Fiz os exames para ter certeza de que eu estava apta a doar o sangue. O médico pediu para que os resultados saíssem o mais rápido possível, pois o caso era urgente.
Eu nunca havia feito aquilo antes e confesso que senti um pouco de medo, mas sempre que me lembrava do quanto Rebeca precisava disso percebia o quanto esse medo era superficial e ele logo ia embora.
Fernando ficou do meu lado o tempo todo, não conversávamos muito, mas por incrível que pareça o clima não estava estranho. Estávamos há mais de vinte minutos esperando pelo médico trazer os resultados, tomei coragem e resolvi puxar o assunto, porque mesmo não sendo um silêncio perturbador ele me incomodava.
- Nenhum de vocês é O-? – Falei a primeira coisa que veio em minha cabeça.
Fernando me olhou e apenas negou sacudindo a cabeça. Ótimo, ele nem se quer quis abrir a boca para me responder. Por sorte antes que eu me arrependesse de ter começado aquela conversa, ele se pronunciou.
- A Márcia também é, mas não podemos contar com ela. – Isso Letícia, maravilhoso. Fez ele se lembrar da cobra. – Muito obrigado por estar fazendo isso. – Disse Fernando surpreendendo-me.
- Não precisa agradecer. – Respondi. – Você sabe o quanto eu gosto da Rebeca e tudo o que eu mais quero é que ela saia dessa logo. E ela vai.
Fernando me olhou com ternura e deu um sorriso frouxo. Mesmo não sendo o SORRRISO serviu para de certa forma me tranquilizar. Pouco tempo depois o médico chegou apressado.
- Seus exames estão ótimos, Letícia. Já podemos prosseguir com a doação. Vem, vou levar vocês até a outra sala. – Disse o médico e nos o acompanhamos novamente. – Há quanto tempo você esta sem comer? – Perguntou ele a mim.
- Eu tomei café ás oito horas. – Respondi.
- Fernando busque algo para ela comer, não se pode doar sangue em jejum. Nós aguardamos você naquela sala esta bem? – Falou o médico apontando para a terceira sala do corredor onde estávamos.
Entramos na sala e o doutor separou todas as coisas necessárias para a doação, Fernando chegou com um pedaço de bolo que com dificuldade eu comi. Não estava com nenhum pouco de fome. Minha preocupação não deixava que eu pensasse em outra coisa além de Rebeca. Finalmente o processo de doação se iniciou. Para a minha surpresa Fernando segurou minha mão a acariciando. Confesso que tinha certo receio em ver sangue por isso evitava olhar o que faziam com o meu braço. Comecei a me sentir fraca, mas tentei disfarçar ao máximo, pois sabia que era algo normal e não queria preocupa-los. Assim que terminou o médico disse que podíamos ficar ali para que eu descansasse. Ao notar minha fraqueza Fernando foi novamente à lanchonete do hospital buscar coisas para que eu comesse e bebesse. Dessa vez as comi de bom grado, pois não pretendia sair daquele hospital enquanto não tivesse certeza que Rebeca ficaria bem e para isso precisaria recompor minhas forças.
Os pais de Fernando e Victor foram até onde eu estava para agradecer pelo que eu havia feito. Todos tentavam se distrair mencionando outros assuntos como o atendimento do hospital, ou a água quente nos bebedouros. Dona Teresinha sugeriu que nos uníssemos em uma oração e acatamos ao seu pedido. Pouco depois de finalizarmos o médico apareceu na porta.
- Rebeca acordou e já posso garantir a vocês que ela esta totalmente fora de perigo. – Falou. Todos nos suspiramos aliviados e Fernando puxou Victor para um abraço. Era como se um peso tivesse sido tirado de cima de mim. – Infelizmente eu não posso deixar que todos entrem agora, então terei que fazer o que foi pedido pela minha paciente. Rebeca pediu para avisar que ama muito todos vocês e quer vê-los, mas como no momento as vizitas estão limitadas ela pediu para que Fernando e Letícia entrassem. – Todos concordaram mesmo estando aparentemente desapontados. Pensei em ceder o meu lugar, mas Rebeca foi quem pediu minha presença e eu não poderia e nem queria contraria-la. – Prometo que logo poderão encher aquele quarto. – Completou o doutor.
Logo ele nos direcionou para o quarto de Rebeca. Ela estava pálida e tinha alguns machucados no rosto, seu braço esquerdo e perna direita estavam engessados.
