E então abriu os olhos, a luz do sol os encheram de lágrimas e não reconheceu o quarto em que estava, não entendeu porque tinha faixas em seu pé ou agulhas em seu braço, olhou para o lado, lá estava Ragnor dormindo sentado em uma cadeira, espera... Ragnor? Não via o amigo já fazia meses, bem, era o que pensava.
Tentou se pronunciar mas não conseguiu, sua cabeça estava doendo e as vistas meio tontas por enquanto, respirou uma, duas, três vezes, tentou se sentar e não obteve sucesso, estava... enternado em um hospital? Mas por quê? Parou para analisar o que será que aconteceu mas não conseguiu se lembrar, será que Asmodeus havia exagerado em algum de seus espancamentos? Ou será que tentou novamente um suicidio? Mas ele havia jurado para Alec que não faria aquilo, será que fez?
-Magnus?- Ragnor o chamou assustado assim que acordou e percebeu os olhos de seu amigo abertos, encarando o teto completamente confuso, tão confuso e tão perdido que nem percebeu quando Rag o chamou.
Ragnor se levantou rapidamente até Mag e controlou para não chorar, afinal, nunca chorava na frente de ninguém, era o amigo durão e meio mal humorado as vezes porém fiel e protetor, sempre se meteu em enrrascadas junto com Magnus para ajudar o indonésio, mesmo que reclamasse o tempo inteiro que aquilo estava errado, o ajudava a fazer aquilo sem serem pegos.
-Magnus... Você... Você acordou- Existia emoção em sua voz e ao mesmo tempo preocupação pela expressão do amigo -Magnus, olha pra mim-
Então o moreno olhou, olhar sério assim como sua expressão -Que diabos eu vim fazer aqui?- Era dificil definir o tom de voz dele, estava baixo e fraco mas parecia... bravo.
-Você não se lembra?-
-Acha que se eu lembrasse, estaria perguntando pra você?-
-Ei, não precisa ser agressivo comigo também cara-
-Desculpa, eu só...- Parou respirando novamente -Como eu vim parar aqui? O que meu pai fez? Ou... eu que fiz algo por conta própria?-
-Até onde você se lembra?-
-Eu tentei... bem... tentei me suicidar com uma arma, eu fui fraco novamente. Mas o Alec chegou e me impediu, não sei se você conhece o Alec, ainda preciso lhe apresentar ele algum dia. Ele... cuidou de mim- Decidiu não contar sobre os beijos ainda, nem sabia se Alec iria querer algum relacionamento e mesmo que Ragnor fosse considerado um irmão, queria saber primeiro do próprio Alexander se poderia ou não contar o que estava havendo entre eles -Mais tarde ele teve de ir embora pois estávamos com medo do meu pai voltar e o pegar lá já que ele o odiava. É até ai que eu me lembro, 2 de novembro de 2012-
-Preciso chamar o doutor para ver se acordou bem-
-Não vai me contar como vim parar aqui?- Ragnor nada disse e saiu do quarto deixando Magnus frustrado -VOLTA AQUI FELL, OU EU PINTO SUA PELE DE VERDE, NÃO ESTOU BRINCANDO, DA PRÓXIMA VEZ EM QUE DORMIR TOME CUIDADO COMIGO- Teve que parar de falar pela falta de ar que o atingiu e a tontura que voltou em sua cabeça, fechou os olhos por vários minutos tentando se lembrar de algo mas sua cabeça doía e novamente abriu seus pequenos olhos quando ouviu a porta se abrir e Alec adentrar o quarto totalmente desesperado entre choros.
-Eu jurava que era mentira- Sorriu enquanto mais lágrimas escorriam por seu rosto pálido -Mas você voltou... pra mim..- Se aproximou e ajoelhou ao lado da cama de Magnus acarisciando seu rosto enquanto o mesmo voltava ficar confuso.
