda acordados, Emma deitava com a cabeça no peito de Killian enquanto ele a abraçava, trazendo-a para mais perto de si, sentindo o corpo nu de sua amada delicadamente tocar o seu.

— Se você me disser que isso foi uma “coisa de uma vez só”, eu sinceramente não sei o que faço. – o homem disse, brincalhão, dando-a um breve beijo no topo da cabeça da loira.

E a gargalhada que Swan soltou não foi a resposta que ele esperava – mas uma bem melhor, ele deveria admitir. Jones, na verdade, acreditava que poderia ouvir aquele som pelo resto da vida e estaria plenamente feliz. O mesmo se aplicava à visão angelical do sorriso.

— Hm, uma das desvantagens de namorar um oficial é ter seus planos descobertos. – ela respondeu no mesmo tom, levantando a cabeça para encará-lo e ter o privilégio de observar o rosto do moreno ao rir.

— “Namorar” é? – Killian instigou, movendo-se para ficar por cima dela mais uma vez, distribuindo beijos molhados pela mandíbula de Swan. Ela suspirou.

— Já faz algum tempo. Pensei que nosso contrato era algo sério, Sr. Potter. – a loira replicou, lembrando-o do acordo assinado no guardanapo no dia da festa de Gold.

— Como se isso... – Jones falou ao morder o lábio inferior de Emma. – E isso... – complementou levando sua língua até o lóbulo de sua orelha. – Fosse algum tipo de teatro ainda.

E Swan já começava a derreter-se outra vez nos braços do xerife, deslizando suas mãos pelos ombros largos dele e apertando-o em alguns pontos, mas a realidade ainda parecia sussurrar em seu ouvido.

— Não podemos fazer isso agora, Killian. – a jovem manejou dizer, embora seus olhos estivessem fechados pela sensação das provocações de Jones e seu corpo começando a arquear, pedindo por mais contato.

— Por que não? – questionou num murmúrio, mas sem parar de distribuir beijos pelo pescoço da loira.

— Lily já vai acordar com fome.

— Não vai não. – ele cessou as carícias por um momento, apoiando-se em um dos cotovelos para encará-la. – Andei lendo uns livros de Belle a respeito e, pelo que vi, nossa mascote já está começando a regular os ciclos dela. Inclusive alimentação. – complementou suavemente, tocando seu nariz com o dela.

— Andou lendo? – Swan questionou divertida. – Ok então, pai sábio, mas se ela acordar nós paramos.

— Uhum, é claro que sim. – replicou ironicamente, provocando o riso da loira novamente. E, sem pensar duas vezes, selou seus lábios aos dela.

Eles não pararam, não foi necessário. Killian estava certo.

E, pela manhã, Emma não negaria sua felicidade – alegria essa causada por Killian Jones. Ruby estava mais que certa, ela não poderia boicotar seu futuro por preocupar-se demais com o passado. Oh Deus, a garçonete iria enlouquecer quando soubesse...

Mas Swan não sabia se iria conta-la ainda. Não estava preparada para compartilhar Jones com os outros – exceto por Lily.

[...]

Lembrar da noite anterior despertava com facilidade um largo sorriso nos lábios da loira que parecia radiar. Ela deveria admitir, às vezes era pior que uma criança com relação a sua teimosia, mas estava grata por ter, finalmente, se deixado levar. Sim, Neal poderia ter destruído seu emocional e sua segurança com relações amorosas (por Deus, aquele homem havia até desconstruído seu conceito de sexo!), mas então Killian apareceu...

Ela seria sincera ao dizer que não conseguia apontar para apenas um fator que a agradava no homem – era impossível. Swan adorava a forma como seus lábios a ofereciam um generoso sorriso todas as vezes que a via; adorava o tom de voz suave e doce a qual ele se dirigia à ela na maioria das vezes; adorava ver suas pupilas dilatadas e o brilho no olhar sempre que se encontravam. Adorava o toque, o cuidado e o carinho – e ele havia feito tudo isso (e muito mais) na noite que passaram juntos.

Enquanto o sexo, com seu ex, era, muitas vezes, solução para discussões, depósito e descarga de frustrações e, claro, além de objeto de uso para satisfações egoístas de Cassidy, com Jones ela sentiu o oposto. Emma viu desejo no olhar do moreno, sentiu afeto com cada toque e era quase palpável a atenção que ele a dedicava, como buscava arrancar suspiros de sua garganta, ou como corrigia e reajustava sua posição apenas para encontrar um novo ângulo e ritmo que a estimulasse mais.

