-Desculpa! –Foi a primeira coisa que eu ouvi ao abrir a porta.
Bruno estava parado na frente do meu apartamento do lado da mala dele. Não pude deixar de reparar no quanto ele estava lindo com aquele moletom do Sesi, mas mantive meu foco.
-Eu fiquei chateada! –Eu disse ao colocar minha mala pra fora e me virar para trancar a porta.
-Por favor, olha pra mim Juliana! –Bruno disse me puxando pra ele, e logo em seguida me beijou. –Desculpa eu estava com saudades!
-Eu também! – Eu disse, e comecei a me dirigir em direção ao elevador.
-Aonde você vai? –Ele perguntou a me ver sair deixando-o ali.
-Tenho uma viagem com o time pra fazer, e um taxi me esperando! –Eu disse.
-Você vai comigo! – Ele disse ao entrar no elevador.
-Pensei que você ia dar carona para a Loira de ontem... –Eu soltei instintivamente.
-Sério isso? –Ele perguntou me olhando. –Você vai comigo! –Ele parou na minha frente. – Precisamos conversar! –Ele enfiou as mãos em meu cabelo e me beijou, o poder que esse homem tem sobre mim é inacreditável.
Nos envolvemos naquele beijo e não percebemos quando o elevador se abriu, só percebemos quando o Danilo pigarreou nos olhando.
-Dona Juliana eu posso dispensar o taxista? –Danilo perguntou assim que eu dei atenção a ele, enquanto eu arrumava o cabelo.
-Pode! –O Bruno disse sem deixar que eu respondesse.
[...]
-Podemos conversar agora? –Bruno resolveu quebrar o silêncio que havia se instaurado no carro e eu assenti com a cabeça.
-Sei que aquilo tudo foi por ciúmes, mas você precisa confiar em mim! –Ele começou dizendo.
-Como você acha que eu me senti? –Perguntei pra ele e continuei sem esperar sua resposta. – Eu cheguei de viagem toda empolgada para te ver e dei de cara com você abraçando outra pessoa, me despedacei... Sei que posso ter exagerado um pouco, mas mesmo assim, não foi algo fácil pra mim...
-Eu sei que para quem estava de fora era algo que parecia ser o que não era, mas eu te peço que não duvide de que é você a dona do meu coração. Eu dedicarei todos os dias da minha vida para você não se esquecer. –Ele disse e colocou a mão em meu rosto e deixou um carinho ali.
-E o que realmente era? – Eu não poderia perder a oportunidade de ter uma resposta...
-Era minha psicóloga... –Ele respondeu.
- Isso é brincadeira né? –Eu perguntei rindo.
-Não, isso não é brincadeira... –Ele disse serio e o meu sorriso foi desfeito.
-Você esqueceu que a sua namorada é psicóloga? –Eu perguntei.
-Por isso mesmo Juliana. –Ele constatou como se fosse algo obvio que só eu não entendia. –Para nós darmos certo, temos que fazer as coisas direito. Você é minha namorada não minha psicóloga. O contrato tem o intuito de separar o profissional do pessoal, então eu decidi que nós seremos apenas pessoais...
-Eu não me sinto confortável com isso, principalmente o fato de as consultas dela serem no seu apartamento... –Eu disse seria.
-Primeiramente, você fica ainda mais gostosa com ciúmes. –Ele disse apertando a minha coxa.-Eu só pedi uma consulta em casa ontem, eu sabia que você podia chegar e eu queria estar por aqui pra recebe-la, mas não deu muito certo.
-Você acha isso só porque nunca me viu armada! –Eu disse tirando a mão dele da minha perna. –Mas eu continuo não gostando do fato da sua psicóloga ser essa loirona...
-Você acha que eu me sinto como quando os caras do time estão no seu consultório, ainda mais eu sabendo do que nós dois fazíamos, e do que eles pensam sobre você? –Ele olhou nos meus olhos, mas logo retornou a visão para o caminho.
-Mas você sabe que as consultas especiais são só suas... –Eu disse.
-É a mesma coisa, as minhas consultas particulares preferidas são só com você! –Ele disse e bagunçou meu cabelo.
-Promete que vai confiar em mim? –Ele perguntou.
-Em você eu confio, não confio nela. –Eu disse e ele riu.
-A Mi é legal, você vai gostar dela! –Ele falou.
-Quem é Mi? –Perguntei.
-Michelle a minha psicóloga. –Ele disse se divertindo.
-E essa intimidade toda ai? Pra começo de conversa ela é só psicóloga, sua psicóloga sou eu! –Eu disse com olhando-o com os olhos semicerrados.
-Jujubinha eu te amo, e não existe nada capaz de mudar isso! –Ele disse, me fazendo me sentir uma manteiga derretida.
-Eu também te amo, Bruno Rezende. –Eu disse enquanto ele estacionava no ginásio.
[...]
Eu já estava bem mais tranquila tudo o que precisávamos era estarmos bem nessa viagem juntos, e sim estamos. Minha leve preocupação é passar todos esses dias me controlando em relação a ele para não sermos descobertos por quem não devia.
Após colocar minha mala no porta-malas do ônibus com a ajuda do Bruno, entrei no ônibus e cumprimentando todos os que eu ainda não tinha cumprimentado, procurei um lugar para sentar. Sentei-me em uma poltrona no fundo do ônibus do lado da janela.
Da janela eu pude ver o Bruno atendendo alguns torcedores que apareceram por ali para despedirem-se do time antes da viagem. Eu o observava quando o Lucão sentou-se ao meu lado.
-Oi doutora!
-Oi Lucão, tudo bem? –Eu fui educada.
-Sim... –Ele respondeu.
-Por que seu sim não me convenceu?
-Por que você tem essa mania de ficar tentando entrar dentro da minha mente? –Ele preguntou.
-Porque é minha função. –Eu respondi e nós dois rimos. –Mas me diga o que te aflige, as vezes eu posso te ajudar.
-Eu ainda não me acostumei a deixar a Bia e o Theo sozinhos... –Ele disse cabisbaixo.
-Logo estaremos de volta, e você pode ligar também, sei que não é fácil... Mas lembre-se as despedidas são necessárias para os reencontros valerem a pena. –Eu tentei conforta-lo.
Ele estava absorvendo as palavras que eu disse quando o Bruno entrou no ônibus e veio para perto de nós. Lucão ao vê-lo se aproximar levantou-se e parou ao lado do amigo e me disse:
-Obrigada Jujuba, mas esse cara aqui precisa mais de você do que eu.
Lucão deu passagem ao Bruno, que sentou-se ao meu lado e nós ficamos ali interagindo com as brincadeiras do pessoal, até que enfim o ônibus partiu. Próxima parada Taubaté.
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