- Como você esta meu amor? – Perguntou Fernando dando a ela um beijo na testa.
- Bem, um pouco dolorida, mas bem. – Respondeu Rebeca. – Me desculpa pai... – Fernando tocou nos lábios dela para que ela se calasse.
- Não precisa se desculpar, depois falamos sobre isso. Por enquanto quero que se concentre na sua recuperação para que você saia logo desse hospital.
Ela apenas concordou com lagrimas nos olhos, em seguida Rebeca olhou para mim e sorriu.
- Letícia... Você me salvou. Não tem ideia do quanto eu agradeço.
Aproximei-me dela e segurei sua mão. Apesar de Rebeca estar fora de perigo me cortava o coração vê-la naquela situação. Tão dependente e tão frágil.
- Não tem nada o que me agradecer. – Falei. – Ou melhor, como forma de agradecimento tudo o que eu te peço é que fique bem logo.
- Ficarei. – Prometeu ela.
Fernando e eu ficamos um bom tempo conversando com ela e contamos a reação de todo mundo ao saber do acidente. Rebeca parecia contente em saber que tantas pessoas se preocuparam. Ela também nos contou como foi o acidente e o desespero que sentiu enquanto o carro capotava. Foi definitivamente uma experiência muito traumática.
- Eu nunca mais quero entrar em um hospital. – Falou Rebeca. – Inclusive eu desisti de colocar silicone.
- Sério? – Perguntei ao mesmo tempo em que Fernando.
- Sim! Na verdade eu já estava desistindo antes disso acontecer, aparentemente dói muito. – Disse Rebeca. Eu e Fernando não evitamos e rimos. Ela nos olhou de forma divertida e riu também. – Merda, eu não posso rir minhas costelas doem. - Resmungou ela.
Fernando e eu saímos pouco depois para que ela descansasse. Rebeca dormiu e quando acordou novamente foi à vez de Victor e os avós a verem. Fiquei com Fernando na sala de espera.
- Se você quiser pode ir. – Falou ele.
- Você quer que eu vá? – Perguntei.
- Não, isso não foi o que eu quis dizer. É só que você deve estar cansada então se quiser ir e descansar não tem problema. Você já fez muito por nos e eu agradeço.
- Eu não quero ir. – Falei. – Pelo menos não agora. Quando Carolina e Omar chegarem eu vou.
- Tudo bem.
Ficamos em silêncio. E novamente isso me perturbou, além de me fazer ficar com medo de que talvez nunca voltássemos a ser o que éramos.
- Você ainda me odeia? – Perguntei.
Fernando me olhou surpreso.
- Odiar você? Eu nunca te odiei e mesmo que quisesse não conseguiria.
- Então porque não me procurou? Você disse que precisava de um tempo para pensar e se passou uma semana e nada. – Falei. – Eu sei que não é a hora certa para se discutir sobre isso e muito menos o lugar certo, mas eu preciso saber se você ainda sente algo por mim, se ainda existe esperança para nos dois. – Eu precisava desabafar e ao dizer aquilo foi como se houvesse saído um nó da minha garganta.
- Não teve nem se quer um dia que eu não pensasse em você e em nós. – Falou Fernando. – Eu perdi a conta de quantas vezes eu disquei o seu número, mas me faltou coragem para ligar. Fiquei uma semana sem te ver e pareceu uma eternidade, eu até cheguei a ir à sua casa, mas você não estava. Quero ficar com você Letícia e não me importa mais a forma como começou esse relacionamento ou como nos conhecemos. Só me importo com o que vai acontecer daqui para frente e quero que o que quer que aconteça seja com você. – Após ouvir Fernando dizer aquilo eu fiquei em estado de choque. Não era algo o qual eu esperava que ele dissesse, mas estava feliz por ter dito. Eu precisava responder algo, mas as palavras fugiram e por um minuto foi como se eu esquecesse como se falar qualquer coisa. – Estou apaixonado por você Letícia. – Continuou ele fazendo com que o meu coração inevitavelmente se acelerasse. – E se você estiver sentindo o mesmo por mim, espero que possamos começar do zero esse relacionamento. Dessa vez sem mentiras e segredos. O que me diz, quer namorar comigo, de novo?
