Por um tempo eu pensei como eu lidaria se o Bruno tivesse que me deixar em casa durante as viagens com o time, e cheguei a conclusão de que não seria nada fácil, como não deve estar sendo fácil para a Bia, a esposa do Lucão.
Depois de tanto olhar a paisagem da pista acabei adormecendo. Acordei com aquela sensação de não saber onde estava, e literalmente eu realmente não sabia nada além de que dentro do ônibus.
Bruno ainda estava dormindo, aproveitei para tirar uma foto e adicionei no storie do instagram, antes de adormecer novamente.
[...]
Nossa chegada ao hotel foi bem tranquila, os quartos foram distribuídos em duplas, no quarto do Bruno ficou ele e o Serginho, e no meu por minha sorte ficou apenas eu.
Os meninos foram treinar na parte da tarde e eu fui aproveitar a piscina e as mordomias do hotel, passei a tarde toda por lá, próximo a hora do time retornar eu tomei um banho e me arrumei para jantar junto com o time.
O jantar foi no hotel mesmo, os meninos estavam bem animados, pude perceber ansiedade em alguns deles, mas nada além do normal para a véspera de um jogo importante. Todos fomos dormir cedo, pois o dia seria longo.
Como eu não precisava treinar, após responder as mensagens de bom dia tanto do Gui, quanto do Bruno, eu voltei a dormir. Almocei com o time e depois fui conhecer a cidade.
Usei a tarde caminhando para me preparar para o discurso pré-jogo com os meninos. Quando percebi que estava me afastando muito do hotel resolvi retornar.
Todos já estavam no hotel, e tinham algumas horinhas para descansarem antes do jogo. O clima estava bem descontraído, Bruno conseguiu arrumar um uno, e então eu, ele, e o Riad começamos a jogar, e o tempo voou, quando nos demos conta já estava perto da hora de sairmos para o ginásio.
A nossa equipe está bem unida o que é bom para o emocional do time todo. É importante todos do time estarem em sincronia para tudo correr bem e para que cada um deles possa dar o seu melhor, aproveitando disso fiz meu discurso no pré-jogo, finalizando-o com:
“Uma coisa que eu aprendi com o voleibol é que bons jogadores poder vencer um jogo, ou cinco, ou dez. Mas só um bom time pode ganhar um campeonato, e nós estamos montando um bom time. Hoje nós vamos começar, e vamos lutar e defender juntos. Nós temos de ser um grupo, e não apenas um único jogador lá na quadra. Vamos jogar juntos e vencer esta partida”.
Estávamos todos empolgados. O inicio do primeiro set foi nosso, porem depois de alguns erros nossos a equipe do Taubaté conseguiu encostar-se ao placar, e logo eles nos passaram e o primeiro set foi deles.
No tempo entre um set e outro depois dos avisos do técnico, foi a minha deixa para conversar com eles e faze-los tentar manter a calma, o que não estava sendo muito fácil.
Antes de o Bruno retornar ao segundo set eu apertei a mão dele passando força e ele piscou pra mim. O set começou quente, foi bem disputado, foi literalmente ponto a ponto, e após um erro de saque da equipe do Taubaté, garantimos o segundo set.
O terceiro set também ficou com a nossa equipe, e o quarto depois de uma ousada bola de segunda do Bruno, também. Após o cumprimento das equipes na rede, Bruno veio correndo em minha direção e ao me abraçar tirou meus pés do chão, e não pudemos evitar um breve selinho, que infelizmente foi visto por Alexandre.
-Doutora Juliana! –Ele gritou para mim, e mais do que imediatamente Bruno me colocou no chão.
-Podemos explicar! –Bruno disse indo em direção a ele.
-Claro que podem, mas Juliana, o seu aviso prévio começa a partir de agora! –As palavras de Alexandre foram como uma faca cega e gelada cortando no meu peito, a minha carreira já era!
Apenas acenei com a cabeça para ele e fui correndo para o vestiário da comissão técnica. Bruno tentou ir atrás de mim, mas eu consegui convencê-lo a voltar á quadra para atender os torcedores que esperavam por ele.
Fui a primeira a entrar no ônibus e agradeci mentalmente pelo motorista ter deixado as luzes do ônibus apagadas. Sentei no meu lugar e fiquei ali esperando o restante da equipe chegar para retornarmos ao hotel.
-Ju? –Bruno entrou no ônibus procurando por mim.
-Estou aqui. –Falei e ele percorreu os olhos pelas poltronas até cruzarem com os meus.
-Eu sei que estou me tornando repetitivo, mas, por favor, me desculpa? –Ele disse ao chegar perto de mim.
-Não foi ó culpa sua, e eu ao te amar assumi o risco... –Eu disse e ele entrelaçou os dedos aos meus.
-Eu irei resolver isso, eu te prometo! –Ele deixou um beijo sob as costas da minha mão.