-Alexander, o que faz aqui? Asmodeus sabe disso? Seu louco, ele pode tentar te atacar-
-Docinho, do que está falando?-
Ragnor com respiração ofegante e suor na testa chegou no quarto correndo e ao parar colocou as mãos sobre os joelhos com as costas curvadas tentando puxar ar -Alexander, da próxima vez que você não me deixar explicar e sair correndo para um elevador enquanto o outro estava oculpado, e acabar saindo nele deixando apenas as escadas pra mim, eu te mato-
-Cale a boca, Fell- Voltou olhar para Magnus e acariciar o rosto do mesmo, as lágrimas não haviam cessado, queria tanto o abraçar forte, o beijar e nunca mais o soltar, mas sabia que não podia, os médicos encheram seus ouvidos todo esse tempo dizendo que quando o Bane acordasse, seria preciso o máximo de cuidado possível -Eu tive tanto medo de te perder, tanto, tanto-
-O que está acontecendo? Como eu vim parar aqui? O quê que....-
-Alec, era sobre isso que eu queria te falar- Ragnor se pronunciou fazendo o Lightwood o olhar mas em momento algum seu polegar deixou de alisar o rosto do indonésio -Alec, antes de falar com você eu conversei com o doutor e o mesmo pediu que eu te chamasse, vão precisar fazer alguns exames no Magnus por precaução mas ele está bem-
-Chame o doutor até aqui então, eu não vou sair do lado dele. Saí 20 minutos para pegar um cobertor a mais pra ele e o mesmo já acordou sem eu ao lado-
-Eu ainda estou aqui- Magnus estava bravo por ninguém o contar nada, desvencilhou seu rosto dos carinhos de Alec e fechou o cenho -Já que ninguém vai me dizer nada, eu prefiro ficar sozinho. Cade meu celular? Vou ligar pra Catarina ou... sei lá, alguém deve saber de algo-
-Já acordou de mal humor- Will afirmou ao entrar no quarto -Vamos precisar te levar para fazer alguns exames-
-Eu vou com ele- Alexander afirmou convicto e recebeu um não com gestos.
-Me desculpe, mas apenas ele pode ir- Will se aproximou de Magnus que estava emburrado e começou retirar alguns aparelhos que já não eram mais úteis.
-Alec, por favor, esculte o doutor. Me acompanhe até o outro corredor, precisamos conversar-
Alec não queria sair de perto do seu amado, definitivamente não queria, mas precisava.
-Magnus... Docinho, eu prometo voltar logo, tá bom?- Outra lágrima escorreu -Eu prometo-
-Alexander, eu só quero entender o que está acontecendo-
-Eu também quero. Eu também- Se levantou e depositou um beijo na testa do indonésio que não sabe por que mas deu um pequeno sorriso.
Enxugou seu rosto e caminhou até a porta, olhou para trás se certificando de que não estava ficando louco, sim, Magnus finalmente havia voltado. Deu um pequeno sorriso e acompanhou Ragnor até outro corredor.
-Ele está tão confuso, dá pra perceber nitidamente-
-É isso que me preocupa Alec-
-Ele não vai sucegar enquanto não souber do acidente-
-Mas o que me preocupa mais é outra coisa-
-E o que seria?- Cruzou seus fortes braços em frente seu peitoral e concentrou seus olhos azuis no amigo.
-A última coisa em que ele se lembra foi o dia do quase suicidio em 2012-
-O quê?- Não, não podia ser, não podia acreditar naquilo -Você está brincando comigo Ragnor, isso não é engraçado, isso.. Cale a boca Ragnor, para, não tem graça- Estava tentando ao máximo não entrar em desespero.
-Alexander, você acha mesmo que eu brincaria com algo tão sério?-
-EU NÃO VOU CAIR NESSA, EU NÃO VOOU- Neste momento todos os olhavam mas pouco se importou com isso -FORAM 2 ANOS DE NAMORO E ESTAMOS CASADOS À 3 ANOS E UM MÊS, ELE SE LEMBRA DISSO, ELE SE LEMBRA DE TUDO QUE VIVEMOS NESSES 5 ANOS E NÃO APENAS DE UM BEIJO EM 2012. ELE SE LEEEMBRA- Estava mais que exasperado enquanto apontava o dedo na cara do amigo, passou as mãos na própria cabeça e abaixou agachado se rendendo totalmente ao choro, Ragnor conteve para não chorar também, já estavam em janeiro de 2018 e a memória de Magnus havia parado em novembro de 2012.