- Sim. – Sussurrei com os olhos marejados. Fernando sorriu também se aproximando e logo me beijou. Só então percebi a falta que senti dos seus beijos, da sua boca macia contra a minha, das nossas línguas juntas em uma dança. Eu poderia passar o resto da tarde o beijando, mas estávamos em um hospital e não poderíamos exagerar. Terminamos o beijo e conversamos sobre o que havíamos feito nessa semana em que não nos vimos. Pouco tempo depois Omar e Carolina chegaram ao hospital, assim como alguns amigos da Rebeca. Após insistirem muito o médico os autorizou a fazer uma rápida visita. Mas depois de um tempo anunciou que apenas uma pessoa poderia passar a noite com ela e obviamente a pessoa escolhida foi Fernando. – Quer que eu passe a noite aqui também? – Perguntei.
- Não, você precisa descansar. Vai para sua casa, tome um banho tenha uma ótima noite de sono que a gente se vê amanhã. – Falou Fernando.
- Tudo bem. – Respondi. E ele me acompanhou até o estacionamento do hospital. Despedimos-nos e eu segui em direção a minha casa. Não insisti para ficar no hospital porque confesso que estava exausta. Não aguentaria dormir naquelas cadeiras e conseguir me levantar amanhã. Assim como Fernando disse eu precisava de um banho uma boa noite de sono para repor minhas forças e poder dar a ele e sua família apoio até que Rebeca estivesse completamente recuperada.
Liguei para Gabriela e expliquei a ela tudo o que havia acontecido, ela comemorou ao ouvir que eu e Fernando estávamos bem novamente. Todos os dias de manhã eu ia até a Conceitos para ajudar Carolina e Omar, após o almoço seguia para o hospital para ficar com Fernando, Victor e Rebeca. Cinco dias após o acidente ela finalmente recebeu alta. Por ter quebrado uma perna e um braço Rebeca ficaria na cadeira de rodas até que o gesso fosse tirado e depois faria fisioterapia para recuperar totalmente os movimentos. Eu, Dona Teresinha e Carolina a ajudávamos no banho porque ela se recusava em receber ajuda de Fernando e Victor. Rebeca estava cada dia melhor e era notável que sua recuperação seria rápida. Algo que também estava cada dia melhor era o meu relacionamento com Fernando, eu não escondia mais nada e nem ele por isso sentia que poderia me entregar totalmente.
Prometemos que não falaríamos nada da Márcia enquanto Rebeca não estivesse cem por cento. A polícia já havia prendido Alfredo, mas ainda não haviam encontrado Márcia. Confesso que isso me preocupava, pois tinha grandes chances dela ter desaparecido como na primeira vez e também dela estar por ai apenas aguardando o momento oportuno para se vingar. Tentava não pensar muito nessas coisas e aproveitar ao máximo aquela felicidade que eu estava sentindo. Sim, eu estava feliz, muito feliz. Eu tinha um emprego maravilhoso, ótimos colegas de trabalho, um namorado incrível e os melhores amigos que alguém podia querer.
...
- Como eu estou? – Perguntou Fernando ajeitando a gravata a qual ele já havia trocado pela terceira vez.
- Eu já disse você esta ótimo. – Falei dando a ele um beijo na bochecha. – Não é verdade Rebeca? – Perguntei enquanto ela se aproximava de nos com sua muleta. Ela já havia tirado o gesso do braço há uma semana.
- Sim, esta um gato. – Respondeu ela.
- Estou nervoso. – Falou Fernando. – Acha mesmo que eles vão gostar de mim?
- Eu não tenho a menor ideia. – Respondi. Estava me divertindo com seu nervosismo.
Após quase dois meses do acidente de Rebeca eu e Fernando finalmente tivemos um tempo para nos e fomos convidados por Gabriela e Lucas para jantarmos. Fernando sabia que os dois e Otávio eram a única família que eu tinha, por isso conhecê-los era como se ele estivesse conhecendo os meus pais.
- Você não esta ajudando. – Reclamou ele.
- Relaxa. – Falei massageando os seus ombros. – Pelo menos o Otávio já gosta de você. Agora é só torcer para que ele não tenha contato a forma como vocês se conheceram porque levar uma criança de seis anos para invadir um padaria não parece ser algo que os pais deles aprovariam.
- Letícia! – Gritou Fernando. – Você esta me deixando com medo, vou acabar desistindo de ir a esse jantar.
- Ah, mas não vai mesmo. – Falei. – E anda logo que estamos atrasados. – O aprecei.
- Ok, ok. – Resmungou ele indo em direção ao banheiro. – Só vou passar um perfume. – Avisou.
Rebeca revirou os olhos impaciente.