Aquela poderia não ter sido a primeira vez de Emma mas, com certeza, foi a primeira vez em que não sentiu-se como um objeto.

E a loira nunca teve uma manhã tão doméstica em toda sua vida amorosa. E ele não estava tão longe dessa realização.

Killian a acordou com diversos beijos pela face, dando-a um dos raríssimos “bom dia” da vida em que ela, espontaneamente, respondeu com verdade nas palavras.

Por que era um danado de bom dia!

E logo eles se encontraram numa pequena rotina não combinada, com Emma apressando-se para tomar banho enquanto ele pegava a pequena Humbert no colo para alimentá-la.

(E agradecê-la por ter se comportado na noite anterior.)

— Você está linda. – Jones elogiou, vendo a namorada sair do banheiro com os cabelos dourados soltos e usando um simples vestido branco de mangas curtas. E ele seria a pessoa mais mentirosa de todo globo se negasse a secura de sua garganta com a visão à sua frente.

Killian dava graças aos céus pelo tempo aberto do dia, afinal, era a primeira vez que via a loira sem seu jeans e botas usuais. E o cardigã que ela adicionou para cobrir os braços não era problema algum, Swan continuava como um anjo diante os olhos do moreno.

— Oh, agora eu estou linda, não é? – Emma brincou. – Eu não vou saber mais quando é real ou quando você só irá querer me beijar... Ou outras coisas.

Jones riu e rapidamente foi acompanhado por Lily que tentava o imitar.

— Isso mesmo, mascote, sua mãe está ficando louca! – ele disse para a menina, mas logo desviou sua atenção para a mulher que arrumava a bolsa da criança. – E eu sempre te achei linda, Emma. Eu só... me sinto mais à vontade para falar em voz alta agora. Você se importa?

E então ela o encarou por um momento para, depois, se aproximar do rapaz de cabelos bagunçados sentado em sua cama.

— Depende, você pretende parar de fazer isso? – respondeu com um sorriso travesso nos lábios.

— Hm, depende também... Você vai parar de ser assim? – replicou da mesma maneira, recebendo um breve beijo da loira.

— Ótima resposta, Jones.

— Um a zero no placar, Swan. – comentou divertido. – Mas e então, vamos para a reunião com o Archie juntos ou você prefere encontrar lá?

— Acho melhor lá mesmo, você ainda tem que passar na sua casa para se trocar e, enquanto você faz isso, eu posso aproveitar para tomar café e levar Lily para Ashley. Assim não perdemos tempo.

— Está nervosa sobre o que Archie tem a dizer?

Ela soltou o ar dos pulmões de maneira pesada, sentando-se ao lado dele.

— Aterrorizada, sendo honesta. – confessou. – Acho que morreria se fosse alguma notícia ruim.

— Ei, olhe para mim. – Killian pediu, mas ela não atendeu prontamente. Após alguns segundos, a jovem finalmente o encarou. O carpete, definitivamente, não era uma visão melhor que aqueles olhos azuis... – Não vai ser nada ruim. E, se for, vamos passar por isso. Ninguém vai tirar essa coisa da gente. – finalizou, imitando a voz de Dylan ao referir-se à pequena.

E ele se sentiu aliviado por vê-la rir com sua brincadeira boba. Ao menos por um momento Emma se esqueceu dos problemas e paranoias, por ele.

— Você está certo. Ugh, odeio quando isso acontece! – a jovem resmungou.

— Normal. – replicou convencido.

Swan apenas revirou os olhos, mas rapidamente mudou de humor ao considerar a ideia que surgiu em sua mente. Levantou-se, então, para pegar o celular da cabeceira da cama e, ao voltar, o esticou na frente do trio.

— O que está fazendo? – questionou confuso, ajeitando a criança em seu colo que remexia desajeitadamente.

— Tirando uma foto, oras! – Emma anunciou o óbvio. – Vamos lá, diga “xis”! Olha o passarinho, Lily!

Ihhs! – Humbert tentou reproduzir o som, batendo as mãos.

Era uma bela captura. Jones a abraçou por cima dos ombros, oferecendo à lente um generoso sorriso que imitava o da loira e, no meio deles, sentada no colo do moreno, a pequena Lily batia palma exibindo os pequenos e poucos dentinhos.

