Estava sentado na cadeira perto da escrivaninha da Summer, e na cama, ela e o Dylan dando uns amassos. Peguei um livro da prateleira dela e comecei a ler, melhor que ver aqueles dois trocando saliva o tempo todo. E o pior de tudo, é que se eu não ficasse lá vigiando, eles poderiam fazer sexo, e Sr. Hastings poderia me demitir.
Confesso que as vezes era um pouco constrangedor ficar de vela, agora eu sabia como o Liam se sentia quando eu pegava garotas em sua frente, mas não pensei que fosse tão torturante assim.
- Summer, são seis horas, vou voltar para casa... - Summer parou de agarrá-lo e virou para mim emburrada.
- Ah, sério, atrapalhou nosso beijo para me dizer isso, Zayn? - Summer apoiou as duas mãozinhas sobre o peito dele. - Vai, pode ir.
Desci as escadas e fui para a cozinha, deixar a Margaret cuidando da Summer para ver se ela e o Dylan não transam, não quero cuidar de uma paralítica grávida, ia ser duas vezes mais trabalhoso.
Peguei o metrô e fui para casa, eu achei que ia estar aquele clima legal, mas não, estavam meu pai, minha mãe e Doniya com uma cara horrível, os três pálidos como neve, estavam todos brancos, fiquei preocupado. Lágrimas escorriam devagar dos olhos da Doniya.
- Oi, Zayn. - Mamãe disse acreciando o braço de Doniya.
- O que houve? Porquê está todo mundo assim?
- Sua irmã engravidou. - Papai falou e eu engasguei. - Vamos ter que trabalhar o dobro de vezes para conseguirmos sustentar a criança, além de pagar o ultrassom e todo o alimento, fraldas, chupeta, isso vai dar muito dinheiro.
- Doniya, ele...
- Não, Zayn, ele não assumiu o bebê. - Doniya se referia ao namorado, Patrick. - E estou grávida de dois meses já, só percebi isso agora.
- Meu salário é ótimo, eu acho que conseguimos pagar, são 7.000 reais por mês! É o suficiente para sustentar uma criança, não é? - Perguntei tentando romper o clima depressivo que estava na sala. Meus pais sorriram fraco e ficaram com uma cara de "valeu a tentativa".
Subi para meu quarto, rezando para que ninguém estivesse lá, mas não, estava Harry vendo minhas revistas da Playboy, e ainda por cima estava batendo umazinha.
- PUTA QUE PARIU, HARRY, FAÇA ISSO NO BANHEIRO, NO SEU QUARTO, NA COZINHA, MAS NÃO NA MINHA CAMA! - O empurrei da cama e ele deu risada, tirando as mãos de dentro das calças. - Onde achou minhas revistas?
- Estava procurando uma roupa sua para usar, pois Safaa e eu fizemos uma guerra de comida, e aí mexi nas suas gavetas, e achei essas belezinhas.
- Só me fala que não gozou nas minhas revistas. - Respondi respirando fundo. Ele riu alto demais, acho que minha mãe ia me matar.
- Relaxa cara, não gozei nas suas revistas. - Ele me deu dois tapinhas no ombro. - E a Summer? Quando vou poder conhecê-la?
- Não tão cedo. - Ele ficou emburrado. - Cara, ela voltou com o namorado, eles ficam trocando saliva na minha cara, e eu fico lendo livros dela. Estou rezando para ela não ficar grávida igual a Doniya.
- Ah, sim. - Ele pareceu triste ao saber da notícia da Summer, acho que ele tinha esperanças de um dia transar com ela. - Como se chama o rapaz?
- Dylan. Ele é irritante para caralho. Ele me trata igual um animal.
- Como ele é fisicamente?
- Moreno, alto, forte, dentes brancos, olhos, nariz, orelha, sombrancelhas... - Revirei os olhos ao falar de Dylan. - Ele nem é tudo isso, não sei o que a Summer vê nele.
- Tem alguém aqui com ciúmes ou é impressão minha? - Harry deu um sorriso malicioso para mim, e eu joguei uma revista na sua cara. - Ai.
- Cala sua boca, Harry. Vai dormir, anda. - Expulsei-o de meu quarto.
Xx
- Bom dia, Margaret. - Comprimentei a empregada de Summer, que estava preparando o café para ela. - Deixa que eu levo.
- Que cavalheiro, rapazinho. - Margaret falou com um sorriso no rosto.
Eu não sei porquê ela me chamava de "rapazinho" em vez de Zayn, acho que era a idade mesmo, ou sei lá.
Peguei a bandeja com comida e com cuidado levei até o quarto da Summer, ela dormia com a porta aberta, então não foi difícil entrar. Ela estava dormindo, me questionei se ela ficaria brava se eu a acordasse, mas no momento isso parecia não importar muito. Deixei a bandeja em cima da mesinha perto de sua cama, e acendi a luz mais fraca do quarto. Ela olhou para mim forçando os olhos, para eles ficarem abertos.
- Bom dia. - Peguei a bandeja da mesa e coloquei em seu colo. - Desculpa te acordar cedo.
- Tudo bem. - Ela prendeu o cabelo. Acordou sorrindo. Achei isso diferente, ela acordava mal-humorada e marrenta.