- Acho que vou para o meu quarto, tenha uma ótima noite vocês dois. E juízo. – Falou ela. Com dificuldade foi caminhando até a porta. – Ah antes que eu me esqueça. – Continuou virando-se para mim. – As paredes daqui são meio finas e ultimamente meu sono esta muito leve, então vocês dois poderiam fazer menos barulho? – Pediu. E meu rosto imediatamente corou. Fernando saiu do banheiro e começou a se fazer de desentendido.
- Eu não tenho ideia do que você esta falando.
- Você quer que eu imite? – Perguntou Rebeca.
- Não, não. Não tem necessidade. – Interviu Fernando rapidamente. – Não se preocupe, hoje vamos dormir na casa da Letícia.
- Ótimo. – Ela respondeu dando as costas e pude ouvia-la rir enquanto ia para o seu quarto.
- Pronto? – Perguntei. Fernando deu um logo suspiro e assentiu.
- É, acho que sim.
...
O jantar seria na casa de Lucas e Gabriela. Otávio estava na cidade vizinha porque iria passar o fim de semana com os avós. Ao chegarmos à porta da casa deles Fernando segurou minha mão e pude notar que ele estava suando frio. Não me contive e soltei um riso abafado.
- Relaxa. Eles vão amar você. – Falei tocando a campainha logo em seguida.
- Assim espero. – Sussurrou Fernando.
Em menos de um minuto a porta se abriu. Quem nos atendeu foi Gabriela, ela estava com um vestido azul claro e o cabelo preso em um coque.
- Oi! Estava prestes a ligar para você Letícia, pensei que não viriam mais! – Falou.
- Nos atrasamos um pouco, a mocinha ai não sabia o que vestir. – Respondi apontando para Fernando.
- Muito prazer, eu sou Gabriela. – Falou ela abraçando-o. Mesmo meio desajeitado Fernando correspondeu ao abraço.
- O prazer é todo meu. – Disse ele beijando-a no rosto. – Aqui esta. – Disse pegando uma garrafa de vinho das minhas mãos e entregando-a a Gabriela.
- Muito obrigada! Vem, entrem. – Chamou.
Entramos e fomos direcionados por ela até a sala de jantar. A mesa estava iluminada à luz de velas e os pratos e talheres já estavam em seu devido lugar. Eu não via a mesa posta dessa forma na casa dos dois desde o jantar de comemoração de cinco anos de casados.
- Olá! – Falou Lucas adentrando a sala. Ele me abraçou e logo em seguido cumprimentou Fernando com um aperto de mão. – É um prazer finalmente conhecê-lo. Espero que esteja cuidando bem da nossa menina, porque se não você descobrirá o que sou capaz de fazer. – Completou soando ameaçador e pude notar que Fernando havia realmente se assustado. Nós três começamos a rir o deixando envergonhado. – Estou só brincando. – Disse Lucas dando leves tapinhas nas costas dele.
- Nesse caso também fico feliz em finalmente conhecê-lo. – Respondeu Fernando.
Eu e Fernando nos sentamos e Lucas e Gabriela foram em direção à cozinha buscar o jantar. Nós oferecemos para ajudar, mas eles insistiram de que não havia necessidade. Os dois eram ótimos cozinheiros e haviam feito uma grande variedade de pratos. Eu comi um pouco de tudo. A comida deles era a minha preferida no mundo e eu comi muito, o que deixou Fernando impressionado. Ele não estava acostumado a me ver comer tanto e eu ri da sua reação ao assistir isso. A noite se passou de forma extremamente agradável, Fernando se deu muito bem com os dois. Ele e Lucas torciam pelo mesmo time e eu e Gabriela fomos obrigadas a assisti-los falar de futebol por mais de vinte minutos. Contamos como havíamos nos conhecido na faculdade e Fernando ouvia tudo bastante interessado. Gabriela buscou um álbum de fotografias daquela época e nos divertimos vendo as fotos.
- Essa foi a primeira foto que eu tirei com a Letícia. – Falou Lucas. – Graças a Deus que ela deixou a franja crescer. – Implicou ele.
- Não estava tão ruim assim. – Disse na tentativa de defender o meu mal gosto de alguns anos atrás.
- Definitivamente esta melhor agora. – Falou Fernando e eu pisei no seu pé com força na tentativa de repreendê-lo. – Ai! – Gritou ele. – Essa baixinha é brava.