— Olha como ficou! – a loira comentou orgulhosa da selfie tirada. – Já te mandei, inclusive.

— Você sabe que esse vai ser meu novo papel de parede, não é? – Killian replicou sorrindo, encarando a figura no visor do telefone dela. – Não sabia que você gostava de tirar fotos, Swan.

— Não gosto e nem desgosto. – ela deu de ombros. – Eu que nunca tive muitos momentos para registrar. Devo ter uma coleção inteira de Lily, mas desde que cheguei em Storybrooke essa deve ter sido a minha primeira foto. – confessou.

— Você está brincando, né? – o homem questionou espantado, recebendo a negação silenciosa da parceira. – Ei, Lily, o que você acha de levar a mamãe para resolver isso? Aposto que sua vovó irá amar as fotos de Storybrooke!

Emma riu, embora estivesse assustada com o comentário do moreno que, mesmo sem conhecer a sogra, havia adivinhado uma de suas maiores obsessões: fotografias, álbuns e tudo que envolvesse flashes.

Se pudesse, Ingrid registraria todos os dias de sua vida. O tempo inteiro.

Talvez isso explicasse o fato da mãe assistir as Kardashians em segredo, ela pensava.

— Vou mandar para ela agora mesmo! – a loira disse ao deslizar os dedos pela tela do aparelho. – Oh, e acho que vou reativar minha conta no Instagram também. Se importa se eu postar essa?

Killian estalou a língua e balançou a cabeça para negar, por que diabos ele ficaria ofendido com aquela demonstração de carinho?

(Era “carinho”, certo?)

— Mas, Emma... Você não tem certas pessoas adicionadas não?

— Você fala do Neal? – perguntou após algum tempo, sem compreender a incerteza do rapaz.

— Sim. Ele não vai se irritar com isso?

— Killian, eu e Cassidy terminamos há anos! Mesmo se essa foto enfurecer aquele idiota eu não tenho absolutamente nada com isso. Como te disse no hospital aquele dia, ele sempre publica imagens de suas festas e baladas, o que há de errado se eu compartilhar a minha vida? – Emma replicou de maneira firme.

— Eu só não quero que você sofra com os prováveis comentários rudes dele. – ele respondeu preocupado.

Você se importa com a foto publicada?

— De forma alguma. – a resposta veio rapidamente. – Na verdade, me faz até querer criar um perfil só para comentar o quanto eu sou sortudo.

— Eu vou ser a sua primeira publicação? – Swan indagou com um sorriso travesso nos lábios.

— Hm, posso pensar a respeito. – Jones replicou no mesmo tom, movendo-se para dá-la outro beijo rápido.

Desde a noite anterior, quando Swan retribuiu seu ato na porta, Killian entrou numa espécie de vício e, sempre que podia, se pegava roubando selinhos ou tocando-a desnecessariamente. Era como se ele se certificasse de que não estava sonhando...

E gostava de descobrir que aquela era a sua realidade.

— Então, voltando ao assunto... Como você mesmo já disse, “eu não poderia me importar menos”. – a loira retrucou, tentando imitar o sotaque forte do namorado, mas falhando miseravelmente e arrancando uma risada do mesmo. – Oh, à propósito, minha mãe disse “olá”! Com mil corações vermelhos, azuis e verdes na mesma mensagem. Acho que ela gostou.

[...]

— Killian! Emma! – Archie os cumprimentou da porta, dando espaço para que eles passassem.

— Bom dia! – responderam em uníssono.

— Por favor, fiquem à vontade. Querem um café ou água?

— Não, não, obrigada. – Swan replicou educadamente enquanto se sentava no sofá, ao lado do namorado, de frente para o advogado.

— Acabamos de tomar café. – o moreno complementou.

Ele não demorou muito quando retornou para casa, tempo suficiente para um rápido banho, troca de roupa e café da manhã. E, quando ligou para a loira, ela já estava finalizando sua refeição no Granny’s, Lily já sob os cuidados de Boyd.

E, se o vestido da jovem tivesse sido novidade para a visão do rapaz, ela poderia dizer o mesmo ao vê-lo com jeans tradicional e camiseta branca. Nem mesmo sua famigerada jaqueta de couro o acompanhava naquela manhã pois, obviamente, já era acostumado com o vento um pouco mais fresco do lugar – diferentemente de Swan, que permanecia com o cardigã.

