Pov's Ally
— Sua chamada está sendo encaminhada para a... — Depois de cinco tentativas falhas desliguei o celular na mesma hora com lágrimas nos olhos o tacando em cima da minha cama com o máximo de força possível.
— Você prometeu e não cumpriu. — Sussurrei com voz de choro jurando a mim mesma que não derramaria mais lágrimas. Retoquei minha maquiagem me recompondo e me fazendo de forte, mesmo que por dentro esteja aos pedaços.
— Eu consigo. — Disse mentalmente ao meu reflexo no espelho piscando rapidamente espantando qualquer vestígio de choro antes de sair de meu quarto descendo as escadas para tomar café da manhã.
— Bom dia, Ally. — A governanta, Bethy, disse se aproximando de mim me abraçando.
— Bom dia. — Forcei um mini sorriso, estava bem óbvio que era falso. — Alguma ligação?
— Sinto muito, querida. — Disse me ohando com pena, ela era a única que sabia de tudo.
— Tudo bem. Não é novidade de qualquer forma. — Disse e me sentei, apesar de não estar com nenhuma fome, sabia que se não comesse passaria mal, já tive outros outras experiências antes e não quero passar por isso novamente. Como estava sem apetite apenas comi quatro torradas e bebi um copo de café.
— Ei, querida. Nem me esperou. — Disse meu pai entrando na cozinha e se sentando na mesa.
— Não sabia que estava em casa. Não deveria estar na empresa?
— Sim, mas fiquei até três horas da manhã terminando relatórios e perdi a hora. — Disse e eu finalmente o olhei, meu pai estava com olheiras fundas, cara de esgotado, completamente largado. Isso já dura oito anos e eu não aguento mais ver meu pai se afundando de trabalho para tentar preencher o vazio que tem dentro de si e não conseguir ajudá-lo.
— Você não acha que já está na hora de aceitar a verdade, pai? — O questiono.
— Que verdade? — Ele me olha confuso.
— Você ainda pergunta? É óbvio que ela não vai voltar. Todos nós sabemos. — Disse controlando as lágrimas. Eu não choraria por isso. Não de novo.
— Eu a amo. — Disse firmemente.
— Eu sei, mas você não acha que se ela te amasse já teria voltado?
— Sabe por que depois desse tempo eu ainda estou aqui? Porque quando o amor é verdadeiro, ele espera. — Disse emocionado se levantando indo para seu escritório.
— Merda. — Sussurrei e fui pegar minha bolsa no meu quarto quando recebi uma mensagem. Por um segundo cogitei que era dela, abri rapidamente e como sempre, me decepcionei. Era apenas Trish.
Chat on
— Você vai hoje, certo?
— Sim. Por quê?
— Tem os treinos de líder de torcida além de que praticamente não nos vimos durante as férias. Você sumiu...
— Eu tive motivos.
— É por causa daquilo novamente?
— Você sabe que sim. Enfim, já estou saindo.
— Tudo bem. Sinto sua falta, amiga.
— Também sinto sua falta. De verdade. Até.
Chat off
— Tchau, Bethy. — Disse indo em direção a porta. Fui até meu carro na parte de trás e como sempre, Spencer, meu motorista, já estava a minha espera. Apenas disse um bom dia e entrei, não estava bem e isso era perceptível. Ele provavelmente notou já que não falou nada, melhor assim. Apenas ligou o carro e saímos a caminho da faculdade. Esse é meu primeiro dia na faculdade de música. Ano passado fazia de designer gráfico, mas desisti. Além de não ser o que realmente queria, só fiz porque meu pai, o empresário mais famoso e conhecido de Nova Iorque, insistiu. Desde que era criança, eu já tinha uma paixão por música e cresci com meu pai me criticando. Sempre me disse que era perda de tempo, que não iria conseguir. Eu sei que ele só queria o melhor para mim, mas tem que entender que vou fazer o que amo. Caso contrário? Qual a razão? Depois de várias reflexões decidi arriscar. Tive várias conversas com meu pai, ele finalmente deixou, não me apoiou, mas já era um começo. Essa é minha paixão. Eu quero fazer o que me faz feliz. Música.
Quando você pensa sobre isso, algumas pessoas não gostam de certas coisas, mas quando é sobre música, não importa quem você é, de onde você é, que tipo de personalidade você tem... todo mundo gosta de algum tipo de música, isso é o que é tão épico sobre. Música também me lembra da minha infância, mais especificamente da minha mãe e a melhor época da minha vida. Os tempos em que não existiam os problemas que enfrento hoje.
Flashback on
— Eu consegui, mamãe. Eu consegui. — A menininha de apenas oito anos disse sorridente olhando o maravilhoso piano branco a sua frente.
— Claro que sim, meu amor. Eu sabia que conseguiria. — Penny disse enquanto abraçava sua filha.
— Eu amo isso, quero fazer pelo resto da minha vida. — Ally disse com convicção.
Flashback off
Estava tão absorvida em meus pensamentos que não notei já havíamos chegado e quando uma teimosa lágrima escapou. Limpei e sem querer funguei baixinho, mas parece que foi o suficiente para chamar a atenção de Spencer já que ele me olhava preocupado.
— Como você está? — Apenas dei de ombros. Nem eu mesma sei.
— Que tal quando você chegar em casa a gente chamar suas amigas e irmos para a piscina?
— Por que você acha que eu toparia?
— Quer mesmo perder a chance de me ver só de sunga. — Ele perguntou me provocando.
— Nem vem, eu era uma retardada quando tive uma mini quedinha por você. — Disse dando um sorrisinho.
— Mini? Só faltava querer me comer quando me via e você tinha apenas dezesseis anos. — Disse me provocando.
— Chega desse assunto. — Já estava ficando vermelha. Droga.
— Já riu e ficou vermelhinha. Então, já está um pouquinho melhor?
— Não. — Disse sendo sincera.
— Mas você está sorrindo...
— É hábito.
— Sorrir?
— Fingir.
Não deu tempo dele responder porque seu celular tocou e eu aproveitei para sair logo dali. Disse um rápido tchau, mas duvido que ele ouviu. Saí do carro e segui rumo a faculdade até que meu celular tocou. Parei de andar, estava tentando achá-lo quando de repente algo se choca contra mim me causando uma fortíssima dor por todo meu corpo, ouvi gritos e logo após apaguei.
" A música exprime a mais alta filosofia numa linguagem que a razão não compreende." — Arthur Schopenhauer.
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