Falou e Lucas e Gabriela concordaram. O restante da noite foi os três voltados contra a mim. Eles compartilhavam um com o outro, todos os meus podres e manias, não importava quantas caretas eu fizesse eles continuavam. Fernando ria de forma escandalosa, provavelmente já havia bebido vinho demais. Ele estava solto e quem visse a forma como conversava com Lucas e Gabriela pensariam que os três se conheciam a vida toda. Eu não poderia negar o quanto havia gostado disso.
- Posso te perguntar uma coisa Fernando? – Pediu Lucas.
- Claro! – Respondeu Fernando sorridente dando mais um gole em seu vinho.
- Por que você levou o meu filho para invadir uma padaria? – Fernando se engasgou com o vinho e eu não conseguia parar de rir enquanto tentava ajudá-lo a se recuperar.
- Desculpa, prometo que isso não irá se repetir. – Falou ele tentando soar sério, mas não obteve muito sucesso. Lucas apenas riu para tranquiliza-los.
Comemos a sobremesa e depois nos sentamos no sofá da varanda observar a lua cheia que estava naquela noite. O céu estava estrelado, no entanto as estrelas se ofuscavam pela beleza da lua. O tempo estava fresco e o vento batia no meu rosto como uma leve brisa. Aquela noite havia sido incrível, passei ao lado dos meus melhores amigos e do homem que eu amava. Sim, eu amava Fernando. Ainda não havíamos dito isso um para o outro, mas eu não tinha duvidas.
Já eram quase duas da manhã, por isso chamei Fernando para ir embora. Percebi que por ele nos dormiríamos ali, mas eu tinha outros planos que não incluíam Lucas e Gabriela. Com muito custo consegui tirá-lo de lá.
No caminho para casa o celular de Fernando começou a tocar.
- Pode pegar para mim? Esta no porta-luvas. – Pediu.
- É o Victor. – Falei assim que peguei o telefone em minhas mãos e vi o nome do contato que fazia a ligação. Fernando estacionou o carro e pegou o telefone para atendê-lo.
- Alô? – Disse Fernando assim que atendeu. Ele ficou em silêncio por um tempo e uma expressão de preocupação dominou o seu rosto. – E como ele esta? – Perguntou. – Ok, não se preocupe. Logo eu chego ai. – Falou e desligou o telefone em seguida.
- O que aconteceu? – Perguntei curiosa.
- Lembra que o Victor mencionou que o Gustavo estava se sentindo mal?
- Sim.
- Era pedra nos rins, ele esta no hospital. Vão opera-lo agora.
- Isso é horrível. – Falei.
- Sim, mas ele vai ficar bem. – Disse Fernando. – Não vou poder dormir na sua casa. Victor vai para o hospital passar a noite com o Gustavo e eu preciso ficar lá com a Rebeca. Você vem comigo? – Perguntou.
- Não. Honestamente hoje quero ficar na minha casa. – Falei. E era verdade. Já havia mais de uma semana que eu não dormia lá e só passava para pegar roupas e sapatos.
- Tem certeza? – Insistiu Fernando.
- Sim. Prometo que amanhã de manhã apareço lá para tomar café.
- Então estarei te esperando com um banquete. – Respondeu ele.
Fernando me levou até em casa, nos despedimos com um beijo e ele ficou do lado de fora até que eu entrasse. A casa estava toda escura e tive dificuldade para trancar a porta. A bateria do meu celular havia acabado então eu não tinha que pudesse me iluminar até encontrar o interruptor. Caminhei letamente me encostando nas paredes até finalmente senti-lo e aperta-lo. No momento em que minha sala se iluminou o meu corpo gelou. Márcia estava parada no canto da minha sala. Pisquei os olhos na esperança de que aquilo fosse uma alucinação e ela logo sumiria, mas isso não aconteceu. Márcia estava ali me encarando. Ela tinha uma expressão tranquila e debochada.
Ela começou a caminhar em minha direção, percebi que ela estava com uma arma na mão. Analisei ao meu redor se havia algum objeto com o qual eu pudesse ameaçá-la, mas não encontrei nada, nem se quer as minhas chaves para destrancar a porta e sair correndo.
- O que faz aqui? – Perguntei. Minha voz saiu trêmula como era de se esperar, eu estava morrendo de medo e jamais conseguiria disfarçar isso.
- Eu mandei matar o seu marido e você achou mesmo que pudesse roubar o meu? – Questionou ela aproximando-se ainda mais, minhas vistas começaram a escurecer e de repente eu simplesmente apaguei.
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