Zayn POV
- Ela recebe alta hoje de tarde. - O médico dizia enquanto anotava algo na caderneta. - Consegue buscar uma troca de roupa para ela?
- Claro.
- Obrigada, Sr. Malik. - O médico entrou na sala e fechou a porta.
Saí do hospital, fiquei procurando um ponto de táxi na rua para conseguir ir para a casa dos Hastings. Quando achei um, entrei nele logo em seguida.
Encostei a cabeça no vidro do carro, e fiquei pensando, como um pai podia ser tão cruel e imprestável com a própria filha, ao ponto de dar-lhe um tapa na cara sem ela ter feito nada. Trancá-la no quarto quando ela poderia ter morrido. Trair a mãe dela na cara dela. Como ela conseguia ser feliz? Como? Era uma coisa difícil de entender. A empregada cuidando de você desde pequena, os pais não te darem atenção, nem carinho, muito menos amor. O que eu poderia fazer para mudar isso na vida dela?
O táxi freou, estacionou na frente da casa. Paguei o motorista com os últimos trocados que haviam em meu bolso. Saí do carro e toquei a campainha, Margaret atendeu a porta.
- Rapazinho!
- Margaret. - Ri. Ela estava tentando passar. - Vai sair?
- Sim, rapazinho. Tranque a porta, tudo bem? As chaves estão aqui. - Ela entregou as chaves em minha mão, coloquei-as imediatamente no meu bolso. - Ótimo. Tenha um bom dia, rapazinho.
- Igualmente, Margaret.
Após Margaret sair, tranquei a porta. Ninguém estava em casa.
Subi até o quarto da Summer, fui até o seu closet maior que a minha casa, e peguei um vestido e um par de sapatos, coloquei-os em uma bolsa. Olhei no seu quarto, havia um retrato dela, com o pai e a mãe. Ela devia ter uns 2 aninhos, estava no colo da mãe, estavam em um lugar cheio de grama, um lugar bonito. Os três estavam felizes. Com um grande sorriso no rosto. O que havia feito eles mudarem tanto?
Deixei o retrato no lugar, e saí de seu quarto, me direcionei para as escadas. Parei na metade da escada, quando alguém chama por meu nome.
- Zayn. - Olhei para trás. - Que surpresa, você aqui. Achei que tinha demitido você. - Sr Hastings falou do topo da escada com um sorriso no rosto.
- Eu só vim buscar uma roupa para sua filha. Eu já estou de saída, senhor. Perdão. - Engoli seco. Ele negou com a cabeça, e começou a rir. - Qual é a graça?
- Porque se importa tanto com ela, Zayn? Me diga.
- Porque você não se importa com ela? - Ele olhou para baixo e me olhou sério.
- Porquê, Zayn, ela não tem um futuro. Você está aproveitando os últimos dias de vida dela, meu jovem. Ela vai para o Dignitas. Não há nada que você possa fazer.
- Ela me prometeu que não iria.
- Quais os motivos que ela tem para viver? Não sou eu, e nem a mãe dela. Não são os amigos. Não é o namorado. O que seria, Zayn? Você?
- Se sou a única pessoa que se importa com ela, sim.
Sr. Hastings começou a rir novamente, aquela risada que ele dava me dava arrepios. Ele desceu a escada e foi até mim, olhou profundamente em meus olhos.
- Sabe, Zayn, nas escadas, ocorrem os maiores acidentes. Sempre avisei isso para a Summer quando ela era uma criancinha.
Senti sua mão me empurrar, cambaleei para trás da escada, caindo contra a parede. Coloquei a mão na cabeça, e ela voltou vermelha de sangue. Olhei para meu braço, estava inchado. Olhei para ele, que continuava a rir. Estava quase sem fôlego, as costas doendo, uma sensação horrível.
Ele veio até mim, e me deu um chute na barriga, gemi de dor, ele continou a rir. Senti sangue escorrer pela minha boca.