Sentei-me naquela mesma cadeira, e fiquei a observando comer enquanto lia um livro. Não era o mesmo de ontem, mas era o que eu fazia para passar o tempo lá. Ela derrubou um pedaço do pão na cama.
- Quer ajuda aí? - Perguntei fechando o livro.
- Não, obrigada. - Assenti com a cabeça e abri o livro de novo. - Vai me ensinar a andar ainda, não vai?
- V-vou, claro. - Engoli seco e sorri. - Achei que ia passar seu dia com o Dylan...
- Ah, tivemos uma conversa ontem depois que você saiu. Dylan é atleta, ele não vai passar as tardes aqui comigo, talvez ele só venha na hora do almoço ou na hora do jantar.
- Porquê perdoou esse cara? - As palavras saltaram da minha boca.
- Malik, nunca fez nada de errado em sua vida? - Fiquei meio perdido no começo da pergunta, mas respondi que sim. - Então, todos erram, e ele se arrependeu, pronto.
- Você ama ele?
- Muito. - Ela pareceu nas nuvens quando disse isso. - Mas... E quanto a você? Não tem uma namorada?
Namorada. Eu odiava essa palavra. Três anos atrás tive uma namorada, mas ela ficou noiva agora, fiquei com raiva. Ela era três anos mais velha que eu, o que era meio estranho, eu tinha 18 e ela 21, agora eu tenho 21, e ela tem 24.
- Tive uma faz um bom tempo. - Respondi. - Mas eu não sou bom com relacionamentos.
- Você prefere só "ficar"?
- Isso. Mas, agora, eu tenho que esquecer essas garotas para cuidar de você, Summer, preciso cuidar de você agora.
- Só me responda uma coisa... Porquê quis esse emprego, sendo que você nunca havia cuidado de uma paraplégica antes?
- Porquê esse emprego paga muito bem Summer, tenho um avô doente para sustentar, preciso pagar o tratamento, sustento meus pais, minha casa, eu faço a compra de supermercado em casa, eu pago a energia, e agora, minha irmã Doniya engravidou do namorado, e vou ter que sustentar mais um bebê. Preciso desse salário.
- Nossa. - Ela pareceu surpresa. - Realmente, você é um garoto muito legal.
- Obrigado.
Fiquei feliz em ela me tratar bem, e não ser marrenta como ontem. Acho que Dylan deixou ela feliz assim. Eu ainda não gostava desse cara, mas se ele a deixava feliz, é melhor que ela continue feliz assim. Não vou reclamar.
Aquele lugar estava quente demais. Tirei a jaqueta, e abri o livro de novo. Summer olhou fascinada para o meu braço.
- Deixa eu ver suas tatuagens? - Summer falou sorrindo.
Pensei que eu estava ferrado, meu braço era todo tatuado e não sei se a mãe dela sabia disso, ou as funcionárias. O pai dela, já detestou esse fato, espero que ela não fique horrorisada também, mas já que ela sorriu, é um bom sinal.
Coloquei meu braço em seu colo, ela olhava devagar cada tatuagem no meu braço, tocando cada uma devagar. Gostei de seu toque.
- Essa aqui é a mais legal. - Ela apontou para minha tatuagem que estava escrito "Zap!" e eu sorri. - Na verdade, todas suas tatuagens são legais. Quantas você tem?
- Mais de 40, eu acho. - Ri.
- Uau. É bastante. - Ela não tirava os olhos das tatuagens. - Sério, é muito legal. Sempre quis fazer uma, mas meu pai me mataria.
- E se... Nós fizermos escondido?
- Me levaria para fazer uma tatuagem? - Assenti com a cabeça, ela ficou super feliz. - Então vamos AGORA MESMO!
Troquei a Summer em questão de poucos segundos, e ela sozinha arrumou o cabelo e a maquiagem, essas frescuras de meninas.
Levei a Summer caminhando até um estúdio de tatuagens, o que eu normalmente fiz a maioria das tatuagens. Era um pouco longe, mas ela pareceu empolgada. Chegamos lá, e comprimentei meu amigo tatuador.
- Fala, cara. - Louis me deu um aperto de mão. - Oi, mocinha. - Ele beijou a mão de Summer, ela o comprimentou. - O que você vai querer tatuar agora, Malik?
- Eu não, ela vai. - Sorri para ela e ela me retribuiu. - Summer, decide o que você quer tatuar e aonde você quer tatuar.
- Já decidi o que eu quero, mas é surpresa, e não vou te contar o que é, você fica aí na sala me esperando.
Louis empurrou a cadeira de Summer para dentro da sala onde ele fazia as tatuagens, e eu fiquei esperando, vendo as tatuagens que eles faziam.
Ouvia os gritinhos azedos da Summer do outro lado do estúdio, acho que ela não iria fazer a tatuagem na perna.
Ela voltou com um plástico em volta da mão, e voltou sorrindo, junto com o Louis.
Summer tatuou um símbolo de Ying Yang no cantinho da mão, bem pequeno. Sorri ao ver, e mostrei no meu braço que eu tinha um igual, ela não havia reparado nessa tatuagem, eu acho.
- Obrigada, Louis. - Apertei sua mão. - Foi bom ver você.
- Você também. Volte quando quiser, Sum. - Ele deu um beijo na mão da Summer, e eu empurrei a cadeira dela para fora.
O que me fez ganhar o dia, foi saber que fiz uma coisa que a deixou feliz.
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