Summer POV
- Summer! - Meu pai guardou o jornal que estava lendo, e levantou da cadeira. Achei que ele ia me dar um abraço, mas ele simplesmente só pegou minha mala. - Eu ajudo você com isso. Precisamos conversar.
- T-tudo bem. - Sorri para ele.
Subimos até meu quarto, aquela escada era grande, me deixava um tanto exausta, mas era ótimo saber que eu estava sentindo dores nas pernas, pois elas voltaram a funcionar. Meu pai jogou a mala num canto do meu quarto, pois ele devia estar com dores fortes também. Ele sentou na ponta da minha cama, e eu fiquei de pé.
- Summer, então, precisamos ter uma conversa tanto séria sobre... O Zayn. - Engoli seco. - Como pode ver, está conseguindo andar perfeitamente. Não precisaremos mais dos serviços dele.
- Mas, pai...
- Espere, Summer. Sabe que o que estou falando é verdade. Ele agora poderá entrar numa faculdade, se formar, e ganhar o próprio salário. Você já anda, querida.
- T-tudo bem, papai. Mas, eu poderei vê-lo, mesmo ele não trabalhando mais aqui, certo?
Quando disse aquilo, obviamente pensei em contar para meu pai de tudo, sobre nós. Mas os pensamentos se foram em vão, pois lembrei do quão cruel meu pai era com ele. Tanto ele, quanto minha mãe, tinham uma certa birra com ele que eu nunca iria conseguir entender, só por causa das classes sociais. E se ficassemos sem dinheiro amanhã? Nunca se sabe. Eu odiava isso, o preconceito que eles tinham, me dava nos nervos, eles nunca conseguiam olhar além disso.
- Óbvio que não, Summer. Não viaje. - Meu coração quase foi parar na boca. - Vai voltar para a escola, conviver com seus antigos amigos, arrumar um namorado, e viver sua vida. E o mesmo acontecerá com ele.
- Mas...
- Eu sei o que é melhor para você, Summer.
Olhei para ele com ódio, ele era um ser humano desprezível. Como ele podia ser tão ruim assim? Com o coração tão duro? Peguei a primeira coisa que estava a meu redor, que no caso era um vaso, e joguei com tudo no chão, meu pai assustou e olhou indignado para mim.
- Não, você não sabe. Ele é uma pessoa boa, diferente do que você pensa que é, só porquê ele tem menos dinheiro que nós, ele é carinhoso, e se preocupa comigo mas do que você. Você é um imbecíl, nunca se importou comigo, incapaz de me dar um abraço, de falar apenas um "tchau" quando vou ficar fora por uma semana. Você nunca se importou, nem você, nem a mamãe. Ele se importou comigo. E ele fez a função que vocês deveriam ter feito, desde quando eu nasci. Quem cuidou de mim até ele aparecer, foi a Margaret. E depois, ele apareceu. E eles exerceram a função de pais melhor que você e que a mamãe.
- Retire o que disse.
- NÃO! VOCÊ É UM IDIOTA, PAI! EU ODEIO VOCÊ, COM TODAS AS MINHAS FORÇAS!
- Summer, não levante a voz para mim. - Ele estava ficando vermelho de raiva. Respirei fundo, e tentei parar. Ele se levantou, e fez o mesmo. - Agora, peça desculpas.
- Nunca.
- Summer, é a última vez que eu vou pedir. - Olhei para seu rosto com os olhos cheios de lágrimas. Neguei com a cabeça.
A única coisa que senti aquele momento foi minha bochecha arder, ele tinha me dado um tapa na cara, que fez um barulhão, caí com tudo no chão, deixando minhas costas tomarem um grande impacto. E aí veio uma dor que eu nunca senti na vida. Meu pai saiu e trancou a porta.
- PAI, ME SOLTA! MINHAS COSTAS! - Bati na porta com força, ninguém abria. - Eu não consigo levantar... Pai, pai!
Zayn POV
- Bom dia, Margaret. - Entrei na casa com um sorriso no rosto, ancioso para vê-la. - Como ela está?
- Está conversando com o pai lá em cima. Espere um pouco para ir. - Ela secou os pratos que estavam em cima da pia. - Como foi de viagem, rapazinho? Se divertiram?