— Hm, os chamei aqui para atualizar sobre a situação do processo de adoção de Lily. Bom, como disse para Emma no primeiro dia, o andamento será um pouco mais rigoroso por ter vários fatores influenciando. – Archie começou a explicar. – O primeiro deles, provavelmente, já está acontecendo, que é o “estudo” de vocês. Um simples levantamento do histórico social, criminal, médico...

— Um fichamento? – Killian perguntou.

— Exatamente. Logo uma assistente social irá contatá-los para entrevistas e, geralmente, elas são feitas na casa onde a criança ficará após a adoção.

— Oh, merda! – Emma murmurou, mas nenhum dos dois pareceu ouvir.

— Hm, acho que lá em casa?! – Jones perguntou incerto ao olhar para a loira, e ela pode ver toda insegurança em sua feição.

— Definitivamente é melhor que o hotel da Vovó. – Swan respondeu com uma leve risada, tentando aliviar um pouco a tensão do homem. Eles poderiam discutir aquilo mais tarde, certo?

— Ótimo. – Archie comentou, anotando algo em seu caderno. – Provavelmente irão pedir aos moradores por referências dos dois, como também já comentei anteriormente.

— Espera! – a loira o interrompeu. – Volta um pouco... O que, exatamente, acontece com essa entrevista domiciliar? E por qual motivo ela é feita?

— Bom, o primeiro passo era fazer o cadastro dos dois no catálogo de adoção, coisa que fiz antes de fazer o pedido da guarda. Acontece que, no caso de vocês, tem, além de toda burocracia, uma certa destituição da família biológica já que ficou claro que vocês não tem interesse algum de alternar os dias com Dylan, certo?

— Nem nos meus piores pesadelos! – a jovem replicou exaltada.

— Calma, Swan, era só uma pergunta. – Jones disse segurando o riso antes de tomar uma de suas mãos e segurá-la.

Ela revirou os olhos.

— A entrevista vem depois justamente porque eles precisam fazer esse “fichamento”, como Killian disse. Precisam conhecer quem são os potenciais pais, a casa em que ficará, saber das relações familiares e do temperamento e personalidade de vocês.

— Para depois fazer um comparativo com Dylan?

— Exato. – o advogado retornou. – Mas, tenho outras boas notícias, Emma! Com um pouco mais de pesquisa que fiz durante esses dias, a questão do seu ensino superior incompleto não será empecilho algum no processo.

— Sério? – a loira questionou animada.

— Sim, desde que, durante a entrevista, o profissional responsável entenda que têm condições suficientes para criar Lily, tudo ficará bem. Nem mesmo esse plano louco dos dois de... – o homem parou, tentando encontrar uma descrição, mas optou apenas por gesticular para as mãos entrelaçadas do casal. – Isso ai. Não é mais necessário.

— Como não?

— É apenas um ponto extra, Emma, não é nada essencial. Claro, Dylan com o casamento tem todo o estereótipo a seu favor como já discutimos a respeito. Mas, como temos o vídeo feito por Killian, temos comprovação suficiente de desequilíbrio e falta de manejo dos Humbert. Vocês estão livres. – e o sorriso de Archie iluminou o cômodo, pois ele acreditava estar compartilhando a melhor de todas as notícias.

— Hm... Sobre isso... – Killian começou, oferecendo-o um sorriso amarelo e coçando de maneira nervosa o espaço atrás da orelha.

— Meio que já foi né? – Swan complementou, imitando a expressão do xerife.

— Então vocês... – o advogado tentou encontrar as palavras novamente antes de realizar-se da situação. – Oh! Bom, acho que minhas felicitações serão bem vindas então?

— É, algo do tipo. – Jones respondeu, dando um beijo na têmpora da mulher que sorria envergonhada.

— Pelo menos não foi uma perda de tempo, não é? – Archie brincou, fazendo-os rir.

— Mas você terá alguma antecipação de quando essa visita será feita?

— Isso está absolutamente fora do meu controle, Killian. É, literalmente, uma visita surpresa, pois eles querem que vocês sejam verdadeiros e não apareçam com uma fachada montada e elaborada.

— Certo...

— Em resumo, estou confiante de que sairemos vencedores desse processo. Temos um leque de argumentos a nosso favor, não vejo como Humbert combater isso.