- Para, por favor. - Segurei em seu pé. - Vai me matar assim. Por favor, para.
- Vou parar, se me disser a verdade.
- O que o senhor quiser.
- Você e a Summer estão apaixonados?
Summer POV
- Doutor, já se passaram 3 horas e ele não voltou ainda. Eu posso ir com essa roupa, ela só está um pouquinho manchada.
- Tem certeza, Summer?
- Absoluta, doutor. Estou ótima. - Sorri para ele. - Obrigada por tudo.
Após me despedir, fui até o ponto de táxi mais perto do hospital, estava louca para voltar para casa, e conseguir falar para o meu pai que era uma pessoa normal.
Entrei dentro do carro, e enviei um torpedo para o Zayn.
Estou chegando em casa, amor.
Xx, Summer.
Bloqueei a tela do celular, e comecei a apreciar a paisagem enquanto o táxi andava. Parecia que eu era outra pessoa, eu estava feliz. Eu não conseguia enxergar o mundo como estava enxergando agora, estava cega de ódio por mim mesma. Mas tudo aconteceu por uma boa causa. Conseguia apreciar mais o verde das árvores, o azul do céu. Ficava feliz em ver tudo isso.
O táxi parou em frente a minha casa, paguei o motorista e fui correndo até a porta. Trancada.
- Margaret? Pai? - Tentei abrir.
P-para.
- Tem alguém aí? - Bati novamente na porta.
Fica quieto ou eu mato você agora mesmo.
Pensei por um segundo. Dylan entrava no meu quarto pela janela, que ficava sempre aberta.
Subi a árvore que havia no meu quintal, até o topo, e pulei no meu telhado. A janela estava aberta, como sempre. Entrei no meu quarto, minha bolsa estava em cima da cama, junto com um porta retrato meu, do meu pai, e da minha mãe, quando eu era criança. Abri a bolsa, haviam minhas roupas ali.
Desci as escadas, e me deparei com a cena mais horrível da minha vida.
Meu pai olhou para mim, jogou um bastão de beisebol que estava na mão, cheio de sangue, no chão.
- Eu posso explicar...
- EU VOU MATAR VOCÊ. - Corri e me joguei no chão, peguei o bastão primeiro que ele. - VOCÊ MERECE MORRER QUEIMADO NO INFERNO.
Acertei o bastão com força em sua cabeça, até ele cair ajoelhado no chão, fui batendo nele até sangrar, peguei um vaso que estava na sala e quebrei em suas costas. Ele desmaiou.
- Sum... - Zayn sussurou encostado na parede. - Você voltou.
- Eu odeio ele, odeio mais do que tudo. - Meus olhos se encheram de lágrimas. - O que ele fez com você?
- Eu acho que eu quebrei o braço, e a costela, e... - Ele cuspiu sangue. Lágrimas escorriam do meus olhos.
- Vai ficar tudo bem, vai ficar tudo bem. - Deitei sua cabeça no meu colo, fiz carinho em seus cabelos, que estavam todos molhados de sangue. - Eu te amo.
- Me dá um abraço, Sum?
- Mas é claro, Zayn. - Me deitei do seu lado, encostei minha cabeça em seu peito e o abracei fraco, para não machucar a costela dele. - Eu te amo, eu te amo, eu te amo.
- Sum...
- Eu te amo.
- Me escuta, Sum.
- Eu te amo.
- Se eu morrer...
- NÃO FALA ISSO, POR FAVOR. - Limpei minhas lágrimas na minha camiseta. - Fica quietinho. Vai ficar tudo bem.
- Se eu morrer, eu vou morrer nos braços da pessoa que eu mais amo no mundo. - Ele fazia força para não fechar os olhos. Meu coração parou.
- N-n-não, Zayn, por favor, fica comigo, Zayn.
- Sum... - Seus olhos se fecharam.