Eu queria conseguir dizer a ele um “não precisa”, mas eu precisava de ajuda, meu mundo começou a desmoronar de um minuto para o outro. Há algumas horas atrás eu estava feliz e realizada, e agora eu estou aqui pensando como sobreviverei desempregada.
-Obrigada! –Eu respondi a ele apertando suas mãos com ainda mais força.
Eu me aninhei em seu peito, e pude sentir a sua respiração em meus cabelos. Do lado de fora do ônibus estavam todo o time, eles atendiam as pessoas que vinham em busca de um abraço, uma foto, um autógrafo... E eu e Bruno estávamos no nosso mundo, onde somos só nós dois, um pelo outro.
-Alô?- Bruno disse ao atender o telefone.
-Estamos aqui no ônibus. –Ele continuou a responder a voz do outro lado da linha.
-Opa, ai sim! –Ele disse empolgado. –Estamos indo para o hotel daqui a pouco, qualquer coisa pegamos um taxi até ai.
-Até! –Ele disse antes de encerrar a ligação.
-O Lucarelli está nos chamando para dar uma passadinha no ap. dele. –Ele me disse explicando sobre a ligação. –E ai você topa?
-Preciso muito ocupar minha cabeça, então, sim! –Eu disse e ele selou nossos lábios.
-Vamos passar no hotel e de lá nós vamos. –Bruno disse mostrando empolgação.
Não demorou muito para o time entrar no ônibus, todos estavam felizes pela vitória, apenas Alexandre não estava tão animado como a equipe, seu olhar de descontentamento para mim e para o Bruno estava bem claro. Durante o caminho de volta ao hotel Alexandre fez varias ligações, provavelmente ligações para tratar sobre o meu destino.
Ao chegar ao hotel, dirigi-me ao meu quarto e tomei um banho relaxante, na intenção de deixar todo o stress se dissipar. Optei por um vestido florido, e depois de vestida fui de encontro ao Bruno e juntos nós fomos até o apartamento do Lucarelli.
Eu sabia que o Bruno é muito amigo desse Lucarelli, porém eu não fazia ideia de quem era ele exatamente, não pelo menos até ele abrir a porta. Assim que ele abriu a porta e analisou cada centímetro do meu rosto.
-É quem eu estou pensando? –Ele perguntou ao Bruno depois de nos cumprimentar.
-Quem você está pensando? –Eu perguntei arqueando a sobrancelha.
-Realmente é ela! –Lucarelli disse ignorando minha pergunta, e Bruno só observava a nós dois. –Não acredito Bruno!
-Não acredita no que, louco? –Bruno finalmente se pronunciou.
-Que a pessoa que te deixou jogado pelos cantos, o amor proibido, tudo isso é pela maluca de pijama. –Ele disse e eu o encarei brava.
-Agora eu me lembro de você! –Eu disse lembrando da noite em que nós nos conhecemos. Eu estava possessa de raiva e bati na porta do apartamento do Bruno, e foi o Lucarelli quem atendeu e depois de comentários irritante da parte dos dois eu retornei ao meu apartamento para uma das piores noites de sono da minha vida.
-Demorou pra lembrar... É porque não provou, pois dizem que quem prova do brigadeiro não quer mais saber de beijinho. –Ele disse rindo e Bruno deu-lhe um tapa na cabeça.
-É com a minha namorada que você está falando! –Bruno disse serio.
-Conte-me mais sobre isso... –Eu disse ao Lucarelli, só para provocar o Bruno.
-Juliana! –Bruno chamou a minha atenção.
-É porque tu não conhece o beijinho do capita... –Eu disse antes de dar um apertão na bunda do Bruno e me diverti com a reação dos dois.
[...]
Estávamos conversando na sala quando Aracaju chegou, ele nos cumprimentou, e não deixou de zoar o Lucarelli pela derrota do Taubaté. A zoação logo foi interrompida por Lucarelli.
-O Sesi pode até ter ganhado, mas a respeito da moça sentada no sofá, você não tem nada a dizer? Quem ganhou algo aqui?
-O Bruno ganhou! –Aracaju disse rindo.
-Ainda estamos aqui!-Bruno lembrou aos dois.
-Apostei com o Caju que você e a vizinha chata iam se pegar, e pelo visto eu mais do que ganhei a aposta. –Lucarelli foi direto a nos explicar.
-Que horror! –Eu me pronunciei. – Bruno você não tá compactuando com o Lucarelli para dividirem o premio da aposta não, né?
-Lógico que não, né Juliana! –Ele respondeu. -Sou tão vitima quanto você.
-Aposta nova! –Aracaju disse nos interrompendo. –Juju vai ou não ser mandada embora? Aposto cinquentão que sim!
-Eu aposto mais cinquenta que se você não calar essa sua boca eu vou te dar um soco! –Bruno disse irritado e Aracaju levantou as mãos em sinal de rendição.
Logo a comida que havíamos pedido chegou e o clima foi amenizado, as conversas e as brincadeiras voltaram ao normal, depois de alimentados não há como não ficar feliz.
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