E Jones podia jurar que aquele era o mais largo sorriso que ele já havia visto no rosto de Emma.

E ele amava cada centímetro.

[...]

Os dois caminhavam de mãos dadas, contentes, em direção à delegacia. A agitação da loira era contagiante e os dois se envolveram em uma conversa infinita que parecia mudar de assunto a cada segundo.

Nenhum deles mantinha a atenção em um tema por muito tempo. Tudo parecia ser importante. Tudo cativava a observação. Tudo parecia mais vibrante.

A vida estava, finalmente, palpável para os dois novamente – depois de tanto sofrimento, de formas distintas, mas tudo parecia se ajeitar.

O mundo voltava ao seu eixo original.

— Aliás, isso me faz lembrar uma coisa. Ontem você disse que tinha uma novidade, o que era? – Swan quis saber e, ao ouvir o questionamento, o sorriso de Jones aumentou.

— Oh, como eu esqueci disso? Você acha que David nos deixa tirar folga hoje?

— Talvez... – respondeu de maneira suspeita. – Por que, Killian?

— Eu preciso te mostrar uma coisa. – e então ele parou, tirando o celular do bolso e procurando o número de Nolan nos contatos.

— Ei, nós já estamos quase lá! Podemos entrar, falar com Dave e depois você me mostra a novidade, não precisa ligar. – a jovem comentou rindo, puxando-o pela mão para continuar o caminho.

E quando eles entraram na delegacia estavam de braços dados, rindo de uma das histórias embaraçosas da mulher na faculdade, errando corredores e entrando em salas erradas.

— Foi horrível, todo mundo estava olhando para mim! – ela terminava de contar.

— E você chegou até o fundo da sala ou percebeu antes?

— Eu cheguei a sentar em uma das cadeiras.

Jones gargalhou novamente.

— Wow! Bom dia, casal. – David os cumprimentou.

— Bom dia! – eles responderam rapidamente e, mais uma vez, juntos.

— Como foi a reunião com Archie? – Nolan quis saber, afinal, o amigo havia o avisado do pequeno atraso pelo compromisso marcado.

— Oh, bem melhor do que eu esperava. – Swan replicou com uma breve risada. – Em resumo, temos grandes chances de conseguir a guarda. Só precisamos nos preparar para a visita de algum assistente social.

— E vocês sabem quando irão mandar um representante?

— Nope. – Jones retornou. – E, por falar nisso, será que eu e Emma poderíamos tirar o dia de folga hoje, Dave?

— Por que?

— Hm, Archie disse que a entrevista vai ser feita na futura casa de Lily e, no caso, provavelmente a minha. Nós dois precisamos ajeitar as coisas para a mascote lá e isso inclui um bom dia de compras.

— E precisa ser hoje? – o homem questionou.

— Se você precisar da gente por aqui nós ficamos, David. Não tem problema. – a loira garantiu, mesmo que não compreendesse porquê o namorado não havia sido completamente honesto com o amigo.

— É, não necessariamente. Acho que é só a ansiedade falando mais alto. – confessou.

— Oh, não. Está tudo bem. Mas, você fica me devendo uma, Jones! – ele falou, dando um leve soco no ombro do moreno.

— Já contava com isso, ainda mais agora com Mary grávida. – respondeu sincero. – Hm, então podemos ir?

— Vão logo antes que eu me arrependa de concordar em ficar aqui o dia inteiro sozinho! – David brincou, recebendo o agradecimento do casal que já ia se retirando. Porém, o loiro não permitiria que o dia passasse em branco sem sequer provoca-los. – Ei!

E, ao ouvir o chamado, os dois viraram para encarar o xerife que pegava o celular no bolso traseiro da calça.

— Se vocês encontrarem Ruby, diga que dessa vez sou eu quem tem que ganhar um hambúrguer.

— Ham? – Jones perguntou confuso.

— Oh, não! Vocês apostaram usando a gente de novo? – Emma resmungou.

Nolan apenas riu enquanto digitava alguma coisa no aparelho, provavelmente para a própria garçonete. Swan revirou os olhos e, quando estava puxando o braço do namorado, ouviu o homem completar de sua mesa.

— Não se preocupem, sexo cai bem em vocês!

E então outra risada, porém, daquela vez, era do próprio companheiro. Ela não sabia onde enfiava a cara de tanta vergonha.