Coloquei a cabeça em seu peito, e não sentia seu coração bater. Peguei o telefone, liguei para a ambulância, mal conseguia falar. Eles disseram que viriam a caminho.
O abracei, mesmo imóvel, e comecei a chorar em seu ombro. Aquilo me doía em tudo.
- Eu sei que eu posso não ter sido a melhor pessoa do mundo com você, você sempre quis me ajudar no começo, e eu sempre te cortava, te ignorava, eu era uma estúpida. Mas você me mostrou o lado bom da vida, e graças a você, eu voltei a ser normal. Você me mostrou que nada é impossível. Você me mostrou que mesmo na pior das hipóteses, é possível amar. E eu te amo.
Fiquei abraçada com ele, até a ambulância chegar. Colocaram seu corpo na maca, e já foram colocando máscara de oxigênio. Entrei na ambulância com ele, segurei sua mão, que estava fria. Não queria deixá-lo.
Os médicos começaram a ligar para familiares, e os parentes. Só conseguia pensar no quanto arrasados os pais dele ficariam. Me causava o dobro de dor.
Xx
As portas foram abertas com força, entraram seis pessoas, e um homem na cadeira de rodas. Eram a família dele.
- EU EXIJO VER O MEU FILHO AGORA. - Trisha debatia com o médico.
- Trisha. - Chamei por ela. Ela sorriu sem mostrar os dentes para mim, um sorriso triste. - Estão fazendo o possível. Espere aqui.
Estavam Trisha, seu pai Yasser, e as irmãs dele, Safaa, Waliyha, Doniya, e o primo, Harry. E claro, o avô doente. Trisha sentou do meu lado, e pegou na minha mão.
- Se não fosse por você, o estado dele poderia ser pior.
- Acho que eu matei meu pai. - Ela arregalou os olhos. - Joguei um vaso inteiro em suas costas, se eu não fizesse aquilo, ele não iria parar.
- Pode ficar conosco até isso passar, Summer. - Yasser falou com Safaa em seu colo. - Para nós, você é parte da família.
- Obrigada, mas... Vou para outro lugar.
- Para onde? - Waliyha falou do nada.
- Acho que serei obrigada a ficar com a minha mãe.
- Já tem 19 anos. Pode decidir. - Doniya falou. - Receberemos você de braços abertos.
- Sério mesmo? - Limpei algumas lágrimas.
- É o mínimo que podemos fazer por você. - Trisha me abraçou. - Salvou o avô dele, e fez o possível para salvar o meu filho.
O médico abriu a porta com força, interrompendo nossa conversa.
- Preciso da Summer na sala, agora.
Me levantei, e fui até a sala. Ele estava entubado. Cheio de pontos. A camisola do hospital estava suja de sangue. As lágrimas que eu havia limpado, voltaram a escorrer.
- Pode falar.
- Ele está vivo. - Um alívio percorreu meu corpo, o choro aumentou, de alegria e alívio. - Está em um estado horrível, mas está vivo. E ele só chama o seu nome. Ele murmurava seu nome enquanto estava desacordado. Durante a cirurgia. Ele só fala o seu nome.
- Posso vê-lo de perto?
- É por isso que eu te chamei aqui. Vou sair do quarto, e avisar a família que ele está vivo.
Cheguei perto da maca. Sua mão estava com uma agulha dentro da pele, que era o soro. Me dava aflição vê-lo naquele estado. Toquei sua mão devagar.
- Summer...
- Estou aqui. - Acariciei seu rosto. Ele segurou minha mão. Não aguentei, e aquele choro de alegria começou a acontecer novamente. - Eu te amo. - Ele abriu os olhos. Deu um sorriso.
- Me escuta.
- Estou ouvindo.
- Sei que é a pior hora do mundo, mas já que não tem ninguém para nos impedir de nada agora... - Ele segurou na minha mão de novo. - Você... quer... namorar... comigo?
- Eu não acredito. - Comecei a rir. - É claro, Zayn.
E fechamos com um beijo.
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