-Alec... O que houve?- A voz paresceu familiar e na verdade era pois se tratava de Izzy. A morena saiu correndo até o irmão e se ajoelhou o abraçando -O Magnus... por favor, me diga que ele está...-
-Sim, ele está vivo- Ragnor afirmou.
Alec correspondeu ao abraço da irmã fazendo com que os dois se sentassem e ali deixou todas suas lágrimas desabarem no ombro da mesma.
-Ele não se lembra, Izzy, ele não se lembra de tudo que vivemos esses anos, não lembra nem do nosso namoro, só sabe de um beijo quando eramos amigos, quando havia tido nada mais entre nós dois, quando... 5 anos e 1 mês apagados Izzy, 5 anos e 1 mês juntos. Ele se lembra de nada entre nós dois, o pedido de namoro, tudo que infrentamos, tudo que sonhamos, nosso casamento, lua de mel, todos "eu te amo" e milhares de provas e declarações de amor, nossos aniversários, viagens, planejávamos adotar uma criança em dezembro desse ano e tudo que ele se lembra é de... um beijo em 2012. Meu marido acha que eu sou um amigo que o conhece à 3 meses e que o beijou por dó para ele não se matar. No dia eu disse que não foi por dó, mas só provei isso uma semana depois e ele se lembra? Não-
-Alec, isso é terrível- Começou acariciar os cabelos negros de seu irmão -Mas a memória dele vai voltar, acredite em mim, o seu Magnus vai voltar pra você, eu prometo. Alguma vez prometi algo e não cumpri?-
-Você prometeu aprender cozinhar direito e falhou feio-
-Fica quieto, eu estou tentando te ajudar- Saiu do abraço e segurou seu rosto enquanto encara aqueles belos olhos oceanos -Ele vai se lembrar de tudo que viveram juntos esses anos, você vai ter o seu marido de volta como era antes, okay?-
-Jura?-
-É claro que eu juro- Novamente o abraçou e ali permanesceram por mais vários minutos.
-Senhor Lightwood, posso falar com você?- Will se aproximou dos 3, Alec e Izzy sentados no chão abraçados, Ragnor em pé com os braços cruzados e escorado na parede.
-Sim- Se levantou imediatamente.
-Fizemos os exames e descobrimos uma céquela, isso está o impedindo de recordar coisas ocorridas de alguns anos para cá, pelo que ele me disse se lembra de novembro de 2012 e ainda acha que está vivendo neste ano. Vocês devem contar as coisas com calma e no tempo dele. Como faz só um mês desde que o acidente ocorreu, o pé ainda está maxucado e vai precisar usar muletas por enquanto. Deixe o mesmo ir se adaptando a sua nova casa e respondam ele de acordo com as perguntas que o mesmo fizer, não saiam contando tudo por conta própria, como eu disse, tudo deve ser no tempo dele. Temos esperanças que a memória volta, mas existem casos em que... bem, dependendo da céquela, a memória pode não voltar e os últimos anos ficarão perdidos-
-Eu posso ver ele?- Ignorou a última frase de Will, não queria imaginar se a última hipótese ocorresse, tinha esperanças de que a memória dele voltaria, Izzy havia jurado isso.
-Sim, já o voltamos para o mesmo quarto-
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-Olá- Disse adentrando o quarto e fechando a porta.
Magnus nada disse, preferiu continuar encarando o teto, Alec se aproximou vagarosamente e sentou em uma cadeira ao lado da cama.
-Ainda estamos em novembro? Faz quantos dias que estou aqui?-
-Um mês-
-Dezembro de 2012 ainda. Como conseguiu entrar aqui sem meu pai te impedindo?-
-Docinho, isso é algo... delicado-
-Estou disposto a ouvir- Retirou seu olhar do teto e encarou Alec assim percebendo uma coisa -Que aliança é essa em seu dedo?-
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