História Fetiche - Confusão de sentimentos

Respirei fundo e entrei em casa, meu pai certamente deve estar preocupado, não comigo mas com o almoço que ainda não saiu, sorte que o lugar que vende frango assado estava aberto.

-Ah, lembrou que tem casa, não é? Ele falou naquele tom sarcástico que eu já conhecia bem.

-Dormi na casa de um amigo. Falei indiferente.

-Amigo, sei... Você se divertindo por aí enquanto seu velho pai está aqui passando fome! Ele choramingou.

-Por falar nisso, comprei frango assado e umas cervejas também.

-Agora você falou a minha língua!

Comemos em silêncio e depois de colocar a louça na lavadora subi pro meu quarto, precisava fumar desesperadamente; peguei esse péssimo hábito com um amigo do meu pai, a gente se pegou por um tempo mas não durou muito. Precisava pensar, pensar muito em umas coisas que estão me incomodando um pouco, talvez muito!

Nunca me permiti gostar de ninguém, "pega mas não se apega", esse era o meu lema, e fora o amigo do meu pai eu nunca tinha repetido uma ficada, nunca até hoje... Pra começar, porque diabos eu dormi na cama do dentista e até fiz café pra ele? De onde veio aquela vontade irracional de chorar quando ele falou da ex-mulher? Tantas perguntas e nenhuma resposta.

Não é que eu não tenha gostado mas como eu fui parar naquele quarto de novo ajoelhada aos seus pés, literalmente, para minutos depois me derreter em seus braços tomada de um êxtase até então desconhecido? Era uma confusão de sentimentos que eu nunca sentira antes, será isso o  que chamam de amor? Claro que não, que bobagem! Só estou sentindo os resquícios de uma boa ficada, é isso mesmo, como alguém pode ser assim tão gostoso?

Fora um dia normal, fiz compras, minha mãe me dá uma mesada mensal, o que não é mais do que sua obrigação, já que meu deixou pra trás como quem deixa um livro velho! Preparei o jantar, caso meu pai acorde da bebedeira habitual com fome e estava decidindo com que roupa sair quando o celular tocou e mal pude acreditar, era ele.

-Katrina, tudo bem? Eu estava pensando se você não queria companhia essa noite...

-Claro doutor, sua companhia é muito bem vinda!

-Hei, a gente transou duas vezes, pode me chamar de Thomas.

-Muito bem Thomas, o que você tem em mente pra essa noite?

-Você gosta de chantilly?

-Como é? Perguntei sem entender.

-Nada não, só pensando na sobremesa.

-Sobremesa, como assim?

-Gostaria de jantar comigo?

-Claro, seria ótimo! Que roupa devo usar? Perguntei na expectativa.

-O menos possível... Ele disse e simplesmente desligou, o que será que ele tá aprontando? Que história era aquela de chantilly? Prevejo uma noite quente e não estou falando do clima.