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A loira abriu os olhos levemente, o escuro do quarto tingia tudo num tom mais escuro. Seu corpo se sentia dormente por todo lado e sua boca tinha um gosto amargo.
Piscando algumas vezes, suas pupilas se acostumaram a falta de luz, definindo tudo ao redor, ela notou que estava em seu quarto. Suspirou. A segunda coisa que veio a ela foi o cheiro da pessoa que ela amava, fazendo-a virar-se para a origem do aroma, mas só encontrando uma poltrona que fora empurrada para o lado de sua cama. Ayato devia ter se sentado ali por um longo tempo para que seu cheiro impregnasse o tecido acolchoado. O pensamento a acertou como um trem.
Por quanto tempo havia dormido?
Rapidamente, ou o mais rápido que podia no momento, se sentou encostada na cabeceira da cama, sendo atingida por uma tontura lânguida no instante seguinte. Esfregou a testa, esperando que a sensação sumisse, mas só piorou. Algumas memórias voltaram a ela. Poucas e desordenadas, a única que fazia sentido explicitava seus últimos momentos. Nelas ela conversava com o ruivo na sala de jogos sobre um assunto do qual ela não se lembrava. Ela se lembrava de tentar jogar bilhar e de Ayato rindo dela quando errou a caçapa e depois... depois...
Preto.
Yui bufou quando chegou à conclusão de que havia desmaiado de novo. Ignorou a dor de cabeça e se levantou, fazendo o impossível para se manter de pé.
O telefone em sua mesa tocou e ela seguiu até ele, atendendo a chamada com uma voz calma.
― Miss Komori, como vai? ― A voz masculina do outro lado da linha era carinhosa, mas com uma diversão perigosa embutida ao tom. Ela ficou surpresa com quem falava.
― Tougo, que surpresa agradável. ― Yui sorriu, sua dor de cabeça sumindo aos poucos.
― Não mais agradável que seu sorriso, vale relembrar. ― Galanteou. ― Como está sua saúde, querida nora?
― Ah... ― Yui suspirou. ― Como sempre, acredito.... Acabo de acordar e não faço ideia de quantos dias fiquei em coma.... De qualquer forma, precisa de algo?
― Sim, mas entenderei se seu estado não permitir. Não quero que se esforce como da última vez. Você se lembra do que aconteceu, não?
A loira mordeu a bochecha por dentro.
― Claro. Irei respeitar meus limites. O que é?
Conforme Karheinz explicava a situação, Yui se sentia cada vez mais irritada.
― Claro, vou dar uma olhada. ― Respondeu por fim, passando a mão pelo cabelo loiro. ― Estarei esperando.
Um barulho alto e um grito agudo que fez seu cenho franzir. A voz enraivecida de Subaru se seguiu aos sons e a loira decidiu que ele estava um pouco mais irado que o comum. Colocou o telefone no gancho e se dirigiu para a porta.
Mais que depressa alcançou o hobby preto que estava jogado sobre a cadeira da penteadeira e saiu do quarto escuro.
Conforme se aproximava da escadaria principal o barulho aumentava e sua audição sensível pode reconhecer vozes femininas em todos os tons, desde irritadas até amedrontadas. O vinco em sua testa se aprofundou quando ela se encontrou descendo a escadaria do hall. De cima, a cena a chocou: Cinco meninas humanas desconhecidas a ela foram encurraladas pelos irmãos de diferentes formas.
Havia uma morena à frente de Subaru, dotada de um olhar tão irritado quanto o dele. Olhando para ela estava uma outra menina, de cabelos curtos e descoloridos com um remanescente de tintura azul. Esta aprecia impressionada pela reação da amiga e era encarada por um Kanato nada feliz. Reiji observava a cena mais afastado, porém encarava uma garota de olhos verdes e cabelos pretos como se quisesse derrete-la. Uma ruiva de olhos jade estava de pé ao lado da morena, segurando sua mão, porém encarando Shuu, que inacreditavelmente estava em pé e bem alerta. Por fim Laito sorria divertido para uma garota loira como ela, porém de olhos azuis, e havia uma arma no chão. Ela tinha os braços mantidos para trás por um Ayato que estava muito perto.
Ela estreitou os olhos.
Ele estava perto demais.
Ela limpou a garganta e todos os olhares foram dirigidos à ela com surpresa gravada em suas íris. Yui cruzou os braços e passou os olhos por toda a cena novamente, dessa vez notando um buraco de bala em uma das paredes. O desgosto gravado em seu rosto.
― Posso saber o que está acontecendo aqui? ― Sua voz estava firme e até ela se impressionou com a escuridão do tom.
O primeiro a se mudar foi Ayato, soltou a garota que perdeu o equilíbrio e caiu no chão, e deu alguns passos à frente, passando por Laito.
― Você acordou... ― Ele murmurou, a encarando como se ela fosse um fantasma ou algo do tipo.
A vampira levantou uma sobrancelha com ciúme demais nublando seus sentidos para analisar o contexto da frase. Ao contrário, ela respondeu a ele com um claro olhar mortal de “Cale a boca, eu não quero ouvir sua voz”. Ayato, por sua vez, pareceu compreender a mensagem e levantou as sobrancelhas numa expressão confusa. Por que ela estava tão irritada afinal?
― Veja bem, Bitch-chan, estávamos apenas nos divertindo com nossas amigas.... ― Dessa vez o foco de seu olhar foi o ruivo de chapeu.
― Ah, claro, já imagino quanta diversão. Até atiraram em alguém, não é? ― Ironizou. Seu humor estava péssimo. ― Imagino também que Tougo saiba dessas suas amigas e como elas estão se divertindo, certo?
― Miss Komori, não é o que parec- ― Foi a vez de Reiji tentar explicar. Yui estava irritad o suficiente para não notar como o moreno, que sempre teve resposta para tudo, se embolar nas próprias palavras.
― Eu sei bem o que parece, Reiji. ― O rosto do moreno se fechou perante a interrupção. ― E, se fala a verdade, se explique. ― Ele franziu mais o cenho perante à ordem.
― Eu não lhe devo explicações. ― O tom finalmente caiu, se tornando sombrio para com ela. Revirou os olhos internamente, ela já esperava isso de Reiji. Ele nunca gostou dela, de qualquer forma.
Irônico como o destino é, decidiu abrir a porta naquele instante. O ranger da madeira fez com que todos se virassem para a nova figura que adentrava a sala.
― Quem não deve explicações?
Imponente em um terno caro era o político Sakamaki Tougo, mais conhecido no mundo demoníaco como Karheinz, Rei vampiro.
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“Eu não acredito em você
Eu não acredito em suas mentiras
A máscara sempre cai
A verdade sempre aparece
Não há como voltar atrás
Um dia você vai cair”
― The Mask Always Fall, Error
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