— Eu, por acaso, estou com um letreiro luminoso na testa com detalhes de ontem? – a jovem indagou assim que chegaram no estacionamento, na saída da delegacia.

— Não?! – o outro replicou tentando reprimir a risada.

— Você contou para ele! – a loira acusou e ele rapidamente negou com a cabeça. – Ugh! Como ele sabe?

— Relaxa, amor. Era só uma brincadeira.

— Eu quero ver a “brincadeira” quando Ruby me encher de perguntas sobre você. – ela murmurou seu descontentamento, mas logo prosseguiu, mudando de assunto. – Aliás, por que mentiu para ele?

— Mas eu não menti! – o moreno se defendeu, apertando a mão da namorada um pouco mais forte enquanto caminhavam em direção à casa dele.

— Mentiu sim! – insistiu. – Você disse que iríamos arrumar as coisas de Lily na sua casa e sair para comprar o que precisasse, mas não disse nada sobre a surpresa.

— E quem te disse que a surpresa não é sobre a mascote? – o homem questionou, arqueando uma das sobrancelhas ao encará-la.

— Killian, o que você fez?

— Por que você sempre pensa o pior de mim? – Jones comentou rindo, mas não acrescentou mais nada.

Ele permaneceu em silêncio até o momento em que ambos entraram em sua residência, onde a mulher pode ver uma pilha de caixa de papelão ao pé da escada – como se ele tivesse os organizado para descartar, mas desistido no meio do caminho.

— Swan, eu consigo ouvir seus pensamentos daqui. Relaxe um pouco! – ele falou, parando de frente para a mulher que o observava com um olhar duvidoso. – Quando disse para Archie que Lily ficaria aqui, foi apenas por ser o caminho lógico.

— Eu sei disso, Killian. Não estou magoada ou brava.

— Certo, mas quero que saiba que isso inclui você. A casa pode ser sua também, basta dizer que aceita.

— Hm, eu—Não é muito cedo para pensarmos em morar juntos? – perguntou cautelosa.

— Vem aqui. – a resposta dele saiu rapidamente, oferecendo sua mão para que o seguisse para o segundo andar.

Ela preferiu não fazer nenhum questionamento, podia esperar por alguns degraus! E não demorou muito para que Jones a guiasse até um dos quartos de hóspedes do local, revelando um largo cômodo em processo de renovação.

Alguns móveis estavam sendo desmontados, muito provavelmente para dar espaço às novas aquisições do homem: um berço decente e uma cadeira de balançar ao pé da janela.

— O que é isso, Killian? – a jovem indagou encantada, andando pelo quarto para observar de perto os móveis recém comprados.

— Hm, um berço, Swan. – ele brincou, mas logo prosseguiu em tom sério. – O quarto de Lily.

— Você começou a fazer isso por ela?

— Claro que sim! – replicou rapidamente. – Ela vai ser minha filha também, não é?

E o sorriso largo de Emma ao encará-lo já valia como resposta, mas, agora que se sentia mais leve e livre de algumas barreiras, a loira recusava-se a deixa-lo sem uma réplica digna.

— Sim, e não somente no papel. Aliás, eu já tenho certeza que ela será a “garotinha do papai”. – comentou, revirando os olhos, muito para o divertimento do homem.

— Ciúmes, Swan? – ele provocou, aproximando-se e a segurando pela cintura. A mulher, por sua vez, apoiou suas mãos no peito de Jones e selou seus lábios brevemente.

— Nem um pouco. Na verdade, é bem fofo.

— Oh, claro, agora eu sou “fofo”... – disse rindo. – De qualquer forma, você pode ficar aqui nesse quarto com a mascote, Emma. Podemos colocar uma cama de solteiro e assim você pode ficar nessa casa sem estragarmos tudo entre nós dois.

— Eu não disse que iríamos “estragar tudo” com a minha mudança para cá. – defendeu-se. – Mas acho que pode ser uma ótima ideia.

— É?

E lá estavam os sorrisos bobos que, a partir daquele momento, sabiam que iriam ser frequentes em seus rostos. Ah, o amor...

— E então, Swan, o que diz de fazermos compras para nossa filha?


Notas Finais


E então, o que vocês acharam?
Espero que tenha ficado bom, sei o quanto estão esperando por esse momento!
Vejo vocês no próximo? <3


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