- Sim, foi uma experiência ótima. É uma cidade linda. - Avistei o Sr. Hastings descendo as escadas com pressa, com a cara vermelha. - Sr. Hastings...
- Está dispensado. Ela já sabe andar, está ótima, e disse que não precisa mais de você. - Minha cara foi parar no chão quando ele disse isso. - Pegue suas coisas no quarto de hóspedes, e depois volte para sua casa. Aqui seu pagamento. - Ele me entregou um envelope na mão. Deu meia volta, e saiu pela porta da frente.
Senti uma lágrima escorrer no meu rosto, e senti uma sensação horrível. Depois de tudo que passamos, ela disse isso. Ela tinha me usado? Abusado da minha bondade? Não sei.
Fui até o quarto de hóspedes, e peguei minhas coisas que estavam lá. Sentei na cama de lá, peguei a jaqueta que estava em minha mão e a rasguei no meio, estava arrepiado, minhas mãos tremendo. Não conseguia me conter, era chocante para mim. Parei por um segundo. Silêncio total no quarto, até que escuto um sussuro.
Pai, abre a porta, por favor... Minhas costas, pai...
- Summer? - Levantei da cama. - SUMMER?
Ouvi alguma coisa quebrar no andar de cima. Subi as escadas correndo, e vinha do quarto dela. Tentei abrir a porta, a porta estava trancada.
Zayn...
- O QUE ACONTECEU? ABRE ISSO AQUI! - Tentava girar a maçaneta. - PORQUÊ VOCÊ TÁ AÍ TRANCADA?
Meu pai... Chuta a porta.
Fui até o final do corredor, peguei impulso e chutei a porta com tudo, a porta caiu no chão. Ela estava deitada no tapete do quarto, com a maquiagem toda borrada, os cabelos nos olhos, que por sinal estavam vermelhos, de tanto chorar.
- Como você foi parar aí, Summer? - Tirei seus cabelos dos olhos. - O que houve?
- Minhas... costas. Doem. - A peguei deitada no colo, ela colocou uma das mãos em minha bochecha e começou a fazer carinho. - Eu te amo.
- Pediu para me dispensar, porquê não precisava de mim.
- Eu nunca disse isso. Nunca.
- Não foi o que seu pai me disse. - Sua mão empurrou meu rosto para a direita, me fazendo olhar naqueles olhos azuis. Olhei para sua boca, estava sangrando.
- Meu pai que fez isso também. Ele me trancou lá dentro.
- Porquê?
- AH! - Ela se contorceu nos meus braços. Fiquei preocupado.
- MARGARET, LIGA PARA A AMBULÂNCIA AGORA!
**
- Zayn Malik? - O médico chamou. - Pode entrar. Só não faça barulho.
Entrei na sala de cirurgia, ela estava deitada em uma maca, e estava entubada, parecia que ela havia ficado sem ar. Peguei um banco, o coloquei do lado da maca, me sentei lá e peguei na sua mão, que se encontrava quente. Muito quente. Ela abriu os olhos, e sorriu.
- A culpa é minha. Se eu não tivesse te ensinado a andar desse jeito, se eu tivesse procurado saber o jeito certo de te ensinar sem prejudicá-la, se eu...
- Zayn. Ssh. - Ela colocou minha mão em seu rosto. - Fizeram uma cirurgia. Agora, é como se aquele acidente nunca tivesse acontecido. Amanhã, eu vou voltar para casa já, Zayn! Eu sou normal! - Ela tirou aquela máscara de oxigênio do rosto, e me beijou. - Graças a você.
- Não consigo falar nada. - Ri baixo.
- Não fale. - Summer me puxou para perto dela, me deitei na maca com ela, passei um braço por seus ombros, ela encostou a cabeça no meu peito. - Meu pai já te contou da "novidade?"
- Fui demitido.
- Esse foi o motivo do tapa que ele me deu. Falei para ele que eu queria ver você, mesmo não trabalhando na minha casa. Ele disse que não, por uns motivos que não me sinto bem em te falar. Xinguei ele, e ele me deu um tapa. Caí de costas no chão, e o impacto foi grande. Ele saiu bravo e trancou a porta. E aí você apareceu.
- Porquê seu pai faz isso?
- Eu não sei. As vezes eu não sei o que é amor de verdade.
- É o que eu sinto por você, pequena.
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